Presas e Garras

Consequências

O Tenente Paulo perdeu a luta contra os lobos, dezenas de caçadores morreram e o armazém queimou, isso fez com que muitos caçadores o questionasse, alguns pediram até que ele fosse rebaixado, apenas Carlos ficava do lado dele, dizendo que Paulo fez tudo o que pode, aumentou a guarda e participou da mesma pessoalmente, Paulo nada dizia, apenas ficou em silêncio depois do ocorrido, ele se culpava pelas mortes dos seus caçadores.
Carlos: já é hora de você reagir não acha?
Paulo: eu estou, olha minha reação. Diz enchendo o copo com vodka russa.
Carlos: tem bebido feito um doido, não faz a barba e pelo cheiro desse lugar você tem dormido por aqui e sem banho.
Paulo: virou minha esposa agora? Porra! Reclama irritado.
Carlos: sou seu braço direito e melhor amigo, você tem que reagir, a morte deles não foi culpa sua.
Paulo: não? Eu sou o Tenente responsável por essa cidade, o que acontece aqui é responsabilidade minha sim.
Carlos: você não os matou, fez o seu máximo como Tenente.
Paulo: pro inferno. Diz bebendo todo o conteúdo do copo.
Carlos: é melhor você reagir logo.
Paulo: e pra que eu iria querer fazer isso?
Carlos: bom, se você quer ouvir os sermões de meia vida do velho fique a vontade, só não diga que eu não avisei.
Paulo: Eugênio ou Ricardo?
Carlos: e faz diferença estando nesse estado deplorável que você se encontra?
Paulo: quando?
Carlos: fim de tarde.
Paulo: tá certo, eu vou dar um jeito nisso. Fala em desânimo
O Tenente arrumou o cabelo, tomou um banho seguido de inúmeras piadas de Carlos sobre fedor e limpeza e por fim fez a barba deixando apenas as costeletas bem desenhadas.
Carlos: agora tá parecendo gente.
Paulo: falando assim faz parecer que eu estava igual a um bicho do mato.
Carlos: chegava perto na verdade, dava pra confundir.
O Tenente e seu braço direito foram andar pela cidade, todos os soldados cochichavam e davam as costas, isso deixava Paulo incomodado.
Caçador: senhor. Diz se aproximando.
Paulo: fale.
Caçador: um alpha nivel 6 descontrolado está nos limites da cidade, está no ferro velho.
Paulo: como é? Preparem minha moto já!! Grita indo em direção ao seu escritório.
O caçador corre para a garagem, enquanto isso o Tenente revira estantes e gavetas como um louco.
Paulo: onde estão!?
Carlos: o que está procurando?
Paulo: as infernais... Achei, é só xingar. Diz erguendo suas facas.
Já na garagem ele embarca na moto e sai com toda a velocidade.
Caçador: sim? Sim entendido, obrigado.
Carlos: soldado.
Caçador: o Tenente não é mais necessário lá.
Carlos: e por qual motivo?
Cacador: o Coronel Ricardo está no local.
Carlos: mas disseram que um Coronel iria chegar no fim da tarde!! Fala desesperado.
Caçador: não sei os detalhes Sub Tenente.
Carlos: agora é aguardar.
Num lugar que fica a 16 km do quartel, um lobo alpha estava lutando com alguns caçadores, estes conseguiram o prender em correntes de aço, no entanto a força da fera era tamanha ao ponto de arremessar os oponentes pra longe com facilidade, seis sargentos tentavam segurar o monstro descontrolado até que uma voz soa autoritária.
?????: soltem essas correntes agora. Impõe confiante.
O lobo é solto e pula na direção do homem à sua frente, esse por sua vez agarra o pescoço do lobo e o choca no chão, o lobo tenta um ataque rasteiro, porém o homem se defende com facilidade e empurra o peito do lobo que foi jogado sete metros de distância, o alpha levanta e tenta correr, os caçadores alertavam o homem que lutava.
?????: como gostam de tentar encher meu saco.
Caçador: ele está fugindo Coronel!! Grita em alerta.
?????: o que? Não, aquele é ele sendo nocauteado. Fala confiante.
Como se não fosse nada ele arremessa uma roda de trator que acerta a cabeça do alpha, assim que o lobo cai no chão Paulo chega e vê o cenário da luta, ele olha fixamente e irritado para o Coronel.
?????: como vai?
Paulo: pior agora, o que você veio fazer aqui velho?
Os caçadores do Coronel se irritam com o comentário de Paulo e o atacam, eram sete, três saltam pra cima do Tenente.
Caçadores: fale direito com o Coronel, seu merda.
Paulo: fiquem fora disso!! Grita autoritário.
Em segundos Paulo derrubou os três facilmente, o restante tentou um ataque frontal.
Paulo: isso não tem fim!?
Ele arremessa a carcaça de um velho carro neles, ela os acertos e os choca contra outra sucata.
Paulo: mais alguém? Acho que não.
?????: aprendeu bem.
Paulo: não fique aumentando seu ego Ricardo.
Ricardo tinha setenta e quatro anos, tinha 1,78 m, usava calças jeans e botas militares, camiseta preta, usava um casaco cinza e tinha a barba feita, cabelo meio curto já  grisalho, apesar da idade avançada ele mantinha um porte físico excelente, podendo ser facilmente confundido com um pugilista peso pesado.

