Avanço

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A revelação é feita, um segredo centenário agora tinha Hiure como guardião e este fica atônito com a verdade.
Hiure: OLIVEIRA!? Esse é o sobrenome do General dos caçadores!!!
Helmar: é sim, ele é descendente daquela família, assim como Heitor, Maria e eu.
Hiure: por isso ele é um absolutista, é quase uma herança de ódio.
Heitor: isso mesmo.
Helmar: o que me fez chegar a uma conclusão lógica, foi o General que ordenou que Turner desse foco aos meus filhos.
Heitor: agora faz sentido, Turner uniu isso com o desejo de matar Hiure, mas Maria foi o alvo principal que lhe foi ordenado.
Hiure: quer dizer que...
Vaneska: Robert Turner deu o golpe fatal, mas a mando do General Oliveira, ambos são os culpados.
Helmar: e é por isso que vou pessoalmente acabar com a raça daquele caçador medíocre e covarde!! Impõe severo.
Hiure: tudo o que ouvi aqui hoje ficará guardado e seguro Helmar, morrerei antes de revelar esse segredo.
Helmar: desculpe colocar isso nos seus ombros, mas é a tradição da família.
Hiure: não se preocupe, eu vou indo, boa noite a todos. Fala de saída.
Antes de sair uma voz o impede em um aviso.
Vaneska: cuide do meu filho Pelo Negro, é sua responsabilidade. Impõe séria.
Hiure: cuidarei do meu aluno e oficial, tenham certeza. Fala pouco antes de sair.
O alpha chega a casa e antes de tocar a porta ouve o choro de Ítalo e a voz de súplica de Pérola, mas ele para pra ouvir antes de entrar.
Pérola: vamos lobinho, é abacate, você gosta.
Ítalo: não! Eu não quero!!
Pérola: quer jantar então? Uma comidinha bem gostosa?
Ítalo: não quero você!! Quero minha mamãe e meu papai!! Grita em choro.
Pérola fica sem reação e nessa hora o lobo entra, o filho para de chorar e corre até as pernas do pai que o pega no colo.
Hiure: tá chorando de que?
Ítalo: quero meu papai e mamãe, só.
Hiure: já falamos disso, a mamãe tá no céu e o papai tá sempre aqui, Pérola vai cuidar da gente agora.
Ítalo: ela não é a mamãe, não é! Chora triste.
Pérola deixa a cozinha e Hiure dá de comer ao filho, este foi bem alimentado, brincou um pouco e logo depois dormiu, Hiure o colocou na cama e foi para seu quarto onde Pérola estava lendo um livro, ele se aproximou devagar e com calma se sentou na cama, pegou o livro e o colocou sobre o criado mudo e ela suspira desistente.
Hiure: não se revolte com ele, é só uma criança triste.
Pérola: eu sei lobo, não me irritou, só confirmou o que eu previ, ele não me aceita e nem poderia.
Hiure: Ítalo só está confuso, vai melhorar.
Pérola: impossível Hiure, era a mãe dele, você esqueceria a sua?
Hiure: eu só não quero que haja problemas na nossa família, só quero paz.
Pérola: eu sei, não se preocupe comigo, tá bem?
Hiure: sabe que não rola, vou tentar dar um jeito, só não sei ainda como.
Ele se deita ao lado dela, a luz é apagada e ele se vira para o lado oposto ao dela, mas a loba o puxa pra si e eles dormem abraçados, com ele a envolvendo protetor.
Em Lupina corre a notícia do retorno de Joe e da matilha do inferno, o Selvagem vai para sua casa, toma um longo banho e esfrega as mãos até ferir, na pia ele vomita e ao se contemplar no espelho ele se vê enojado pelo que vê e fez.
Joe: qualquer coisa pra te manter segura, qualquer coisa. Fala ofegante.
Joe se joga em sua cama, mas incapaz de dormir, sua mente o levava de volta ao massacre, sangue e gritos de súplica de piedade.
A semana veio nublada, o acampamento foi coberto por nuvens cinzas que impediam o brilho do sol, mas isso não foi impedimento para os treinos insanos, Hiure comandava suas tropas até que três indivíduos chegam até ele, os três cães estavam com expressões orgulhosas.
Hiure: disse pra me procurarem quando tivessem terminado o que mandei.
