Castigo

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Incerto quanto às memórias que fluíam na sua mente, Levi procurou a segurança e o conforto de pôr no papel o que recordava, ajudando-o também a organizar o fluxo de informação que o deixava um pouco inquieto.

Assim, incapaz de dormir o resto da noite passou horas a organizar os pensamentos que também não permitiam que tivesse repouso. Durante esse tempo, tentou relevar os momentos com Eren, pois sempre que o recordava, dividia-se entre querer esquecer a discussão de antes ou matá-lo lentamente. Não só a ele, mas isso seria trabalho para dias, semanas ou simplesmente, decidiria atormentar até ao fim dos seus dias todos os que se divertiram de algum modo com a situação.

Deixando esses pensamentos homicidas de parte, deduziu que ainda que grande parte das suas memórias estivesse de volta, continuava a ter alguns espaços por preencher. No entanto, tinha a noção de que sentia-se mais "normal", no sentido em que o sentimento de desorientação e "deslocado" da própria personalidade parecia ter atenuado bastante. Porém, era consciente que a fisioterapia ainda continuaria, pois devido ao tempo que passou na cama de hospital e também a falta de equilíbrio e coordenação, consequências do acidente, aquele seria um mal necessário.

Contudo, sentia um alívio por finalmente, ao fim de tanto tempo sentia-se mais como ele mesmo. A cautela continuava a ser uma realidade, mas a confiança e segurança que antes eram substituídas pela incerteza e hesitação, deixavam de fazer tanto sentido.

Ao acabar de escrever mais uma frase, a caneta bateu na aliança que continuava no seu dedo. Mais uma vez, os pensamentos vaguearam nas lembranças ligadas ao moreno que o tinha convencido a utilizar aquele anel de prata que simbolizava o que nunca pensou que fosse ter algum dia: compromisso.

Flashback

– Estive a pensar e depois de toda aquela história com o Miguel e porque a Hanji disse que as enfermeiras ou mesmo a tua fisioterapeuta acham que estás disponível, devíamos resolver o assunto. – Dizia, sentado no sofá ao lado do professor que encarava o rapaz ao seu lado com curiosidade por não perceber a razão do rubor no rosto dele.

Desde que tinha chegado a casa, Eren andou para a frente e para trás na sala por algum tempo e sempre que abria a boca para dizer alguma coisa, silenciava-se e passava a murmurar o que pareciam ser insultos a ele mesmo. Fez isso por algum tempo sob o olhar confuso de Levi que quase se assustou quando desse comportamento estranho, o moreno repentinamente ao passar ao lado do sofá, sentou quase empurrando o outro ocupante. Após algum pedido de desculpa, seguiu-se mais um silêncio antes de começar aquela conversa que o professor não fazia ideia qual seria o objetivo.

– Queres que lhes diga que estou contigo? – Sugeriu.

– Hoje em dia acho que isso não é suficiente. – Disse ainda sem o olhar diretamente nos olhos, mas cada vez com o rosto mais vermelho.

– Eren? – Chamou curioso e de joelhos no sofá, estendeu a mão até tocar nos cabelos castanhos, acariciando-os um pouco. – Aconteceu alguma coisa?

– Há uma coisa que já te quis perguntar antes... mesmo antes de tudo ter acontecido, mas acho que irias rir ou recusar.

– O que é? – Perguntou curioso sem deixar de passar a mão nos cabelos desalinhados.

– É algo... um pouco idiota, mas acho que gostava de ser como outros casais e...

– E?

– Pediàtuaavóquenosfizesseumasaliançasdenamoro! – Falou tudo de uma vez.

– O quê? – Perguntou sem entender, visto que o rapaz falou sem pausas e demasiado rápido e parou momentaneamente de acariciar os cabelos castanhos. Optou por passar as costas da mão contra a bochecha do moreno. – Eren?

Destinos EntrelaçadosOnde histórias criam vida. Descubra agora