Treino, perseverança, dor e morte, essas são algumas das descrições dos últimos períodos, o Tenente se viu obrigado a se levantar, muitos outros precisavam dele, dentro e fora da alcatéia do Sul, com os mestres ele continuou treinando ao lado dos dois irmãos, nesse dia ele treinava com o Colossal.
Felipe: sabe qual é o princípio comum de todas as artes marciais de mão nua?
Hiure: dar poder a quem não tem.
Felipe: mas somos lobos, por quê então alguns insistem em usar essas técnicas?
Hiure: eu... eu não sei.
Felipe: artes marciais dão ao usuário maneiras variadas e funcionais de desarmar, desabilitar, parar ou até matar o oponente nem a extrema necessidade de poder, mas isso não significa que estes sejam fracos, vou te dar dois exemplos, o Bravo e Pelo Branco, de um lado a técnica absoluta e do outro o poder absoluto, em qual dos lados você se vê?
Hiure: eu sou um mestre, mas...
Felipe: mas...
Hiure: mas eu também me devoto ao poder, nenhum dos lados então.
Felipe: exato, você não é habilidoso como seu pai e nem poderoso como o meu, está entre os dois, assim como...
Hiure: o Dominante, tá de brincadeira?
Felipe: é a sua natureza, não há o que fazer quanto a isso.
Hiure: quer dizer que ele que deveria me treinar?
Felipe: não, você não precisa treinar com alguém para aprender com ele, já o enfrentou uma vez, o que me diz?
Hiure: era imprevisível, a velocidade e a técnica eram incompatíveis com a aparência dele, esperava um brutamontes raivoso.
Felipe: assim é você, ninguém espera que seja tão forte e brutal, sua aparência esconde sua natureza, isso é bom, mas precisa de mais, pegue aquilo e ponha nas canelas e pulsos.
O Astro havia apontado para objetos sob uma mesa, o rapaz assim que pega entende, eram pesados, muito pesados.
Felipe: cinquenta quilos nas mãos e oitenta nos pés, duzentos e sessenta quilos totais.
Hiure: e agora?
Felipe: se vira, faz o que quiser, mas sem tirar e nem se transformar.
Hiure: isso é piada?
Felipe: me pediu treino, é assim que eu faço, agora é com você.
Severidade e independência, Felipe sempre fez isso, cobrava alto e deixava seus alunos e filhos alcançarem seus resultados por si mesmos, já o mais velho era bem mais direto.
Victor: vai precisar de uma lâmina melhor do que esse lixo na sua cintura.
Kaique: é a minha primeira espada, ela é...
Victor: inútil e obsoleta.
Kaique: eu cuido muito bem dela.
Victor: você afia, é o que quer dizer?
Kaique: é, eu faço um bom trabalho.
Victor: me deixe ver.
O rapaz entrega a lâmina e o Alpha analisa meticulosamente, seu olhar era de repugna e desprazer.
Victor: o fio está todo desalinhado, tem vários pontos cegos e a lâmina está fosca, quer um conselho? Jogue fora e pegue alguma coisa no baú ali.
O rapaz pega de volta e põe na bainha novamente, ele vai até um baú, mas é interrompido.
Victor: esse é das espadas iniciais, vai naquele baú vermelho ali.
Assim ele o fez, ao abrir seus olhos são maravilhados com a visão de várias espadas de diferentes tipos, formas, tamanhos e estilos.
Victor: pegue a que mais te atrai.
O alpha deixa seu instinto agir, fechou os olhos e passou a mão sob elas até que segurou no punho de uma e a puxa.
Victor: saque as duas.
Kaique: certo. Diz sacando a sua e a do baú.
A diferença era gritante, o brilho reluzente, o fio, até o metal parecia ser distinto uma da outra.
Kaique: não é justo, essa é muito melhor que a minha.
Victor: por que acha isso?
Kaique: é só olhar, a diferença é ridícula.
Victor: fiz essa espada com um resto de material que eu tinha sobrando no galpão, cuidar de uma espada está muito além de torná-la apenas cortante, deve ser funcional, a guarda deve se encaixar no seu punho, o fio deve estar alinhado como as linhas de um engenheiro e seu corpo deve reluzir como espelho, tudo isso irá contribuir para um melhor desempenho da arma e do usuário.
Kaique: como?
Victor: o alinhamento irá permitir um corte limpo, mais preciso e com menor esforço, o brilho permitirá que você a use como o retrovisor de um carro, aumentando seu campo de visão, poderá lutar com qualquer número de oponente sem se preocupar de ser atingido pelas costas.
Kaique: nunca pensei nisso...
Victor: claro que não, agora vou te mostrar na prática do que estou falando.
O Astro encosta sua lâmina no tronco de uma árvore, num instante ela a atravessou, como uma corda de piano, um corte tão rápido e limpo que a própria árvore não notou, aquilo foi digno do lobo com a alcunha de Espadachim Divino.
Kaique: essa é a próxima coisa que quero aprender.
Victor: agora com o seu lixo descartável.
O lobo torna a fazer o mesmo movimento, novamente a espada atravessou a árvore como uma lâmina quente na manteiga, mas não foi um corte reto, foi um tanto diagonal e com isso a árvore cai.
Kaique: você cortou do mesmo jeito.
Victor: a diferença não é óbvia? Se sua espada fosse boa a árvore ainda estaria no mesmo lugar, como a outra.
Kaique: mas depender da qualidade da espada não vai contra um ensinamento?
Victor: qual?
Kaique: " a mestria transforma uma estaca de madeira numa espada".
Victor: sua resposta já está aí, esse ensinamento enaltece a mestria do usuário e de fato um mestre deve ser capaz de usar qualquer lâmina, mas "uma espada só deve cortar o que e da maneira que seu mestre quiser" esse ensinamentos fala mais sobre o estado da lâmina do que sobre sua qualidade em si.
Kaique: acho que entendi, faz sentido.
Victor: a lição de hoje vai ser o tratamento de uma espada.
Kaique: tá certo.
Na mata estavam o Caçador Mestre e seu aluno, Ryan ouvia atentamente.
Marcos: em matéria de sentidos você está a frente de muitos, mas soube que os instintos são seu ponto fraco.
Ryan: os instintos são o abandono dos sentidos, é apostar no ilógico, eu não consigo abrir mão do controle.
Marcos: segura. Diz jogando algo.
O rapaz pega, era uma pílula roxa redonda.
Ryan: que isso?
Marcos: aconito.
Ryan: o que!? Grita soltando.
