Fui ao banheiro antes de continuar meu raciocínio, já estava muito sonolento, mas era necessário continuar, existia um fio naquela meada e era preciso encontrá-lo. Ainda assim era absolutamente frustrante entender que as investigações feitas até então estavam cheias de furos e erros terríveis.
4. Morte de Yamma. Em algum momento ambos se encontraram. Era possível que houvesse alguma intimidade entre eles. Se houvesse intimidade, o encontro poderia ter ocorrido durante a noite.
Yamma era habilidoso, o assassino também, mas o fato de estar morto o excluía da lista. O assassino também era um floricultor, assim como o falecido. Por sua vez, Naila também cultivava colombianas amarelas.
Naila, Yamma e o assassino estavam ligados. Talvez Yamma tivesse ensinado a ambos como produzir as roseiras em estufas caseiras. Em algum lugar desta cidade havia uma estufa de onde saíram as rosas, não poderia ser da casa de Naila, mas ela sabia de onde vinham porque era cúmplice. Como ela e Yamma eram surdos, havia locais comuns aos dois.Talvez ela tivesse apresentado o assassino ao floricultor.
Olhei para o teto. Será que Yamma, inteirado dos assassinatos, ameaçou entregar o serial killer? Seria essa a causa de sua morte? Ou seria apenas por saber quem era? O assassino sabia falar em Libras? Talvez soubesse, isso explicava o fato de nunca ter chamado a atenção da filha de Yamma. Não havia uma tentativa de comunicação oral, também não havia alguém que falasse em Libras com Yamma e traduzisse oralmente para o assassino.
Enchi minha taça uma vez mais. Saber as motivações de um assassino era o primeiro passo para encontrá-lo, mas eu não sabia, e isso tornava tudo mais complicado. Massageei minhas têmporas.
Tomei todo o conteúdo da taça em um único gole e segui com as considerações.
5. Morte de Lia. Meu instinto me fazia acreditar que a morte de Lia era obra do acaso. Sua morte estava fora de todos os padrões, exceto pela rosa amarela no carro. Isso fazia acreditar que o assassino tivera acesso ao carro de Lia antes de ela sair, todavia poderia ser seu cúmplice a colocar a rosa no carro.
Minha sensação era de que o assassino poderia estar entre nós em várias ocasiões. Como no velório ou na festa do jornal. Isso fazia com que Isac entrasse novamente no alvo da investigação, mas, e se por algum acaso o assassino fosse outra pessoa?
A morte de Lia permaneceria um mistério a menos que o assassino contasse a verdade. Porém a morte de Lia poderia ser uma maneira de incriminar Isac. Se ele tivesse partido com Lia e passado a noite com ela, talvez ambos estivessem mortos, ou ele a mataria e fugiria, o que não seria muito inteligente.
6. Morte da mãe de Miguel. Era o que o inocentava de maneira permanente. Ele não tinha perfil de assassino, tinha álibis e realmente estava sofrendo pela morte de sua mãe.
Esse caso era importante, pois a mulher fora esfaqueada, o que significava que o assassino não usava apenas marreta. Sua expressão denunciava uma espécie de surpresa misturada a horror. O que ela teria visto? Como seu corpo fora parar no carro de Nia? Segundo a companhia aérea, ela havia chegado à cidade no dia anterior. Onde estivera. Miguel não a viu. Por que estava na cidade se não para ver o filho?
Os demais casos não precisavam de atenção especial no momento, era óbvia a motivação para tais mortes. E elas me trouxeram a nova luz ao caso.
Também era necessário considerar que o assassino comprava ferramentas de jardinagem e, em algum momento, ele tinha comprado estricnina. Seria um passo importante investigar nos estabelecimentos que vendiam o veneno.
Eu teria muito trabalho, então precisava descansar. Já era madrugada quando desliguei as luzes e desmaiei de sono.
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A Rosa do Assassino [Concluído]
Mystery / ThrillerNia vivia sua tranquila vida como jornalista local de uma cidade pacata, mas seu grande sonho era escrever sobre um importante caso, um que arrebatasse a cidade, que causasse frisson e pânico. A jornalista desejava ascender às custas do caos que ape...