Desmoronar

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Aquela era a razão para que Riko tivesse ido ao encontro deles no café. Tencionava avisá-los acerca de uma publicação, fruto de uma "investigação" que mais do que factos, procurava causar impacto e choque entre os leitores.

A imprensa não era constituída somente de bons jornalistas. Isso é um conhecimento do senso comum. Uma quantidade considerável de pessoas são conscientes de que há notícias que pretendem informar, contribuindo em certa medida para algo na vida das pessoas; por oposição a um sem número de notícias que querem apenas vender e alimentam-se dos escândalos reais ou orquestrados por pessoas muitas vezes sem rosto.

Um jornal sensacionalista ameaçado diversas vezes por Nanaba viu-se de mãos atadas quando a advogada exercia sobre eles uma pressão constante e forte. Portanto, assim que souberam que a mesma se encontrava no hospital, os conteúdos que guardavam cuidadosamente, esperando a mínima oportunidade, alcançaram o público a uma velocidade assustadora.

Quando o avião em que Riko viajava aterrou, já era tarde para impedir a publicação e por isso, pôde apenas tomar outras medidas que tentariam minimizar os danos que tudo aquilo causaria, não só na vida dos visados daquelas notícias, como também nos processos que tinha nas mãos.

Felizmente, pediu escolta pessoal antes de dirigir-se ao café e foram esses que apanharam pelo menos dois dos envolvidos naquela espécie de emboscada planeada.

O desconhecido ensanguentado no chão a quem lhe foi referida posteriormente a identidade, acabou por ser levado para o hospital com fraturas múltiplas e inconsciente devido a uma concussão grave. O historial de suspeitas de violação de menores fez com que apertasse o cerco à volta dele e exigiu que assim que pudesse ser transportado, fosse colocado numa cadeia de alta segurança. Não se conformava com a ideia de que um suspeito de crimes daquela natureza estivesse em liberdade e por isso, decidiu que faria tudo para mudar esse aspeto.

No entanto, a sua atenção esteve focada sobretudo nas longas horas em que esteve na esquadra, acompanhando os depoimentos de Levi. Exigiu pelo menos quarenta minutos para que pudesse conversar com ele a sós. Não queria deixar pontas soltas e acima de tudo...

– Queres que minta?

– Quero que digas que não tocaste no miúdo até ele fazer dezoito.

– Isso é mentira.

– Mente ou omite, mas que jamais saia da tua boca uma palavra nesse sentido. Não me dificultes mais a vida. Vou ter muito que fazer nas próximas horas e dias.

Escolheu a omissão para lidar com algumas perguntas e por isso, Levi deu algumas respostas esquivas ou vagas. O certo é que ter a advogada ao seu lado ajudou bastante a evitar muitas das perguntas que segundo ela, por lei, não podiam ser colocadas.

Ainda assim, o professor podia ver como olhavam para ele. Apenas com o olhar acusavam-no sem palavras. Aos olhos daqueles que fizeram as perguntas ou simplesmente se encontravam na sala, ele já estava condenado.

O acontecimento no café Kitten foi de todo relacionado com ele, pela sua presença lá e pelo facto de alguém querer vingar-se dele e portanto, todas as vidas que correram perigo, tinha sido por causa dele. Ignoravam por completo um suspeito de violação ter estado presente, alegando coincidência e nesse momento, mesmo Riko respondeu de forma ríspida.

Era óbvio que a forma como todos construíam a história à sua volta, ele era o único culpado em toda aquela história. Portanto, ficou francamente surpreendido quando apesar de todas as tentativas, a advogada conseguiu com que saísse em liberdade, embora fosse obrigado a realizar apresentações periódicas na esquadra.

Contudo, mesmo que tivesse agradecido pela forma profissional e eficiente da advogada, não conseguia concordar com as regras que ela lhe impunha. Essas que só descobriu quando chegou a casa, acompanhado por ela e apercebeu-se que não havia sinais de Eren, Mikasa e Armin que tinham deixado a esquadra mais cedo na companhia de Hanji e Irvin.

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