O Astro pega antes de cair no chão.
Marcos: é um supressor, tem um aconito que diminui os poderes, força, cura, sentidos... a Liz manipula esses venenos ao nosso favor, esse em específico é para os sentidos, tome.
O rapaz assim o faz, relutante, mas faz.
Marcos: deve demorar uns cinco minutos pra você ter seus sentidos suprimidos.
O tempo passou e a droga finalmente fez efeito.
Marcos: quinze minutos, que demora, enfim, já sentiu a diferença?
Ryan: na verdade tô meio perdido, os sons, o cheiro, tá tudo distante, eu...
Marcos: é assim mesmo, você agora está num nível sensorial de um humano comum, vai pra sua transformação.
A lupina de Ryan surge, os pelos cinzentos davam um ar imponente e sério.
Ryan: tá igual, meus sentidos ainda estão fracos.
Marcos: exato, agora põe isso. Diz jogando uma venda.
Ryan: tá de brincadeira? O que eu faço com isso?
Marcos: você põe e segue rumo ao outro lado da mata.
Ryan: o que!? Isso é impossível, não vou estar enxergando.
Marcos: a ausência dos sentidos será compensada, seus instintos voltarão a você, comece devagar.
Ryan: e quando vamos terminar?
Marcos: quando você atravessar essa mata correndo com toda a velocidade com os sentidos vendados.
A venda é posta e o rapaz é imerso na escuridão, por costume ele tentou se segurar no olfato e na audição, mas não deu resultado nenhum, ele estava completamente cego.
O dia da fatídica serimonia se aproximava, a casa do Dominante entrava em caos.
Vaneska: o vestido já foi providenciado, já está tudo pronto para a cerimônia.
Helmar: ótimo, sem atrasos, esse casamento vai ser o mais perfeito possível.
Vaneska: perfeito mesmo seria se ele não acontecesse.
Helmar: de novo isso!?
Vaneska: eu não consegui aceitar que você está tranquilo em relação a tudo isso, nossa filha vai se casar com um lobo que nem conhece, isso é um absurdo!!
Helmar: e você acha que eu não sei!? Eu fui o primeiro a protestar, mas... mas foi a decisão dela, eu não tive o que dizer ou fazer, eu estou desarmado.
Vaneska: vamos perder nossa filha.
Helmar: ninguém vai tirar nossa filha de nós. Diz a abraçando.
Vaneska: me prometa, Helmar, me prometa que você vai resolver isso.
Helmar: vai dar tudo certo, eu garanto.
A Capitã deixou oficialmente de fazer missões devido a proximidade do casamento, dez dias faltavam, todos falavam desse evento, mas poucos sabiam a real natureza por trás dele.
Os quatro irmãos agora avançavam cada vez mais contra os vampiros, com a companhia extra-oficial da Capitã do Oeste, os cinco fizeram das noites um verdadeiro inferno para os vampiros, lutando juntos eram uma abominação para seus adversários, os punhos de Hiure arrebentavam ossos, Kaique desmembrava seus inimigos, as garras e presas de Ryan rasgavam cruelmente pescoços e carne, Rodolpho partia seus adversários ao meio e Maria retorcida e quebrava membros e ossos com facilidade e graça, foi assim por uma semana inteira, os vampiros fervia de ódio por não darem conta, até que não resta opção a não ser relatar aos superiores.
Diego: o que disse?
Vampiro: eles estão liquidando nossas forças, atacam toda noite de lugares aleatórios e com uma força brutal, quando os reforços chegam já não há quem reforçar e estes também são mortos.
Ágata: isso não é possível, quem são esses!?
Vampiro: pelo que sabemos são cinco oficiais, quatro lobos e uma loba.
Alucard: os nomes, idiota!!
Vampiro: ouvimos os lobos falando dois sobrenomes, Eduardo e Medeiros, os demais são Kaique, Ryan e Maria se não estou errado.
Akira: Medeiros?
Walter: Eduardo também, isso é um problema.
Vladimir: Eduardo e Medeiros, esses malditos nomes contra mim de novo, linhagens desgraçadas.
Diego: os demais não são ninguém.
Vladimir: Álvaro também não era ninguém, Renato, Helmar, nenhum deles, esses quatro são do Loiro e a menina é filha daquela fera maldita, cada um deles merece respeito e acima de tudo cautela.
Ágata: e quais as suas ordens, pai?
Vladimir: as tropas não devem enfrentar esses cinco... cinco? Quatro lobos e uma loba, espalhem para todos, os Novos Astros não devem ser enfrentados, o avistamento deles é o gatilho para bater em retirada, não enfrentem eles.
Walter: pra que dar tanta importância para um bando de moleques, só um de nós já é o suficiente pra matar eles.
Vladimir: e dar aos inimigos o gosto de termos usado um bispo contra os peões deles? A moral dos lobos iria ao espaço, fora que uma retirada vai reduzir nossas baixas.
Vampiro: pra cada lobo que matamos eles matam vinte de nós ou mais, tivemos mais de cem perdas em três noites e só conseguimos abater quatro ou cinco deles.
Vladimir: está decidido, os Novos Astros devem ser evitados a qualquer custo.
A ordem foi emitida a todas as fileiras dos vampiros e na mesma noite os cinco fizeram outro ataque, como de costume foi repentino, do nada balas voavam por todos os lados, uivos, rosnados e rugidos irrompem a noite de lua crescente.
Rodolpho: sustentem posição!!
Hiure: flanco esquerdo recuar, preparem os artilheiros!!
Maria: cobertura de retaguarda prontos, disparem ao meu sinal!!
Ryan: cerquem os desgarrados ao norte!!
Kaique: pressionem o meio, façam eles vacilarem!!
As ordens eram seguidas perfeitamente, a sincronia dos soldados com seus líderes e companheiros era impecável, mas tinha algo estranho, os vampiros sendo arrebentados era natural, mas estavam lutando não pra vencer, mas pra fugir.
Vampiro: recuar, os Novos Astros estão aqui, recuar!!!
O grito foi repetido e ecoou entre as tropas inimigas, até que os cinco param seu avanço.
Maria: Astros?
Hiure: foi o que gritaram antes de fugirem com o rabo entre as pernas.
Kaique: eles não sabem quem são os Astros?
Ryan: gritaram "Novos Astros", acho que eles sabiam do que estavam falando.
Rodolpho: os inimigos estão nos chamando assim agora?
Hiure: eu gosto, dos Astros eu seria o Colossal?
Rodolpho: tá mais para o Raquítico.
Hiure: come aconito e morre, gordo.
