Presságios

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Já há algum tempo que não era chamado ao gabinete de Irvin e não é que quisesse regressar lá, principalmente se tivesse em consideração a última conversa que tiveram. Teve que prometer a Levi que em circunstância alguma se deixaria levar como na última vez que ali tinha estado. Era óbvio que o diretor sabia dos seus sentimentos e se não tinha certezas acerca do relacionamento era porque ao contrário de Eren, Levi sabia dissimular bem os seus sentimentos e mostrar-se indiferente, mesmo que por dentro vivesse um tumulto de emoções.

Que Eren recordasse, não tinha feito nada de errado. Não tinha voltado a faltar às aulas ao contrário da intenção inicial quando pensou que teria que arcar com despesas imprevistas. Em vez disso, Levi pagou a conta extra e também as reparações, embora primeiro se tenha feito notar à Dona Graça. Aconselhado por Nanaba sobre o que devia dizer num caso daqueles, conseguiu reverter a situação a seu favor, começando com uma conversa em que tentou chegar a um acordo.

No entanto, ao escutar que pretendia manter Eren fora da casa, o professor recorreu aos argumentos legais e após deixar claro que sabia perfeitamente do que estava a falar, conseguiu inclusive descer a renda da casa que os três jovens pagavam e que era um exagero para as condições que eram oferecidas.

Graças a isso, andavam menos aflitos com o dinheiro que tinham, visto que o salário que tanto Eren como Armin recebiam do café ajudava-os a manter um equilíbrio decente das contas em casa. Começavam inclusive a ter mais dinheiro para comprar alguma peça de roupa nova, coisa que já não faziam há bastante tempo.

Claro que nem tudo estava perfeito, mas isso devia-se a outros motivos que foram afastados da cabeça do rapaz com o início da conversa no gabinete do diretor.

– Eren, como sabes a competição em Sina será em maio e não sei se alguma vez terás assistido às competições nacionais dos atletas daquele colégio, mas eles têm uma espécie de hino da escola. – Explicou Irvin. – Tenho assistido aos treinos e penso que mais uma vez, o Levi estava certo. Temos a hipótese de fazer uma grande performance, mas pus-me a pensar em outros fatores que nos podiam destacar. Conversando com alguns professores, todos recordam e falam muito bem das tuas capacidades musicais. Portanto, o desafio que te proponho é o seguinte: achas que consegues compor uma música para a nossa escola?

Aquele certamente não era o rumo de conversa que Eren esperava. Entre tantas pessoas na escola, mesmo as que agora geriam o Clube de Música, ele vinha pedir-lhe logo a ele para ficar encarregue de criar uma música que representasse a escola?

– Fico surpreso que tenha pensado em mim e não...

– Tive garantias de que és a pessoa indicada para isto e também me recordo bem dos teus dotes musicais, aquando das angariações cá para a escola no tempo em que Armin foi o Presidente da Associação de Estudantes. – Falou Irvin. – Confesso que quem falou da tua veia musical com mais detalhe e me revelou que além de cantor e guitarrista também és um ótimo compositor, foi a Hanji.

– É muito amável da parte dela... – Sorriu ligeiramente. – Mas posso tentar. Preciso de tempo.

– Claro. Darei o tempo que precisares, mas quanto tempo achas que demorarias para pelo menos, poderes dar-me alguma amostra do que já conseguiste fazer?

O rapaz fez um ar pensativo.

– Duas ou três semanas. Talvez, mais cedo ou mais tarde. É difícil prever. Compor não é um processo linear e depende muito da minha inspiração, mas vou fazer o meu melhor ainda que deva acrescentar uma coisa... – Levantou, olhando para Irvin com ar mais sombrio. – Faço pelos meus colegas, amigos e professores que merecem o meu respeito. Não por si. Que isso fique bem claro.

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