Lúcio: terminamos.
Bryan: brincou.
Arthur: vamos lá?
Hiure: agora!!
O Coronel os seguiu até onde ele ordenou que treinassem, Fernanda vai até uma árvore, suas garras surgem com mais volume e comprimento, verdadeiras armas, ela então começa a desferir golpes rodeando a árvore, os golpes marcavam o tronco, de suas mãos não caiu uma única gota de sangue, Hiure a parabeniza pelo feito, Arthur foi o próximo, dois troncos de árvore foram amarrados com correntes de adamantina.
Arthur: quanto você acha?
Hiure caminha e toma os dois troncos no braço esquerdo e os solta.
Hiure: novecentos e cinquenta quilos, mais ou menos.
Arthur toma as correntes nas mãos e força, seu maxilar se contraiu pelo esforço e os troncos deixam o chão e são suspensos pelo rapaz.
Hiure: muito bom mesmo, sua vez lutador.
Lúcio foi até onde treinou, pedaços das pedras estavam pelo chão, marcas dos golpes estavam presentes no paredão, Lúcio então solta um chute lateral que marca uma rocha, sua cotovelada tirou um pedaço e seu punho afundou a rocha.
Hiure: mais rápido do que o que eu esperava, agora estão com base para o treino de verdade, para onde iniciamos.
Eles seguem o Coronel e se alinham novamente.
Hiure: alguns treinos vocês poderão fazer juntos, como defesa contra armas variadas, pra isso eu chamei o especialista.
Uma figura surge devagar e a cada passo o som de metal eram ouvido, a Fera Branca surge muito bem equipada.
Hiure: valeu Dan.
Daniel: se preocupa não, esses são os alvos?
Hiure: são, preciso que prepare eles contra tudo quanto é tipo de arma branca.
Daniel: é comigo mesmo.
Hiure: ótimo, eu vou indo.
Fernanda: achei que ia nos treinar diretamente. Questiona.
Hiure: ainda não, mas falta pouco, quanto mais rápido vocês aprenderem o que ele vai ensinar, mais próximos da minha tutela estarão.
O Coronel desce para continuar com seu dever para com a sua tropa e Daniel fica com os três.
Daniel: cada um de vocês tem um estilo particular, vou treinar cada um em base no estilo de vocês, vai doer.
Fernanda: tivemos uma prova, unhas perdidas, dedos quebrados, ossos triturados e por aí vai.
Daniel: ordens dele não é?  As vezes ele pega muito pesado, em fim, vamos começar!! Fala mostrando seu enorme arsenal.
O lobo se juntou ao Indomável e a Alpha Ruiva.
Pérola: voltou?
Hiure: treino de defesa contra armas brancas.
Bryan: Fera Branca.
Hiure: exatamente, você é a próxima Pérola.
Pérola: eu? Por que eu? Eu não.
Hiure: ninguém é tão bom quanto você com armas de fogo, quebra essa.
Pérola: tá bom, mas não vai sair de graça. Fala maliciosa
Hiure: fechado. Fala no mesmo tom.
Bryan: desnecessário, muito desnecessário mesmo. Fala ao lado deles.
O casal ri com o comentário do gigante lobo.
Heitor tomou as rédeas, aos poucos ia tendo cada vez mais  responsabilidades e isso deixava seu mestre orgulhoso, a noite chega junto de uma tempestade de raios constantes, ventos fortes e chuva intensa, os três em sua cabana, o pequeno ficava na janela olhando tudo, adorava o clarão que os raios criavam, Hiure ficou surpreso pela falta de medo do filho.
Hiure: gostou da chuva filho?
Ítalo: luz barulhenta papai.
Hiure: são raios, fala, raio.
Ítalo: raio? Raio é bonito.
Hiure: você é um lobinho bem estranho, come de tudo, não tem medo dos lobos, nem de raios, será que temos um alpha bebê aqui? Fala o levantando e fazendo cócegas na barriga.
Ítalo: eu sou forte, igual ao papai.
Pérola: os mais fortes. Fala trazendo a mamadeira do pequeno.