Maria: querem parar!?
Ryan: larga se matarem.
Kaique: é, rinha de vira lata.
Rodolpho: vira lata é o seu rabo.
Hiure: terminamos aqui, vamos embora.
Os lobos retornaram e pediram uma reunião com os oficiais para falar sobre o ocorrido.
Victor: Novos Astros? É piada?
Maria: não para os fugitivos de hoje cedo, nos chamaram assim.
Ryan: o inimigo tinha ordens de recuo em relação a um ataque nosso.
Lois: Vladimir os marcou, isso pode ser uma armadilha, alimentando o ego e a confiança dos nossos lobos.
Helmar: como também pode ser uma declaração de respeito, ele ficou encurralado.
Renato: ele é calculista em cada passo, essa nomeação não é por acaso.
Felipe: não dá pra prever o que se passa na cabeça daquele demônio.
Marcos: Loiro esta certo, aquele desgraçado sabe o que faz, seja como for, acho que a nomeação é boa, eu os aceito como sucessores.
Gabriel: Novos Astros então, meus parabéns.
Hiure: tio, eu queria te pedir um favor.
Gabriel: pois não.
Hiure: eu tô precisando aprender um prato novo.
Gabriel: puta merda, tá, vamos lá.
Os dois Astros então vão para a casa do rapaz, ambos pegam o que era necessário.
Gabriel: a começar pelo tempero, pega a pimenta e a paprica ali, põe um pouco de água.
Hiure: e a carne?
Gabriel: falei de carne? Prepara o tempero como eu falei.
Hiure: vai centauro, cavalo velho.
O veterano então chuta o rapaz o fazendo voar para o outro lado do cômodo, mas sem quebrar nada, o garoto volta com a mão na cabeça.
Hiure: isso doeu.
Gabriel: é pra você aprender, agora termina o tempero logo.
Hiure: tá, tô indo.
Gabriel: não deixe passar do ponto, tem que manter a consistência.
Hiure: beleza.
Gabriel: por que quer aprender a fazer esse prato?
Hiure: vai ser pra comemorar com uma pessoa.
Gabriel: uma pessoa especial?
Hiure: é, Maria Júlia.
Gabriel: a Capitã, filha do Dominante?
Hiure: ela mesma.
Gabriel: achava que veria os pais de vocês em guerra antes de aceitar algo assim.
Hiure: eles entraram em guerra, isso resultou em muito sofrimento pra nós dois, mas agora eu tenho a chance de concertar tudo, de fazer diferente.
Gabriel: soube de um casamento arranjado.
Hiure: isso mesmo, ela se meteu nessa enrascada, mas vamos superar isso.
Gabriel: eu sei que vai, não é comum para os homens da sua família quebrar promessas, mas tenha em mente que não vai ser fácil, amar nunca é.
Hiure: eu sei.
Gabriel: bom, vamos continuar com isso aqui, essa carne não vai se preparar sozinha.
Uma tarde inteira e muitos ingredientes dispersados, não importava o quanto o jovem tentasse, ele não acertava.
Gabriel: isso me surpreende, você sempre aprendeu tão rápido.
Hiure: vai ver é o universo falando pra você fazer no dia. Diz com um sorriso forçado.
Gabriel: engraçadinho você.
Hiure: por favor, tio, você é o melhor, quebra essa.
Gabriel: tá, se seu avô estivesse aqui iria mandar eu te ajudar, então acho que tenho que fazer isso.
Hiure: tu é foda tio, valeu.
A noite a casa do Dominante recebeu um visitante, o jovem Heitor foi ver a mãe.
Vaneska: quer comer alguma coisa? Está tão magrinho.
Heitor: eu estou bem, não precisa, só vim saber como a senhora está.
Vaneska: o casamento tá cada dia mais próximo, falta tão pouco.
Heitor: eu ainda não acredito que ele permitiu isso.
Vaneska: você não entenderia.
Heitor: e você não deixaria de defender, óbvio.
Vaneska: não só o casamento, mas a guerra está chegando num nível onde um confronto direto não está tão longe e você sabe o que eu e seu pai teremos que fazer.
Heitor: devia ficar comigo, deixe a guerra pra ele, não precisa se arriscar nessa loucura.
Vaneska: eu sou uma Alpha de Lupina, posso não ser guerreira, mas tenho uma responsabilidade a cumprir.
Heitor: tenho medo de perder você, não me resta muito.
Vaneska: você tem tudo, irmã, mãe, pai.
Heitor: não começa, eu não tenho pai.
Heltar: tão pouco eu tenho filho. Diz surgindo repentinamente.
Vaneska: Helmar, por favor.
Helmar: não fui eu que comecei isso, foi ele, desde o princípio.
Heitor: você nunca vai mudar.
Helmar: estou bem como estou.
O garoto sai pelo quarto, o Alpha olha a esposa que tinha um olhar de reprovação, ele então segue o rapaz e o vê parado diante de uma mesa.
Heitor: ainda tem isso?
Na mesa havia um tabuleiro de xadrez, com peças um tanto velhas e gastas.
Helmar: é óbvio, é uma relíquia de família, meu avô jogou com meu pai, ele comigo e eu com vocês dois.
Heitor: Maria veio jogar?
Helmar: não, ela não joga mais comigo há muito tempo, jogo sozinho, as vezes sua mãe me dá uma surra, mas não é o que eu gostaria que fosse.
Heitor: gostaria de vencer.
Helmar: gostaria de jogar com quem eu nunca deveria ter parado, papai me ensinou que é um jogo de cavalheiros, um desafio ao intelecto e instinto feito por adversários que se respeitam.
Heitor: o vovô sabia das coisas.
Helmar: e me ensinou, mas não tive a oportunidade de passar a diante.
Heitor: talvez porque não houve quem ficasse tempo o bastante.
Helmar: ou quem tivesse peito. Responde amargo.
O rapaz o olha nos olhos e sai, a expressão severa aos poucos foi derrubada por uma abatida, ele pega os dois Reis e os olha, seu filho sempre usava a peça preta, o Alpha a guarda no bolso do paletó.
Os cinco Novos Astros foram reunidos pelos Oficiais na manhã seguinte.
Helmar: recentemente o inimigo os consagrou como Novos Astros e isso tem peso.
Victor: isso deixou muito claro a representatividade que vocês cinco tem para o inimigo e principalmente para nossas tropas.
Lois: eu não concordo muito com a decisão, mas foi 3x1 então não há o que fazer.
Renato: decidimos dar a todos o reconhecimento que merecem, isso vale mais para vocês três.
