A qualquer momento

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Poucos dias tinham passado desde a morte de Hitch e desde então nem sinal do banqueiro ou de Kenny. O que poderia ser encarado como um alívio ou na perspetiva de Levi era algo inquietante. Os pesadelos com as memórias distantes pararam subitamente depois daquela noite em que pôde ver na íntegra os acontecimentos que ocorreram no dia em que Eren o deixou e também as horas subsequentes. Depois disso, não conseguia deixar de pensar na imagem do rapaz nos seus braços sem vida, coberto de ferimentos horrendos e ensopado com o próprio sangue.

Considerou aquele pesadelo como mais um aviso do que poderia acontecer, se não agisse com cautela, se não fizesse tudo ao seu alcance para o proteger. Mais do que nunca, não estava disposto a passar por uma situação daquelas. Reviver aquilo seria sem dúvida ditar a sua sentença.

Com a eminência de que algo terrível pudesse ocorrer a qualquer momento, Eren passou a ir para casa com o professor e a passar lá as noites. Mikasa e Armin também ficaram na casa de Nanaba que após a morte de Hitch concluiu, depois de ter acesso ao computador pessoal da estrela de cinema e do mundo da moda que esta enviou de facto, os piores emails acerca do amigo que circularam pela escola.

Portanto, os jornalistas e curiosos tentaram de diversas formas obter mais informações sobre o que teria levado àquela estrela, supostamente com tudo para ser feliz, a acabar morta.

Mais uma vez, servindo-se dos conhecidos e dos contactos que possuía, Nanaba travou a fuga de informações e processou severamente todos os que tentaram saber mais do que aquilo que a polícia deixou passar. Os processos complicados e que colocavam carreiras em risco amedrontaram a grande maioria dos curiosos.

Contudo, sabia que mais do que nunca, o cerco tendia cada vez mais a fechar-se e era uma questão de tempo até um dos bisbilhoteiros como os classificava, chegasse até Levi e quisesse explorar a história dos dois em várias revistas. Uma coisa dessas poderia levantar alguns problemas nos outros processos que tinha em mãos relativos ao banqueiro. Sob circunstância alguma, mesmo que fossem falsos testemunhos seria conveniente que Levi tivesse algum tipo de problema com a justiça ou rumores estranhos à sua volta.

*_Armin_*

Era a primeira vez que via Nanaba sair de casa com algo que não estivesse diretamente relacionado com o trabalho dela. Para dizer a verdade, depois do que aconteceu com Hitch, a história do banqueiro e o assassino Kenny, ela esteve bastante atarefada. Em casa estava sempre de telemóvel na mão, computador na frente e trocando impressões com várias pessoas diferentes. Saía de casa para ir ao escritório, falar diretamente com juízes e colegas investigadores e regressava cansada. Só que em vez de descansar, tanto eu como Mikasa testemunhámos como bebia café nos últimos dias para manter-se acordada e dar resposta a todos os problemas que tinham surgido e que poderiam surgir. Sim, ela trabalhava bastante por antecipação e posso dizer que admirava isso nela. A forma como o raciocínio era rápido e como conseguia encontrar diversas formas de moldar a lei era impressionante.

De certo modo, era como se aquela advogada deixasse a casa dela a nosso cargo.

Como não sabia ao certo quanto tempo duraria aquela situação, liguei à senhoria da casa que o meu avô tinha alugado há anos atrás e avisei que embora estivéssemos fora por algum tempo, pretendíamos regressar.

– Vamos ver um filme lá dentro, queres vir? – Perguntou Mikasa, acompanhada por Annie.

– Fiquem à vontade. – Respondi, vendo as duas entrarem no quarto enquanto esperava por mais uma chamada de Jean.

Durante o dia trocávamos algumas mensagens e por norma à noite, conversávamos horas a fio. Ainda bem que tínhamos um tarifário que nos permitia chamadas de horas sem custos. Desde que tivéssemos o mesmo tarifário e ligássemos apenas a partir de uma hora específica, ou seja, depois das nove da noite.

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