Capítulo 17

57.9K 4.7K 797
                                    


Abri meus olhos lentamente, ouvindo meu celular tocar. Olhei em volta. Eu estava em meu quarto, estava tudo escuro. Passei as mãos nos cabelos e depois no rosto. Me levantei calmamente e me sentei na cama. Flashes da noite anterior estavam voltando à minha mente e eu respirei fundo. Levantei a cabeça e só agora me lembrei de que meu celular ainda estava tocando.

O peguei em cima do criado mudo. Olhei na tela. Minha secretária me ligava. Não atendi. Sabia que estava atrasado e não queria ouvir sermões àquela hora.

Me levantei e uma dor de cabeça surgiu. Apertei os olhos, com a consciência de que o mau estar era por minha culpa. Eu estava destruindo meu corpo aos poucos, só não tinha muita visão disso ainda. Passei as mãos no rosto pela segunda vez e caminhei até o banheiro. Liguei o chuveiro e entrei. Tomei um banho gelado e permaneci embaixo da água gelada por alguns segundos, refletindo. Era uma merda me sentir assim. Minhas emoções estavam uma bagunça e eu me sentia perdido por dentro, como se eu não entendesse o motivo para continuar daquele jeito.

O pior de tudo era colocar uma máscara, como se tudo estivesse bem, como se minha vida fosse ótima e feliz. Só havia três pessoas para quem eu zelava, e uma delas estava prestes a falecer. Colocar a maldita máscara enquanto você se sente cada vez mais fodido e quebrado por dentro era tortura. Todavia, eu precisava continuar.

A vida é feita de perdas e ganhos e, ultimamente, eu venho sendo um ótimo perdedor. Não era como estar nos ringues. Era pior. Porque a dor emocional sempre dói mais do que a dor física e, se levasse isso em consideração, eu já estava fodidamente nocauteado por dentro.

Saí do banheiro e vesti meu terno. Me sentei na cama para calçar os sapatos sociais e, assim que terminei, peguei meu celular. Havia diversas notificações de mensagens e chamadas. Deslizei o dedo pela tela até que uma mensagem me chamou atenção. Era da loirinha. Abri a mensagem e ela perguntava onde eu estava.

Suspirei.

Eu havia dado um bolo nela. A convidei para jantar, pensando em ter uma noite animada com a garota. Mas ao invés disso, me droguei como um filho da puta viciado e a deixei esperando. Imaginei que ela não quisesse olhar em minha cara. Talvez não fizesse diferença. Ela já me ignorava mesmo.

Entrei em meu carro e segui para a minha empresa. Entre reuniões e conversas, o dia foi se acabando e a noite chegando. Queria desesperadamente ir para a minha casa, comer algo, talvez assistir algum filme na TV. Qualquer coisa para me distrair.

Assim que entrei no carro, meu celular tocou. Era Jason me ligando.

Atendi:

- Diz aí, irmão! -falei, tentando mostrar entusiasmo. Não queria que percebesse algo diferente em minha voz. Jason era desses.

- E aí, cara. Tá ocupado?

- Não. Acabei de sair da empresa.

- Beleza. Pode dar uma passada na minha casa? Tô precisando conversar...

Encostei a cabeça no banco do carro e dei um sorriso ladino.

- Deixa eu adivinhar: é sobre a secretária gostosona?

- Cala boca, otário. Vai vir ou não?

- Tô indo.

- Beleza.

Desligou e eu guardei o celular no bolso.

Segui direto para a mansão de Jason. Sinceramente, não entendia porquê diabos ele queria uma casa daquelas. Tirando os funcionários, o otário era sozinho. Bom, até o momento ele era.

Obsessivo Onde histórias criam vida. Descubra agora