Hiure: nós?
Victor: exato, todos agora são do mesmo patamar, parabéns, Capitães da Coalisão Lupina.
Ryan: isso é sério?
Renato: muito, vocês provaram seu valor, agora é hora de colherem os frutos, agora suas futuras divisões.
Helmar: Capitã Maria do Oeste, será membro da divisão da Retaguarda, é sua responsabilidade cuidar das costas de seus companheiros das demais divisões.
Maria: eu juro cumprir meu dever.
Wellington: Capitão Rodolpho Medeiros do Sul, seu dever é para com a divisão de Cavalaria, você irá coordenar uma tropa de ataque oportuno, um ataque de poder absoluto.
Rodolpho: eu aceito a responsabilidade.
Marcos: Capitão Ryan do Sul, você irá para a divisão de Caça, deve rastrear e abater inimigos escondidos, serão os olhos e ouvidos no campo de batalha.
Ryan: fico honrado.
Felipe: Capitão Hiure Eduardo, você fará parte da infantaria, a linha de frente do exército, responsável por abrir caminho para seus companheiros, entende isso?
Hiure: absolutamente, agradeço a confiança.
Victor: Capitão Kaique do Sul, a você eu ofereço um cargo na divisão de ataque blindado, uma divisão dividida entre ataque absoluto e defesa absoluta, se acha digno desse dever?
Kaique: nasci pra isso e agradeço o cargo.
Helmar: que assim seja, de hoje em diante não são simples Capitães, vocês cinco compõem parte da elite dessa Coalisão.
Normalmente haveria festa pra comemorar, mas com o casamento se aproximando não havia clima para isso.
Ryan: tá perto, já sabe o que você vai fazer?
Hiure: arrebentar o desgraçado.
Rodolpho: deve ter um plano melhor do que esse.
Hiure: o que mais eu posso fazer?
Kaique: se preparar, sabe como ele luta?
Hiure: só sei que é perigoso.
Rodolpho: sabe quem é o pai dele?
Hiure: Luiz do Braço Vermelho, ele é um candidato a Grande Alpha.
Kaique: mil lobos, é a maior alcatéia do país se desconsiderarmos as quatro daqui e ele é um lobo de classe oito ou nove pelo que ouvi falar.
Ryan: e temos experiência de pais poderosos e o efeito disso nos filhos, esse cara não é de brincadeira.
Hiure: eu já tô treinando.
Kaique: mas não é o suficiente, tem que testar sua força com alguém de fora.
Hiure: quem?
Kaique: os mais fortes são do Leste, vê algum deles pra lutar com você.
Hiure: conheço um Capitão.
Rodolpho: só vê se não vacila.
O caçula então mandou uma mensagem para o lobo em questão, eles continuaram conversando.
No Oeste a Capitã se reunia com seus Alphas.
Vaneska: tô orgulha da sua nomeação, você merece, filha.
Maria: obrigada, mãe, prometo que não vou desapontar ninguém.
Helmar: você nunca foi boa nisso, sei que não vai começar agora.
Maria: oi pai. Diz carinhosa e o abraçando.
Helmar: minha menina, você está linda.
Maria: faço o que posso, aliás, como vocês tem passado?
Helmar: saberia se não fizesse tantas missões.
Maria: eu não consigo ficar parada, você sabe.
Vaneska: seu irmão tem vindo me ver.
Helmar: eu vou ali na cozinha.
Maria: e como tem sido.
Vaneska: quando penso que estão no rumo certo eles desandam e quando penso que não tem mais jeito eles dão um acerto.
Maria: instáveis, como sempre.
Vaneska: o estado comum dessa casa, aliás, ainda não provou o seu vestido.
Maria: pra mim tanto faz, eu não me importo com isso.
Vaneska: eu não gostei dessa ideia desde o começo, mas não vou deixar que seu casamento seja banal, mesmo que seja dessa natureza, vai se lembrar desse dia pra sempre, que ao menos se lembre de estar deslumbrante.
A jovem abraça a mãe e elas vão ver o vestido juntas.
No Sul o caçula dos quatro irmãos estava no seu recém terminado dojo, era amplo, com vários equipamentos de ponta, comprados por indicação do Colossal, o chão era todo coberto por tatames quadrados feitos de bambu e palha prensada, tinham oito centímetros de espessura, sob medida pra suportar os pesos e impactos do treino, a frente do Capitão estava um lobo, era um rapaz de 22 anos, pele parda e cabelos pretos bem cortado, não usava barba, no pescoço era possível ver três marcas de garras indo de um lado ao outro, ambos estavam sentados no chão.
Hiure: recebeu minha mensagem, Carlos, valeu por vir aqui tão rápido e desculpa a pressa.
Carlos: pressa?
O lobo retira seu celular do bolso e abre a mensagem enviada a ele por Hiure.
Carlos: " Capitão Carlos da divisão blindada, venho por essa mensagem lhe desafiar a um duelo, nesse embate de punhos contra uma lâmina qualquer dano a mim será fora de sua responsabilidade, seja mera derrota, mutilação ou até minha morte" foi a mensagem que me enviou, uma mensagem absurda eu devo dizer.
Hiure: tudo o que eu disse é a mais absoluta verdade.
Carlos: Hiure, eu e você já tivemos nossa cota de problemas e brigas antes disso tudo acontecer.
Hiure: me lembro bem, da última vez sua espada estava na minha garganta.
Carlos: e agora você quer repetir o feito?
Hiure: quero uma luta de verdade com alguém de alto calibre, quero me testar.
Carlos: você tem seus feitos sob inimigos caindo por seus punhos e pés, mas estamos falando de uma lâmina empunhada por um Capitão de elite, é suicídio.
Hiure: a responsabilidade de qualquer consequência não vai ser sua.
Carlos: é o que você diz, mas se algo grave lhe acontecer os seus irmãos e seu pai nunca né deixarão em paz.
Hiire: ouvi falar de você nos dois conflitos que tiveram, assumiu um grupo de jovens lobos e abriu caminho pelas fileiras inimigas e salvou mais de cinquenta sem perder um único ômega, é um herói, por isso quis esse duelo, é um lobo que eu respeito bastante.
Carlos: essa luta é uma péssima idéia.
Hiure: talvez não confie tanto assim na sua lâmina agora que estou igualado a você, até acima, afinal, sou um Novo Astro.
Carlos: um título exagerado e dado pelo inimigo!! Fala nervoso.
Hiure: e aceito pelos Alphas e os Astros da primeira geração!! Responde rígido.
