Destinos Entrelaçados

Prenúncios de uma dor inevitável

Eren acordou com a luz do sol a incidir diretamente sobre o seu rosto. A voz que o despertou soava cansada. Porém, não teve tempo para pensar muito sobre isso, pois assim que se endireitou na cama, as dores que sentia da cintura para baixo fizeram-no desabar na cama outra vez. Esperou algum comentário irónico ou simplesmente mais alguma ordem para que se sentasse, mas em vez disso, ao olhar para o lado da cama, viu Levi com a bandeja na mão, aguardando em silêncio que se recompusesse.

Levi já estava com umas roupas desportivas. Tinha ido correr de manhã para tentar atenuar uma raiva que não conseguia evitar sentir cada vez que olhava para o olhar confuso de Eren que não entendia de onde vinha aquela aura das trevas.

"Será que fiz alguma coisa?".

Sentado nos pés da cama, Levi comia uma maçã. Ainda pensava na declaração falhada da noite passada. Se é certo que podia ter demorado mais do que devia para responder, a verdade é que ainda pensava que isso não dava a Eren o direito de adormecer numa situação daquelas. Amaldiçoou mais uma vez a falta de sorte que teve e de soslaio, viu como Eren se deliciava com os pedaços de fruta que tinha cortado especialmente para ele. Os cabelos completamente desorganizados, aliados ao sorriso que tinha no rosto fizeram-no por momentos esquecer o motivo por que estava tão mal humorado naquela manhã.

A tranquilidade daquela manhã foi quebrada pelo som de dois telemóveis diferentes a tocar. Um era uma chamada que Levi atendeu. Era o mesmo número desconhecido do dia anterior e no caso de Eren era uma mensagem.

– Bom dia. Estou a falar com o professor Levi?

Sotaque? O homem do outro lado do telefone tinha definitivamente um sotaque qualquer que deixava claro que não era português. Não era espanhol, mas algo igualmente latino.

– Bom dia. – Começou por dizer. – Sim, sou eu. – Esperando que a pessoa do outro lado tivesse a decência de apresentar-se.

– Gianni Donati. – Afirmou com um claro sotaque italiano. – O diretor Irvin deu-me o seu número e estou a ligar para agradecer pessoalmente pelo que fez pela minha filha, Yara.

– Fiz apenas o que qualquer pessoa faria no meu lugar. – Afirmou um pouco sem jeito. Não sabia como reagir diante de agradecimentos daquela natureza.

– Quero agradecer e ao mesmo tempo, pedir um favor. – Prosseguiu. – Mas antes de mais nada, gostaria de saber se está livre hoje à hora do almoço. Sei que é um pouco repentino e pode ter planos, mas gostava que pudéssemos conversar pessoalmente. A minha esposa também quer conhecê-lo e a mi bambina Yara está ansiosa por vê-lo.

– Hum, não vejo razão para recusar e estou curioso quanto ao favor.

– Ótimo. Vou passar-lhe a minha morada e acredite que será uma honra recebê-lo em minha casa.

– Agradeço o convite. – Falou Levi, ouvindo e apontando a morada que lhe era indicada. Pouco depois deu a chamada por terminada.

– Quem era? – Perguntou Eren curioso.

– O pai da Yara, a menina com quem passei o dia na quinta-feira. Recebi um convite para almoçar na casa dela.

– E vais? Pensava que íamos... se bem que recebi agora uma mensagem da Carolina. Ela perguntou-me se podíamos almoçar os dois antes de ir ao cinema.

– Claro, o teu pequeno encontro... – Murmurou entre os dentes.

– Levi não vamos discutir outra vez sobre isto, pois não?

– Não, não...diverte-te. Podes ir almoçar com ela, até porque também não vou estar aqui. – Saiu do quarto.

"Diz que sou ciumento. Será que já olhou para ele?", perguntou-se Eren e resolveu responder à mensagem e confirmar que iria almoçar com Carolina, visto que Levi também já tinha planos