Uma das grandes alcatéias caiu num confronto contra os vampiros, foi um impacto absurdo, mas não só para o lado dos lobos, Vladimir entrou num estado que beirava a loucura, reclamava, falava sozinho e balbuciava feito um louco em seu quarto.
Walter: anos de espera, finalmente vencemos, mas olha o que aconteceu?!!
Alucard: ele só precisa de um pouco de tempo para se recuperar.
Walter: não seja ingênuo, ele não vai se recuperar, alguma coisa na cabeça dele mudou.
Alucard: aquele foi seu maior inimigo, agora não há outro que se compare, ele está sentindo o peso de ser o último da época dele.
Walter: não é só isso e você sabe, aquele velho quase matou nosso pai, mesmo já ferido, velho e tudo mais, ele cegou, desmembrou e dilacerou uma das asas do velho, morreu sorrindo e de cabeça erguida, essa não era a vitória que ele queria.
Alucard: tente se lembrar que um irmão nosso, filho dele foi partido ao meio e jogado no campo de batalha, isso pesa.
Walter: pesa nada, somos só peões no tabuleiro dele, sempre foi assim, nunca vai mudar, não comece a ter uma idéia errada dele, só porquê o velho está demente.
Alucard: ele pode te ouvir!!
Walter: é a verdade, viemos pela vingança, acabamos com um velho inválido e doente, vai ser assim até os nossos últimos instantes.
Alucard: é do nosso pai que estamos falando, quando passou a ser tão frio?
Walter: meu coração não bate, é só de enfeite, não ia começar a bater agora.
O Vampiro Mestre não saia do seu quarto desde a morte de Pelo Branco, passava os dias resmungando, discutindo e gritando com o nada, um olho cego, um braço perdido e uma asa destruída, esse foi o preço cobrado pela vitória nessa guerra, ele balbucia até que alguém entra.
Walter: velho, tá tudo bem?
Vladimir: b... bem!? Por que não estaria!? Eu... eu estou... como eu estou?
Alucard: imagino que faminto, não come tem oito dias, nem sai do quarto.
Vladimir: eu não estou com fome.
Walter: a cura se enfraquece se energias do corpo estão fracas.
Vladimir: não venha querer me ensinar como meus poderes funcionam!!!
Alucard: ninguém quer isso, mas não pode se entregar como está fazendo, não depois de duas vitórias esmagadoras.
Vladimir: esmagadoras? Perdemos cinco mil vampiros, o irmão de vocês e eu fiquei assim, onde isso é esmagador!?
Walter: não há mais opositores, Pelo Branco e seus Astros eliminados desse mundo, assim como os pirralhos dele, cinco mil? Mordemos e criamos mais.
Alucard: sobre a morte de Leonard, ele enfrentou um Astro e o próprio Alpha, sabia o risco que estava correndo.
Walter: e seus ferimentos não são um absurdo, se lembre quem os fez, não foi um lobo qualquer, o mais forte fez isso, mas pagou com a vida.
Vladimir: uma vida que eu não tirei, por trinta anos eu esperei, esperei ele se acomodar, envelhecer, enferrujar, tudo isso pra pisar no seu corpo tombado, mas veja só, não só fiquei nesse estado, como ele morreu desdenhando de mim, sorrindo de cabeça erguida, lobo maldito.
Walter: o que aconteceu não pode ser mudado velho, ainda é um vampiro mestre, um filho de Dracula.
Vladimir: ou só um velho doente e inválido que os filhos terão de cuidar, não é?
Os dois ficam sem palavras, o velho se enrola em seu manto e se volta para a janela.
Vladimir: me deixem sozinho, não retornem aqui, nenhum dos dois.
Os dois saem sem falar nada, apenas deixaram seu pai e a amargura trancados naquele quarto.
Vladimir: nem depois de morto você deixa de fazer minha família sofrer, lobo miserável.
A grande guerra foi à um mês e meio, os lobos vizinhos nunca souberam de nada, estava tudo indo quase que normalmente, os restaurantes, clínicas e academias fecharam, aquilo era estranho, mas ainda assim, era assunto dos lobos do Leste, nada dentro do alcance de qualquer outro Alpha, no Sul os quatro irmãos estavam se divertindo muito, Kaique e Ryan eram muito aplicados na escola diferente de Hiure e Rodolpho, esses não iam tão bem o que irritava Maju, ela se preocupava com eles e brigava por isso, nesse tempo Hiure e Maria se aproximaram muito, sempre havia um momento um tanto romântico entre eles, mas não dava certo, Hiure tentava de tudo, porém não se via com aquela garota, mas também estavam sempre provocando um ao outro, geralmente Hiure a provocava e corria em seguida, Maria se vingava com tapas bem fortes, mas aos poucos eles foram se apegando um ao outro, quando um precisava o outro estava lá para dar apoio, ambos tinham situações parecidas, brigas dentro de casa e as exigências absurdas dos mestres, a empatia foi o que determinou essa proximidade. Em um dia qualquer os quatro foram dispensados para o almoço, Maria foi almoçar com ele, os três lobos deixam a mesa, ficando apenas o jovem casal de amigos, Hiure sugere um lugar melhor para conversar, uma das salas estava vazia, ela se sentou na mesa de frente para o quadro e ele ficou de pé de frente para ela, o jovem rapaz não parava de olhar para ela, ficava completamente hipnotizado pelos olhos dela, mas desviou o olhar para não ficar constrangedor.
Maria: sai que horas hoje?
Hiure: tarde, 18:30.
Maria: saio três horas antes.
Hiure: cursinho fácil o seu, não vejo vocês saindo tarde nunca.