Os nervos estavam a flor da pele, até que o convidado se diatrai, ainda sentado Hiure colocou um dos seus pés sob o queixo do convidado, este tenta bater na perna de Hiure, mas ele tira antes e rola para trás e se põe de pé numa postura baixa e firme.
Hiure: eu podia ter arrebentado seu queixo nesse movimento, não esperava que fosse tão distraido. Zomba rindo.
Carlos: você perdeu a cabeça, só pode, não tem noção de perigo!! Rosna feroz pegando a espada ainda na bainha.
Hiure: agora sim, essa expressão feroz é sua verdadeira face, muito melhor do que aquele fingimento de lobo manso.
Carlos: pediu por isso, agora nem os Ancestrais param o que está por vir!! Diz sacando a espada lentamente.
Os dois avançam e a lâmina é solta, o alvo era o tórax do lobo, a espada de fato corta algo, mas não era carne.
Carlos: o tatame como escudo... Pensa consigo.
O lutador usou o tatame para bloquear o golpe, este foi cortado como se fosse manteiga, mas pelo seu tamanho ele os separou como uma parede, então o sulista tratou de esmurrar com toda a força, o Capitão do Leste foi alvejado por uma chuva de golpes que ele nem enxergava até que ele cai de costas soltando a espada.
Carlos: um escudo pra mim, aquilo teria me posto em perigo se fosse direto... Compreende.
Hiure: foi pra nós dois, sua espada fez um bom trabalho.
Ainda caído o convidado pôde ver o kimono branco do lobo cortado e tingido de vermelho, da ferida era possível ver alguns ossos, o sulista fecha seu kimono e leva seu oponente para que fosse cuidado e depois ele se reuniu com seu irmão Kaique.
Hiure: feito.
Kaique: tá sangrando.
Hiure: um pouco.
Kaique: deixa eu ver.
Hiure: eu tô bem.
Kaique: não foi um pedido.
Hiure: su sou um Astro.
Kaique: e eu sou o seu irmão mais velho, tira esse kimono.
O kimono é retirado e o mais velho pôde ver o estrago, se podia ver as costelas do irmão dele.
Hiure: se não fosse o tatame de bambu eu teria sido partido no meio.
Kaique: seus músculos também ajudaram, mantiveram as costelas no lugar, mas e a luta? Pergunta dando os pontos.
Hiure: venci, mas foi por pouco, uns três centímetros.
Kaique: como foi?
Hiure: parecido com a arena, muito parecido na verdade, mas foi muito mais rápido.
Kaique: luta de vida ou morte é assim mesmo, principalmente quando se usa uma arma.
Hiure: percebi, agora é esperar curar.
Kaique: teve cinco costelas cortadas e o externo também foi pro caralho, os pontos ajudam, mas vai demorar uns dois ou três dias.
Hiure: o casamento tá perto, não posso ficar de pernas pra cima esperando o dia chegar.
Kaique: já fez o que tinha que fazer, dê tempo ao seu corpo, nada que fizer agora vai te dar uma força significativa.
A contragosto o caçula aceita e assim faria, mesmo que sua ansiedade o corroesse por dentro.
No Leste as figuras mais importantes se reuniam.
Diego: o pai vai vir ou não?
Ágata: ele não é de se atrasar.
Akira: até onde sabem.
Diego: do que está falando, japonês!?
Akira: paciência, a verdade logo se revelará.
Diego: outra frase de efeito idiota.
Akira: uma boca grande usada apenas pra proferir palavras vazias, até onde vai sua ignorância meu irmão?
Diego: direto na sua cara!!! Grita armando um soco.
Alucard: chega!!
Walter: como crianças, sempre brigando...
Alucard: nunca aprendem.
Diego: Walter, Alucard, onde está o pai?
Alucard: sobre isso, ele não vem.
Ágata: como não? Ele pediu essa reunião.
Walter: nós pedimos.
Diego: nos enganou?
Alucard: viriam se chamassemos por nossa conta?
Ágata: não devemos obediência a vocês dois.
Walter: por isso mentimos.
Ágata: o que querem?
Walter: vocês também não gostaram das ordens do pai sobre os moleques.
Diego: seguimos ordens.
Alucard: e é por isso que você não serve pra liderar, não passa de um brutamontes sem cérebro, ao menos Leonard era inteligente.
Diego: o que foi que disse!?
Akira: parem, todos vocês, somos irmãos, se esquecem disso rápido demais.
Walter: o ponto é que essa ordem é absurda, temos que revidar e com força.
Ágata: vamos matar os garotos, a moral vai vir abaixo.
Akira: negativo, se matarmos eles vão ser simplesmente substituídos, são lobos, milhares deles, se os matarmos só vamos das mais motivos para inimigos se mostrarem cada vez mais implacáveis na busca de conquistas e renome.
Alucard: quase me esqueci o motivo de você estar aqui, afinal é o único de nós que já foi um verdadeiro líder.
Walter: o que sugere?
Akira: dizimem as tropas.
Diego: aí vão simplesmente substituir os soldados mortos.
Akira: e ao mesmo tempo vamos fazer todos duvidarem da competência e da liderança deles, soldados que se questionam em relação ao comandante estão fadados ao fracasso.
Ágata: o japonês está certo, isso sim iria abalar a moral deles.
A paz ou boa sorte eram artigos raríssimos nesses tempos de crise, os Alphas se reuniram.
Helmar: isso já está quase acabando, os doze meses de prazo já estão chegando ao fim.
Victor: ainda temos muito o que fazer.
Renato: as tropas já estão prontas por si só, quanto aos equipamentos?
Lois: o arsenal está cada vez mais baixo, gastamos muito nas operações de investida e repelimento.
Victor: meus filhos estão produzindo em massa, mas não posso desviar produtos da minha empresa sem levantar suspeitas.
Helmar: e é por isso que eu fiquei encarregado de comprar as armas e ter o valor dividido entre nós quatro.
Lois: não seremos descobertos, o dinheiro vem de contas não rastreaveis e a carga segue para os portos, de onde não partem ao mar, mas sim pra cá por nossos caminhões.
Renato: e quanto os outros recursos?
Helmar: adamantina é um metal muito caro para ser distribuído por milhares, oficiais de mais alta patente irão receber equipamentos desse material.
Lois: e quanto a madeira?
Helmar: está vindo da Alemanha, um traficante de lá me deve uns favores.
Victor: o suficiente pra traficar madeira da Árvore da Vida?
