Descarrilar

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– Tens a certeza que fizeste a coisa certa? – Perguntou Irvin, vendo Levi beber mais um pouco de chá enquanto se recostava na cadeira no gabinete do diretor.

– Os pirralhos estão vivos e de boa saúde. – Mais um gole do chá.

– Mas nem sabes exatamente a quem pediste um favor.

– O que interessa é que me deu a informação quando precisei. Caso contrário, nunca teria chegado a tempo do acidente. Foi ele que me avisou das atividades suspeitas e que deveria dirigir-me para a zona da ponte.

– Eu sei, mas...

– Farias o mesmo no meu lugar se a vida da Hanji estivesse em causa, não achas?

Os dois encararam-se em silêncio por alguns momentos antes de Irvin suspirar e concordar que faria o mesmo. Porém, não podia deixar de sentir-se preocupado com o amigo que acabava de contar sobre como tinha sido capaz de estar presente pouco depois do acidente da noite passada.

Pelos vistos, não tinha cortado qualquer contacto com o homem misterioso que lhe entregou a caixa com todas as informações que Nanaba tinha deixado para trás. Em vez disso, deixou para trás uma nota antes de abandonar o local, onde tinham marcado o encontro. Nessa nota, pedia-lhe um favor, assegurando que também teria palavra e pagaria do modo que o desconhecido lhe quisesse cobrar.

No entanto, não esperava que de facto fosse ter uma resposta e por isso, ao sair do hospital surpreendeu-se quando recebeu uma chamada, avisando-o de movimentos estranhos próximos àqueles a quem tanto queria proteger. A chamada especificava que o que quer que fosse acontecer, havia dois veículos combinados, sendo que um deles localizava-se próximo da ponte. Tratava-se de uma espécie de emboscada, tal como tinham feito com Nanaba e que poderia ter tido um final igualmente trágico.

Portanto, assim que ouviu aquelas palavras mudou a rota do caminho que estava a seguir e apressou-se à zona, onde lhe tinham indicado que aconteceria qualquer coisa.

Assim que chegou, encontrou já o carro submerso e não pensou duas vezes.

– Se calhar devias ter ficado em casa, Levi.

Esse comentário trouxe o professor de volta à realidade.

– Estou a ficar melhor, não te preocupes. – Bebeu o último gole de chá. – Por norma, não costumo ficar doente com facilidade. Mesmo as constipações ou gripes são coisas raras e costumam ficar-se pelas dores de cabeça, garganta ou dores pelo corpo em geral, mas quase nunca fico com tosse ou febre ou qualquer outro sintoma.

– Mas estás com um ar adoentado. Se tivesses ficado em casa, acredito que melhorasses mais rápido.

– Já tomei a medicação que me deram na farmácia, mas não posso esperar que os milagres aconteçam. – Fechou os olhos momentaneamente. – Quando chegar a casa, deito-me mais cedo.

– Até porque segundo me consta, estiveste envolvido em atividades bem cansativas na noite passada.

Os olhos acinzentados abriram-se lentamente, encarando Irvin que sorria com alguma diversão ao ver o olhar homicida que lhe era dirigido.

– Se calhar parte dessas dores também são por...

– Irvin queres que faça piadas sobre sobrancelhas o resto do dia? Ou quem sabe conte à Hanji algumas das coisas que me disseste quando decidiste embebedar-te juntamente com o Mike até que fomos os três expulsos do bar? Aposto que algumas daquelas confissões seriam bem divertidas para a Hanji.

– Ok, isso é jogo sujo. – Disse Irvin.

– Adivinha com quem estou a aprender?

Irvin acabou por sorrir.

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