Visita prometida (1º parte)

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Mergulhado num sono tranquilo que há muito desejava, algo na sua consciência recordou-o que isso ultimamente só acontecia quando dormia com Eren. De alguém que não suportava dormir com ninguém ao seu lado, começava a ficar estranhamente dependente da presença do moreno. Este que também apesar da fama de ser alguém que não ficava sossegado durante o sono, sempre que dormia com o professor, permanecia grande parte da noite na mesma posição. Aliás, a posição só se alterava ligeiramente, caso o abraçasse mais, mas fora isso nada da fama que Armin ou Mikasa lhe atribuíam. Os amigos afirmaram que por diversas vezes tinham acordado com uma mão ou pior, um pé na cara.

Não sabia há quanto tempo estava envolto naquele sono tranquilo e nem precisava abrir os olhos para saber que ainda tinha os braços à volta do seu corpo. O calor que emanava do outro dizia-lhe isso mesmo, ainda o abraçava. Aconchegou-se um pouco mais naquele perfume que baixava qualquer defesa ou reserva que tivesse. Ouviu também a respiração tranquila e mais uma vez, veio aquela sensação de alívio. Por vezes, o seu subconsciente pedia todos aqueles sinais de que Eren estava vivo e ao seu alcance. Queria apagar, esquecer as outras lembranças distantes que o recordavam como era sentir aquele corpo gelado sem respiração e ensanguentado.

Num gesto que aparentava saber o que ele queria, os braços apertaram-no mais. Como se quisesse dar-lhe a segurança de que aquilo era real, que ele estava ali e assim continuaria.

Subitamente, algo quebrou momento sereno com uma luz forte que se repetiu algumas vezes, antes que os olhos acinzentados começassem a abrir-se vagarosamente. Demorou alguns segundos a ajustar-se à claridade, pois o flash que recebeu diretamente nos olhos também não ajudou a acelerar o processo.

Porém, não demorou a reconhecer os cabelos castanhos completamente despenteados, os olhos de maníaca por detrás das lentes e um pijama ridículo com imagens de ursinhos amarelos estampados no azul que era a cor predominante.

– Hanji...?

– Tão queridos, fofos e lindos! – Exclamava, continuando a tirar fotografias.

Por alguns instantes, a ideia de ignorar a insanidade da amiga pareceu a melhor escolha, exceto quando se recordou de um detalhe. Aquelas fotos com certeza acabariam com as pessoas erradas e nos locais errados. Isso fez com que tentasse levantar para logo ser agarrado com uma força absurda de Eren em que praticamente o esmagava contra o próprio corpo. Hesitou em bater com força suficiente para causar alguma dor no rapaz que não se preocupava nem um pouco com ele. Sufocava-o sem hesitações e Levi tentou chamá-lo algumas vezes antes de recorrer à violência.

No entanto, de todas as vezes que tentou falar, ouvia a voz abafada contra o peito do rapaz que teimava em abraçá-lo com mais força e por duas vezes murmurou o nome do professor que sentia que não só o oxigénio, como a paciência começava a esgotar-se.

E claro que não há nada que não possa piorar e por isso, foi com horror que reparou que aquele momento que poderia ter sido um episódio discreto, tornava-se motivo para formar uma plateia divertida que Hanji chamou.

– Eren vais ter teste de Português com o professor Levi e estás atrasado. – Era a voz de Jean que decidiu intervir, antes que das duas uma: ou o professor morresse sufocado ou Eren acabasse com várias costelas partidas.

A reação foi quase instantânea e Annie não perdeu um só momento já a gravar o momento com o telemóvel. Assistiu como Eren abriu os olhos completamente aterrorizado e ao tentar levantar com a pressa, esqueceu-se de várias coisas. A primeira e a que devia ser mais preocupante é que estava a agarrar Levi e não uma almofada, portanto, não devia ter tentado levantar ao mesmo tempo que segurava a "almofada". O peso da dita "almofada" foi o suficiente para que caísse no chão em cima do professor que sentia como se qualquer tranquilidade até aquele momento se tivesse esfumado e quisesse assassinar o rapaz de várias formas diferentes.

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