Brad

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Eu e Brad na praia. Os raios de luz refletidos na água formavam pequenas cintilâncias e tornava o lugar um cenário romântico. Olhei para o brilho das pequenas ondas e suspirei relaxado. Quem diria que Brad Pitt seria meu marido?

Brad chegou com dois drinks nas mãos e me lançou um sorriso tão branco que me fez lembrar propagandas de alvejante.

Suspirei contente enquanto analisava os pêlos dourados e bem cortados que cobriam seu maxilar e cabeça. Os cantinhos dos olhos dele se apertaram quando me fitou com uma expressão safada.

Eu estava deitado em uma espreguiçadeira de madeira, longa e larga, sob um grande guarda sol de cor branca. Meu marido se sentou em minhas pernas e entregou um dos drinks - ornado com um pequeno guarda chuva - enquanto me lançava um olhar sensual.

Fiquei completamente arrepiado por antecipar na imaginação a experiência que teríamos depois daquele jogo de sedução. Inclinei o corpo para frente e coloquei a boca no canudo do drink. Suguei devagar enquanto segurava o cilindro fio de uma maneira estratégica.

Brad passou a língua pelos lábios, umedecendo-os e deixando a cor um pouco rosada. Arrepiei-me novamente. Logo faríamos algo muito mais interessante que tomar drinks à beira mar.

Porém, antes que eu conseguisse tomar um gole completo de minha deliciosa e refrescante bebida, um terremoto começou. A terra se abriu e tudo foi engolido, a areia da praia, o guarda sol, os copos e Brad.

Acordei de péssimo humor. Alguém estava batendo em minha porta às quase cinco horas da madrugada. Seria algum tipo de emergência? Era bom que fosse, porque nada mais justificava alguém me arrancar dos braços do Brad.

Resmunguei palavras incompreensíveis enquanto vestia camiseta. Se não fosse da polícia com certeza mataria quem havia perturbado meu sono. Eu e Brad, casados,  apenas em sonho isso aconteceria e nem nele eu podia desfrutar. Nem nele.

Dirigi-me à porta da frente do apartamento com passadas firmes que não fizeram barulho apenas porque eu estava calçado com um par de pantufas de coelho. Perguntei quem estava na porta, não houve respostas. Espiei pelo “olho mágico” e não vi pessoa alguma. Um trote?

Não, ninguém ousaria passar um trote em mim.

Abri a porta apenas para conferir e quase desmaiei com o péssimo cheiro que atingiu meu nariz. Olhei para baixo, havia um mendigo deitado no chão. Cabelo completamente embaraçado, roupa amarrotada, fedorenta, corpo magro que doía de ver. Agachei-me e virei o homem para ver seu rosto. Meu coração quase parou de bater.

Era Isac, porém muito pior que da última vez em que eu o vira. Seus olhos estavam fundos e com olheiras escuras, o corpo ainda mais desnutrido que antes, os lábios com rachaduras tão profundas que fariam inveja na terra seca do sertão árido do nordeste.

Sacudi o rapaz para que ele acordasse. Não surtiu efeito. Tentei outra vez, mas não consegui. Não poderia deixá-lo no corredor. Experimentei erguer seu peso do chão, estava leve, um sinal nada saudável já que se tratava de um rapaz relativamente alto. O carreguei até o tapete da sala, no sofá ele não poderia ficar com aquele mal cheiro  impregnaria em tudo.

Peguei um frasco com álcool que ficava no armário da cozinha e também um pedaço de papel toalha. Voltei a Isac, embebi o papel toalha em álcool e coloquei em seu nariz. Funcionou, ele acordou. Assustado e tossindo muito.

— Nico. — Foi tudo o que ele disse antes de desmaiar outra vez.

A Rosa do Assassino [Concluído]Onde histórias criam vida. Descubra agora