Visita prometida (2º parte)

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"42 minutos e cerca de vinte segundos para conseguir escapar com sucesso", disse orgulhoso do seu feito ao ver que Levi ainda dormia sem qualquer interrupção.

Com medo de adormecer e acabar por ser encontrado na mesma cama com o professor, Eren praticamente não dormiu a noite toda. Pelo menos, não por mais de vinte minutos antes de algum ataque de pânico. Porém, várias vezes desistiu de sair da cama, pois havia poucas coisas melhores na sua opinião, do que dormir com ele daquela forma.

Foi somente já bem cedo pela manhã que ganhou coragem para tentar desenvencilhar-se daquele abraço apertado. Mesmo assim, o processo ainda exigiu bastante cuidado e técnica para não perturbar o sono do outro que continuou a dormir profundamente, embora Eren já estivesse fora da cama.

Os cabelos desordenados, o rosto contra a almofada e a expressão calma que tinha, fizeram com que Eren sorrisse enquanto puxava o cobertor para manter Levi quente.

Em seguida, com passos tão silenciosos quanto possível acercou-se à porta, onde encostou a orelha para poder avaliar se havia qualquer ruído nas proximidades. Ao não escutar nada, abriu a porta vagarosamente e fechou-a também com muito cuidado. Quase em bicos de pés e a suster a respiração a cada passo que dava, conseguiu alcançar o quarto naquilo que lhe pareceu um tempo excessivamente longo. Suspirou de alívio quando entrou no quarto e a adrenalina de todo aquele momento para passar despercebido, deixou-o mais desperto. Assim, optou por ir tomar um duche rápido e aproveitar para mudar de roupa.

Com o duche tomado, desceu até à sala e ao passar diante de uma das janelas, viu Santiago no exterior que parecia regressar de uma corrida matinal. Isso surpreendeu o jovem que não demorou muito a ser descoberto pelo pai de Levi que acenou e chamou-o para ir ao seu encontro no exterior.

– Bom dia.

– Bom dia, Eren. – Cumprimentou com um sorriso. – Acordaste cedo.

– Ah, pois... devo ter estranhado a cama. – Coçou a cabeça.

– Parece que não descansaste muito. – Comentou. – Por outro lado, estou surpreendido que o Levi ainda esteja na cama, mas como estava com um ar tão cansado, penso que será melhor assim.

– Hum, hum. – Concordou, olhando para a paisagem que já demonstrava mais sol que no dia anterior e com isso, levava a neve a iniciar o seu derretimento.

– Se soubesse que eras madrugador, ter-te-ia convidado para corrermos os dois.

– Ah, pois...eu não sou assim tão madrugador, como pensa. – Coçou a cabeça um pouco atrapalhado. – Normalmente, precisam arrancar-me da cama. – Nesse instante, resolveu fazer uma pergunta por curiosidade. – O professor Levi nunca foi assim? Tipo, preguiçoso para sair da cama?

– Hum, não que me lembre. – Disse Santiago pensativo. – Sempre lhe disse que só chamava uma vez.

"Acho que tenho medo de perguntar o que significa isso de só chamava uma vez", pensou Eren, imaginando como teria sido crescer com alguém para quem a disciplina era tão importante.

Repentinamente, viu Santiago afastar-se poucos metros e usar a mesma posição defensiva que tinha visto no dia anterior, dirigida a Levi.

– Queres experimentar, Eren?

– Tem a certeza? Eu... – O rapaz ficou um pouco inquieto. – Posso não ter treino em nenhuma arte marcial em específico, mas não penso que me safe mal. Não quero...

– Podes vir. – Afirmou Santiago. – Qualquer coisa, eu aviso. O mesmo serve para ti.

"Será que lhe devia dizer que tenho uma certa pontaria para partir o nariz dos meus oponentes?", perguntava-se, levantando ligeiramente os punhos, "Sei que aquilo que vi entre ele e o Levi foi assustador, no sentido em que pareciam igualados, mas tenho que ter em conta que o Levi não estava nos seus melhores dias".

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