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– Jean, o que aconteceu? – Perguntava, deixando-se mesmo cair de joelhos diante do amigo e vendo a extensão perturbadora de golpes que não se concentravam somente no rosto, mas a avaliar pela expressão de dor cada vez que movia o corpo, também deveria ter marcas em outros locais de momento, pouco visíveis.

Os lábios estavam cortados, um dos olhos estava com uma enorme mancha negra e inchado que impedia que conseguisse abrir esse olho, no outro tinha o sobrolho com um corte. Sangrava também do nariz e os cabelos e as vestes encharcadas deixavam que o amigo deduzisse que o outro já se encontraria ali há bastante tempo.

– Preciso sair daqui... deixar a cidade...

– Precisas de um médico. Não estás bem. – Rebateu o moreno ao tocar no rosto do outro e aperceber-se da pele gelada.

– Não... só preciso de...

– O que quer que tenha acontecido, não importa agora. Não podes fugir. Não vou pedir explicações agora, mas vais ter que confiar em mim. Deixar que te ajude.

– É perigoso ficares comigo... só quero que me emprestes dinheiro para desaparecer.

– Não. – Negou Eren de imediato e segurou o rosto do amigo entre as duas mãos. – Ouve-me, não precisas de fugir para lado nenhum. Vou ajudar-te, ok? Seja o que for, vamos parar fugir. Por favor, deixa-me fazer algo por ti... – A voz quebrou­-se ligeiramente. – Desculpa por ter deixado passar tanto tempo sem te procurar. Sei que não...

– Não, não te culpes, Eren. Eu é que fiz tudo errado e...

– Confias em mim, Jean? – Perguntou. – Tens que deixar tudo nas minhas mãos e não questionar nada do que faça, ok?

– Eren, eu não mereço que...

– Confias em mim? – Insistiu.

Eren precisava de uma confirmação. A história, o contexto por detrás daquele estado lastimoso do amigo podia esperar. A prioridade era tratar daqueles ferimentos, retirá-lo daquelas roupas molhadas e encontrar algum sítio onde pudesse passar a noite, já que em nenhuma das frases Jean referia o apartamento. Portanto, seria seguro assumir que por algum motivo, ele não queria voltar lá porque o responsável por aquilo, poderia encontrá-lo novamente.

Quanto a Jean pensava em tudo o que tinha passado nas últimas semanas e como tinha acabado naquele estado tão decadente. Escondido e caído perto de uns contentores do lixo a implorar pela ajuda de alguém que tinha todo o direito de odiar pela última conversa que tinham tudo e acima de tudo, por ter feito sofrer alguém muito importante para Eren.

No entanto, em vez de atirar-lhe à cara tudo o que merecia ouvir, preocupava-se e exigia palavras de confiança para que pudesse dar-lhe ajuda sem qualquer reserva. Quase não reconheceu a própria voz quando concordou com a ajuda de Eren, mesmo sem saber ao certo o que o amigo pretendia fazer.

Não obstante, quis recusar-se a entrar para o interior do café, nem que fosse pela porta traseira. O rapaz de olhos verdes tentava argumentar que seria somente para abrigá-lo, enquanto ligava para alguém que iria ajudá-los. Ao ouvir que iria envolver alguém a mais naquela história, quis recusar, mas sabia que a partir do momento em que tinha concordado em ser ajudado, tinha perdido voto na matéria.

– Não é uma boa ideia. A mãe do Marco não me pode ver...

– A Sarah não vai recusar abrigo por dez minutos. – Falava o moreno, ajudando o amigo a erguer-se e dar os passos necessários até adentrar no interior do café.

Sentou-o numa cadeira próxima à porta e em seguida, o jovem de cabelos castanhos precipitou-se até à área onde ficavam os cacifos dos funcionários. Procurou o seu e nervosamente abriu a pequena porta e pegou no telemóvel.

Destinos EntrelaçadosOnde histórias criam vida. Descubra agora