Fraqueza

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No dia seguinte à cerimónia fúnebre, os adolescentes acordaram mais tarde do que tinham inicialmente previsto. Armin foi o primeiro a levantar ao som da tosse de Eren. Algo que se tinha agravado e tornado mais constante durante a noite.

Em seguida, Mikasa também abriu os olhos, trocando um "bom dia" ensonado com o amigo de cabelos loiros que calçava os chinelos. Os dois não conseguiam deixar de se surpreender com a capacidade do rapaz de olhos verdes de permanecer adormecido, apesar da tosse. Deixaram-no na cama, depois de aconchegá-lo para tentar diminuir a tosse e depois optaram por começar aquilo que tinha decidido fazer na noite anterior. Iriam limpar o quarto do Sr. Arlert. Não deitariam as coisas fora, mas iriam guardar de modo a que sempre que olhassem para aquele quarto, não fosse motivo de tristeza e sim, de algumas lembranças felizes.

Vendo por essa perspetiva, os dois concordaram que seria melhor tratarem daquilo sem o rapaz de cabelos castanhos. Este apesar de melhor humorado quando chegou a casa, podia ter alguma espécie de recaída se remexesse nas coisas que pertenciam à primeira pessoa que realmente se importou com ele fora daquele orfanato.

– O que foi, Armin? – Perguntou a jovem de cabelos longos e negros presos num rabo-de-cavalo.

O rapaz loiro estava abaixado perto da cama com um pequeno baú de madeira nas mãos. Tinha uma cor escura e um cadeado prateado brilhava na sua frente.

– Pergunto-me se devo abrir.

– Sabes onde está a chave? – Perguntou a adolescente curiosa, abaixando-se ao lado do amigo.

– Não, mas se calhar ainda não a encontrámos. Vou deixar a caixa no guarda-fatos e assim que encontrarmos a chave, vamos ver. – Disse e levantou do chão. – Pode ser que sejam mais fotos dos meus pais.

– Pois é, ele sempre guardou as fotos num sítio seguro. – Comentou Mikasa. – Sei que o fazia porque sempre ficavas triste ao ver as fotografias.

– Sei que devia ser mais forte e... – Pouco depois, sentiu a mão da amiga sobre o seu ombro.

– Já disse e repito. És mais forte do que pensas, Armin. Queres fazer uma pausa ou acabamos com a arrumação?

– Acabamos com isto. – Afirmou confiante. – Obrigado, Mikasa.

A amiga limitou-se a sorrir de leve e continuou a dobrar algumas roupas do Sr. Arlert para guardá-las. Tanto ela como o rapaz loiro trocaram olhares preocupados ao ouvir mais um momento de tosse quase ininterrupta de Eren.

As arrumações prosseguiram ao longo da manhã e só ao fim de algumas horas, os dois amigos repararam num pormenor. A casa estava silenciosa... há bastante tempo. Como se tivessem trocado ideias sem serem necessárias palavras, os dois saíram do quarto já bem diferente do que era antes e dirigiram-se à divisão onde devia estar o adolescente de olhos de verdes. Porém, não encontraram mais do que uma cama arrumada e um pequeno bilhete, avisando que estaria de volta a casa mais tarde.

– Será que foi ver o Levi? – Perguntou Mikasa inconformada. – Aquele Eren não pensa.

– Penso que não. – Refletiu um pouco. – Até porque o professor Levi também ficaria preocupado com aquela tosse por isso, o mais provável é que tenha ido trabalhar.

– O quê? – Perguntou a amiga atónita. – Mas então e o trabalho no café?

– Só começa a meio do mês. – Relembrou o loiro. – Se pensares como ele, isso significa que até lá ficamos sem qualquer tipo de rendimento. Ele mais uma vez está a pensar em nós e não nele. – Concluiu inconformado.

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