Capítulo 48

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SUZAN


O ônibus para, e agora sei que estou na rodoviária de São Paulo. Voltei alguns dias antecipados para poder me organizar. Desço do ônibus e pego minhas malas. Apenas duas, e uma bolsa com presentes.

Me despedir dos meus pais não foi tão destruidor como havia sido na primeira vez. Naquela época eu era muito jovem. Inexperiente. Estava com medo e não sabia o que seria de mim na grande cidade. Agora já não me sinto mais aflita, ou temerosa. Eu tenho uma casa, tenho um emprego, grandes amigos e um conflito amoroso, que estou pensando em resolver.

Tiro o celular do bolso e ligo para Grego, para que venha me buscar. Ele não atende. Provavelmente está dormindo de ressaca. Tento mais três vezes, porém ele não atende. Suspiro frustrada. Ter que pegar um táxi até minha casa me custará caro. Meu estômago já não aguenta mais ficar em ônibus.

Vou para o estacionamento onde ficam os táxis e vasculho quanto tenho na carteira, quando um carro para em minha frente e buzina. O vidro se abaixa, e logo vejo o rosto de William ali.

Ele sorri para mim. Não retribuo.

— Suzan? Oi! Precisa de carona?

— Não, obrigada.

Lembro-me quando fui ver William em sua sala no hospital. Me disse, em outras palavras, que não daríamos certo. E realmente não demos.

— Por favor, Suzan. Eu... quero conversar com você...

— Não, William. Estou bem. — digo.

Da janela o vejo soltar o cinto de segurança e sair do carro. Me afasto. Ele caminha até mim e fica frente à frente comigo. Seus olhos descem para as minhas malas e a bolsa pesada de presentes em minha mão.

— Me deixe ajudá-la com isso. — tenta pegar a bolsa, mas eu desvio.

— Não precisa. É sério.

— Por favor...

— O que você quer, William? Deixou claro a mim que não temos chances...

— Porque Scott não estava deixando. Eu fui coagido, Suzan! Você viu o estado em que ele me deixou. Se eu não me afastasse de você ele iria me matar.

Suspiro.

— Olha, eu estou voltando de uma viagem cansativa e tudo o que quero é ir para casa. Não estou afim de discutir sobre isso...

— Claro, eu entendo. E tudo o que quero agora é levá-la para casa.

O encaro. Seus olhos azuis me olham em expectativa.

— Sem querer ser grossa mas, o que tá fazendo aqui?

Ele se vira e aponta um lugar.

— Eu trabalho ali.

Assinto.

Ele se vira para mim novamente.

— Eu estava saindo para tomar um café e te vi aqui. Pensei que estivesse sem carona. Eu posso te levar para casa. Aceite, por favor. Fui um covarde abrindo mão de você porquê Scott estava me ameaçando.

Suspiro pesadamente.

Achei que fosse tentar organizar minha vida, mas não está dando muito certo.

Como estou cansada e não quero discutir mais, aceito a carona.

William ajeita minhas malas no porta-malas e eu entro em seu carro. No caminho, compra café e algumas coisas para comer. Estou um pouco enjoada, então tomo apenas o café. Quando para o carro em frente ao meu prédio, me ajuda com as malas até meu apartamento. Ele estranhamente, se sente à vontade em me ajudar. Está se mostrando um sujeito prestativo e que parece querer chegar a algum lugar. Mas ainda não sei onde.

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