Destinos Entrelaçados

Trost

Trost

Era a segunda chamada que interrompia aquela que podia ter sido uma refeição tranquila. O primeiro a ligar tinha sido Mike para avisar do sucesso da cirurgia. Acrescentou também que ainda que o procedimento médico tivesse terminado, só poderia haver visitas no dia seguinte. Embora ainda não houvesse certezas de que o Sr. Arlert despertasse até esse momento.

A recuperação iria ser lenta e teria que ser encarada com bastante cautela.

Depois dessa chamada, Levi entrou em contacto com Armin para lhe dar as novidades e combinar a hora a que se encontrariam no dia seguinte para ir até ao hospital. O rapaz loiro mais do que ser coerente, só conseguia agradecer ao professor que a certa altura, pediu que ele passasse o telemóvel à Mikasa para conseguir ter uma conversa decente. Isso acabou por não ser necessário, já que conseguiram acertar os detalhes do encontro no dia seguinte.

Quando pensavam que podiam retomar a refeição, desta vez foi Eren que recebeu uma chamada. Era Annie a recordar-lhe algo que já nem passava pela sua cabeça.

– Esqueci-me completamente! – Exclamou alarmado. – Desculpa, não queria ter faltado. Não, não. Vou aparecer lá sem falta. Encontramo-nos na estação às dez, pode ser? Hum, ok. Até logo.

– Vais voltar àquele maldito bar? – Perguntou Levi sem esconder como não gostava da ideia.

– Não vou ao "Sinners". Hoje à noite é em "Trost", o bar do Pixis. – Explicou Eren sumariamente. – Como faltei ao ensaio desta tarde, já sei que vou ouvir o Jean. Vai dizer que tenho mania que sou estrela e não preciso de ensaiar, como se eu tivesse a vida dele e andasse a vend... – Parou de falar ao aperceber-se do tema que iria tocar. – Ah, deixando o Jean de lado, queres vir?

– Ver-te a atuar num bar repleto de adolescentes no cio? Não sei se me parece um bom plano para um resto de noite em que posso dormir.

– Vais deixar-me entregue aos perigos da noite? – Perguntou Eren inocentemente. Isso fez com que o homem de cabelos negros arqueasse uma sobrancelha e o encarasse algo surpreso.

– Pensava que eras do tipo que sabia cuidar de si mesmo sozinho.

– E sou, mas talvez a tua fraca capacidade social esteja a impedir que vejas que só queria passar mais tempo contigo. – Ironizou Eren.

– Por outro lado, isso significa que posso divertir-me a ver como vais esconder as marcas que tens no pescoço. Vais atuar de cachecol?

O terror espelhou-se no rosto do adolescente que correu até à casa de banho. De lá, Levi divertiu-se ao ouvir exclamações e alguns palavrões ao ver a quantidade de marcas. Ele sabia que não havia maquilhagem no mundo que a Annie pudesse usar para tornar aquilo menos visível. Portanto, a alternativa seria cobrir com algum cachecol ou lenço. O que num espaço fechado e quente seria uma tortura.

– Estás com frio, Eren? – Perguntou Annie ao ver o amigo com dois cachecóis enrolados à volta do pescoço como se a vida dele dependesse disso.

– Muito. – Respondeu secamente. – Boa noite. – Cumprimentou Reiner e Bertholdt.

– Com frio e com companhia. – Comentou Reiner depois de responder ao cumprimento de Eren e Levi que também entrou no carro, sentando ao lado do adolescente enrolado em cachecóis.

– O Connie poder ir no colo do Berth, mas acho que hoje é a oportunidade ideal para colocarmos o Jean na mala. – Falou Eren, fazendo Reiner rir.

– Ele agora tem carro. Vai dar boleia ao Connie por isso, tranquilizem-se aí atrás que há espaço para todos. – Respondeu o rapaz loiro que ao ouvir Bertholdt tossir, lançou mais um olhar preocupado na sua direção.