Dia de visitas

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*Eren*

– Eren! Tira... Porra!

Abri os olhos vagarosamente e notei que tinha acabado de meter o meu pé na cara do Armin que tentava sair da confusão de cobertores que eu tinha criado durante a noite. Em noites como aquela, em que passávamos o tempo a conversar, costumávamos partilhar a mesma cama. O que antes de dormir não era um problema, pela manhã era a altura de avaliar os estragos. Principalmente o Armin que era alguém que adormecia e acordava na mesma posição e quanto a mim, remexia-me a noite toda tornando impossível que conseguisse ter uma noite decente de sono. No entanto, como a nossa conversa se estendeu por grande parte da noite, acabei por adormecer na cama dele sem queixas do meu amigo. Este mostrava uma expressão que demonstrava como aquilo continuava a não ser uma boa ideia.

– Dormiste mal? – Perguntei. – Bom dia... – Cocei a cabeça, vendo-o quase cair quando se levantou da cama e em vez de calçar os chinelos, quase tropeçou neles.

– Bom dia. – Bocejou. – O típico pé na minha cara meia dúzia de vezes durante a noite, mas nada de grave. Afinal, a ideia de dormires aqui foi minha.

Espreguicei-me.

– A Mikasa não veio acordar-nos?

– Não, mas não estás a ouvir? – Perguntou o Armin e eu semicerrei os olhos por causa da claridade e então, apercebi-me do ruído no exterior. Era a buzina de um carro e vozes perto da porta.

– Que horas são? – Perguntei. – Seja que hora for, é melhor dizeres ao Jean para enfiar a buzina do carro no cu antes que eu vá lá fora e...

– Sim, eu vou lá abrir a porta. Pode ser que o professor Levi já estava com eles e daí a impaciência. – Disse o Armin, saindo do quarto.

– O Levi? – Indaguei, recordando que ele ia acompanhar-nos ao hospital e isso fez-me querer sair da cama rápido demais. Como uma das minhas pernas ainda estava de alguma forma enredada num dos lençóis, caí com tudo de cara no chão.

– Eren?

A voz carregada de sono da minha irmã também trazia alguma preocupação pelo barulho que fiz com a minha queda. Entre insultos ao lençol e ao chão, disse que estava bem. Notava-se bem que o calmante a tinha deixado com um aspeto de alguém que estava claramente sob a influência de medicação. E ainda assim, a preocupação dela não desaparecia, pois assim que me viu a sangrar do nariz, ajoelhou-se à minha frente. Pedia para ter mais cuidado e deixar que me ajudasse. Acabei por deixar que cuidasse da pequena hemorragia, senão sabia que não me largaria o resto da manhã. Enquanto entrava na casa de banho acompanhada com ela, ouvi as vozes do Jean, Annie e do Levi. Era claramente a voz dele que perguntava pela razão para ainda estarmos todos a dormir quando ele especificou claramente a hora a que íamos para o hospital.

– Peço desculpa, professor. – Ouvi o Armin dizer. – Ficámos a conversar até tarde, mas vamos vestir-nos e sair rápido.

– Não sem comer qualquer coisa primeiro porque imagino pela tua cara que acabaram agora mesmo de cair da cama. Tch, bando de pirralhos impontuais.

– Eren põe a cabeça para trás. – Pediu Mikasa pela segunda vez, já que eu estava bem mais interessado nas vozes que vinham da sala.

– A Mikasa ainda está deitada? – Ouvi Annie perguntar.

– Digamos que acordámos mesmo agora com o som da buzina. – Disse Armin num tom envergonhado.

– Desculpa, se soubesse que ainda estavas a dormir não teria feito tanto barulho.

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