Bônus: A Promessa

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[Este capítulo não vale para a grade]

Era meu primeiro dia na nova escola.

Quando cheguei à porta da sala de aula, escoltado por minha mãe amorosa e paciente, passei a mão no rosto para secar um último resquício das lágrimas que eu derramara pouco antes.

Olhei para os rostos das outras crianças, claramente curiosas para saber quem eu era. Aquela atenção pesava sobre mim e me deixava encabulado, mesmo tendo já meus nove anos de idade.

Fitei o chão cinza enquanto ouvia minha mãe falar com a professora.

Eu era um menino magrelo e franzino com uma mochila pesada nas costas.

“Isac.” — Minha mãe me chamou a atenção. Olhei para ela, seu rosto delicado emoldurado por cachos castanhos quase dourados. Ela sorriu e se ajoelhou na minha frente. — “Não tenha medo, meu filho. Tenho certeza de que algo muito bom sairá dessa mudança.”

Meu coração se sentiu confortado por um momento enquanto eu olhava dentro daqueles olhos iguais aos meus.

Minha beijou-me a testa com a suavidade das rosas que ela amava cultivar. Ela era como uma rosa em todos os sentidos. Bela, de pele aveludada e tinha cheiro fresco como natureza.

“Eu vou ficar bem, mamãe.” — Falei com a voz trêmula. Eu tentava parecer confiante enquanto segurava o choro motivado pelo medo da escola nova.

Fui obrigado a sair da antiga instituição porque os meninos me batiam e implicavam comigo me chamando de “mariquinha”. Alguns até abaixaram minha calça e tentaram fazer algo que eu não entendia, mas a zeladora interrompeu.

Tudo aconteceu porque eu admitia meus sentimentos.

Mamãe nunca me fez pensar que aquilo era errado ou que não era coisa de homem. Quando eu chorava, ela dizia que estava certo. E todos os dias ela colocava um vaso de rosas ao lado da minha cama. Fato que Pedrinho descobriu e contou para todos, me colocando em apuros inesperados.

“Vai ficar tudo bem, Isac Cordieri.” — Minha mãe me abraçou.

Ela amava falar meu nome combinado com o sobrenome dela.

“Eu acredito, mamãe.” — Passei minha mão pequena no rosto dela. Ela segurou-a sobre sua bochecha e abriu um sorriso brilhante.

“Meu menino corajoso.” — Piscou apenas uma pálpebra. — “Eu sempre soube que dei a luz a um herói.”

Minha professora limpou a garganta. Um sinal para minha mãe partir.

E assim ela fez.

A professora Marildna me apresentou para a turma e indicou o lugar onde eu devia me sentar.

Segui de cabeça baixa e ocupei uma carteira ao lado das janelas, quase a última.

Peguei a mochila e pendurei na cadeira. Tirei os materiais e coloquei sobre a mesinha branca antes de me sentar.

Senti que alguém me observava com atenção, mas não olhei para ver quem era.

Depois de alguns minutos de aula, ouvi um comentário debochado.

“Olha Maicon, parece que temos um filhinho de mamãe aqui.” — Disse um menino loiro para a criança que sentava na minha frente.

Maicon soltou um risinho maldoso.

“Cale sua boca, Tamisa.” — Disse uma voz feminina. — “Você nem tem um nome decente e quer tirar sarro dos outros.”

Eu sorri daquele comentário.

A Rosa do Assassino [Concluído]Onde histórias criam vida. Descubra agora