Maria: sai fora, curso difícil pra porra.
Hiure: tô sabendo, mas e aí, vai fazer alguma coisa no final de semana?
Maria: vou num show com uns amigos.
Hiure: amigos?
Maria: do Oeste, não saímos desde que eu entrei aqui, tô com saudade.
Hiure: nunca fala deles.
Maria: são amigos antigos, desde o fundamental, Mateus então, crescemos juntos.
Hiure: amigos de infância né?
Maria: é.
Hiure: tipo eu e os três?
Maria: não, nem tanto, aliás, você e seu irmão mais velho estão merecendo uma boa surra!
Hiure: eita porra, do nada? Tá doida mulher?
Maria: doida o cacete, estão matando aula todo dia, fora as provas que vocês só assinaram e entregaram!!
Hiure: como você... Ryan e Kaique contaram!! Entende e se irrita.
Maria: contaram, me contaram pra ver se eu conseguia botar um pingo de juízo nessas cabeças!
Hiure: olha, eu odeio aquelas aulas e os professores ainda mais, são incompetentes e arrogantes, me irritam.
Maria: mesmo assim, você vai parar com isso, vai tomar jeito, tá entendendo!?
Hiure: ou o que!? Pergunta debochado.
Maria: ou eu quebro a sua cara de deboche!
O lobo ri pelo nariz da ameaça dela, com isso ela solta um soco, ia no rosto dele, mas o lobo segura fácil, ela então o pega pela gola e o arremessa por cima do ombro, ia jogar de costas na mesa, mas ele cai agachado, ela então o empurra, caindo por cima dele, ela o tenta imobilizar de todas as formas, mas ele se defende, então ele se joga para o lado e ambos caem de pé, começam a rodar e tentar prender um ao outro, até que ela trava o braço dele e o prende contra o quadro, olhava feroz nos olhos dele, já o lobo tinha um olhar surpreso e curioso.
Hiure: você fica linda bravinha assim sabia? Fica mais vai. Pede com tom bobo na voz.
Maria: sei, muito linda, você que vai ficar horrível depois que eu quebrar o seu braço.
Ele se aproxima e fala ao ouvido dela.
Hiure: faria isso comigo? Iria mesmo me machucar, baixinha? Sussurra no ouvido dela.
Sua respiração quente atingia o pescoço dela, a fazendo sentir cócegas, depois de tanto resistir ela finalmente se rende a ele, a imobilização foi afrouxando, até que o lobo se soltou e aos poucos a segurou pela cintura, sua respiração agora atingia os lábios da linda garota, a distância já era mínima.
Ryan: vamos logo cara, a aula vai começar agora, anda! Fala apressado abrindo a porta.
Hiure olha furioso para ele, seus olhos brilham escarlate, era um alpha irritado, ele faz um sinal para que seu irmão saísse, ele a olha e pede desculpas, se despede com um beijo na testa dela e vai para a aula.
Maria passou a tarde toda pensando naquele momento, não podia crer naquilo, ela que o subestimou tanto ficou imóvel por causa dele, não tinha mais certeza de nada, seu rosto estava todo corado, o que significava muito, sua pele era de um tom moreno claro ou seja ao ponto de se notar o vermelho em seu rosto significava que ela estava muito corada, em sua cabeça martelava a voz dele sussurrando em seu ouvido, ela sai para lavar o rosto, se olha no espelho e vê a vermelhidão em suas bochechas, as horas se passam, ela foi embora, mais tempo se passou e os quatro foram também, tudo estava tranquilo, até que chegaram na academia de treino, o caçula de repente atacou Ryan e eles saem na briga, rolando no chão, trocando socos, pontapés e mordidas, Kaique ficou de fora provocando ainda mais, logo Rodolpho interferiu.
Rodolpho: querem parar com essa merda!? Grita um pouco longe deles.
Ryan se levanta e chuta areia no irmão mais novo.
Ryan: ele que começou. Fala apontando pra Hiure.
O mais velho, apesar de jovem tendia a ser ouvido pelos outros, Hiure então o chama para ter uma conversa e explica o motivo da briga.
Rodolpho: você tá brincando!! Mano do céu! Real mesmo?!
Hiure: sim, fala baixo porra.
Rodolpho: e como foi? Pergunta ansioso.
Hiure: não foi, Ryan atrapalhou.
Rodolpho: agora até eu quero bater nele.
Depois da conversa eles vão treinar com Wellington que estava de péssimo humor, ele gritava e reclamava de tudo, posturas de ataques erradas, movimentos excessivos, só faltava reclamar da respiração deles. Hiure chega a casa muito cansado e ao contrário do que era seu costume ele não manda mensagem para Maria, o que o tortura no entanto ele não saberia o que dizer depois do "oi".
No dia seguinte as coisas estavam meio confusas e complicadas, não dava pra fingir que nada aconteceu, por isso mal se falaram, apesar de terem muito o que conversar, depois de um dia cheio lobos iam para o território do Leste, aquela surra de meses atrás teria o troco, iriam revidar, eles não tinham ideia do que havia acontecido, adentraram o território sem o menor sinal de vigilância, nem um uivo ou se quer um rosnado, ao invés de lobos brigões eles encontram demônios alados, vampiros os cercam fazendo um círculo no ar.
Vampiro: o que temos aqui? Um quarteto de invasores!!
Rodolpho: invasores? Vocês sim estão invadindo.
Vampiro: invadindo? Não, não, pulguento, nós estamos em casa. Fala zombando.
Hiure: essas são terras do vô Branco, ele vai acabar com vocês quando souber!! Grita em imposição.
Vampiro: vocês não souberam, não é?
Hiure: do que... do que não soubemos?
