Capítulo 39

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Ainda estou em estado de choque.

Há seis meses não vejo Scott. E olhá-lo ali, daquela forma, fez-me sentir coisas estranhas. Ele está mais forte. Porém, seu semblante é cansado. Exausto. Não sei como tem levado a vida nos últimos meses. Há tempos não me liga ou manda qualquer mensagem.

Cogito a possibilidade de estar sonhando. De estar com outro cara e vendo o rosto de Scott ali.

Não.

Não era sonho.

Era ele. Ele estava realmente ali.

— Entra no carro. — ele para ao lado da porta aberta, esperando que eu entre.

Ainda estou tentando raciocinar os últimos acontecimentos, e tentando pensar em alguma explicação para ele estar ali, tão distante de sua casa.

Será que estava me seguindo?

— Entra no carro, agora.

Seu semblante sombrio me mostra o quanto está irritado.

Disposta a não criar mais confusão, eu entro. Scott fecha a porta e dá a volta, entrando no lado do motorista. Aprecio o cheiro de carro novo. É bonito por dentro. Moderno e luxuoso.

Assim que ele senta no banco, seu perfume me embriaga. Penso em prender a respiração por um tempo, só para não me sentir tão afetada. Mas é inevitável. Meu corpo ainda se lembrava de seu cheiro.

Ele dirige rápido. Aperto o cinto de segurança, pois no estado em que está não duvido que possamos capotar a qualquer momento. Admiro o jeito como dirige. Embora esteja em alta velocidade, ele é centrado. O volante se torna macio em suas mãos. Maleável.

Ele me leva para o meu apartamento, e o tempo é curto em comparação com as horas que eu levaria de ônibus. Estaciona o carro em frente ao meu prédio e desliga o carro.

Ficamos em silêncio por alguns minutos, que parecem horas perto dele. Não sei o que dizer. O máximo que poderia ter feito era agradecer, e eu já fiz isso.

É estranho ficar ali com ele. Sinto um frio no estômago, como há muito não sentia. Não sei dizer se sua presença me incomoda ou me agrada. Acho que um pouco dos dois. Ou talvez me incomodasse mais.

Momentos invadem minha mente, de repente. Momentos bons... momentos ruins.

Solto um longo suspiro e umedeço os lábios. Abaixo um pouco a cabeça e encaro minhas mãos.

— Você está bem? — pergunta. Sua voz soa baixa e rouca. Mais rouca do que eu lembrava que fosse.

Me sinto uma tola por meu corpo simplesmente arrepiar, em resposta à sua voz.

— Estou. —  digo, apenas.

Voltamos a ficar em silêncio. De repente, ele soca o volante com força. Me assusto. Em resposta, dou um pulo. O olho com os olhos arregalados. Perco minhas ações. Ele abaixa a cabeça por alguns segundos e depois a levanta. Me encara, respirando fortemente.

— Qual é o seu problema?!

Franzo meu cenho e demoro um pouco para responder. Preciso formular as frases em minha mente, que parece ter dado pane.

— O quê?

Ele vira o rosto e da uma risada amarga, balançando a cabeça.

— Como consegue ser tão cega? Não é possível que seja tão ingênua assim.

— Do que você tá falando?

Vira o rosto para mim, ainda balançando a cabeça, lentamente. Parece desacreditado.

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