O bom filho a casa torna

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O caçula finalmente chegou em casa, já encontrando com seus dois irmãos.
Ryan: sai logo desse carro!!
Ele ouve e assim que sai é recebido por um abraço dos dois.
Kaique: nunca mais faz isso, ficamos preocupados, nem levou o telefone.
Ryan: íamos atrás, mas não pudemos, muito coisa aconteceu aqui.
Hiure: como vocês estão, continuaram treinando?
Os dois irmãos se olham e brilham os olhos rubros.
Hiure: vocês são alphas!!! Que foda, meus parabéns.
Ryan: valeu.
Kaique: já tem um tempo, as coisas começaram a mudar desse ponto.
Hiure: como assim?
Ryan: as alcatéias entraram em regime de guerra, com cargos, divisões e tudo mais.
Os irmãos explicam o funcionamento do exército formado pelas três alcatéias.
Kaique: e depois de passarmos por testes e avaliações nós fomos promovidos a Tenentes.
Hiure: tá brincando.
Ryan: temos nossos próprios grupos, somos oficiais agora.
Hiure: isso é incrível, me deixaram totalmente pra trás, quero ouvir tudo a noite, agora eu vou ver o meu velho.
Ryan: vai lá, o tio está na academia dele.
Hiure: valeu,
O lobo chega na academia do pai, via de longe ele treinar, apesar de ter quase cinquenta anos ele mantinha um ótimo porte físico, 1,78 m e 80 kg, seu cabelo estava um pouco maior que antes, ele deixou a barba do queixo crescer em forma de "U", sem camisa era possível ver seus músculos bem definidos e várias cicatrizes de todos os tipos, cortes, balas, mas a maior era uma queimadura que envolvia suas costelas do lado direito, ele usava uma venda e fones de ouvidos, em volta dele haviam diversas cordas, ao serem tocadas elas acionaram bestas, mesmo sem enxergar e com parte da audição ele esquivava da maioria e capturava outras, as flechas finalmente acabam, ele retira os fones e a venda e ao ver seu filho ele sorri aliviado, finalmente podia ter paz, ele corre para um abraço.
Hiure: para, para, para!! Grita fazendo sinal de pare com as mãos.
Wellington: não vai abraçar seu pai? Diz espantado.
Hiure: você tá todo suado e tá precisando de um banho demorado. Diz zombando.
Wellington: você tá certo, tô podre, só um instante.
Depois de alguns minutos Hiure e seu pai tem finalmente um abraço pra matar a saudade.
Wellington: é maravilhoso te ver de novo garoto. Diz dando leves tapas nas costas do filho.
Hiure: digo o mesmo meu pai, tava com muita saudade. Diz entre lágrimas.
Wellington: você mudou muito, cresceu, tá usando barba agora, e esses braços tá tomando bomba? Diz sarcástico.
Hiure: o senhor também mudou, cadê o corte militar e a cara lisa? Diz sorrindo.
Wellington: eu achei que ficou bem como estou agora. Diz se explicando.
Hiure: e fica mesmo, o cabelo e a barba grisalha caem bem em você, mas você tá treinando? Diz surpreso.
Wellington: eu tenho 48, tô longe de ser tão velho, tenho mantido uma boa forma, minha velocidade, força, técnica, tudo está no máximo.
Hiure: por isso é o melhor do mundo.
Wellington: mas nada dura para sempre, guerras não são constantes, essa é uma exceção, dessa forma eu conclui que será a última vez que vou poder lutar com toda a força, depois dessa guerra meu corpo vai começar a perder poder gradativamente.
Hiure: você é o Bravo, no auge ou não você é o que é.
Wellington: seus irmãos se tornaram alphas sabia?
Hiure: eu sei, já encontrei com eles, me falaram sobre seus postos, também quero uma promoção.
Wellington: eu queria mesmo falar sobre isso...