Vampiro: o velho está morto, assim como o bando dele, foram mortos tem pouco mais de um mês!
Aquelas palavras os atingiram feito um tiro de canhão, mesmo não sendo parte da alcatéia eles sempre foram bem recebidos e tratados pelos netos, filhos e pelo próprio velho, principalmente o caçula.
Hiure: mentira!! Meu avô nunca morreria na mão de vermes, é mentira!! Vociferou.
Vampiro: então como você explica nossa presença aqui? Eles todos morreram, morreram na guerra que foi chamada de "Guerra de Revolução".
Ryan: isso não é possível. Fala descrente.
Vampiro: dessa vez vocês vão sobreviver já que são os primeiros a invadir, os próximos não terão clemência alguma, a sentença será a morte, vão e repassem isso a todos.
O chão desapareceu debaixo dos pés deles, uma alcatéia inteira foi morta e ninguém soube de nada, eles então cumprem a exigência, mas ao darem as costas e partirem, Hiure é atacado por um dos vampiros, o ataque cortou um pouco abaixo do seu ombro, o vampiro parecia insatisfeito com aquilo, mas os deixa partir, eles voam para o longe.
Kaique: foi feio? Pergunta preocupado.
Hiure: podia ter sido pior, ele queria arrancar meu braço, mas eu desviei, a lâmina era de prata.
No lugar do golpe se via um vapor subindo junto com o cheiro de carne queimando, a prata tem efeito de queimadura, se for ferido por lâmina de prata, o lobo terá uma cicatriz de corte e queimaduras sérias.
Ao chegarem eles correm até o Alpha e o vice.
Hiure: velho!! Grita abrindo a porta.
Wellington: o que é isso!? Já não mandei ter mais educação!?
Hiure: velho...
Wellington: Hiure?
O pai nota desespero no rosto do filho, só viu aquele olhar uma vez.
Renato: o que houve?
Hiure: é o vô branco...
Wellington: Álvaro? O que tem ele? O que tem ele, Hiure?
O garoto estava totalmente perdido em si, seu pai se aproxima e o segura pelos ombros.
Wellington: o que tem ele!? Grita o sacudindo.
Rodolpho: está morto. Responde segurando o braço do tio.
O Alpha teve surpresa estampada em seu rosto, Wellington estava incrédulo.
Wellington: que brincadeira é essa? Não se faz piada desse tipo!!
Hiure: não é piada, pai, vampiros mataram ele, estão no Leste, olha isso. Diz mostrando a ferida ainda aberta.
Renato: é prata?
Hiure: mataram meu avô, mataram todos eles.
O Vice encara o Alpha, ambos estavam perdidos.
Wellington: Vladimir.
Renato: Pelo Branco o derrotou, há anos ele o derrotou.
Wellington: mas não matou, o maldito veio em busca de vingança, depois de tanto tempo.
Renato: veio quando o Álvaro já não era mais tão jovem e forte, covarde. Rosna.
Ryan: e agora? Tem uma colônia de vampiros aqui do nosso lado.
Wellington: mataram todos, não haviam fracos naquela alcatéia, pouquíssimos betas, pra terem vencido usaram números absurdos.
Renato: uns doze?
Wellington: ou mais, também tem os Astros.
Renato: ele trouxe Lordes, eles tem poder pra bater de frente com Victor e os outros.
Wellington: mas ainda tem o próprio Pelo Branco, mesmo naquela idade, ele era o que era.
Renato: Vladimir deve ter dado cabo do velho, só ele tinha poder pra encarar o Álvaro.
Wellington: não vejo esse vampiro de merda lutando limpo com o velho, deve ter pego ele na traição e...
Hiure: QUEM SE IMPORTAAAAAAA!?
O grito ecoou por um quarteirão inteiro, lágrimas caiam dos olhos rubros do jovem lobo.
Hiure: quem se importa com quantos ou como aconteceu? É o meu avô morto, são seus companheiros de luta mortos, eram seus amigos não eram!? A maior alcatéia de Lupina foi dizimada e vocês querem ficar discutindo!?
Renato: não é algo que possamos responder de cabeça quente.
Kaique: deveriamos juntar todo mundo e arrancar esses vermes dos esconderijos deles, eles tem que pagar!!
Wellington: não é tão fácil, estão em um número desconhecido, com uma força desconhecida, se fizermos isso vamos sacrificar nossos companheiros, é o que querem?
Ryan: o que faremos? Não podemos viver ao lado de vampiros, Lupina não é lugar pra eles.
Renato: está certo, não podemos viver assim e não vamos.
Hiure: se não vamos atacar, o que vamos fazer?
Renato: vamos convocar uma reunião.
O Vice o olha descrente e duvidoso quanto a decisão.
Kaique: reunião?
Renato: dos Grandes Alphas, todos eles.
Rodolpho: mas Alpha, eles vão vir mesmo, os próprios... quero dizer, eles viriam?
Renato: não há um lobo no mundo que não conheça o nome Pelo Branco e não há um lobo em Lupina que não deva algo a ele, direta ou indiretamente, os dois não são exceção alguma, prepare eles, mano.
Wellington: sim.
Renato: despache os emissários certos pra cada canto, mas não revele a natureza do encontro, apenas diga que é extremamente importante.
Wellington: certo, vou indo.
Kaique: vão vir aqui!?
Renato: no Sul um deles não entra por não querer e o outro por ser proibido, há uma área neutra, um ponto de ninguém, é lá que vamos, Rodolpho, cuide deles.
Rodolpho: certo, Alpha, vamos para as casas de vocês, vamos.
O mais velho os leva até a casa dos irmãos do meio.
