— Que prazer te ver de novo! — Minha mãe me apertou em um abraço empolgado.
— Querida, quem está aí? — Pude ver apenas a testa e os olhos do homem alto, ele certamente estava sentado em uma cadeira na mesa da sala de jantar e não se deu ao trabalho de levantar.
— Ora, quem mais seria!? Francamente, seja mais educado com a visita — Lianmar ralhou.
— Isac, meu filho! — Ele se aproximou para me dar um abraço apertado.
Rezei para que ele não sentisse a arma na mochila, eu não gostava de carregar malas.
Retribuí o abraço e aceitei o convite para entrar.
Fazia algum tempo que eu não ia à casa dos pais de Nia, alguns móveis foram deslocados de lugar, outros haviam sido substituídos. Várias paredes mudaram de cor a fim de deixar a casa com um aspecto mais iluminado ou mais elegante, dependia do cômodo. Quando falaram da intenção de me colocar no maior quarto de visitas, pensei que estivessem de brincadeira, mas era a verdade.
Fui instalado no único quarto que tinha uma cama de casal. O outro quarto de visitas era o antigo quarto de Nia e tinha apenas uma cama de solteiro. Do fundo do meu coração, esperava que eles não colocassem Miguel para dormir comigo, seria algo bizarro. Todavia, se ele não dormisse comigo, dormiria com Nia e apesar de sentir um ciúme fora do comum sempre que pensava nisso. Eu já estava mais que ciente da proximidade de ambos e sabia que eles dormiam juntos, mas dormir junto na casa dos pais é outro nível de intimidade, do tipo que você só tem se ganha a confiança deles.
Até aquele momento eu era o único homem em quem Adamastor tinha um pouco de confiança, esta, ganhada graças ao meu amplo conhecimento sobre coisas inúteis e minha excelente pontaria. Seria um grande pecado se eu não tivesse aproveitado a oportunidade de jogar ao menos uma das facas na direção de um dos pretendentes de Petúnia enquanto ele se borrava de medo.
Mas Miguel era uma perfeição de homem e conquistaria o coração deles ao menos um pouco. Por segurança coloquei minha arma debaixo do travesseiro. Naquele dia, fiquei despreocupado, pois não havia algo ali que me fizesse sair da zona de conforto.
Durante o jantar Ricardo se dedicou a me contar sobre o curso e as dificuldades de estudar tanto, preferia que ele tivesse deixado a parte da disciplina de anatomia para depois do jantar, mas disfarcei o incômodo. Aliás, fiquei estupefato ao ver que todos ali agiam com naturalidade. Forte indicativo de que aquela conversa se repetia.
Dormi muito bem aquela noite. Sentia-me acolhido, amado, e isso me tornava o melhor dos homens.
No dia seguinte acordei com o cheiro de café recém feito. Vesti minhas roupas, rápido, e quase tropecei pelas escadas na pressa de chegar depressa à cozinha, mas me congelei no penúltimo degrau e fiz o caminho inverso quando me lembrei que precisava entregar os presentes que comprei. Subi apressado e desci quase na velocidade da luz. Topei com Ricardo na escada e o deixei para trás.
— Nossa! Não sabia que o Ligeirinho está em casa. — Ricardo deu uma tapa em meu ombro e se sentou na cadeira ao lado.
Fato importante: a mesa tinha apenas cinco cadeiras. Geralmente é o padrão as cadeiras virem em números pares, mas esse não era o caso porque a mesa era um pentágono. Seríamos seis quando Nia e Miguel chegassem.
— Falou o Doutor Hyde. — Brinquei e depois namorei o bolo quentinho que estava sobre a mesa.
— Pode comer, o Adamastor vai demorar um pouco. — Lianmar autorizou o início do café da manhã e eu não poderia estar mais grato.
Comi como um louco e fiquei com o ventre estufado. Ainda bem que não precisaria abrir o zíper já que estava de bermuda com cós de elástico e uma larga camiseta branca.
VOCÊ ESTÁ LENDO
A Rosa do Assassino [Concluído]
Mystery / ThrillerNia vivia sua tranquila vida como jornalista local de uma cidade pacata, mas seu grande sonho era escrever sobre um importante caso, um que arrebatasse a cidade, que causasse frisson e pânico. A jornalista desejava ascender às custas do caos que ape...