Hiure: depois, deixa pra outra hora, eu só quero comemorar um pouco, só um churrasco para eu e meus irmãos, por favor, sem trabalho só hoje.
Wellington: tá, tá certo, vou te dar essa colher de chá, mas vá ver seu tio.
A resistência do Alpha é verdadeiramente invadida pelo jovem alpha, ele passou pela portaria, os vigias do gramado, guardas internos e finalmente entrou no escritório, mas assim que entra é surpreendido por um pontapé que por pouco não o acertou na cabeça.
Renato: Hiure?
Hiure: é muito bom te ver, tio Loiro.
Renato: não entre assim na casa de um Alpha, eu podia ter machucado você!
Hiure: foi mal, eu vim fazer uma surpresa, mas quem quase morreu de susto fui eu, que ótimo.
Renato: deixa eu te ver, você cresceu, está quase da altura do seu pai, ganhou peso também e cicatrizes? O que houve?
Hiure: muita coisa, mas deixa pra depois, eu hoje só quero comemorar com os meus irmãos.
A notícia do retorno de um filho do Sul ecoou por todos os demais territórios, já no próprio Sul estava rolando um churrasco.
Hiure: um brinde aos olhos rubros. Diz erguendo um copo de cerveja.
Kaique: você bebendo?
Hiure: muita coisa aconteceu nesses meses. Diz pouco depois de virar o copo.
Ryan: temos tempo, conta aí.
Hiure: quando eu sai da cidade fui a todas que pude dentro do estado, ninguém tinha visto ele, depois de umas semanas eu decidi sair do estado, fui para o Espírito Santo, conheci um lobo velho lá, ele conhecia a cidade, falei que queria encontrar meu irmão e também falei do meu descontrole, daí ele me mandou pra uma rinha.
Ryan: pera aí, rinha? Tipo luta de lobisomens?
Hiure: e cães também.
Kaique: lutou com cães!?
Hiure: vários, a rinha ficava numa cidade quase apagada do mapa, Lúpus Agri, parecia cenário de novela de época, tudo era antigo, eu fui até o bar pra comer, mas tive uns problemas com alguns mordidos, aí acabei quebrando tudo e ficando devendo a casa, mal sabia eu que a rinha era naquele bar, eu lutei pra pagar a dívida.
Ryan: sei, mas onde entra a garota nessa história.
Hiure: que garota?
Kaique: faz o favor né mano? Você nunca bebeu com seus irmãos e nenhum cara iria te obrigar a entrar numa rinha clandestina Cintra a sua vontade, é preciso um poder diferenciado pra isso.
Ryan: era a filha do dono?
Hiure: não, era a dona.
Ryan: isso explica tudo.
Hiure: não rolou nada, não imediatamente, ela salvou a minha vida.
Kaique: foi tão bom assim?
Hiure: hiena!!
Ryan: calma, continua. Diz entre risadas.
Hiure: eu lutei contra um cão, um bem perigoso, ele que me fez essas cicatrizes nos braços, eu já tinha vencido, mas ele não parava de avançar, me empalou no abdômen com uma lança, mesmo todo ferrado ele não parava de vir pra cima até que eu... não tive escolha, eu não queria...
Ryan: lamento, mas não foi sua culpa, ele quis assim.
Kaique: era ele ou você, não teve alternativa.
Hiure: eu não sei, si sei que ela tratou das minhas feridas, me fez ver que procurar por Rodolpho seria um erro, eu não seria de ajuda alguma, naquele estado eu só seria um peso pra ele, então eu parei minha busca, eu peço desculpas pra vocês dois, eu disse que ia achar ele.
Kaique: nunca iriamls cobrar isso de você, fez essa promessa por si mesmo, não vamos te penalizar, fez suas escolhas e no fim você voltou pra casa, é o que basta.
Ryan: independente de qualquer coisa, é nosso irmão.