Ryan: por que viemos aqui?
Rodolpho: é a reunião dos Alphas, devem se apresentar bem, vistam o que há de mais caro, terno, gravata, o que for.
Ryan: que estresse, tá bom.
Rodolpho: o meu e o seu já estão vindo aí, Hiure.
Hiure: tá certo.
Os emissários são despachados, dois trios para cada região, o trio que foi para o Norte foi o último a chegar, eram três lobas do Sul.
Adriana: queremos falar com a Alpha, somos emissárias do Sul.
Loba: loba do Loiro? Vamos verificar a vontade da Alpha.
Uma das guardas ali se afasta e usa um ponto no ouvido, logo ela retorna.
Loba: podem ir, a Alpha vai receber vocês.
O trio foi adentrando o território, conheciam parcialmente o lugar, eram exceções a lei suprema do Norte, logo elas chegam numa mansão, tinha uma arquitetura clássica, porém muito elegante, elas chegam perto das portas que são abertas e dão numa enorme sala tão elegante quanto o exterior da casa, havia um sofá branco na sala, se podia ver longos cabelos castanho claro.
Fabiana: o Alpha do Sul manda seus cumprimentos para Lois a Rainha das Amazonas.
Lois: o loirinho? O que ele quer?
Fabiana: o Alpha pede por sua presença numa reunião dos Alphas.
Lois: e qual o assunto em questão?
Aline: a natureza da reunião não foi dita, apenas que é um assunto de extrema importância para todos os Alphas.
Lois: está tudo bem, eu irei, diga ao Loiro que serei pontual.
Adriana: agradecemos sua cooperação.
Lois: só mais duas coisas.
Aline: pois não?
Lois: aquele ogro do Oeste também recebeu esse pedido?
Fabiana: sim.
Lois: vai ter sorte se as crianças voltatem com vida. Comenta baixo.
Adriana: como?
Lois: vocês são jovens lobas, o que acham de entrarem para a minha alcatéia? Pergunta num tom casual.
Aline: o que?
Lois: aqui no Norte teriam seus talentos muito bem explorados, sem serem ofuscadas pelos homens.
Fabiana: nossa lealdade é com o Loiro e nenhum outro Alpha. Responde num rosnado.
Lois: pensem na proposta, podem ir.
Antes disso, no Oeste os emissários chegaram, era um território desconhecido para qualquer um do Sul, logo encontraram com um grupo se cinco lobos, todos de terno e gravata, alguns fumavam.
Daniel: nós viemos em paz, só queremos falar com o Dominante.
Lobo: só de estarem aqui já estão violando a lei.
Rodrigo: é um caso diferenciado, não é assunto pessoal, por favor.
Lobo 2: liga para o chefe, ele decide essa parada.
O lobo então liga, quando disse quem estava ali se pôde ouvir um grito feroz vindo do telefone.
Lobo: suas ordens, chefe?
Dominante: manda vir, eu resolvo essa situação ao meu modo.
Lobo: podem ir, que os Ancestrais tenham piedade de vocês. Zomba rindo.
Os três chegam num prédio pequeno, subiram para o que era um escritório, fedia a whisky e cigarro.
Rodrigo: nós agradecemos por nos receber, Helmar o Dominante.
O lobo estava sentado na sua cadeira de frente para a janela, haviam três lobos, um fumava e os demais só observavam.
Helmar: não enrolem, vão direto ao ponto. Fala soltando fumaça.
Daniel: nosso Alpha pede sua presença numa reunião, por isso estamos aqui.
Helmar: aquele magricela mandou vocês aqui? Ele deveria saber que não se deve mandar filhotes fazerem trabalho de lobo. Resmunga zombando.
Carlos: ele confiou essa mensagem a nós, alphas da alcatéia dele.
Helmar: um olho vermelho não faz um lobo, é isso aqui!! Diz erguendo o punho.
Daniel: só viemos trazer o pedido, o assunto da reunião é urgente e crítico, ao ponto de nem nós sabermos a que se refere.
O Alpha então se levanta da cadeira, sua silhueta era simplesmente enorme, facilmente o mais alto naquela sala, sua presença tirou as palavras dos lobos do Sul.
Helmar: o que foi? Nunca viram um lobo do meu tamanho? É mesmo, no Sul só tem uns magricelas nanicos, não os culpo por ficarem atonitos.
Rodrigo: qual a sua resposta final? Pergunta nervoso.
Helmar: nem por todo o ouro do mundo eu vou nessa palhaçada, se o Loiro quiser, ele que venha trazer o convite pessoalmente, assim é termino o que comecei.
Carlos: respeite nosso Alpha!!
O lobo então se volta para os três, a escuridão escondia sua face, so se podia ver a luz do charuto e a fumaça.
Helmar: por algum motivo eu vou deixar essa passar, engulam esse convite e saiam das minhas terras enquanto eu ainda permito, capiche?
Os demais lobos ficaram de pé, suas expressões eram de riso e de agressividade, o trio então obedece e sai do território hostil, Helmar se joga em sua cadeira e abre uma garrafa, em menos de dois minutos sua secretária abre a porta.
Loba: chefe, uma ligação para o senhor.
Helmar: se for o Loiro, você pode mandar esse maledeto...
Loba: é a conselheira.
Helmar: diabo, como ela já soube!?
Os irmãos já haviam se arrumado, Ryan de cinza, Kaique de branco, Rodolpho na cor marrom e Hiure de preto, no carro o mais velho ia explicando as regras.
Rodolpho: nunca falem sem ser convidados, nada de risadinhas, os Grandes não gostam nada disso e em hipótese alguma se transformem, nem mesmo uma única presa, pelos e muito menos garras eles encaram isso como desafio.
