— Eles têm algum motivo além das rosas? — Questionei incrédulo.
— Sim, eles têm uma lista. — O delegado apoiou os dedos indicadores e médios nas têmporas. — Uma lista de pessoas desta cidade que estavam no navio.
— São eficientes. — Admiti.
— É Polícia Federal, Nico. — Ele estava visivelmente impaciente. — São eficientes na mesma medida em que são difíceis de lidar.
O delegado havia me chamado para comunicar que cadáveres com rosas colombianas foram encontrados em um navio. Era uma cobrança sobre meu trabalho, e não poderia ser pior. O caso do assassino da rosa deveria ser reaberto porque tínhamos a Polícia Federal no nosso encalço. O primeiro cenário era ruim, uma jornalista intrometida divulgando tudo o que acontecia, mas naquele momento ficou muito pior. Poderíamos perder nossos cargos e talvez nossas vidas. A Polícia Federal era influente e algumas vezes bem extremista.
Talvez não fosse o mesmo assassino, mas com minhas novas suspeitas eu não poderia descartar a possibilidade. Os relatórios já estavam prontos. Minha nova missão era interrogar Schukrut acerca das informações que faltavam na pasta de Miguel.
— Quando a lista chega? — Perguntei enquanto calculava mentalmente o tempo que eu teria para interrogar Schukrut antes que alguém interferisse.
— Creio que ainda hoje. Disseram que não enviarão nada por e-mail por não confiar. — O delegado suspirou de cansaço. Os anos de profissão pesavam sobre seus ombros. — A verdade é que desejam acompanhar o andamento da investigação. Você precisará ser rápido e eficiente.
O delegado não sabia que eu já tinha um caminho, e eu queria que ele não soubesse até que eu solucionasse o caso, mas no novo ritmo da situação, eu não teria mais que duas semanas para apresentar algum resultado.
Existia outro motivo para correr contra o tempo: A vida de Nia estava em perigo.
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Quando cheguei à casa de Nia o que encontrei foi minha filha cheia de hematomas.
Por nenhum segundo acreditei que aquilo era fruto de uma brincadeira erótica. E por mais que eu tentasse compreender o que tinha acontecido, era difícil, a sincronia entre ela e o marido era perfeita, eles se amavam, se respeitavam e se solicitado, ele lamberia o chão que ela pisava. No entanto, havia algo errado ocorrendo, algo que eles não queriam contar para ninguém.
Quando levantei naquela manhã, percebi que não estavam em casa. Os encontrei na porta da rua Nia pisoteando um buquê. Miguel parecia preocupado com a situação e ambos agiam de maneira suspeita.
Como boa mãe que eu era, fingi acreditar naquelas ridículas histórias usadas como justificativa, mas eu não estava feliz com nada daquilo.
Suspeitei também do fato de um batalhão de pedreiros estar construindo um muro que, na hora do almoço, já alcançava um metro de altura.
Eu investigaria o que estava ocorrendo naquela casa, e não tinha situação melhor que aquela na qual eles se preparavam para trazer os pertences de seus antigos lares.
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— Tudo bem, amor. É só uma rosa velha. — Miguel falou devagar e baixo.
Fazia alguns minutos que meu esposo tentava me acalmar, mas eu não conseguia fingir que estava bem. Aquela rosa era um recado de que eu era um alvo. E talvez o motivo disso fosse ter me metido no lugar errado, com pessoas erradas, mas eu não sabia que pessoas eram essas, nem ao menos sabia os motivos do assassino.
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A Rosa do Assassino [Concluído]
Mystery / ThrillerNia vivia sua tranquila vida como jornalista local de uma cidade pacata, mas seu grande sonho era escrever sobre um importante caso, um que arrebatasse a cidade, que causasse frisson e pânico. A jornalista desejava ascender às custas do caos que ape...