Inevitável

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– Bom dia! – Disse Hanji, tentando abraçar o amigo que se esquivou, murmurou algo que se assemelhava a um "bom dia" e algo mais percetível que foi:

– Café.

– Dormiste mal, Levi? – Perguntou Petra preocupada.

– Serão a corrigir os testes. – Resumiu, sentando na cadeira e vendo que Hanji preparava o bendito café.

– Serão é uma palavra de origem grega. – Afirmou a amiga.

– Qual grego, Hanji? É de origem latina, Seranum ou serum que tem a ver com tarde e noite.

– Quis só analisar o teu nível de sono, mas se ainda falas latim a esta hora da manhã, suponho que a tua resistência seja mesmo algo admirável. – Acabou de acrescentar algum açúcar ao café e trouxe-o até ao amigo. – Quantas horas dormiste? Se é que dormiste.

– O que importa é que tenho o trabalho feito. – Respondeu, aceitando o café. – Obrigado.

– Ouvi dizer que vais anunciar os vencedores ao fim da manhã. – Comentou Petra.

– Hum? – Separou a chávena dos lábios. – Anunciar? Qual anunciar? Vou entregar testes e falar com as turmas, só isso.

– Não foi isso que o diretor Irvin nos disse. – Comentou outro colega. – Ouvi dizer que vai tratar isto com toda a pompa e circunstância porque é a primeira vez que a matemática teve tantos alunos dedicados.

– Claro. – Murmurou. – Anda a planear coisas nas minhas costas. – Bebeu o resto do café de um só gole e levantou. – O Mr. Sobrancelhas vai pagar por isto. – Murmurou entre os dentes.

Não pretendia iniciar aquele dia com uma conversa com o diretor da escola, mas não tinha outra opção. Precisava perguntar o que o homem loiro tinha planeado nas suas costas sem que ele soubesse. Não pretendia fazer do anúncio dos resultados um espetáculo para todos verem. Queria felicitar os alunos, mas na privacidade da sala e nada mais além disso. Aliás, não só queria, como faria isso acontecer.

Bateu na porta do gabinete do diretor, decidido a desfazer qualquer plano que o outro tivesse quanto a esse anúncio. Ouviu a voz dar permissão para entrar e assim que o fez, encontrou Irvin com uma caneca de café na mão e um jornal sobre a secretária. Sorriu ao ver o amigo.

– Bom dia, Levi.

– Bom dia o caralho. – Fechou a porta com mais força do que pretendia. – Não vou fazer nenhum espetáculo sobre as notas de matemática, Irvin.

– Ora, acordaste do lado errado da cama? – Perguntou com a mesma postura descontraída.

– Acordaste com vontade de morrer? – Foi a resposta do outro. – Asseguro-te Irvin que isto não vai acontecer. – Viu o diretor pegar no telemóvel e tranquilamente, deslizar o polegar sobre algo que estava a ver. – Já me exploras o suficiente e não, nem vamos argumentar sobre isto porque não estou com a mínima paciência para as tuas...

"Ah,Irvin..."

Virou o telemóvel na direção dele mostrando que se tratava de uma das temíveis gravações de Hanji e naquela em específico, ele estava numa chamada com o Irvin. A mesma em que gemeu para ele e disse-lhe todas aquelas coisas que queria eliminar o mais rapidamente das suas memórias. Sabia que o tinha feito, apenas por diversão e tesão mal direcionado.

"Pensando bem, isto é tudo culpa do Eren. Se tivesse passado a noite comigo, não teria... aliás, a Hanji também é culpada de tudo isto! Deus, se existes, por que permites estas coisas?".

Destinos EntrelaçadosOnde histórias criam vida. Descubra agora