Hiure: temperamentais. Fala com um ar de deboche.
Renato: o mesmo vale para todos exceto os Alphas e os oficiais, claro.
Eles chegam finalmente, era um prédio velho, mas era o mais alto da cidade, ao chegarem no terraço eles se deparam com quatro cadeiras, que mais pareciam tronos, abaixo de cada cadeira tinha o símbolo de cada região, Loiro se senta na que representava o Sul, Wellington a sua direita e os quatro irmãos atrás da cadeira, não demorou muito até que a primeira convidada chegasse, uma loba, ela estava acompanhada de apenas mulheres, ela cumprimenta os veteranos de forma que demonstra vivência e respeito.
?????: é muito bom vê-los novamente, Wellington, Renato.
Renato: igualmente Lois, mas queria que fosse numa circunstância melhor.
Lois: como assim?
Wellington: será tudo explicado quando o outro chegar, só peço paciência, Lois.
Lois tinha 45 anos, cabelos longos e castanhos, vestia armadura rústica, na cintura haviam facas e uma corrente enrolada e nas costas uma espada, esta olha diretamente para os quatro rapazes e se surpreende com a presença deles.
Lois: trouxe jovens lobos, Loiro?
Renato: foi necessário.
A Alpha se direciona aos quatro para se apresentar, com exceção de Rodolpho todos ficaram nervosos, estar na presença dela era como olhar para baixo estando em um prédio de quarenta andares, era de perder o chão, eles a cumprimentam ofegantes, Rodolpho por outro lado estava calmo.
Lois: prazer meninos, sou Lois.
Todos em uníssono: muito prazer Lois.
Rodolpho: também conhecida como a Rainha das Amazonas, esta é a Alpha do Norte e aquela é a irmã mais nova dela, Sofia. Diz apontando para outra loba.
Sofia era uma mulher de 43 anos, tinha 1,68 de altura, era loira de cabelos longos e amarrados em uma única trança, vestia uma calça de camuflagem urbana, a camiseta era verde escura, presa na cintura estavam duas pistolas, num coldre no peito estava uma faca de combate, de baixo do braço estavam pentes para as pistolas, usava também botas pretas de cano longo, em seu ombro esquerdo estava uma cicatriz de corte em forma de "V", seus olhos eram azuis em tom bem claro.
Hiure: por que essa alcunha?
Rodolpho: na alcatéia da Rainha só tem lobas e elas são conhecidas como amazonas.
Lois: de fato, faço pelas filhas de Lupina o que nenhum outro fez.
Hiure: temos lobas incríveis no Sul, tio Renato sempre acolheu a todos. Responde de imediato.
Ela conversa normalmente com ambos, nem parecia ser tão assustadora quanto realmente era, sua irmã se aproxima e olha fixamente para Hiure.
Sofia: você me lembra Silvana, quem é você? Pergunta arrogante.
Lois: Eu sabia que ele era familiar! Você é o filho dela com Wellington não é? Pergunta alegre.
Hiure: sou sim, Silvana era minha mãe. Responde um pouco confuso.
Sofia: deixou de ser uma amazona pra se casar e ter um filho homem, se ao menos fosse uma loba como ela. Fala com desgosto.
Hiure: ela foi uma das suas amazonas!? Pergunta surpreso.
Lois: não, mas não foi por falta de convite, ela foi uma amazona no sentido mais puro, uma das mulheres mais poderosas que já vi, tão poderosa quanto eu, ou mais.
Sofia: foi uma perda gigantesca, pode não ter feito parte da alcatéia, mas ela era uma irmã de luta, nenhuma como ela surgiu. Fala orgulhosa.
A conversa voltou ao clima leve logo depois que Sofia os deixou.
Se passaram duas horas desde a chegada de Loiro, Wellington se levanta irritado.
Wellington: isso é uma falta de respeito enorme, todos chegaram no horário certo, ele não é melhor que nós, me dê a ordem e e eu vou buscar aquele cão raivoso!
Renato: o objetivo aqui é resolver um problema e não começar uma guerra.
Wellington: trago ele de arrasto se for necessário!
Helmar: ei, tome cuidado com o que você fala, magrelo!!!
Renato: até que enfim chegou, Helmar, achei que já não se importava mais.
Helmar: não vim por vontade própria, foi por força maior. Fala em tom de revolta.
Helmar era muito grande, tinha 1,90 m, a primeira vista parecia um homem obeso, mas a impressão mudou rapidamente, os braços marcavam um blazer branco, o torço largo marcava a camisa social preta, chapéu fedora branco com uma faixa preta, tinha cabelo grisalho curto, uma cicatriz de garras ia da testa até o queixo, cegando o olho esquerdo, na boca tinha um charuto que emanava um leve aroma de chocolate, acompanhado dele estavam seis lobos, todos engravatados, ele então se senta em sua cadeira, apenas uma estava vazia.
Lois: onde está o coroa? Ele não vem?
Helmar: deve estar tão decrépito que já não levanta mais. Fala rindo levemente.
Esse comentário irritou a todos principalmente os lobos do Sul.
Renato: esse é o assunto. Fala rígido.
Lois: como assim?
Renato: o velho não virá mais a nenhuma reunião.
Helmar: ele se aposentou? Quem vai assumir o lugar dele? Victor?
Lois: acho que o Marcos.
Helmar: Victor é o mais velho, mas afinal qual o motivo desse espetáculo?
Renato: se você parar de falar, vai saber o motivo.
Esse comentário arranca um olhar assustador do grande lobo.
Renato: como eu ia dizendo, Pelo Branco tem um motivo enorme para não estar mais aqui, na noite anterior tivemos informações desagradáveis sobre o território dele.
