Mansão

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— Por que você não me ama? — Juan perguntou.

Era um deboche. Eu tinha certeza que era um deboche.

Como eu amaria aquele monstro? Eu não entendia porque ele sempre dizia aquilo e sinceramente não queria entender. Meu desejo era ficar livre daquelas algemas e das chicotadas que castigavam meu corpo.

Minha pele ardia, minha carne doía e havia pequenas aberturas de onde filetes de sangue escorriam.

— Que bom que cansou de gritar, my princess. Ninguém ia te ouvir mesmo. — Soltou outra risada debochada.

— Você não é real! — Gritei.

— Você duvida de mim? — Soltou o chicote no chão e se aproximou com passos felinos. — Não deveria.

— Amanhã tudo vai sumir e eu vou estar bem. — Eu acreditava nisso, seria como nos dias anteriores, então eu iria com Miguel até um psicólogo e ele me ajudaria.

— Dessa vez não vai sumir. — Sentou no meu colo com cada uma das pernas pendendo em um dos lados. — Vou te mostrar que meu amor é real.

Ele tentou me beijar, fechei a boca com força. Foi pior. Juan apertou meu maxilar até que eu abrisse a boca e enfiou sua língua asquerosa dentro dela.

Eu já tinha perdido as contas de quantas vezes pedi para morrer, mas a morte é como os hipócritas, ela não chega quando alguém necessita.

♠♠♠♠

Schukrut me acertou um tiro de raspão, no braço direito. Doeu como se o próprio diabo tivesse rasgado meu braço com suas unhas, mas apesar da dor, continuei correndo e tentando me desviar.

O velho tinha soltado a mala e estava descendo os degraus com as duas mãos na arma. Naquele ritmo nos encontraríamos logo. Era o que eu mais queria.

A situação piorou, um segurança apareceu, corria em minha direção e não parava de atirar. Quando Schukrut acertou meu braço eu tinha perdido minha arma.  Estava já próximo dele, mais alguns segundos e eu o estrangularia com minhas próprias mãos.

Se ele não me matasse antes.

♠♠♠♠

Isac estava na casa de Schukrut. Foi um trabalho árduo fazer a segurança abrir o portão.

♠♠♠♠

Três.

Saltei sobre o último degrau.

Dois.

A munição de Schukrut acabou.

Um.

Eu o derrubei.

Rolamos pelos três degraus que eu tinha acabado de subir. O segurança estava mais próximo de nós. Levantei o velho e o fiz de escudo. Bendita fosse minha mãe por me obrigar a fazer aulas de defesa pessoal.

Colei minhas costas a uma das paredes.

— Se você atirar seu patrão morre. — Avisei.

Era a melhor chantagem que eu podia fazer, pelo menos naquelas condições.

— Coloque a arma no chão. — Apertei o pescoço de Schukrut com o braço. O homem me olhou com dúvida.

— Coloca logo idiota! — Schukrut ordenou.

— Agora sai daqui, ou eu estrangulo ele. — Ameacei.

— Vá estúpido! E volte com outros. — Schukrut mandou.

Eu não daria tempo de o encontrarem vivo. O segurança se foi e eu estava sozinho com Schukrut.

Sozinho com Schukrut. Era tudo o que eu desejava.

— Lembra-se de mim, Dr. Schukrut? — Perguntei enquanto arremessava-o ao chão.

— Bastardo. — Disse enquanto tentava se levantar.

— Recorda-se de Djéfani? — Perguntei enquanto lhe dava um chute na perna.

— Aquela putinha, eu devia ter matado ela enquanto pude. — Cuspiu de lado.

Meu sangue ferveu. Lancei-me sobre ele, caí no chão duro e frio. Ele desviou alguns centímetros, mas não o suficiente para sair de meu alcance. Agarrei seu braço esquerdo, ele socou a lateral de minha barriga. Acertei-lhe um chute sem destino certo e a reação foi um gemido de dor. Aproveitei o momento e montei sobre a barriga do velho. O maldito se aproveitou de minha posição e enfiou um dedo no ferimento do braço. Uma dor lancinante se apossou de meu ser e me cegou por alguns instantes. Minha raiva chegou ao nível mais elevado. Segurei seus braços e os bati contra o piso com toda minha força. Quando seus movimentos cederam agarrei-o pelo pescoço com minhas mãos.

— Você vai pagar a vida de Djéfani com a sua própria vida, porco imundo! — Cuspi as palavras do alto de minha raiva. Eu pagaria com minha liberdade por matá-lo, mas eu o mataria.

— Aquela vagabunda. Filha de Puta. Maldita hora que coloquei meu pau na vadia e gerei aquela garota. — Ele cuspiu no meu rosto. Literalmente, cuspiu em mim. Eu estava sem reação, ele quis dizer que era pai de Djéfani?

— Do que está falando? — Segurei seu pescoço com mais força.

— A vadiazinha não contou que sou pai dela? — Riu.

Minha última dose de paciência acabou.

Comecei a asfixiá-lo com as mãos. Seu rosto ficou vermelho. A boca se mexia, mas as palavras não saíam. Eu estava feliz por aquilo.

— Maldito! Você matou sua própria filha! Você é um verme! Um verme! E vai morrer porque eu vou vingar a morte dela! — Gritei enquanto matava aquele maldito psiquiatra.

Lembrei-me de Djéfani enquanto me salvava. Recordei de suas palavras pedindo para eu voltar. E ela morreu. Ela morreu e eu não conseguia aceitar aquilo.

Era uma jovem ainda, podia ter uma vida melhor, eu poderia tê-la ajudado, mas estava morta. Por baixo de toda a minha raiva havia a dor por perdê-la. Eu me sentia impotente. O mais incapaz dos homens. Graças a ela eu ainda respirava, e por ter salvo minha vida ela estava morta.

Mas eu a vingaria. Mesmo que fosse a última coisa que eu fizesse. Não importavam as consequências, eu devia isso a ela.

Eu jamais a esqueceria.
Schukrut cedia abaixo de mim e foi com prazer que vi sua vida abandonar seu corpo. No entanto, meu prazer não durou muito. Alguém acertou minhas costas.

♠♠♠♠

Isac estrangulava Schukrut. Se o matasse, sua pena se estenderia para anos.

Estava claro que ele não raciocinava direito. Foi movido pelo ódio e seguiria assim. Não tive outra escolha a não ser acertar uma coronhada em suas costas. E depois um chute na cabeça.

Ele caiu desmaiado, claro, seu corpo ainda estava fraco, com certeza seguia movido pela adrenalina.

Chequei o pulso de Schukrut, estava fraco, mas ele ainda vivia.
Respirei, aliviado.

Peguei o celular e pedi uma ambulância.

♠♠♠♠

Senti-me satisfeito. Petúnia desmaiara. Era hora de desaparecer, mas antes precisava fazer algo.

A Rosa do Assassino [Concluído]Onde histórias criam vida. Descubra agora