Helmar: o suficiente e ainda tá me devendo, mas não existe muito desse material por aí, mesmo no mercado negro não são muitos que tem coragem de trabalhar com ela.
Renato: pode acabar atraindo atenção vinda da França.
Helmar: coisa que seu vice odiaria.
Renato: nenhum de nós quer isso.
Helmar: a guerra pode acabar atraindo essa atenção.
Lois: só se pisarmos na bola, temos que garantir que a Lei de Ocultação Sobrenatural não seja atentada, acabariamos com um problema ainda maior que os vampiros.
Helmar: por mim essa lei nem existiria, tô farto de viver pisando em ovos, ter que me esconder dentro do meu próprio território.
Renato: a lei é soberana e a retaliação contra quem atenta contra ela é severa, você sabe.
Helmar: certo.
Victor: quanto da madeira esta vindo?
Helmar: oitocentos quilos, foi tudo o que pude achar.
Victor: é muito pouco.
Helmar: então garanta que as armas feitas sejam boas e dadas nas mãos de quem merece.
O carregamento viria de maneira clandestina a mando do Dominante, mas nem isso iria tirar algo do seus pensamentos, a serimonia já batia a sua porta; no dia do casamento os ternos foram vestidos, vestidos postos, maquiagem feita e cabelos alinhados, o pai e a mãe da noiva vestia azul, seu cabelo estava preso num coque bem feito, já o Dominante usava um terno cinza, com uma camisa branca e uma gravata estampada, em seu pulso havia um belo e grande relógio prateado, cabelo penteado para trás e sua expressão era firme e rígida, do outro lado estava o pai do noivo, Luiz era um homem de 44 anos, rosto magro, com uma expressão séria e calma, usava terno preto e só olhava para a frente, no altar estava o noivo, Henrique usava um belo terno na cor vinho com camisa azul num tom um pouco mais escuro que eles olhos, tinha um rosto juvenil e cabelos loiros escuro, ele parecia um tanto nervoso, até que a marcha começa, da porta se podia ver Helmar de braço dado com a noiva, um vestido branco delicado e elegante, o rosto do Alpha demonstrava desconforto e até raiva, ele passa por Heitor que vestia um paletó branco com camisa vermelha, ele olhava com indignação para o Alpha, este a entrega no altar ao noivo, o jovem estende a mão, mas não é correspondido, Helmar se senta ao lado da esposa e lhe dá a mão, o sacerdote então dá início.
Sacerdote: nos reunimos aqui hoje para consagrar e perpetuar a união desse jovem casal, Henrique Monteiro e Maria Júlia, uma união incomum mos dias de hoje, mas isso não muda sua importância para ambos os lados...
O casal se olhava, o rapaz com um sorriso até bobo, já a noiva tinha um olhar baixo e pensativo, ele então ergue o queixo dela devagar.
Henrique: tá tudo bem, vai dar tudo certo.
Maria: eu... Diz sendo interrompida por um barulho forte.
O som ela conhecia muito bem, era um ronco de motor inconfundível, as portas da igreja então são abertas abruptamente, o Capitão Hiure era o responsável.
Hiure: me diz que eu cheguei na hora do "fale agora ou cale-se para sempre".
A presença dele retirou um sorriso da loba, mas essa disfarçou logo, já seu noivo estava indignado.
Henrique: o que significa isso!?
Hiure: justiça, eu vim parar esse circo todo.
Luiz: como disse?
Hiure: Luiz do Braço Vermelho, é um prazer, eu respeito seu nome e força, por isso peço desculpas pelo transtorno.
Luiz: quem é você?
Hiure: sou Hiure Eduardo, Capitão da Coalisão e um dos Novos Astros.
Luiz: Eduardo? Filho do Bravo, estou certo?
Hiure: correto, sei muito sobre o senhor, o único lobo fora de Lupina capaz de disputar com os figurões daqui.
Luiz: interromper o casamento do meu filho não demonstra todo esse respeito.
Hiure: eu lamento, mas é necessário, eu exijo desafio da dominância.
Henrique: você está louco, isso é antiquado, ninguém mais faz isso.
Hiure: assim como casamentos políticos, mas aqui estamos nós, é injusto e mesquinho não aceitar algo só porquê lhe trás riscos.
Henrique: eu não...
Luiz: já chega, quem decide isso sou eu.
Henrique: obrigado, pai.
Luiz: um desafio desses não pode ser feito levianamente, o que oferece em caso de sua derrota?
Hiure: a minha integração a sua alcatéia, nem meu Alpha ou meu pai tem poder pra revogar isso, se eu perder eu entro pra sua alcatéia, mas...
Luiz: mas?
Hiure: se eu vencer ela fica livre.
Luiz: livre pra se casar com você?
Hiure: livre pra escolher o que quiser por si mesma.
Luiz: que assim seja.
Henrique: mas, pai...
Luiz: honre a tradição, honre a mim.
O jovem lobo abaixa a cabeça aceitando a decisão.
Luiz: como vai ser?
Hiure: lá fora, lutamos como quisermos.
Henrique: tragam minha espada.
Um dos lobos da alcatéia do Braço Vermelho trouxe uma lâmina, podia ser descrita como elegante e graciosa, um florete fino, o rapaz viu algo assim pouquíssimas vezes.
Hiure: acho que vou querer uma espada também.
O Dominante saca a espada de um de seus lobos e joga aos pés do rapaz, Hiure então a pega, era estranho, mas o faria, armou guarda se espelhando no irmão, seu oponente tinha uma postura estranha, com a mão livre apoiada na cintura, eles estão atacam, as lâminas colidiram ferozes, ataque e defesa sendo usados em instantes, os olhos dos dois Alphas seguiam cada mínimo movimento dos dois, Maria via tudo com nervosismo, Hiure golpeava bem e com força, mas lhe faltava habilidade e experiência, isso deu toda a vantagem para seu oponente, até que uma estocada acerta o ombro direito de Hiure e ele abaixa a guarda, recebendo um corte no rosto.
Helmar: moleque burro, você não é um espadachim, larga essa merda!! Pensa consigo.
Maria: desiste disso, desiste de mim logo... implora em pensamento.
O Capitão se levanta, o corte não foi tão profundo e ele recomeça o duelo, mas a cada instante ficava evidente a diferença de um para o outro.
Henrique: veio até aqui com essa esgrima ridícula, patético!!
Hiure: não vai ser quando eu cortar a sua cara!!
Henrique: que nem eu fiz com você agora a pouco?
