Depois da confissão do filho acerca de como se sentia, Catherine não o deixou dormir sozinho. Ainda assim, a mulher acordou com Levi agitado e sentado na cama a tentar acalmar aquilo que reconhecia como uma crise de ansiedade. De pouco adiantou, tentar tranquilizá-lo visto que parecia bloqueado e até desorientado. Falava de imagens banhadas de sangue e de vozes que não faziam sentido e por fim, repetia que não ouvia quem mais queria. A agitação acabou por disparar o ritmo cardíaco e em pouco tempo, dois enfermeiros entravam na sala e enquanto um deles pedia à mãe dele que se afastasse, outro teve que o segurar e sedá-lo para que se acalmasse.
Um dos médicos que estava em serviço de urgência também subiu até ao quarto após ser chamado pelos enfermeiros e questionou Catherine sobre o que teria acontecido. Tentava compreender a razão para a crise de ansiedade e pediu mais uma vez que não fizesse ou dissesse nada que provocasse aquele tipo de reação, pois a médio/longo prazo não seria aconselhável que continuassem a sedá-lo daquela forma.
A mulher apenas escutou atentamente o que diziam os profissionais de saúde, optando por não contrariá-los. Em resposta ao que teria acontecido, ofereceu-lhes uma resposta vaga, pois na verdade não tinha sido nada que tivesse dito ou feito, tratava-se somente da reação de quem estava confuso sem saber ao certo porquê. No entanto, havia algo no inconsciente do filho que pressentia a falta de alguém em específico que ela nunca concordou que criasse aquela distância, embora compreendesse as razões. Aliás, por compreendê-las, não insistiu mais para que Eren viesse vê-lo, mas sempre ligava para mantê-lo informado acerca do estado do filho.
O avançar dos dias fez com que pensasse que talvez o distanciamento não fosse tão má ideia, pelo menos até que notasse alguma memória que chamasse pelo Eren. O que não esperava é que o filho acabasse por dizer que todos aqueles dias, apesar de aparentemente estar bem, na medida do possível, na verdade estava a ser abalado por uma tristeza e solidão que o estava a deitar abaixo.
Entendeu finalmente que o ar cada vez mais abatido, a falta de apetite e muitas vezes, a falta de vontade de aplicar-se mais na fisioterapia tinha uma razão mais profunda.
Recordou as palavras do Dr. Jaeger que alertou-a para o facto de que o filho pudesse mergulhar numa depressão que acabaria por prejudicar a sua recuperação. Pediu que tivesse atenção a sintomas que se manifestassem nesse sentido, pois mesmo que antes do acidente Levi não fosse alguém que se deixasse abater, a situação frágil e confusa em que se encontrava, podia fazer com que tivesse vontade de desistir.
Os únicos momentos em que se animava mais era na presença da família ou mesmo de Hanji, Mike ou Nanaba. Porém, depois do que tinha acontecido com o ataque de Carolina deixou de querer receber muitas visitas e se falhava algum exercício na fisioterapia, passou a deixar descair os ombros e dizer que estava demasiado exausto para tentar novamente.
Quando regressava ao quarto, a única coisa além das poucas visitas que ainda o animavam eram os presentes que chegavam. Não aleatórios, mas os que em específico não indicavam qualquer nome, mas Catherine notava como guardava cada cartão de forma muito cuidadosa.
Contudo, nem mesmo isso parecia ser suficiente para eliminar a tristeza que via no filho e que se acentuava de dia para dia, sobretudo ao fim do dia quando as atividades do dia terminavam e já nem ao menos queria ver televisão.
Nessa noite, depois do médico e enfermeiros deixarem-na a sós com o filho sedado, pegou no telemóvel e ligou ao marido a quem tinha pedido para acompanhar os pais a casa para que não passassem todos mais uma noite no hospital em sofás ou cadeirões desconfortáveis.
– Catherine? – Ouviu a voz ensonada do marido. – Aconteceu alguma coisa?
– Nada que te faça sair de casa agora, mas quero que venhas amanhã cedo, assim que possas. – Começou por dizer. – Acho que fizemos a coisa errada.
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Destinos Entrelaçados
FanficUniverso alternativo (Reencarnação) - Onde Levi é um professor que acaba de chegar a uma nova escola, atormentado por sonhos/lembranças de uma vida que o próprio não acredita ter vivido. Contudo, começa a questionar-se sobre a sua sanidade quando en...