O sepultamento foi a pior parte.
Como de praxe a mãe de Lia berrava as mágoas aos quatro ventos. A filha de Yamma era discreta e mal se ouvia uma palavra de sua boca, mas era possível ver as lágrimas correrem sem intervalo pelo seu rosto fino e delicado. Ambas, com toda a certeza, sofriam muito, mas eu podia apostar que a jovem sentia mais dor, quem sofre em silêncio e só, já está resignado diante das agruras da vida.
Eu imaginava como era estar no lugar dela, perder a última pessoa que eu tinha sobre a terra. Será que ela continuaria os negócios do pai?
— Você está pensativo. — Uma mulher pousou a mão em meu ombro.
— Refletindo sobre a garota que ficou só no mundo. — Pontuei.
— Meu nome é Evelin. — Ela se apresentou.
— O meu é Miguel, namo... Amigo da Nia.
— Sei. — Ela não acreditou na parte “amigo”. — Sabe me dizer onde Isac se meteu?
— Ele saiu a pouco pelo portão do cemitério, acredito qu... Veja, ele está de volta. — Apontei para Isac que se aproximava.
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— Preciso que você o faça, deve compreender.
Nico tentava me convencer a publicar sobre uma recompensa que a polícia iria oferecer a quem desse informações sobre a noite na qual encontramos o primeiro cadáver. A verdade é que eu fervilhava de excitação por dentro, mas preferi usar meus dotes de blefe e tentar conseguir algo em troca.
— Não sei, isso poderia criar um caos, não é mesmo!? — Nia, um ponto, Nico, zero pontos.
— Estou ciente, mas o jornal é o meio mais rápido e local. A emissora local é filiada de outras e poderia chamar a atenção de outros municípios. — Argumentou.
— Sei... — observei quando ele franziu o cenho à espera do final da frase.
Nunca veio.
— O que posso oferecer em troca? — Propôs.
Nia, dois pontos, Nico, zero pontos.
— Eu e Miguel fora da lista de suspeitos. — Era quase uma exigência.
— Ok. Espero a notícia para amanhã. — Ele se virou para ir embora, mas conteve o passo.
Olhei onde seus olhos congelaram. Uma coroa de flores amarelas era carregada por um homem de aparência esquelética. Nico correu até ele, não perdi a oportunidade e corri atrás. Rosas amarelas. Meu coração acelerou.
— Quem entregou esta coroa de flores? — Nico apontou.— Não sei, tava perto do portão, eu truxe pra cá. — O homem respondeu.
— Você é funcionário? — Nico sacou o distintivo e mostrou ao homem.
— Coveiro, senhor. Eu num sei de nada não. Só vi os nome escrito e truxe. — O homem estava assustado.
— Faz quanto tempo?
— Foi de manhãzinha, umas seis hora, tava chegando pra trabaiá.
Nico fez mais algumas perguntas. Depois tirou fotos da coroa de flores e falou para o coveiro guardá-la, alguém da perícia iria buscar e ela não era bem vinda ali.— Bem, vou para casa descansar um pouco, se cuide. — Nico se despediu de mim, mas antes de partir se virou e disse — vocês sairiam da lista de suspeitos de qualquer forma, mas trato é trato.
Nico 10 x Nia trouxa.
Procurei por Miguel. Ele conversava com Isac e Evelin em um local a alguns metros de distância.
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A Rosa do Assassino [Concluído]
Mystery / ThrillerNia vivia sua tranquila vida como jornalista local de uma cidade pacata, mas seu grande sonho era escrever sobre um importante caso, um que arrebatasse a cidade, que causasse frisson e pânico. A jornalista desejava ascender às custas do caos que ape...