Capítulo 30

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Ficamos em silêncio, apenas nos encarando. Ele estuda minunciosamente todas as minhas expressões.

Quando franze o cenho, diz:

— Você bebeu?

Arqueio uma sobrancelha. Não era aquilo que eu esperava ouvir.

— Não importa. O que aconteceu com você? -decido perguntar.

Ele suspira. Não aprovo aquela reação.

Fico tensa. E nesse momento afasto qualquer resquício de que eu possa estar mesmo gostando dele.

— Olha, se quer se afastar é só falar. Não precisa ficar...

— Eu tentei ligar pra você... -me corta.— mas estava ocupado demais com as empresas.        

Avalio sua resposta. Não sei se acredito.

Me aproximo dele e encaro seus olhos. Tentando ver algo que ele não tenha me dito. Mas não encontro nada.

Suspiro.

— Scott eu...

Antes que eu conclua a frase, Scott puxa meu rosto bruscamente para perto do seu. O levanta e cheira minha boca. Me desvencilho de seu aperto e encaro sua face. Aparenta estar bravo, desconfiado.

— Você tem problema? -pergunto. Ele coça a barba bonita e cerrada.

— Onde você estava?

Reviro os olhos. Aceitando que essa é a frase do ano: "Onde você estava?"

— Não importa. 

— Entra no carro. -manda.

Entreabro a boca. Com quem ele pensa que tá falando?

— Só se pedir com educação. -proponho.

Scott já está com a porta do carro aberta quando pára. Me encara e suspira pesadamente.

— Pode entrar no carro?

Arqueio a sobrancelha, ainda insatisfeita.

Ele revira os olhos.

— Por favor?

Dou um sorrisinho quando o vejo bater levemente a cabeça no carro. Entro e ele segue para seu apartamento. Quando entramos, ele me abraça por trás. Beija meu pescoço e confessa estar com saudades. Permaneço sem dizer nada. Ainda não engoli essa história de: "estava ocupado com as empresas".

— Quer alguma coisa? -pergunta quando me solta.

— Um suco.

— Não prefere vinho?

— Não não! Um suco está ótimo. -sorrio para disfarçar. Ele, novamente, me olha desconfiado. Não arriscaria ingerir álcool de novo.

Bebo o suco enquanto observo a estante da sala. Há um som preto bonito, CD's e pendrives, organizados por cor e ordem. Pego um pendrive azul escrito o nome de um cantor.

— Olha só, você gosta de Eminem. -o olho por cima do ombro e o vejo sentado no sofá. Esta sorrindo. —Curte Hip Hop?

— Curto muito.

Assinto em silêncio. 

— Também gosto. Posso? -pergunto, pedindo a ele se posso colocar a música para tocar.

Ele assente.

Mexo com facilidade no som moderno. Não há segredos. Logo, a música começa a tocar.

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