O Astro atacava com raiva, caiu na provocação e isso lhe custou mais três ferimentos, os cortes ardiam, ele podia sentir o sangue escorrendo debaixo da roupa, seu oponente tinha toda a vantagem, até que ele dispara e salta, seu golpe vinha de cima para baixo com a espada, o noivo desviou, ia revidar, mas assim que sua estocada é dada ele tem sua lâmina desviada para o lado com a espada de Hiure e um soco violento acerta seu estômago o tirando do chão e o derrubando.
Helmar: isso!! Deixa escapar uma comemoração.
Maria: ele... venceu, eu tô livre?
O Novo Astro larga a espada e caminha na direção da loba, eles já estavam próximos quando algo vem voando pelas costas do lobo, era só uma pedra, ele só a quebrou, mas isso abriu brecha, ao perceber já era tarde, a espada de Henrique o perfurou do estômago até sair nas costas.
Hiure: eu derrubei você...
Henrique: um soco, acha que é o suficiente? Com quem você acha que está lidando?
O noivo aos poucos se transformou na glabro, 2 m, ele retirou a espada e deixou seu oponente cair no chão, Hiure salta repentinamente, recebeu um corte no peito, mas era um preço a se pagar pela distância, seu paletó ele rasgou e pelos começaram a crescer, sua altura aumentou, as roupas caíram do seu corpo, 2,40 m, a fera encarava seu adversário.
Luiz: crinos, como o pai, não me surpreende.
Eles entram em combate de novo, os socos e chutes do Capitão erravam por pouco, mas davam aberturas para golpes que Henrique aproveitou bem.
Hiure: esse cara tá me fazendo de almofada de alfinete, mas... mas não corta tanto, é isso, aquela espada fina é frágil, não suporta o impacto, então se eu acertar a espada...
O rapaz ataca, era uma rasteira, o seu oponente pula e tenta uma estocada, mas Hiure desvia é segura a lâmina, sua outra mão vinha com a palma para quebrar a espada, mas Henrique conseguiu puxar de volta, mas em resposta ele mesmo levou o golpe direto no rosto, aquilo o feriu, mas não o abalou.
Hiure: merda!! Ele percebeu.
Henrique: parece que esse imbecil não é tão burro, eu sei o que quis fazer, mas isso vai ser seu fim.
A velocidade do noivo era absurda, Hiure tinha que se esforçar muito para seguir, mas sua forma grande e pesada tirava parte de sua agilidade, isso o tornava um alvo fácil, até que Henrique parte direto contra ele, mais uma estocada, Hiure prepara um soco, mas no último instante Henrique salta e desfere um corte que atingiu da clavícula esquerda até a coxa esquerda de Hiure, cortou ossos, músculos e órgãos no processo.
Henrique: "uma espada fina feita pra estocar, deve ser frágil, não deve cortar tão bem" foi isso que você pensou, uma dedução plausível, mas errada, se entendesse de espadas saberia que nas mãos certas tudo é possível.
Hiure: eu tava te vendo da maneira errada, erro meu, devia ter te encarado com pessimismo e calma, fui arrogante e apressado e você se aproveitou disso.
Henrique: a mente é a força do corpo, mas a sua está perturbada.
Hiure: só consigo pensar nela.
Henrique: não é o único.
Hiure: você não sabe nada dela!
Henrique: eu sei que ela ama cuidar dos outros, acredita em signos e no olho por olho, não desiste do que quer e faz de tudo por quem ama, acertei?
Hiure: como sabe disso?
Henrique: acha que é o único que ama ela, acha que eu só a conheci agora? É verdade, é a primeira vez que nos vemos pessoalmente, mas temos conversado desde que ela surgiu com a proposta do casamento, eu achei um absurdo, mas a determinação dela, estar disposta a isso, eu quis saber mais e quando soube eu me apaixonei.
Hiure: eu não... eu não esperava que...
Henrique: não esperava que meus sentimentos fossem tão reais quanto os seus?
Hiure: se a ama, então deixa ela livre pra escolher o que quer.
Henrique: é óbvio que ela vai te escolher, ela não me ama, mas com tempo, paciência e convivência ela também vai me amar, eu sinto isso.
Hiure: ela vai se acostumar, isso não é amar.
Henrique: eu não sou o vilão aqui, não propus nada, só aceitei, aceitei por admiração e respeito, não somos um casal comum, mas isso não te dá o direito de tirar nossas chances de sermos felizes.
Hiure: não, não me dá o direito, mas me dá vontade de te arrebentar até você desistir dessa loucura!!
Henrique: faça o que achar melhor!!
Ataques eram soltos com toda a selvageria e potência que o Capitão podia dar, mas nada funcionou, tudo o que conseguiu foram mais ferimentos, seu sangue banhava o chão e até pedaços de sua carne caiam dele, o rapaz estava fraco quando outra estocada veio, ia na direção do seu rosto, rápido demais pra desviar, a lâmina perfura e o sangue cai, a mão do lobo foi atravessada, mas graças a isso ele impediu que fosse no rosto, ele então forçou a mão perfurada até chegar no punho da espada e o segurar junto da mão do rapaz.
Hiure: desviou de tudo até agora, mas eu quero vez desviar assim!! Rosna para ele.
Henrique: que tática besta.
O noivo saca uma adaga das costas e abre a barriga de Hiure, isso o fez vacilar e soltar o aperto.
Henrique: também não é como se eu não conseguisse rasgar a sua mão!!
A espada saiu pelo lado, a mão de Hiure estava com metade dela pendurada.
Henrique: foi um bom duelo, mas acaba aqui.
O Capitão caiu sobre os joelhos, o noivo então salta e usa sua espada como guilhotina, mas em plena queda seu rosto é agarrado e ele tem seu braço direito quebrado o que o faz perder a espada.
Henrique: mas... como!?
Hiure: eu conheço sim essa espada e sei que ela vem acompanhada de uma faca ou algo assim, precisava descobrir onde voce escondia, os meus ferimentos te deram a confiança necessária pra te fazer abaixar a guarda, essa espada longa e essa velocidade absurda servem pra esconder sua falha.
Os olhos e ouvidos do noivo não podiam acreditar naquilo.
Hiure: só te acertei duas vezes, mas eu notei que machucou bastante, você é bom, mas é muito frágil, por isso mantém distância e desvia de tudo, mas agora eu finalmente te peguei!!!
O Capitão o soca incontáveis vezes enquanto segurava seu rosto, tórax, pernas, abdômen, braços, tudo foi alvejado até que ele por fim solta Henrique, esse cai inconsciente no chão ensanguentado pelos dois, um manto foi dado a Hiure, se cobriu e se vestiu com uma roupa simples que ele tinha na mala do mustang, estava quase desabando totalmente.