Lois: que tipo de informação loirinho?
Renato: quatro de meus lobos caminhavam no território dele ontem a noite, na esperança de resolver uma briguinha com alguns lobos do Branco, mas o que eles encontram foram vampiros.
Essa palavra deixa todos os outros Alphas e seus lobos nervosos.
Helmar: NÃO ME VENHA COM ESSA!!! Vampiros não existem nesse estado a mais de trinta anos. Fala levantando irritado de seu trono.
Lois: escute antes de sair gritando feio um louco, explique isso melhor, Loiro. Pede calma.
Renato: meus lobos irão.
Ele faz sinal para que eles comecem a falar, mas antes que pudessem dizer qualquer coisa, são interrompidos pelo Alpha do Oeste.
Helmar: pode parar, estão de brincadeira?
Wellington: qual o problema agora?
Helmar: anos atrás eu compareci a uma reunião dessas, fiz isso pra honrar uma companheira de batalha que havia partido, fiz por respeito e consideração, mas isso aqui já é demais, crianças!? Nos reuniu aqui por causa das palavras de um moleque!? Vociferou em tom alto.
Wellington: esse moleque é um alpha e também meu filho, exijo respeito. Fala sério e com o maxilar rígido.
Helmar: seu filho? Hm... se parece mesmo com você, mas tem o olhar de Silvana, afronta, em outra situação eu lhe arrancaria os olhos.
Wellington: o que disse!?
Helmar: tá surdo!?
Ambos rosnam e rugem um para o outro, os olhos brilham e as presas e garras estavam a mostra.
Renato: parem, não viemos aqui pra isso!!
Wellington: veja como fala com meu filho.
Helmar: Eduardos, sempre pequenos, vamos, desembucha garoto, fala de uma vez!!
Hiure: eu e meus três irmãos fomos atacados por três vampiros, disseram que seriam piedosos apenas nesta ocasião e que os próximos lobos que entrarem em seus domínios serão executados.
Renato: o que nos leva a crer que tem uma chance enorme do velho estar morto. Fala com peso em cada palavra.
Aquela declaração surpreendeu a todos, a loba olhava incrédula para a irmã, os lobos comentavam, até que o Dominante aperta o braço da cadeira de madeira maciça e o destrói com pura raiva.
Helmar: mas que porra... MAS QUE PORRA É ESSA!? Grita se levantando.
Seu grito ecoou ao longe na cidade, todos ficaram em silêncio.
Helmar: Pelo Branco morto!? Os Astros mortos!? A alcatéia morta!? Essas coisas fazem o mínimo sentido pra algum de vocês!?
Lois: óbvio que não, mas o que não faz sentido também são vampiros no Leste sem que o velho fizesse algo.
Sofia: os Sentinelas iriam ter feito alguma coisa a respeito.
Helmar: ele não é um lobo que pode ser morto facilmente, é do velho que estamos falando.
Renato: ele ainda era um lobo, sangrava e sentia dor, como todos nós.
Helmar: como nós? Até parece, muitos tentaram, mas ninguém conseguiu ser parecido com ele, tem que ser um engano.
Wellington: é o que todos queríamos, mas a realidade dos fatos não é favorável, Álvaro Pelo Branco está morto.
Helmar: e que prova você tem de estar falando a verdade!? Desafia o jovem lobo.
Hiure retira seu paletó e a camisa até a altura do cotovelo, revelando sua mais nova cicatriz no braço.
Hiure: tentaram me desmembrar, mas eu me salvei, usaram uma lâmina de prata e também tenho a palavra de mais três lobos somada a confiança de um dos Grandes Alphas e seu braço direito. Responde a altura do desafio.
Lois: o garoto diz a verdade.
Renato: infelizmente não temos tempo para luto, devemos planejar nossas ações daqui por diante.
Helmar se levanta irado e gritando.
Helmar: eu vou pessoalmente matar o filho da puta que tocou no velho! Grita com ódio na voz.
Renato: se acalme.
Helmar: me acalmar!? Tem noção da gravidade disso!?
Wellington: é óbvio que temos, mas não podemos atacar as cegas, não temos a mínima idéia do que esperar, está disposto a sacrificar seus lobos num ataque assim?
A resposta do Vice foi o suficiente para abalar o Alpha.
Renato: eu queria fazer o mesmo, mas eles mataram o velho, qual será o poder deles? O número? Estamos em desvantagem. Explica racionalmente.
Lois: qual o plano então?
Helmar: já disse, matar todos eles!!
Renato: sim, ele está certo, mas não agora, devemos nos preparar e fortalecer nossos lobos o máximo possível.
Sofia: preparar? Não temos tempo pra isso!!
Wellington: arranjaremos, não há outra opção, se vamos lutar temos que está preparados.
Helmar: concordo, os nossos lobos estão enferrujados, alguns são jovens demais, aliás, venha aqui, você tem que participar. Diz estendendo a mão.
Uma mão delicada segura a enorme mão do Alpha, das sombras sai uma figura conhecida, Maria era a figura.
Helmar: esta é Maria Júlia, minha primogênita, já é uma alpha, tem sido muito bem instruída.
Os olhos do lobo do Sul e da loba do Oeste se cruzam, ele estava atônito, Wellington percebeu aquela troca de olhares e entendeu tudo na hora, nem pôde acreditar.
Renato: nossa cooperação vai decidir se nós vamos vencer ou perecer, não há outra forma de vencermos, o inimigo é uma lenda do passado e não temos nenhuma conosco.
Helmar: então é assim que vai ser? Que seja, em outra época eu estaria me atracando no soco com vocês aí, mas matar o demônio é mais importante.
