Caso resolvido

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Esperei que Nia chegasse do almoço, estacionei na praça que ficava perto do prédio do jornal.

O metal da arma incomodava enfiado entre o cós da calça e minha pele. Secretamente eu tinha medo que aquele objeto se destravasse e fizesse um buraco na minha nádega direita.

Quando o carro dobrou uma esquina pela qual Nia não vinha costumeiramente, fui obrigado a colocar o capacete para disfarçar. Aquilo era suspeito? Claro que era, mas ela não me reconheceria. Jeans claro com aqueles buracos fashion que não sei o nome, camiseta branca e jaqueta de couro preto, esse não era meu estilo antigo e ela não vira as roupas novas. Tinha o fator “moto” também, cuja existência eu não pretendia revelar tão cedo.

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Colhi muitos depoimentos e relatos. Era o suficiente para duas matérias. Minha intuição dizia para no dia seguinte seguir Nico. Por via das dúvidas seria melhor deixar duas matérias prontas, caso meu trabalho externo tomasse muito tempo e eu não pudesse escrever.

Quando dobrei a esquina, percebi um homem diferente na praça, não pude ver seu rosto, pois estava com o capacete na cabeça, ridículo, mas vestido de maneira que evidenciava seus atributos. Tive a sensação de conhecer aquela pessoa, no entanto, ninguém próximo à mim usava uma moto cento e vinte cinco na cor preta com capacete combinando.

Devia ser o namorado badboy de alguma adolescente. Muitos casais se encontravam naquela praça.

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Nia ainda dormia. Levantei um pouco mais cedo, em parte porque sonhei com minha mãe e acordei com vontade de chorar. Não queria fazer isso perto daquela mulher. Seria ruim preocupá-la antes de ela ir para o trabalho, que já era demasiado exaustivo, além disso, gostaria de preparar um café da manhã para que ela comesse antes de sair.

Consegui segurar as lágrimas apenas até o corredor.

Sonhei que eu era o assassino de minha própria mãe e isso era terrível porquê eu jamais faria algo assim. Matar a mãe é coisa que um psicopata faz, não um amoroso filho único que só tem ela na vida.

Decidi fazer bolinho de chuva.
Enquanto misturava a massa, meu corpo estava virado para a janela da cozinha, por isso não percebi quando Nia se aproximou. Assustei-me quando ela me abraçou pelas costas e apoiou nelas o rosto quente. Depois senti-me grato por aquele tempo que teria antes de me virar, seria o suficiente para secar minhas lágrimas.

— Bom dia, o que você está aprontando? — Sua voz estava abafada e senti o calor do ar de sua boca aquecer um ponto da minha pele.

— Bolinho de chuva. — Me virei e beijei o topo da cabeça dela.

Os cabelos estavam ainda bagunçados pelo sono. Pequenas olheiras apareciam quando ela sorria e seu baby doll rosa bebê estava gasto pelo tempo. Era a imagem mais charmosa que eu poderia ver pela manhã. Sou sortudo.

— Oba! Preciso me aprontar. — Saiu apressada.

Quando voltou, quase todos os bolinhos já estavam prontos.

A mulher que se sentou à mesa era um pouco diferente daquela que me abraçou poucos minutos atrás. Seu rosto estava maquiado com elegância e discrição, e os cabelos presos em um rabo de cavalo curto. Vestia calça social preta, botas de salto grosso de mesma cor e camisa social branca. Era de arrepiar como ela conseguia parecer firme e irredutível apenas por trocar de roupas, mas quando ela me olhou e sorriu voltou a ser a doce Nia.

Meus planos para o dia seriam começar outro livro e terminar o chapéu de crochê. Esperava que ela gostasse.

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A Rosa do Assassino [Concluído]Onde histórias criam vida. Descubra agora