Ricardo: acho que você não vai me chamar de professor mais. Fala sorrindo.
Paulo: o que trouxe um Coronel até a minha cidade?
Ricardo: fora o fato de eu ser o Coronel do sul e essa cidade se situar no sul?
Paulo: não veio por causa desse cão raivoso.
Ricardo: não mesmo, o que me trouxe aqui foi você.
Paulo: pode falar.
Ricardo: não aqui, isso é um ferro velho, vamos para o quartel.
Os soldados acordaram depois de uns minutos e entraram em dois carros, o tenente voltou de moto e o coronel usou seu jeep troller, já no quartel os dois entram na sala, Paulo pega uma dose de vodka e o coronel acende uma charuto.
Paulo: essa coisa fede.
Ricardo: ao menos não me derruba garoto.
Paulo: o que você quer? Fala sem paciência.
Ricardo: certo, eu sei tudo o que aconteceu.
Paulo: se veio aqui me dar lição militar me poupe.
Ricardo: NÃO!! Você vai ouvir!! Grita irritado.
Essa alteração no humor de Ricardo assustou o jovem caçador.
Ricardo: caçadores mortos, armas e bestiários queimados, você vencido e envergonhado, faltou alguma coisa?
Paulo: não senhor.
Ricardo: como Tenente você não é capaz de fazer o que é necessário.
Paulo: e o que será?
Ricardo: você não merece esse lugar, não merece seu poder, não merece o seu título...
Grita rasgando sua jaqueta de tenente.
Paulo não tinha reação ao que estava ocorrendo, em sua face se mantinha uma expressão de surpresa.
Ricardo: eu arranco de você o seu posto, você nunca mais vestirá essa farda! Fala em imposição.
Paulo: Coronel eu...
Ricardo: vestirá estas. Diz estendendo um paletó de Capitão.
Paulo: o que?
Ricardo: seu esforço foi óbvio, sua tática e liderança impecáveis, eu soube que o lobisomem era um classe 6 na lua cheia, o que lhe faltou foram números, isso agora já não é mais um problema.
Paulo: você tá maluco velho!? Quase tive um ataque seu bode decrépito.
Ricardo: devia ter visto a sua cara. Fala rindo apontando para o ex tenente.
Paulo: espera, só quem pode promover é o General ou com a ordem dele caso ele não possa estar presente.
Ricardo: porra nenhuma, eu já mandava em tudo quando ele mal sabia manusear uma faca.
Paulo: agradeço, Coronel. Diz vestindo o paletó e batendo continência.
Ricardo: boa sorte Capitão, de agora até sua promoção você está no comando da metade norte desse estado e pra isso você ganha mais quatrocentos caçadores, armamento nível 6 e uma nova base, é na capital.
Paulo: mas e Carlos? Pergunta com preocupação.
Ricardo: ele também será promovido e será um dos seus dois Tenentes.
Paulo: farei meu melhor.
Ricardo: você sempre faz, mais uma coisa, a base da capital é a c-3 os caçadores de lá são absolutistas por conta do antigo Capitão.
Paulo: e ele foi promovido a Major, ou seja manda em mim.
Ricardo: sinto muito.
Paulo: tudo bem, espera como você soube dos episódios com os lobos.
Ricardo: eu tenho ouvidos e meus ouvidos tem ouvidos. Fala dando risada.
Paulo: confuso como sempre.
Ricardo: fica longe do Eugênio ouviu? Ele tem estado um pouco irritado com tudo, não é boa idéia se meter no caminho dele.
Paulo: tudo bem.
Carlos recebeu de bom grado sua promoção, na manhã seguinte Paulo foi para a capital, já na base ele não foi bem recebido pelos caçadores de lá, falavam dele pelos corredores, falavam sobre sua pouca idade em relação ao posto, apesar de ficar extremamente incomodado ele deixava passar desde que eles não fossem insubordinados para com suas ordens, esse era o novo desafio, dobrar a c-3 ao seu favor.

Continua...

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