Luiz: venceu o desafio.
Hiure: criou um filho muito forte, eu admito isso, se não fosse pelo meu treino eu teria sido morto sem nem ter visto o ataque.
Luiz: não preciso de palavras bonitas e elogios, você venceu e ponto, não há o que ser acrescentado.
Hiure: desculpa por envergonhar sua alcatéia.
Luiz: o casamento não vai acontecer, a serimonia está definitivamente cancelada.
Toda a alcatéia do Oeste comemorou, diferente da alcateia de Luiz, mas o mesmo foi até o Dominante e lhe estendeu a mão.
Luiz: a aliança vai ser feita.
Helmar: o casamento não vai ocorrer.
Luiz: eu nunca quis esse casamento, sua filha veio até nós e meu filho aceitou, eram adultos, aceitei a decisão, mas nunca concordei.
Helmar: vai lutar conosco?
Luiz: vou matar vampiros com vocês.
O rapaz nem podia acreditar, a conclusão foi inesperada e melhor do que ele queria, ele se ergue devagar e vê o Braço Vermelho a sua frente.
Luiz: há muitos anos eu enfrentei o seu pai numa luta parecida com essa, 1x1 entre Monteiro e Eduardo, um dia vamos desempatar isso, eu e você.
Hiure: talvez eu demore.
Luiz: vou aguardar.
O vencedor por fim encara o Dominante que o olhava por cima, mas não com desdém, Vaneska o agradecia num abraço, Heitor confirma com a cabeça, já Maria vinha até ele sorrindo.
Maria: está bem?
Hiure: só dói quando eu vivo, o que tá constante.
Maria: você com certeza é o lobo mais inconsequente e incrível que eu já conheci... Diz sorrindo enquanto era atrapalhada pelo choro.
Hiure: por que botou inconsequente antes de incrível?
Maria: lobo bobo.
Hiure: melhorou.
Maria: obrigada, por tudo, obrigada por fazer isso por nós.
Hiure: não foi por nós, foi por você, não vou me arrepender disso nunca, independente do que aconteça daqui por diante.
Maria: amo você.
Ele a abraça e a puxa pra si, mas antes do beijo uma voz surge furiosa.
Henrique: não toque nela!!! Fique longe da minha noiva!!
Hiure: já chega, acabou.
Henrique: só acaba quando eu decidir, ela vai ser minha, ou eu mato vocês dois aqui e...
O ex noivo é interrompido por um ataque súbito.
Heitor: escuta aqui seu merda, quem mata também pode morrer, ouviu bem!? Quem mata, morre!! Se você chegar perto da minha irmã eu mesmo vou dar fim na sua vida, juro pela lua cheia que te mato!!! Grita segurando seu colarinho.
Mesmo sendo um beta ele foi capaz de abalar o alpha derrotado, ele então o solta e o deixa caído, enquanto saia ele tem uma mão pousada em seu ombro.
Helmar: falou bem, até eu me surpreendi.
Heitor: não fiz isso pra te agradar, fiz porquê eu a amo.
Helmar: onde quer chegar?
Heitor: quero dizer que era sua responsabilidade resolver isso.
Helmar: sua irmã fez a escolha dela como adulta, eu respeitei isso.
Heitor: incrível, não é? Você aceitou a decisão adulta dela sobre se casar politicamente com Henrique, mas não respeitou a decisão dela de um relacionamento genuíno com Hiure.
Helmar: onde quer chegar?
Heitor: seu respeito é parcial, você não respeitou, só aceitou o que lhe convinha, agora você deve a liberdade e alegria da sua filha ao lobo que você tanto odeia, isso já é castigo o suficiente.
O Alpha teve que engolir seus berros e a afronta de Heitor, pois ele de fato estava certo e a dívida pesava na mente dele.
Pela noite os Novos Astros se reuniram pra comemorar, bebida e muita carne, como sempre, até que o mais velho se levanta.
Rodolpho: fuder um casamento, essa foi boa, só você mesmo.
Hiure: e faria de novo, mas dou o braço a torcer, o cara era forte, um esgrimista muito bom.
Kaique: porra nenhuma, dava uma surra nele de boa.
Ryan: mas a serimonia foi interrompida, acho que devemos dar continuidade.
Hiure: que?
Maria: que merda é essa agora?
Kaique: eu vou ser o padrinho da nanica.
Maria: você?
Kaique: só aceita.
Ryan: eu sou o padrinho do pirralho.
Hiure: te fuder, Ryan, pera, Rodolpho vai ser o que?
Rodolpho: eu vou consagrar a união.
Hiure: nem por um cacete, vai é amaldiçoar meu namoro.
Rodolpho: cala a boca, peste, deixa eu falar.
Hiure: vai falar bosta.
Rodolpho: eu fui o único que não os viu juntos, mas vou ver agora, vocês passaram e vão passar por uma paradas bem caóticas, mas vão estar juntos, venham aqui.
O casal se aproxima e fica diante do mais velho.
Rodolpho: Hiure, você promete fazer merda, ser teimoso, discutir, quebrar tudo e no final dar o braço a torcer de maneira vergonhosa?
Hiure: vai pra merda, gordo.
Rodolpho: só concorda, porra.
Hiure: concordo, eu vou fazer tudo isso.
Rodolpho: e Maria, promete querer quebrar a cara dele, quebrar as vezes, brigar por besteira e no final fazer as pazes daquele jeito.
Maria: Rodolpho!!!
Rodolpho: casal chato da porra, concorda logo, caralho.
Maria: aceito.
Rodolpho: eu agora os consagro namorados e enjoados e as alianças?
Ryan: aliança o que Rodolpho!? Tá doidão.
Kaique: tem essa porra aqui não.
Rodolpho: vamos usar cachaça mesmo, é o que tem, um brinde!!
Assim fizeram, com bebida mesmo, um pouco de riso e festa pra aplacar toda tristeza e sangue, mas tudo isso não passava de um intervalo repentino, pois as forças opressoras tramavam contra tudo o que os lobos mais prezavam e coisas grandes estão por vir.Continua...
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Presas e Garras
LobisomemEm uma cidade do Rio de Janeiro chamada Lupina existem quatro alcatéia dominantes, a cidade foi dividida pelos antigos Alphas, na alcatéia do Sul vivem os quatro jovens principais, Rodolpho, Ryan, Kaique e Hiure eram mais do que amigos, verdadeiros...