Os mesmos olhos

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O dia ensolarado, quente e que ainda não deixava adivinhar a proximidade do Outono, irritava um certo homem que se aproximava do portão da escola onde iria lecionar esse ano. Já tinha tirado o casaco e levava apenas a camisa branca de botões que agora abria e puxava as mangas ligeiramente para cima. Deixou escapar mais um sinal de irritação pelo tempo que considerava demasiado quente para se apresentar decentemente no primeiro dia de aulas. Passou a mão sobre os seus cabelos negros e nesse momento, ouviu uns quantos suspiros de algumas adolescentes que passaram ao seu lado antes de entrar na escola. O professor ignorou essas e outras, entrando na escola que pouco tinha a ver com o colégio privado onde estivera durante os últimos dois anos. Aquele sítio parecia bem mais sujo e menos apresentável para alguém que tinha uns padrões de exigência tão elevados como ele, mas infelizmente não tinha grande escolha.

– Levi! – O entusiasmo da colega ao vê-lo entrar na sala de professores era mais um motivo para piorar o seu humor. – Não está um dia maravilhoso?

– Hanji sabes perfeitamente que odeio este tempo quente. Não há ar condicionado neste covil?

– Vá, Levi não sejas mal-agradecido. É graças ao meu amor não correspondido por ti que o diretor Irvin te aceitou aqui nesta escola. – Disse Hanji, colocando uma chávena de café à frente de Levi que a encarou com desinteresse.

– Tch, sabes bem que foi a minha competência que me fez ficar com o trabalho. A tua amizade ou o que quer que seja que existe entre nós, apenas facilitou o contacto com alguém inteligente. – Bebeu um gole de café.

– Hei, eu sou bem inteligente! – Retrucou Hanji com uma das mãos na cintura. – Enquanto tu enfiaste o teu nariz em História e Português, eu contribuo para a sociedade com a Ciência! – Entoou aquilo como demasiada seriedade, antes de rir. – Diz lá se agora não estive bem.

– Por favor, Hanji será que podes fingir que não me conheces?

– Não sejas assim tão mauzinho, Levi. – Disse num tom dramático, agarrando-se ao braço do homem que revirou os olhos e num tom autoritário disse para ela o largar. Contudo, Hanji tal como ele temera, continuava a não saber quando parar. Era assim, desde que se tinham conhecido nos tempos da escola secundária.

Flashback

– Já te disseram que és charmoso?

Levi desviou o olhar do livro que estava a ler e olhou para a jovem de cabelos soltos a caírem pelos ombros cujos olhos castanhos estavam por detrás de uns óculos de hastes finas. Ela sorria abertamente e estendia-lhe a mão que o rapaz observou e arqueou uma sobrancelha, esperando que o silêncio incómodo e o fato dele não se mover, a fizesse afastar-se.

– Posso saber o teu nome? – Insistiu.

– Levi. – Disse continuando a encará-la, procurando entender aquela rapariga estranha que começava a ocupar o lugar ao lado dele.

– Quem disse que te podias sentar aqui? Gosto de estar sozinho e assim, evitar dist... – Ela bateu-lhe nas costas enquanto ria.

– És tão engraçado, Levi! Diz-me, de onde és? Vives com os teus pais? Qual é o teu tipo sanguíneo? Acreditas em signos compatíveis? Em amor à primeira vista? Tens uma voz igualmente sexy a combinar contigo. Parece que é verdade o que diziam! – Olhou com um ar sonhador para o teto. – A secundária traz consigo a puberdade que assenta perfeitamente em alguns rapazes. – Olhou para Levi que a observava algo chocado e até com receio da loucura da rapariga ao seu lado. Ponderava até se devia mudar de lugar enquanto as outras mesas não estavam ocupadas. – Tu és um belo exemplo disso! Estava farta de sentar-me perto de miúdos desinteressantes por isso, vou começar este ano em grande sentando-me ao lado do rapaz mais sexy da escola! – Encostou o rosto demasiado perto de Levi. – Vi as fotos de todos os rapazes desta escola ontem à noite na página da escola e nenhum correspondia aos meus padrões, tu és a exceção por isso, espero que também compreendas que isto é obra do destino.

Destinos EntrelaçadosOnde histórias criam vida. Descubra agora