Chicotadas

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Com Djéfani nos braços, saí pelo corredor dos quartos. Daquela maneira seria difícil ninguém nos ver. Eu precisava que uma boa dose de sorte. Que é claro, não tive.

No corredor, estudava uma maneira de me mover de maneira ágil e furtiva, quando ouvi a voz dos capangas brutamontes que vinham em nossa direção. Fiquei desesperado e para piorar toda a situação Djéfani começou a gemer mais alto que antes. Sem escolha, corri de volta para o quarto do qual viemos.

Coloquei a moça sobre a cama e fui para a porta, observar o corredor. Vigiei por um pequeno espaço aberto enquanto os homens passavam com uma maca e conversavam animadamente. Não era preciso ser um gênio para saber que naquela noite haveria mais uma vítima.

Senti um profundo alívio quando atravessaram para o outro corredor, o das celas fechadas. Cerrei a porta do quarto de Djéfani e encostei as costas nela para, por um segundo, inspirar muito ar e depois soltá-lo com força.

Cedo demais para comemorar. Alguém bateu na porta. Uma mulher que chamava por Djéfani.

Eu não queria bater em uma mulher, mas também não dispunha de tempo. Afastei-me para a parede que ficaria atrás da porta quando fosse aberta. Esperei.

A mulher não contrariou minhas expectativas. Ela abriu a porta e entrou no quarto. Agarrei-a pelas costas e tapei boca e nariz, era preciso que ela desmaiasse. Triste que eu estivesse tão fraco a ponto de quase não aguentar segurar o peso de seu corpo enquanto ela se debatia.

Consegui desmaiá-la.

Sem demora peguei Djéfani, que estava sobre a cama, e corri para a saída. Se eu tivesse cinco minutos de sobra ainda seria muito tempo. A moça em meus braços começou a gemer mais uma vez, é claro, o movimento com certeza lhe causava dor.

A partir de certo ponto todo o lugar estava muito escuro. Encostei a cabeça de Djéfani no meu ombro para que pudesse firmá-la com apenas um braço. O desespero faz o ser humano arrumar forças do além, ainda assim quase não aguentei seu peso. Usei o braço livre para pegar a lanterna e colocá-la na boca.

Depois não perdi mais tempo, corri para a saída. Quando estava quase fora do prédio, as luzes se acenderam. A luminosidade repentina quase me cegou, mas eu não podia me dar ao luxo de fraquejar.

Terminei minha rota até o carro e coloquei Djéfani no banco de trás. Peguei as chaves no bolso e abri o porta malas. Desde o começo o plano era que eu saísse primeiro, então era natural que ficasse com as chaves.

Movi Djéfani para o porta malas e a encaixei lá dentro, o mais delicadamente que consegui. Que ela me perdoasse, mas eu precisaria entrar lá também. Apreensivo, esperei Nico sair do prédio. As luzes já estavam todas ligadas, o que ele fazia?

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Quando saí do prédio, vi Isac me esperar ao lado do porta malas do carro. Sua postura era um claro sinal de sua impaciência.

Quando me viu, tratou de também entrar no porta malas. Corri para fechá-lo e pegar as chaves. Quando cheguei, Isac já estava completamente aninhado com um amontoado de cobertas.

— Está tudo bem? — Perguntei.

— Não, mas vá rápido! — Seu tom era de urgência.

Faltava apenas a última parte do plano, que também era a mais difícil.

Dirigi devagar até o portão, enquanto simulava uma calma que eu não sentia.

Novamente os homens do portão revistaram o carro.

Por sorte me deixaram passar sem mais delongas.

Dirigi até que nos encontrássemos seguros, a duas quadras de distância dos portões da clínica. Parei o carro e abri o porta malas. A moça que estava com Isac gemia alto, e dizia coisas desconexas.

— O que houve com ela? — Eu não entendia o que acontecia ali.

— Está machucada. Não tive tempo de olhar a extensão dos danos. — Isac falou enquanto saía do porta malas.

— Tire ela daí e a coloque no banco de trás, vamos olhar. — Ordenei.

Senti um arrepio e tive péssimo pressentimento enquanto vi o desenrolar daquela cena.

Isac fez exatamente o que eu tinha pedira. Tirou Djéfani do vão e a colocou no banco de trás.

Quando retirei a coberta a cobria, fiquei desconcertado com a quantidade de sangue fresco e seco que empapava sua roupa. Eu não tinha escolha, precisei levantar a camisola para ver a extensão dos danos. Fiquei chocado quando vi mais do corpo. A barriga retalhada, como se alguém tivesse, com uma navalha, cortado calmamente. Virei seu corpo de lado e olhei as costas com terríveis marcas de... Chicotadas?

A moça gemeu e delirou sobre algo.

— Precisamos levá-la para um hospital, é um milagre que ainda esteja viva. — Afirmei. Sim, um milagre grande.

— Não podemos, somos fugitivos. — Isac falou se referindo a eles. Ele estava com medo, era natural que fosse assim.

— Prefere deixá-la morrer? — Perguntei.

— Não. — Sua resposta foi mais que significava.

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Obrigada pelo apoio de vocês, isso é importante para mim.

A Rosa do Assassino [Concluído]Onde histórias criam vida. Descubra agora