Hiure agradece, coloca o filho no chão e o entrega, ele bebe tudo sem demora alguma, entrega ao pai e pede colo, nos braços do pai ele dorme, Hiure se senta numa poltrona e sua namorada trás uma garrafa de vinho e duas taças, na perna esquerda do namorado ela se sentou, um brinde das taças soou, ele a beija despreocupado e com um sorriso, Ítalo se mecheu um pouco os interrompendo.
Hiure: vou botar o filhote na cama, continuamos isso na nossa?
Pérola: não pensei em outra possibilidade.
Hiure leva o pequeno para a cama e o beija na testa, já no quarto ele é surpreendido pela ruiva pulando em seu colo e o beijando, as mãos do lobo passeavam pelo corpo da ruiva, a  cama logo teve os dois sobre ela, beijos intensos, mãos em toques maliciosos acariciavam um ao outro, por fim ela se deita de costas e ele a puxa pra si.
Hiure: amo você ruiva. Fala beijando o ombro dela.
Nessa mesma noite o Selvagem foi novamente despachado, dessa vez rumo ao nordeste do país, uma pequena cidade de Pernambuco foi atacada e aterrorizada pelo lobo e sua matilha, Joe adentrou um pequeno vilarejo de cães e iniciou o ataque sem aviso ou provocação, abriu fogo contra as pequenas casas, seus cães entram aos latidos e rosnados, os gritos vieram em seguida, um homem foge sendo perseguido por três cães que o derrubam e ferozmente o atacam até matar, Joe adentra uma das casas e encontra um senhor muito ferido e quase morto.
Cão: aju... ajuda meu... meu neto, ajuda. Fala quase sem ar.
Joe: me perdoe. Fala cravando sua espada no peito do senhor.
Os cães continuavam a perseguir as vítimas fugitivas, já estavam banhados em sangue, corriam e caçavam de forma demoníaca.
Joe: acabem logo com isso! Não é um parque suas aberrações, andem logo seus monstros imundos!!! Ordena furioso.
O Selvagem guarda sua espada e segue caminhando rápido em direção ao centro da cidade, os cidadãos o vêem e o reconhecem.
Homem: foi ele! Ele é o homem naquele vídeo falso de lobisomem, cadê seu poder agora!? Desafia em gritos no meio da multidão.
Mulher: está certo, fraude, mentiroso!!
Joe se enfurece os ouvindo e deliberadamente ele assume a glabro e grita em rugido feroz.
Joe: calem a boca humanos!!! Grita se mostrando transformado.
A multidão se calou devido ao choque daquela visão inacreditável.
Joe: vocês não passam de vermes rastejantes debaixo das nossas botas! Caminham, navegam e voam pelo mundo com um ego gigante, vocês são a única espécie que destrói o seu próprio habitat natural e matam outras espécies por motivos mesquinhos e... Fala se interrompendo.
Em meio ao seu próprio discurso, Joe nota que parcialmente, ele e os humanos que tanto desprezava eram semelhantes, ele estava ali pra matar indivíduos a mando de um outro por causa de um pacto valendo sua ambição antiga, mas logo ele retorna ao sentimento de certeza, não era só ambição, era pela coisa mais veliosa do mundo, a vida de sua filha, ele se vira e segue o caminho para fora daquela cidade, ninguém ousou dizer mais nada, o silêncio se perpetuou enquanto ao lobo suas feras rumavam de volta à cidade de Lupina.
Outra semana se passou, nesse tempo o trio concluiu o treino com Daniel e Pérola consecutivamente, um outro lobo assume a responsabilidade, por fim Hiure se posiciona na frente dos três.
Hiure: acho que é a minha vez, vamos dar início logo, outra luta, os três ao mesmo tempo, já!!! Ordena em grito.
Os três não se seguram e atacam, os socos de Arthur estavam velozes como nunca, Fernanda exibia uma agilidade incrível e Lúcio desferia golpes cheios de convicção, meia hora de luta e nem um arranhão no Coronel.
Fernanda: tá brincando!?
Lúcio: ele nem sujo está.
Arthur: sujo? Nem suado ou ofegante, como isso?
Hiure: estão melhores, mas ainda estão presos ao básico, Arthur por favor.
O cão caminha até estar ao lado do mestre.
Hiure: uma demonstração de todos os seus golpes lentamente.
O cão assim o fez, jeb, direto, cruzado e gancho.