Hiure: ela me ajudou quando perdi pro campeão, ele era um monstro, nunca tinha enfrentado alguém assim, só o Dominante, fora ele o Bryan foi a luta mais difícil da minha vida, eu perdi completamente na primeira, levei quase seis meses me preparando pra uma revanche, ela né ajudou e foi nesse tempo que nos aproximamos, partiu meu coração ter que deixar Pérola para trás, eu fui embora no meio da noite pra não ter que ver os olhos dela.
Ryan: fez certo.
Kaique: certo o que? Devia ter se despedido dela, a garota gostava de você não é?
Hiure: ela disse que me amava, mas eu...
Kaique: não era recíproco, era?
Hiure: se eu tivesse mais tempo, se não tivesse a guerra, se tivesse uma chance eu... eu amaria, mas na situação de agora, não, não cheguei a amar.
Ryan: esse foi o outro motivo que te fez ir embora, queria distância dela.
Hiure: achei que assim doeria menos, mas nunca usei Pérola como remédio ou algo assim, eu gostava dela, me fazia bem.
Kaique: mas você tá aqui agora, muita coisa rolou, ela é Capitã do Oeste.
Hiure: Capitã?
Kaique: o pai dela é o Dominante, ele a treinou como a nenhum outro e não foi ele que deu esse cargo, os demais figurões que concordaram, no momento ela está acima de todos nós aqui.
Hiure: Maria uma militar, nunca imaginei isso.
Ryan: mantivemos contato depois que você saiu, aa vezes treinamos até.
Hiure: ela sabe que eu voltei?
Kaique: talvez, mas não por nós, não vamos por lenha na fogueira.
Hiure: eu só quero seguir minha vida, só isso, não quero encontrar com ela.
Kaique: as alcatéias são aliadas, treinamos juntos, pode haver uma ocasião de se encontrarem, tenha isso em mente.
Hiure: tá certo.
Ryan: seu pai te falou sobre sua participação?
Hiure: não e nem quero saber.
Kaique: mas é que...
Hiure: não, nada de trabalho hoje, hoje somos do três lobos beberrões e famintos, falou?
Ryan: tá, saúde! Diz erguendo o copo.
O churrasco foi até o meio da madrugada, os dois foram pra casa e Hiure foi dormir, abriu seu quarto, estava exatamente igual como deixou, no criado estava as fotos que mais gostava, ele e seus pais em uma, ele e o avô em outra e a terceira eram os quatro irmãos, ele pega a última e sorri lembrando do dia, a coloca de volta e tomba na cama que tanto sentiu falta, o sono veio pesado, mas em forma de punição, não tirava o que havia feito da cabeça, só pensava em quão mal Pérola estaria agora.
No Leste os vampiros de alto escalão se reuniram, os dois irmãos, Vladimir e outros quatro.
Alucard: a reunião é para falarmos sobre as investidas que os lobos têm feito, já perdemos mais de trezentos vampiros.
Rafael: eles já passaram dos limites.
Marcela: devemos revidar e com força, esses animais têm que entender nossa força.
Vladimir: por pouco vencemos duas batalhas, vocês agora querem uma guerra?
Alucard: a guerra começa a partir do momento que somos vampiros e eles lobos, é algo ancestral.
Walter: o senhor sabe disso, quantos milhares o senhor exterminou ao longo dos séculos?
Vladimir: eu tomei esse território pra que batalhas não fossem mais necessárias.
Walter: fez bem, tomou o maior território de uma cidade chamada "Lupina" fez isso exterminando uma alcatéia.
Alucard: veja como fala com nosso pai, se coloque em seu lugar, Walter.
Bernardo: o ponto aqui é as medidas que serão tomadas, não podemos ter nossos membros mortos como animais para o abate.
Alucard: nisso eu concordo, o senhor também, eu imagino.
Vladimir: eles virão?
Walter: dois, com certeza, já o terceiro...
Vladimir: tragam todos, usem o que for necessário, não quero guerra, mas não permitirei matança.
