Entrelaçados

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"Façam uma vénia à nova estrela de Utopia. O Imperador chegou e @James Lewis sabe de quem estou a falar"

"Uma noite verdadeira mágica, @JonathanUT acho que desta vez escolheram muito bem"

Aqueles dois tweets espalharam-se a uma velocidade assombrosa. Em pouco mais de uma hora, passou a ser o tópico mais falado com milhares de especulações, comentários e opiniões sobre a nova e misteriosa estrela de Utopia. Não havia imagens nem gravações, pois como seria de se esperar, os profissionais envolvidos na agência logo se moveram para travar a possível fuga de informação.

Além disso, a iluminação pouco intensa e a proibição do uso de câmaras ou de gravações e fotos no interior do Coliseu também ajudou a impedir a disseminação de informações exatas. O que existia eram sobretudo especulações e a maioria do público feminino prendeu-se à informação propositadamente deixada pelo baterista Jonathan. A parte relevante que destacavam era que se tratava de alguém do sexo masculino e que vindo de Utopia usualmente eram sempre conhecidos pela boa aparência.

Contudo, tudo não passava de pura especulação, visto que nem o próprio Jonathan se atreveu a revelar mais nada visto que Helena o repreendeu veemente por ter deixado escapar aquele comentário. Ela pretendia fazer a apresentação de Eren sem que houvesse aquela "introdução" ou teoria inicial, mas no fim acabou por reconhecer que ter a Utopia no centro das atenções também era benéfico.

O frenesim nos meios de comunicação social fez com que as teorias ocupassem as primeiras páginas ou capas de revistas e jornais, tanto físicos como online, igualmente interessados nos rumores e selecionando o que julgavam ser as teorias mais plausíveis.

Portanto, no fundo toda aquela situação beneficiava Utopia e Helena resolveu persistir no mistério, pelo menos até que o contrato estivesse assinado. Porém, isso também estava a levar mais tempo do que pensava, pois teve que pedir com urgência aconselhamento de vários advogados para que redigissem um novo texto e acima de tudo, que procurassem soluções e pontos cegos na lei.

O que não esperava era cruzar-se com Riko que nos primeiros minutos que começou a ler o primeiro exemplar do contrato, começou a riscar a vermelho o que não estava de acordo com o que Eren tinha exigido. O rapaz sentado ao lado manteve-se em silêncio e saiu da sala em silêncio mal viu que o contrato não estava como o combinado.

Na segunda tentativa antes de sair da sala, Eren decidiu deixar um aviso:

– A próxima vez é a última. Ou assino segundo as minhas condições ou pode esquecer.

Helena não era a única na sala com uma expressão indignada e frustrada ao ver que o rapaz continuava a comportar-se como se tivesse todas as cartas na mão. Agia com indiferença, descartava qualquer negociação e se provocado fora da sala onde se reuniam, respondia com uma língua afiada e sem qualquer filtro na linguagem.

Os advogados que trabalhavam para Utopia diziam que talvez não fosse uma boa ideia fazer um contrato com alguém tão impulsivo, obstinado e que se recusava a aceitar a ideia de que para ter o império, precisava de abdicar um pouco da liberdade que tinha.

Cada vez que ouvia os advogados dizerem coisas dessas, Helena recordava das palavras de James que na última chamada que fez para conversar com o cantor e pedir-lhe que não revelasse nada acerca do artista mistério, disse o seguinte:

– Esse rapaz é como o vento e o vento não se agarra, nem se prende.

Na altura, pensou que James Lewis apenas estivesse a ter mais um momento típico de artista em que brincava com as palavras, passeando-se tranquilamente entre elas. Palavras com traços poéticos, sem sentido real, mas não era assim.

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