Hiure: como pugilista você é impecável, mas não estará num ringue, mas sim num campo de guerra, não existe golpe baixo demais ou regras, eles não seguirão nenhuma, por isso você não tem a obrigação de seguir, use variações dos golpes que me mostrou.
Hiure assume uma postura de boxe e surpreende os alunos por ele ter como marca registrada o karate.
Hiure: se ponha num ângulo mais baixo e atinja os joelhos com um cruzado e destrua o osso, circule e crave um soco na base da coluna, um jeb na garganta, esquivas mais ousadas, contra ataque de ângulos imprevisíveis, seja imprevisível!!
Arthur pega a idéia e vai até o paredão de pedra e começa a usar o novo padrão contra as pedras.
Hiure: Fernanda, é a sua vez.
A jovem kriegshund avança até o mestre.
Hiure: está se esquecendo dos seus pés, eles são complementos para você, as mãos tem mais variedade de ângulos e formatos para os golpes, os pés não tem isso, mas tem mais força e se lembre de fortalecer seus músculos, mesmo garras fortes e afiadas se tornam inúteis sem a força e habilidade necessárias.
Fernanda compreende e vai até o próximo do irmão e ataca as árvores com os chutes.
Hiure: e por fim temos você, Lúcio, golpes fortes e ágeis, mas notei uma baixa na guarda, tente balancear seu corpo, consiga interromper o golpe e trocar por outro no meio da ação, é difícil, vai provocar lesões graves em algumas tentativas, mas vai dar certo, mantenha os sentidos apurados, vai agora.
E assim o terceiro também se vai, treinando como loucos e resistindo a dores de fraturas e lesões severas, o lobo então faz seu próprio treino, esmagou troncos, pedras e fez seu kata com velocidade variada, mas nota alguém a espreita o observando.
Hiure: posso sentir a senhora.
Das sombras uma silhueta surge e logo toma uma forma familiar, a veterana Medeiros então aparece.
Hiure: por que se esconder?
Jocelina: queria ver esse lado de Pelo Negro.
Hiure: não entendi.
Jocelina: não sou tão jovem quanto pareço, gosto de ver a geração que vai herdar tudo isso, os Astros são todos incríveis, alguns carregam traços das gerações passadas, mas todos tem sua particularidade.
Hiure: entendi o que está fazendo, mas não o motivo.
Jocelina: minha areia não para de escorrer, quero ter certeza de que são boas as mãos que herdarão tudo e não estou nem um pouco desapontada.
Hiure: agora entendi, faz sentido e o que acha?
Jocelina: sei que vocês já tomaram a decisão de terem suas próprias alcatéias, os quatro irmãos do Sul, devo dizer que não poderia ser diferente, os Astros são a escolha óbvia para sucessão de tudo, cada um de vocês tem o perfil e o poder pra liderar, mas sei que somente os quatro quiseram isso.
Hiure: verdade, mesmo Dan e Pedro não quiseram liderar.
Jocelina: isso também pode ser considerado um poder, ser reconhecido como um líder por outros que podem ou são líderes, não é qualquer lobo que tem isso, conto apenas cinco, você sabe me dizer quais?
Hiure: parando pra pensar, Antônio, vô Álvaro, tio Victor, tio Renato e Lois, são ou eram líderes que tinham ou tem líderes em potencial ao lado deles, Antônio tinha Connor, vô Álvaro os três filhos mais velhos, tio Victor tem seus dois irmãos automaticamente, tio Renato tinha meu pai e Lois tem Sofia.
Jocelina: muito bom, é isso mesmo, esse poder não se aprende Hiure, se nasce, chega a ser mais raro do que a intimidação predatória.
Hiure: eu não teria notado tudo isso sozinho, olhos experientes vêem mais. Fala sorrindo.
Jocelina: tive que repassar a você, te vi lutando, liderando equipes em missões, falando entre os veteranos sem receio ou dúvida alguma, treinando uma parte do exército e treinando poucos alunos da cada vez e vi aptidão e competência em tudo, dou meus votos de sucesso garoto, vocês herdaram um mundo caótico e sem ter culpa de nada, a culpa é das gerações anteriores.
Hiure: eu nunca iria culpar vocês.
Jocelina: mas é verdade, deveríamos ter resolvido isso com nossas próprias mãos e suor, mas não demos conta, os tempos eram outros.