Alucard: a conclusão é...
Vladimir: reforcem a guarda, em caso de invasão tem ordem pra uma resposta fatal e absoluta, nenhum lobo invade sem morrer, entendido?
Todos em uníssono: sim senhor!!
Agora as coisas estavam diferentes, o inimigo não iria mais ser passivo.
O jovem alpha acordou faminto, pulou a escada e correu para a mesa, mesa farta.
Hiure: eu vou me matar comendo.
Wellington: não exagere.
Hiure: me atualisa, por favor, como está tudo?
Wellington: a coalisão está se solidificando cada vez mais, aos poucos os Alphas e os oficiais se acertaram, até aquela aberração está cooperando.
Hiure: Dominante, não vejo aquele monstro nos ajudando, ele é arrogante.
Wellington: não fale assim, cada um de nós tem seu orgulho, ele é problemático, mas cada um tem seu calo que deve ser evitado pisar.
Hiure: Ryan e Kaique me falaram das patentes, fizeram um teste né?
Wellington: uma avaliação, eu e Renato achamos melhor do que deixar que os dois ficassem como soldados rasos.
Hiure: e o que tem feito?
Wellington: lideram tropas em incursões, muitos oficiais já deram cabo de centenas de vampiros, mas também tivemos perdas, dois Tenentes na semana passada.
Hiure: imperdoável, bom, seja como for eu quero me mexer, tem alguma coisa pra mim?
Wellington: sim, já tenho algo perfeito.
Hiure: beleza, quando faço meu teste?
Wellington: teste?
Hiure: é, pra minha patente, eles fizeram, também quero, será que pego Major?
Wellington: mas você não vai fazer teste nenhum.
Hiure: não pai, nem vem, todos fizeram, não é justo eu ter uma só por ser seu filho, não quero tratamento especial.
Wellington: você não vai fazer um teste pois não tem patente pra você.
Hiure: entendi, já está tudo certo, saquei, bom, soldado raso então, tem como me colocar na tropa de um deles pelo menos?
Wellington: você não entendeu, não é que não tem vaga, você não terá patente pois não vai para o campo de batalha.
Hiure: como é?
Wellington: instrutor, eu já decidi, você vai treinar novos soldados, então no ginásio 3 e...
Hiure: COMO É!? Grita socando a mesa e a quebrando.
O veterano não esboçava raiva nem nada do tipo, olhava friamente nos olhos do filho.
Hiure: por que eu não vou lutar!? Eu me esforcei, estudei, treinei, eu estou pronto, eu juro!!
Wellington: não é essa a questão, você não vai lutar porquê eu não quero.
Hiure: o que!?
Wellington: não quero você num campo de batalha, não vou arriscar você assim.
Hiure: não pode né arriscar? Milhares dos nossos companheiros vão estar lá, meus irmãos e eles!?
Wellington: eles não são meu filhos, você é e eu não vou arriscar perder você.
Hiure: você não pode fazer isso comigo.
Wellington: a decisão já foi tomada, nem Renato pode mudar isso, nem pense em recorrer a ele, não é uma ordem como Vice Alpha, é como pai.
Hiure: eu não vou treinar ninguém, meu lugar não é dando aula.
Wellington: então saia, ou você fica como instrutor ou você sai, são suas únicas opções.
Hiure: isso não é justo!!
Wellington: não é justo pra mim!! Não é justo pra mim!! Grita pesadamente.
A expressão do seu pai havia mudado, aquele era o Bravo a sua frente.
Wellington: não é justo um viúvo perder seu único filho, eu suportei perder sua mãe, mas se eu perder você... eu não vou permitir isso, ela não me perdoaria se algo acontecesse com você, as opções eu já dei, faça o que quiser. Finaliza saindo de casa.
O rapaz levou um tempo para se acalmar e saiu logo em seguida ele pega o carro e parte para o ginásio, seus irmãos o encontram.
