Capítulo 45

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___________


SCOTT

Estou há mais ou menos quarenta minutos dentro do carro, estacionado embaixo de uma árvore próxima ao prédio de Suzan. William está lá dentro, desde então. Acendo o quinto cigarro da noite. Coloco um braço para fora e trago a fumaça, expulsando-a depois de alguns segundos. Recosto a cabeça no banco. Estava decidido a conversar com Suzan, tentar resolver nossa situação tranquilamente, sem brigas. Mas com a aparição de William, notei que não a teria de volta com esse otário no meu caminho.

Quando menos espero, ele aparece com Suzan ao seu lado. Ele me olha de relance. Mesmo de longe, sei que me viu. Suzan está distraída e não me vê.

Ele a beija. Toca seu rosto e aperta seu quadril. Ele sabe que estou vendo. O desgraçado me provoca. Sabe que sou louco por ela. Eles se despedem. William entra no carro e dá a partida, mas não posso sair ainda para ir atrás dele. Suzan ainda está ali e me notaria. Quando ela entra, ligo o carro e acelero, indo atrás de William. Seu carro não está longe. Posso vê-lo. Estou na sua cola.

William abaixa o vidro do carro e coloca o braço para fora. O levanta e me mostra o dedo do meio. Acelero o suficiente para ficar ao lado de seu carro. Abaixo o vidro e olho para ele.

— Encosta a porra do carro! — grito. William ri, debochado e acelera.

Com a certeza de que o carro que estou dirigindo não é nem um pouco fraco, acelero também. Quando encontro uma rua na qual pretendo parar, afundo o pé no acelerador e ultrapasso o carro de William. Pego distância e depois freio. Seu carro freia bruscamente, podendo-se ouvir o forte barulho da derrapagem.

A rua é deserta então estou livre para fazer o que quiser, sem testemunhas. William sai primeiro. Em seguida, eu saio. Ele está com um sorriso debochado no rosto, e só então concluo que o miserável sempre fez tudo com o intuito de me provocar.

— O que você quer? — ele abre os braços e dá passos lentos em minha direção.

— Ainda não está claro?

Ele me encara, e então ri.

—  Por que não aceita essa merda? Ela não quer mais nada com você, cara. Desiste.

O encaro. Lentamente, assinto e me aproximo dele, com os braços cruzados no peito.

— Sabe, eu não costumo ser um cara muito sentimental. Nunca fui. Já quebrei muito a cara de otários como você, e a próxima vez vai ser a sua se continuar me provocando...

— E o que está esperando? — me corta.

Sorrio e meneio a cabeça.

— Sinceramente, eu tenho pena de você. Sua sorte é não ter me conhecido antes. Mas como estou tentando ser um cara racional, vou te dizer como vai ser: você vai embora, e vai esquecer que Suzan existe. Caso ela pergunte algo, invente qualquer coisa. Dessa forma, você segue seu caminho e deixa minha mulher em paz. Aí não terá problema comigo. sacou?

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