Hiure: nós vamos dar um jeito nisso, garanto. Fala sério.
Jocelina: confio em vocês, bom treino garoto Eduardo.
A loba deixa o Coronel sozinho e caminha até sua cabana, nos móveis haviam vários retratos, dela com o esposo, do esposo com Connor, Antônio e Álvaro depois de lutarem, dos quatro juntos, deles com seus novatos que hoje são grandes.
Jocelina: sobrou pra mim não é? Vocês não podiam esperar pra irmos todos juntos, tinham que se tornar lendas, como é que eu fico agora? Fala pegando o retrato com mais pessoas.
A loba acaricia o seu retrato com o falecido marido, uma lágrima escorre pelo seu rosto e ela devolve o retrato ao movel.
Horas foram se passando, Criso e Victor encerravam mais um dia do treino dos gladiadores e dos filhos do Alpha, Kaique e César estavam entre as tropas, Ryan assumiu o treino dos irmãos e seu pai o observava orgulhoso, Felipe deu seu último treino aos seus filhos.
Felipe: eu tenho uma coisa pra contar a vocês, a partir de hoje eu não tenho mais como prosseguir com vocês, já não há nada pra ensinar, chegamos ao fim.
Filho: tá doido pai? O senhor ainda tem muito o que ensinar pra todo mundo.
Filha: é papai, para de falar essas coisas.
Felipe: é a verdade, ensinei tudo o que eu sei, não tenho mais o que ensinar.
Os filhos do Lobo Colossal ficam tristes com as palavras do pai, ele era o ídolo de cada um dos seus filhos.
Felipe: mas nem tudo está perdido, há uma maneira de vocês continuarem progredindo.
Filha: agora sim, o senhor quase que nos pegou com essa.
Felipe: o jeito é vocês treinarem com outro mestre.
Filho: tá falando do que pai? Só o senhor é nosso mestre.
Felipe: o dever de um pai é dar o melhor que puder aos filhos e eu reconheço que já não sou mais o melhor pra vocês, mas eu conheço um pirralho. Fala sorrindo confiante.
Wellington brincava com o neto que aos poucos ia melhorando seu humor, voltava a ser bem falante e risonho, se alimentava bem, isso trazia alívio ao avô que muito se preocupava, logo Vaneska apareceu pra buscar o pequeno.
Wellington: vai com a vovó. Fala entregando o neto.
Ítalo abre os braços e pula no colo de Vaneska que o segura rápido.
Vaneska: menino!! É muito agitado. Fala rindo.
Wellington: e não é pra menos, teve exemplo né?
Vaneska: país malucos e impulsivos. Fala pensativa.
Wellington: como vocês estão?
Vaneska: tentando seguir em frente né Wellington? Fácil não é e nunca vai ser, mas não há outra escolha.
Wellington: sei que dói, mas a dor uma hora se vai, acredite.
Vaneska: não tenho porquê não acreditar, você é bom com conselhos.
Wellington: pode confiar, até.
Vaneska: até Wellington. Fala saindo.
Ela levou o neto pra sua casa, Helmar fazia questão de estar sempre em casa quando o pequeno fosse pra lá, o Grande se transformava, nem de longe era o lobisomem implacável que todos conheciam.
O movimento dos caçadores também era constante, o E.C.E divergiu cada vez mais da organização, levando com eles os caçadores que seguiam sua moral, Eugênio via aquilo, mas propositadamente não relatou nada a ninguém, fez vista grossa para todas os movimentos de Paulo e os demais, este reuniu o esquadrão.
Miguel: pra quê isso?
Paulo: temos que falar sobre as consequências que estamos enfrentando.
Ellen: pode ser resumido em inferno, o que mais podemos dizer?
Paulo: talvez alguma sugestão de contorno.
Gustavo: contorno? Tá de brincadeira? A lei virou cinzas, não adianta tentar remediar agora.
Laura: vocês ouviram sobre os massacres?
Ellen: Joe.
Miguel: ele está acompanhado, acompanhado dos seus cães do inferno!!!
Laura: fala como se eu fosse a responsável, lembra que o Oliveira mentiu pra mim? Me usou e por isso as Calamidades estão livres, ou não?
