Sequelas

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Com a enfermeira veio um médico que pasmo parou ao lado da cama. Deixou que a enfermeira lhe colocasse uma pequena palha na boca para que bebesse água, visto que aparentemente, o professor ainda não estaria em condições para segurar num copo. Notavam-no exausto como se estivesse a fazer um esforço muito grande para manter-se consciente.

Assim que acabaram de lhe dar água, o médico começou a examiná-lo passando uma pequena luz nos olhos e de seguida, pedindo que Levi seguisse o dedo indicador que passava diante do seu rosto. Seguiu-se mais um teste aos reflexos que embora lentos, estavam presentes e por último, iniciou uma série de pequenas questões.

– Sabe o seu nome?

– Le...Levi...

– Levi, consegue dizer-me onde pensa que está?

– Num... hospital?

– Correto. – Confirmou. – Recorda-se como veio parar aqui?

Seguiu-se algum silêncio.

– Não. – Respondeu por fim e olhou para Hanji com um ar confuso e em específico para aliança que a amiga tinha no dedo. – Mas o tempo passou, certo? Casámos?

– O quê? – Perguntou Hanji surpresa e trocou um olhar preocupado com o médico e logo forçou um sorriso na direção do amigo. – Porque pensaste numa coisa dessas?

– Porque o médico... deixou-te ficar aqui e... porque... – Fechou momentaneamente os olhos. – Acho que não ficaria com a Hitch... mas teria que assentar para que... os meus pais não se preocupassem mais. – Olhou para o médico. – Passou quanto tempo?

– Relativamente a quê, Levi? O que pensa que estava a fazer antes de vir para o hospital? – Perguntou o médico, pretendendo testar a noção que o professor teria das coisas à sua volta e se somente estava confuso ou havia falhas na memória.

– Eu...

– Estamos em que ano, Levi? – Perguntou Hanji com o coração nas mãos.

– Último ano... do secundário? Já fizemos os exames?

– Se já fizemos os exames dos nossos alunos? – Tentou sugerir.

– Nossos alunos? – Repetiu. – Nós... já somos formados?

A troca de olhares entre o médico e a amiga foi o suficiente para que se desse conta que algo de errado se passava. As duas pessoas à sua frente olhavam para ele com preocupação e tentou entender a estranha dor cabeça que sentia. Mais do que isso, todo o conjunto de ideias, imagens e pensamentos na sua cabeça faziam pouco ou nenhum sentido. O caos ocupava a sua mente. Pouco ou nada fazia sentido, a noção do tempo ou do que tinha acontecido antes de ter acabado no hospital encontravam-se totalmente distorcidos. Não havia elo de ligação. Coerência ou explicações.

A amiga que antes aparentava tão feliz de o ver desperto, enchia o médico com perguntas e exigia saber o que se passava com ele, pois parecia ir além da confusão. O profissional de saúde mostrava-se reticente em responder, afirmando que necessitava de colocar mais algumas questões, mas para isso Hanji teria que deixar o quarto. Afirmou que toda aquela agitação não lhe faria bem.

Levi podia ver como o seu estado não era o mais normal e que havia algo de muito errado com o caos que sentia na sua cabeça. Consequentemente tentou procurar alguma coisa naquela desordem que fizesse sentido e ao ouvir Hanji pedir que recordasse que estava apaixonado e que não podia esquecer uma coisa dessas, qualquer coisa aconteceu. A ansiedade que não conseguiu controlar juntou-se a imagens desconexas de sangue, sons de disparos e por fim, uma dor que o apanhou desprevenido. Como se irradiasse por todo o corpo, mas o foco principal estivesse na sua cabeça.

Destinos EntrelaçadosOnde histórias criam vida. Descubra agora