Renato: por hora eu revogo minha proibição contra o Oeste.
Lois: o mesmo vale pra mim contra os homens.
Sofia: Lois!? O Norte é impoluto, eles vão arruinar anos dos nossos esforços.
Lois: nos tempos difíceis que vamos enfrentar nós vamos ter que nos ajudar o máximo possível, rusgas velhas não tem mais espaço agora minha irmã.
Toda essa trégua botou o Grande do Oeste contra a parede, a contragosto e no rosnado ele toma uma decisão.
Helmar: também revogo minhas proibições contra os sulistas, mas avisem antes de entrar, trégua não é bagunça, não quero baderna nas minhas terras! Rosna a contragosto.
Renato: que tal um ano para aperfeiçoamento?
Lois: achei perfeito.
Helmar: de acordo, quanto a reuniões?
Renato: mensais?
Lois: de acordo.
Helmar: que seja, é oficial, estamos numa aliança de guerra.
A reunião tem seu fim, cada Alpha se levanta, reúne seus lobos e seguem seu rumo.
Helmar: nos vemos em um mês... é mesmo, Thiago...
Um dos lobos tinha na cintura uma espada, este a estende para o Alpha, o mesmo a puxa.
Helmar: ei, moleque Eduardo!! Grita.
O jovem lobo se volta para o Grande que tinha um largo sorriso e arremessou a espada, a mesma passou raspando pelo jovem lobo e cravou na parede, o Bravo se volta para o Grande num rosnado.
Wellington: o que pensa que está fazendo!?
Helmar: ele sabe bem o motivo, olhe pra ela daquele jeito de novo e eu te acerto em cheio, moleque.
O rapaz nem ao menos deu meio passo para trás, seu olhar se fixou nos olhos do Alpha, o jovem lobo retira a espada da parede e a joga de volta, só pra ela ser pega e pelo Grande e devolvida ao dono, mas isso despertou um olhar de curiosidade do Grande.
Helmar: moleque abusado, esse olhar... pensa consigo mesmo.
Os lobos do oeste se vão sem dizer mais nenhuma palavra, já o Vice do Sul se volta para o filho.
Wellington: em casa nós conversamos. Fala severo.
Na ida de volta para a casa, Hiure pede explicações para seu irmão mais velho.
Hiure: você sabia?
Rodolpho: o que?
Hiure: sem "o que?", você sabia que ela era filha daquele monstro?
Rodolpho: sabia, ele... eu o conheci no início do ano, eu tirei Maria de uma enrascada feia, ela foi atacada por uns lobos de fora e eu ajudei ela e a levei até a fronteira, daí me levaram até ele e tudo mais.
Ryan: aquele é o Dominante, faz sentido, ele era quase do mesmo tamanho que o... O velho Álvaro.
Kaique: ele é de confiança? Me pareceu um enorme problema, maior que o próprio nome dele.
Rodolpho: ele é um dos quatro e deu a parte dele na trégua, só nós resta fazer o nosso dever.
Kaique: não confio, ele é diferente dos outros, muito diferente.
A explicação convenceu a todos e cada um foi para sua casa, mas sabendo das mudanças que estariam por vir.
A noite não havia acabado ainda, pois uma guerra ia estourar na casa dos Eduardo.
Wellington: você nem pense em correr para seu quarto, me deve explicações.
Hiure: sobre?
Wellington: era ela não é? A tal garota do Oeste.
Hiure: era ela sim.
Wellington: você só pode estar brincando!! Só pode estar brincando comigo!!
Hiure: o que foi agora?
Wellington: você não está se relacionando com a filha daquele monstro!!!
Hiure: não, nós não temos nada, por enquanto.
Wellington: e nem vão ter, você vai se afastar dessa garota hoje mesmo, ouviu bem? Hoje mesmo!!
Hiure: como é?
Wellington: você me ouviu, quero que ponha um ponto final nessa história.
Hiure: não pode me mandar fazer isso, não tem esse direito.
Wellington: eu sou seu pai e sou o Vice dessa alcatéia, te proibo de ter algum relacionamento com a filha do nosso maior inimigo!!
Hiure: as alcatéia são aliadas agora!!
Wellington: somos aliados, não amigos, é puro interesse mútuo, não tente dar uma de Romeu e Julieta, o resultado foi tragédia para os dois lados. Conclui dando as costas.
A noite não foi nem de longe a melhor para a dupla de pai e filho, pode se dizer que foi uma das piores, mas a guerra de pai contra filho não acontecia apenas no Sul, no Oeste chegavam o Grande e sua filha na mansão.
Helmar: pode entrar, nos acertamos lá dentro. Fala severo.
A filha confirma e segue o que lhe foi ordenado, ele dispensa o motorista e entra.
Helmar: o que foi aquilo?
Maria: aquilo o que?
Helmar: não insulte os meus instintos, nem se faça de boba, nunca teve talento pra isso.
Maria: o que quer saber, meu pai?
Helmar: eu quero saber é desde de quando você está metida com aquela gente?
Maria: estudamos na mesma escola e ele é um dos irmãos de Rodolpho, o caçula.
Helmar: vocês tem alguma coisa?
Maria: não! Nada demais.
Helmar: tem certeza?
Maria: tenho sim, eu e ele somos... bons amigos.
Helmar: você sabia?
Maria: sim.
Helmar: sabia quem ele era e mesmo assim se aproximou dele!? Mesmo sabendo que eu odeio aquela gente!?
Maria: achei que sua briga era com o Bravo e o Loiro.
Helmar: minha briga é com todos eles!! Todos os Alphas, principalmentea alcatéia do Sul, não há um que preste!!