Kaique: mano, seu pai, ele...
Hiure: eu ja tô sabendo, quantos?
Kaique: cento e trinta e sete, tem alguns betas, a maioria ômega e tem mordidos também.
Hiure: mordidos, aqui!?
Ryan: é, uns vinte talvez.
Hiure: estão brincando, o Alpha mordeu?
Ryan: não, são refugiados, só recebemos, todas as alcatéias fizeram isso, temos uma média de duzentos mordidos em cada alcatéia.
Hiure: falsos lobos se misturando com raça pura, essa guerra não é deles!!!
Kaique: decisão dos figurões.
Hiure: eu vou resolver isso.
O lobo chega abrindo a porta com toda a força, ali estavam os mais de cem alunos, conversavam entre si.
Hiure: em formação lobos!!!
Seu grito foi abafado pelo falatório no recinto.
Hiure: nem prestam atenção, FORMAÇÃO VIRA-LATAS!!!! Ruge feroz.
Todos levaram um susto, correram, se atrapalharam, mas por fim entraram em formação.
Hiure: um bando de cães desordenados, é isso que eu ganho depois de anos de dedicação, que ótimo, senhores, eu sou Hiure Eduardo, o novo instrutor, minha função é simples, fortalecer cada um aqui e a de vocês é sobreviver a isso.
Pedro: sobreviver?
Hiure: só fale com permissão do seu superior!! Como eu dizia, eu vou treinar vocês, já adianto que eu não queria estar aqui, eu deveria estar liderando uma divisão e não adestrando um bando de idiotas então eu já vou avisando, não vou pegar leve, pouco me importa se é beta, ômega, homem, mulher, puro ou falsos lobos, vou tratar todos igualmente.
Petherson: falsos lobos? Se refere aos mordidos?
Hiure: exatamente, você é um?
Petherson: sou, minha alcatéia foi dizimada, sobramos só eu e mais dois, nosso alpha ficou para trás, nos salvamos graças ao sacrifício dele.
Hiure: pelo menos ele morreu como um lobo, um acerto depois da cagada, se redimiu.
Samuel: cagada? Tá falando de nós?
Hiure: óbvio, morder é um ato de fraqueza de um lobo, um caminho curto para o poder de alpha, transformar humanos é o pior ato de um licantropo.
Petherson: por que?
Hiure: porque presas é garras não fazem um licantropo, não basta se parecer, é algo mais profundo, na alma, na essência, pra vocês são super poderes ou até maldições, pra nós é realidade, orgulho, honra, um mordido nunca entenderá o que isso é e nem poderá ser forte como um puro, vocês vão desistir quando eu começar.
Lucas: como vai ser?
Hiure: darei o treino que recebi do meu pai, você e os demais puros podem suportar e superar, já esses mordidos eu duvido, vão pedir transferência, assim eu limpo esse grupo.
Samuel: você nos odeia?
Hiure: não odeio vocês, mas não concordo com suas presenças aqui, não é justo e nem certo, essa guerra não lhes diz respeito, um lugar no exército não faz de vocês soldados nem olhos brilhantes fazem de vocês lobos de verdade, não posso expulsar, mas posso obrigar vocês implorar por transferência.
Petherson: vai nos torturar!?
Hiure: até vocês desistirem.
Petherson: não pode fazer isso!!
Hiure: eu sou o alpha aqui, a decisão é minha!! Diz dando as costas.
Samuel: se fosse metade do que nosso alpha foi. Diz se aproximando do lobo.
Hiure: sou cem vezes o que o seu alpha foi!!! Grita se virando e dando uma bofetada no jovem lobo que cai.
Petherson: você é louco? Diz correndo para ajudar o amigo.
Hiure: sou cem vezes melhor, eu não arrastei vocês pra uma guerra que não lhes pertence, não os arranquei de seus familiares, se quiserem reclamar, se quiserem odiar alguém, odeiem o alpha de vocês, ele é o culpado por tudo que vai acontecer com vocês.
