Destinos Entrelaçados

O preço do imperador

Após a conversa com Riko, Eren pediu para conversar com Catherine e Santiago que não se mostraram surpreendidos ou contra as escolhas que o filho fez acerca das posses que tinha e o destino que lhes quis dar. Pelo contrário, mostraram um apoio incondicional e prontificaram-se a ajudar o moreno no que fosse preciso em todas as dúvidas que tivesse.

Analisando pela forma como se comportou enquanto escutava o que esperavam dele, os amigos pensaram que fosse isolar-se por algum tempo e possivelmente, ignorar as aulas nos próximos tempos.

Assim foi com surpresa que após uma noite curta de sono, Mikasa encontrou o irmão na cozinha a preparar o pequeno-almoço. Também Armin não esperava que o amigo se animasse para levantar cedo e falar em ir às aulas.

Ignorou por completo os conselhos de Riko que lhe falava em tirar alguns dias e aproveitar para fazer algumas compras que segundo ela, seriam essenciais. Precisava de roupa apresentável ao que o moreno respondeu que não iria comprar nada que não achasse necessário. Disse também que o que ela entendia por roupa "não apresentável" seriam as roupas sem marcas conhecidas. Consequentemente, isso para ele não era um argumento válido, pois disse que não compraria nada que não fosse verdadeiramente necessário.

Todos podiam perceber como o jovem de olhos verdes ainda tentava de certo modo negar que tinha uma fortuna em mãos e que queria agir como se aquele dinheiro não existisse. Porém, aconselhado por Catherine, ela pelo menos conseguiu convencê-lo a fazer algo que nem a própria advogada acreditava que ele não tivesse.

Uma conta no banco.

O rapaz explicou que de todos os trabalhos que teve, sempre pagaram em numerário e por isso, nunca se preocupou em abrir uma conta, visto que não acreditava que se justificasse ter tal coisa dado que não havia dinheiro suficiente e este não demorava em desaparecer.

Contudo, depois de conversar com Catherine e Santiago, o moreno optou por seguir os conselhos deles. Queria abrir uma conta à parte de onde se encontrava o dinheiro que Levi lhe tinha deixado e teria que ir inevitavelmente recolher o cartão que lhe daria acesso à conta que tentaria por todos os meios não tocar.

Quando chegou à escola, soube em primeira mão das novidades pelos amigos que ainda estavam por um lado incrédulos acerca do que o professor Levi tinha feito e por outro lado, ainda se sentiam culpados por estar animados, cada vez que recordavam o estado grave do professor.

Eren compreendia aquela dicotomia de sentimentos e não os culpava. Sabia que eles mereciam o que tinham recebido e mostrou um sorriso simples, mas genuíno aos amigos. Assistiu às aulas naquele dia, descobrindo que na reprografia da escola ficaram fotocópias disponibilizadas e pagas aos estudantes que as quisessem levantar. O conteúdo daquelas fotocópias pretendia ajudar na época de exames que se aproximava.

Diante daquele gesto, muitas eram as expressões incrédulas e a maioria com marcas de uma culpa silenciosa pelas coisas que teriam dito ou pensado. Ouvia-se inclusive alguns alunos a combinarem, passar pelo hospital. Evidentemente existiam sempre as exceções, mas Eren forçava-se a ignorar as vozes no geral e no primeiro intervalo que teve, dirigiu-se a uma das salas do clube. Os colegas que se autodenominavam de artistas estavam a preparar há semanas a ideia que lhes tinha sugerido acerca da apresentação em Sina.

– Parece-te bem? ­– Perguntou um dos alunos.

– Sim. – Confirmou Eren, observando o brasão que dali em diante seria a imagem da escola Maria. O desenho tinha sido aprovado por Irvin há semanas atrás mesmo sem as cores, mas as linhas fortes estavam lá. A ideia estava lá.

Eren temeu que na altura em que deu a sugestão, os colegas não fossem capazes de reproduzir a imagem que tinha em mente. Ele também não a poderia desenhar, pois teria que admitir que as suas capacidades para tal, não eram as melhores e por isso, foi com surpresa e bastante agrado que viu o desenho sair tal como o recordava.