Sentimentos sem nome

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Na manhã seguinte, os rostos alegres e sorridentes da noite anterior pareciam uma lembrança distante. Em vez disso Levi encontrou Irvin, Petra e até Hanji com ar de que tal como ele, tinham tido uma noite detestável. Todos admitiram as mesmas razões, uma noite inundada de pesadelos. Ninguém queria tocar no assunto, mas as olheiras não escapariam aos olhares atentos dos alunos.

– Ainda acho que devias ficar em casa. – Insistiu Irvin.

– Dentro de duas semanas temos uma competição para ganhar e se ficar aqui a perder tempo, vamos afundar a escola de vez. – Retrucou Levi que cedia perante a insistência de Petra para ajudá-lo a vestir o casaco.

O professor já tinha tido a sua dose de dor pela manhã, sempre que fez as coisas sozinho. Desde do despir-se, passando pelo banho e ao vestir-se novamente. Fez movimentos que não devia, mas preferia isso do que pedir ajuda a algum dos colegas. Sobretudo quando se tratava de tomar banho. Por muita boa vontade que o Irvin tivesse, Levi teria que admitir que seria uma situação no mínimo estranha.

Claro que a Petra ou a Hanji nem sequer entrariam nas suas hipóteses por motivos óbvios.

– Já estou a ouvir os comentários dos miúdos quando chegarmos à escola, exatamente com a mesma roupa de ontem. – Petra suspirou.

– Sabendo como a imaginação dos miúdos viaja, vão pensar que tivemos os quatro envolvidos numa orgia selvagem. – Comentou Hanji, regressando pouco a pouco a sua animação que parecia inesgotável.

Levi que ia sentado à frente ao lado de Irvin que era o condutor trocou um olhar com o diretor. Este dizia claramente "Continuo sem entender como te interessaste por alguém assim que acorda de manhã a pensar em orgias". Petra bocejou já de certa forma habituada à insanidade da colega e Hanji continuava a ser a única dentro do veículo que criava conversação entre todos. Melhor dizendo, Irvin e Petra respondiam enquanto Levi apenas deixava escapar alguns grunhidos e optava por tentar fazer de conta que estava surdo.

O que era desconhecido para todos era o fato de os pesadelos dessa noite estarem todos interligados com fragmentos do passado de todos. Algo desencadeado pelo fato de estarem juntos e porque um dia, numa época distante partilharam laços, que não os deixou indiferentes assim que se encontraram novamente debaixo do mesmo teto.

O grupo chegou à escola cedo, o que ainda permitiu que tentassem acordar ao beber uma chávena de café. Em seguida, auxiliado por Hanji, Levi quis ir de imediato até à sua sala de aula. Queria deixar tudo preparado antes que os alunos entrassem e não negou a ajuda da amiga que o ajudou a carregar a pasta do computador, os livros e as folhas. Também o ajudou a organizar tudo, só que em vez de sair logo da sala quis ficar a conversar o que deu tempo aos alunos para começarem a chegar. Alguns pareciam surpresos e até desiludidos por não irem ter menos uma aula. Outros perguntaram como estava e desejaram as melhores antes de se sentarem.

– Já podes ir embora, Hanji. – Repetiu Levi pela quarta vez entre os dentes.

– Ah bom dia, Armin, Mikasa e...Eren! – Disse, ignorando mais uma vez o professor que desta vez, desviou o olhar para ver que realmente era o trio que acabava de entrar.

– Bom dia, professora Hanji. – Responderam Mikasa e Armin em uníssono e Eren cumprimentou um pouco depois, parecia estar quase a cair de sono e os olhos inchados denunciavam não apenas uma noite sem dormir, como também lágrimas. Isso deixou Levi apreensivo. Teria acontecido alguma coisa?

– Pronto, agora que estão todos já me posso ir embora. Cuidem do vosso professor que não quis ficar em casa só para não vos prejudicar! – Disse Hanji, recebendo um olhar mortal de Levi e mesmo assim sorriu, acenando antes de sair da sala.

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