O outro mordido levanta o companheiro caído.
Hiure: hoje foi só apresentação, amanhã que meu inferno vai começar, saiam daqui, todos vocês.
Todos em uníssono: sim instrutor!!
O saguão se esvazia num instante, os dois irmãos então se aproximam do caçula.
Kaique: não acha que pegou pesado com os novatos não?
Hiure: eu não vou treinar mordidos, quero eles fora do meu caminho.
Ryan: se você fizer como disse vai atrair problemas pra você, esses mordidos vieram por conta própria, dá um voto de confiança.
Hiure: eu deveria liderar tropas e não treinar novatos, já tô aguentando muito, esses mordidos vão desistir, eu vou dobrar eles, cada um, vão ver!!
O jovem lobo havia voltado, viu o pai, seus irmãos e seu local de trabalho, só não havia visto o Alpha, assim ele fez.
Hiure: posso entrar? Pergunta batendo a porta.
Renato: agora, entre.
Hiure: vim te ver tio.
Renato: me deixe te ver.
O rapaz para diante do tio, já estava um pouco mais alto que o mesmo.
Renato: cresceu, tá usando barba, você tá igual ao seu pai quando era novo, mas ele nunca usou cabelo grande.
Hiure: eu tô com ele atravessado na garganta.
Renato: ele já te falou sobre suas novas responsabilidades, não é?
Hiure: vê se pode tio, eu treino feito doiso desde os onze, ele me obrigou, daí quando todo esse treino se torna útil ele me tira da ação, isso não está certo.
Renato: entenda o seu pai, Hiure, ele não quer que nada de ruim te aconteça, só quer te proteger.
Hiure: então qual o motivo dos treinos, dos livros e tudo mais?
Renato: Hiure, respeite a dor do seu pai, depois de perder sua mãe... você sabe, ele mudou, voce é tudo o que resta da época mais feliz da vida dele, você não entende pois não é pai.
Hiure: mamãe, ela iria bater de frente por mim, aliás, eu devo uma visita.
Renato: prometeu que nunca voltaria lá.
Hiure: promessa de criança, já tá na hora de eu encarar minhas feridas, eu vou indo.
Com o carro ele foi até o memorial da alcatéia, estava um bloco retangular de granito, continha os dizeres " loba, mulher, guerreira, esposa e mãe incomparável, as maiores honrarias lhe são oferecidas, a Caçadora da Lua Cheia é desejado um bom descanso".
Hiure: cinco anos, fiquei esse tempo todo sem pensar em vir aqui, em parte por não querer reviver aquele dia e também por não conseguir acreditar que realmente você não está mais entre nós, devia ter tido mais tempo, nós... nós devíamos ter tido mais tempo, eu era só um menino, precisei de uma figura materna incontáveis vezes, mas você não estava lá, papai tentou, mas não dá pra substituir, ele fez o que achou que fosse certo, mas houve péssimas consequências, eu tô dando o meu melhor, mãe, queria que estivesse aqui, não só por mim, por ele também, mais por ele até, uma guerra tá vindo, não é justo eu ficar seguro enquanto milhares arriscam a vida, eu sei que ele só quer me proteger, mas sua ausência não pode significar ou justificar falta de confiança, saudades mãe, eu devo voltar, esteja comigo, como for, vou precisar de força. Se despede tocando a lápide.
O lobo refez sua matrícula e partiu para o treino, vigas de madeira eram cortadas pelos seus chutes com a lateral do pé, placas de aço temperado explodiam com seus socos e vergalhões de obra eram cortados pelas suas mãos num só golpe.
Hiure: isso que eu chamo de evolução, quando sai daqui eu só quebrava tijolos.
Enquanto isso um carro parou na frente da academia, era um Range Rover evoque 2016 vermelho.

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