Surpresa no cinema

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Vesti uma microssaia sem o menor pudor. Se meu objetivo era seduzir, sem dúvidas eu faria isso de uma forma ou de outra, com minha inteligência ou com minhas curvas, ele que escolhesse.

Um exemplar do Jornal da Hora estava sobre minha cama e pela centésima vez admirei o papel escuro e impresso. Sentia-me orgulhosa por minha primeira matéria de capa. Eu emolduraria aquele jornal e colocaria em uma parede para que troféu ficasse bem visível. Sim, eu faria isso, na manhã seguinte compraria uma moldura adequada em alguma loja de utilidades.

Caprichei na maquiagem dos olhos, usei o lápis preto para emoldurar e destacar a exótica cor das íris. Cuidei de colocar nos lábios apenas um gloss quase transparente. Quando beijasse Miguel, eu não deixaria em sua pele uma mancha colorida.
Fitei-me no espelho.

Miguel tinha ligado poucos minutos antes de eu começar a me maquiar, apenas para avisar que já me dirigia ao shopping.

Peguei minha bolsa previamente selecionada, joguei dentro alguns preservativos e também um pente de cabelo. Talvez eu precisasse. Já na sala, peguei as chaves do carro que ficavam em um suporte afixado na parede e em seguida saí.

♠♠♠♠

Escolhemos um filme de terror, o que me daria um pretexto clássico para me agarrar em Miguel.

Enquanto esperávamos na fila que dava acesso às salas de cinema, avistei Isac ao longe. O que ele fazia por ali? Eu não tinha idéia, mas presumi que fosse um encontro quando o vi abraçar uma moça baixinha.

Miguel me abandonou por um minuto para ir ao banheiro.
Aproveitei para olhar as notificações do celular e enviar uma mensagem para Isac.

Vi quando ele pegou o próprio telefone celular e fitou a tela com concentração, em seguida olhou na direção da fila na qual eu permanecera, com expressão surpresa, e começou a se afastar apressado rebocando a companheira na direção oposta.

Foi nesse exato momento que Miguel surgiu em meu campo de visão.

Guardei o celular, ainda intrigada com o comportamento de Isac. Dei a mão para meu acompanhante e o segui no corredor que levava à sala três.
Selecionamos um par de poltronas na última fileira, onde era mais escuro, e ficaríamos livres de olhares curiosos.

Miguel aproveitou quando apagaram as luzes e colocou a mão sobre minha coxa. Localizava-se à  minha esquerda de modo que coloquei minha mão esquerda em seu colo e massageei-lhe a coxa direita. O clima se tornou profundamente erótico. Agarramo-nos e por alguns minutos fortalecemos a intensidade das carícias.

Infelizmente depois de um tempo curto demais, fomos interrompidos. O filme tinha sido pausado e as luzes foram abruptamente acesas.

— O que está acontecendo? — Perguntei confusa e chateada pela interrupção.

— Não sei. — Miguel respondeu tão confuso quanto eu.

Foi nesse momento que o lanterninha berrou para todos na sala que a interrupção era apenas temporária, pois havia um intruso e precisaria se retirar.

Todas as pessoas presentes - que eram poucas se considerarmos a dimensão da sala -, seguiram com o olhar nitidamente curioso enquanto o lanterninha subia os degraus que faziam parte da escada lateral.

Havia um burburinho crescente.
O homem subiu até a última fileira, aquela na qual eu e Miguel estávamos sentados. Porém no outro extremo, onde havia uma poltrona colada na parede ao invés de mais um degrau.

Um rapaz aparentemente jovem estava sentado com a aba do boné preto tapando todo o rosto. Usava com uma camiseta meia estação completamente negra. Antes eu não tinha notado sua presença. Talvez as roupas tivessem ajudado em sua camuflagem na escuridão da sala. Notei também que outro fator havia colaborado para nossa não percepção de sua presença: imóvel.

A Rosa do Assassino [Concluído]Onde histórias criam vida. Descubra agora