Maria: não é verdade, aqueles garotos, eles são bons, são meus amigos!!
Helmar: você é a Princesa do Oeste, se porte como tal.
Maria: eu não sou Princesa nenhuma, nunca pedi pra ser, é o senhor que tem essa idéia, eu só quero ser uma garota normal.
Helmar: mas você não é, é uma loba, uma alpha e minha filha, você não é nem nunca vai ser normal em lugar nenhum!!!
Os nervos já estavam à flor da pele, nenhum dos dois recuava, mas Maria não queria continuar aquilo.
Helmar: você trate de fazer o que eu mandei, dona Maria Júlia, é o melhor que você faz, eu arranquei a perna do Alpha dele por menos, faço muito pior pela minha filha. Ameaça severo.
Maria: o senhor fique longe dele!!! Ouviu!? Longe!! Se alguma coisa acontecer com ele, o senhor pode esquecer que tem uma filha!!
Helmar: me respeite sua pirralha!!
Maria: o senhor não tem o direito de se meter na minha vida dessa maneira!!!
Helmar: eu sou seu mestre, Alpha e seu pai, se tem alguém no mundo que pode se meter na sua vida, esse alguém sou eu!!!
Maria: o senhor pode ser tudo isso, mas não é meu dono, nunca ninguém vai ser!!!
Os dois já se encaravam de frente, Maria nem se quer pensou em se afastar ou recuar um milímetro que fosse, a discussão ia continuar até que são interrompidos.
Vaneska: o que está havendo!? Dá pra ouvir os berros lá do casarão.
Helmar: não entre nessa briga, é coisa minha com Maria.
Vaneska: então é coisa minha também, ou você se esqueceu quem é sua esposa e mãe dos seus filhos?
Esta era Vaneska, mãe de Maria, esposa de Helmar e conselheira da alcatéia, tinha a estatura da filha, porém uma pele bem clara e cabelos loiros tingidos, de lado com a filha se podia ver que Maria era uma mistura perfeita dos pais.
Vaneska: Maria, pra dentro.
Helmar: eu ainda não terminei de falar, não ouse fazer frente as minhas ordens!!
Vaneska: agora. Diz olhando para a filha.
A mesma obedece a mãe e sai do recinto.
Vaneska: com você eu me acerto depois.
Helmar: tirou as palavras da minha boca.
Na mesma noite, no Sul.
Wellington: posso com isso? Se relacionando com a filha daquele infeliz.
Renato: no coração não dá pra por coleira, você sabe bem disso.
Wellington: não é a mesma coisa, comigo foi diferente.
Renato: me lembro que houve uma briga parecida e lembro que a sua escolha resultou no garoto em questão aqui.
Wellington: ele é jovem, não tem juízo, se juntar com uma loba de lá já era preocupante, mas com a filha de Helmar? Inacreditável.
Renato: amor na juventude é algo muito poderoso, meu irmão, sabemos muito bem disso, se você bater de frente com isso, pode resultar em algo muito pior do que uma mera briga.
Wellington: ele tá disposto a me enfrentar por ela, ele nem sabe se é recíproco e se ela não quiser nada? Sou eu que vou ter que ver meu filho sofrer.
Renato: vocês já passaram por coisa muito pior, não vão ruir por isso, deixa seu filho viver essa paixão, ainda que não dure, deixa rolar.
Wellington: ele corre muito perigo.
Renato: faz parte da nossa realidade, ele é um alpha e seu filho, se tem alguém com peito esse alguém é ele.
Ambos então brindam e vamos para o Oeste, o casal conversava em sua cama.
Helmar: eu ainda não engoli o que você fez essa noite.
Vaneska: lá vamos nós.
Helmar: primeiro me convenceu a ir naquela reunião desgraçada, depois passa por cima da minha autoridade na frente daquela garota.
Vaneska: da sua filha, você quer dizer?
Helmar: eu não reconheço mais, se juntar com aquele moleque, é demais.
Vaneska: ela talvez goste dele.
Helmar: gosta nada, ela fez isso pra me afrontar, foi pra me afrontar!!
Vaneska: que te afrontar o que homem, ela tá só vivendo a vida dela, você fazia coisa pior na idade dela, sabe bem disso.
Helmar: ela não vai sossegar enquanto não me enlouquecer, enquanto não arruinar tudo!!
Vaneska: não se esqueça que foi esse seu gênio que afastou você e nosso filho, vai fazer o mesmo com Maria?
Helmar: se ela continuar vendo aquele moleque, a coisa não vai prestar!!!
Vaneska: você não vai fazer nada, é só um menino, eles tem minha proteção, ouviu bem?
Helmar: você também está contra mim?
Vaneska: estou a favor da felicidade da minha filha e você também deveria estar, é o que mais importa.
Helmar: e se esse garoto fizer mal a ela? E se ela sofrer por conta dessa aventura de adolescente?
Vaneska: aí abrimos nossos braços e a abraçamos forte, é pra isso que estamos aqui.
Helmar: minha filha não vai sofrer nas mãos daquele moleque, antes disso eu arrebento ele!! Fala severo e se vira para dormir.
Nenhum lado dá descanso, a guerra transita entre ressentimentos antigos e proteção paternal, justificável ou não, as consequências virão.Continua...
Votou né? Não? Vai lá poxa.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Presas e Garras
WerewolfEm uma cidade do Rio de Janeiro chamada Lupina existem quatro alcatéia dominantes, a cidade foi dividida pelos antigos Alphas, na alcatéia do Sul vivem os quatro jovens principais, Rodolpho, Ryan, Kaique e Hiure eram mais do que amigos, verdadeiros...