Eren precisou de alguns minutos para se acalmar e por mais improvável que a ideia fosse, acabou por deixar escapar um risinho quando repentinamente Levi perguntou há quantas horas não tomava um banho. Podia ter tomado aquilo como um insulto, mas era uma pergunta tão despropositada que não conseguiu evitar rir ao mesmo tempo que limpava as lágrimas. Aproveitou também para dizer que já fazia algumas horas porque depois de ter chegado do trabalho, contava ter tempo para isso antes de se deitar, mas a conversa com o avô do Armin e o que se seguiu não lhe deu tempo para incluir a higiene pessoal. A isso, o professor comentou que se quisesse estar perto dele, teria que meter-se imediatamente debaixo de um chuveiro.
Como já era de manhã e os transportes públicos já se encontravam em movimento, ambos foram até à estação de metro. Pelo caminho e mesmo depois de entrarem para o interior do meio de transporte, Eren explicou o que tinha acontecido e por que razão precisava desesperadamente de dinheiro.
– Tch, o médico esqueceu de referir essa parte quando lá estive. Isso por acaso lá é quantia que se cobre por um serviço público deplorável? – Falou Levi e procurou pelo seu telemóvel num dos bolsos do seu casaco.
– O que vais fazer?
– Ligar a um conhecido. Se o avô do Armin precisa dessa cirurgia e esse é o preço do serviço público, prefiro gastar essa quantia num lugar decente. – Deslizou o dedo pela curta lista de contactos, algo que não escapou ao olhar atento do jovem de olhos verdes. Ao encontrar o nome que queria, iniciou uma ligação que não demorou muito a ser atendida. – Mike? – O adolescente encostou a cabeça, curioso por ouvir a conversa. – Está quieto, Eren.
– Levi, há quanto tempo! – A voz soou do outro lado. – Acompanhado, presumo?
– Mike preciso de um favor. – Disse, ignorando a pergunta e explicou a situação em que se encontravam.
Eren entendeu que Mike era um cardiologista que trabalhava num hospital privado e que se mostrou disposto a aceitar um paciente à última da hora. Assim que a ligação terminou, o jovem quis saber como é que o professor conhecia aquele médico e se isso tinha alguma ligação com algum problema de saúde. Levi descartou de imediato essa hipótese e disse apenas que Mike era vizinho dos pais dele. Ao que parece, quando era mais novo e se mudou para aquela casa gostava de passar algumas horas na casa do vizinho que tinha uma coleção de livros invejável.
– O que estás a fazer é demasiado generoso.
– Não aceito um "não" a esta altura do campeonato. – Olhou para a estação por onde passavam. – Estamos perto da paragem onde costumas sair.
– Pode demorar algum tempo até juntar dinheiro suficiente, mas vou pagar-te isto de volta.
– Não, não vais. – Retrucou Levi, cruzando os braços. – Considera como um presente adiantado de Natal para os quatro.
– Quatro? – Indagou sem entender.
– Para ti, a Mikasa, o Armin e o avô dele. – Especificou. – É algo importante para a tua família, não é?
Eren sorriu e encostou a cabeça ao ombro de Levi que só pediu que não adormecesse, porque não o ia carregar para fora do metro. O rapaz riu mais um pouco e disse que gostava de imaginar essa cena com a diferença de altura, o que lhe valeu um olhar mortal por parte do homem mais velho. Levi teve que resistir à vontade de ceder perante a violência mais algumas vezes antes de saírem na estação que pretendiam. O adolescente parecia divertir-se com as respostas ou olhares que recebia quando dizia alguma coisa que não agradava o professor.
Chegando à pequena casa onde vivia desde dos seus treze anos, o jovem de olhos verdes deixou o professor à vontade na sala e foi até ao quarto pegar em algumas roupas para tomar banho. Entretanto, Levi optou por procurar alguma coisa na cozinha. Imaginava que Eren ainda não tivesse comido nada e depois de sair do banho, iria querer ir ao encontro dos amigos que também deviam precisar de uma refeição e higiene decente.
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Destinos Entrelaçados
FanfictionUniverso alternativo (Reencarnação) - Onde Levi é um professor que acaba de chegar a uma nova escola, atormentado por sonhos/lembranças de uma vida que o próprio não acredita ter vivido. Contudo, começa a questionar-se sobre a sua sanidade quando en...