Paulo: de qualquer forma, nossa posição é complicada, Oliveira ainda não deu ordem sobre isso.
Gustavo: o que nos leva a crer que ele está ciente e concorda ou que ele não tem escolha.
Miguel: sempre foi dever dos caçadores agir contra criminosos sobrenaturais e manter os dois mundos separados, um absolutista não iria querer a quebra da lei.
Paulo: o que enfatiza o poder de Turner, ele tem o Oliveira de mãos atadas e de joelhos.
Gustavo: Oliveira não se curvaria para um lobisomem.
Paulo: não por vontade, ele está sendo enganado e usado e ainda que tenha percebido não há como voltar atrás, Robert tem tudo, Lupina, pacto de não intervenção dos caçadores, Calamidades, cães do inferno, uma super alcatéia fanática, a quebra da lei, o caos instalado e Joe agindo como a guilhotina dele.
Miguel: se tornou invencível, não há como lutar e muito menos derrotar o Turner, ele é um poder implacável de expansão imparável.
Paulo: não aposte sua vida nisso, as quatro alcatéias darão um jeito.
Gustavo: as quatro alcatéias estão no meio do mato enquanto Turner tem a cidade e os caçadores no bolso.
Ellen: temos um terço dos caçadores do nosso lado, isso não dá, juntando com a alcatéia de Turner, temos dois exércitos somando mais de trinta e cinco mil soldados e nem temos idéia dos números das alcatéias, está tudo perdido.
Paulo se recusa a acreditar nessa idéia, logo a reunião acabou e cada um segue seu rumo.
A lua vem brilhando em meio a chuva fraca e um vento frio também, Pérola olhava pela janela e seu namorado surge com canecas fumegantes.
Pérola: chocolate, delícia.
Hiure: odeio frio.
Pérola: achei que não ligasse, principalmente depois do treino na Rússia.
Hiure: aquilo foi um inferno, um verdadeiro inferno, odiei muito.
Pérola: imagino, se um vento frio já te incomoda, que dirá uma montanha nevada e quase sem roupa.
Hiure: foi tortura, subir e tolerar o frio, fome e cansasso foi mais difícil do que lutar contra as feras da montanha.
Pérola: meu lobo forte. Fala sorrindo e pondo o chocolate de lado.
Hiure a beija despreocupado, na poltrona ele se senta com ela no colo, se beijaram e dormiram alí mesmo, ela o acordou e eles tomam um café reforçado, Pérola foi treinar e Hiure foi buscar o filho, Vaneska o entrega e ele vai até sua tropa pra dar instruções, mas assim que chega ele tem uma surpresa.
Hiure: o que é isso?
Bryan: um aumento monstruoso da tropa, deve haver mais uns sete mil lobos.
Hiure: aqueles são filhos de Felipe.
Heitor: e lobos do meu pai também.
Hiure: o que vocês vieram fazer aqui!?
Lobo de Felipe: nosso pai nos mandou, estamos sob ordens dele!!
Hiure: o que!?
Lobo de Helmar: nosso chefe também.
Hiure: nem fudendo, não rola.
Pérola: é melhor você ir falar com eles.
Hiure: não tenho escolha né? Eu vou indo, mas é possível que role um porradeiro.
Heitor: errado ele não está, daqui a pouco vamos ouvir.
O Coronel se encaminha até a sala de reuniões do Conselho das alcatéias e encontra Victor, Lois, Felipe e Helmar.
Hiure: eu preciso falar com vocês dois.
Felipe: já está, o que houve?
Hiure: vocês sabem, qual a pegadinha dessa vez?
Helmar: tá falando do que?
Hiure: não finjam desentendimento, sabem do que eu tô falando, o que seus lobos estão fazendo no meio da minha tropa!? Minha tropa parece alguma ONG? Por que vocês fizeram isso?
Helmar: já acabou? Podemos falar agora?
Felipe: chegamos no nosso limite, não há mais o que ensinar pra nossos lobos, estamos obsoletos.
Hiure: do que estão falando?
Helmar: estamos falando de tempo garoto, o nosso já foi, somos relíquias agora.
Felipe: só você pode dar continuidade ao que começamos.
Hiure: vocês são o Grande e o Colossal, eu sou só...
Helmar: Pelo Negro, o futuro dos lobos brasileiros.
Felipe: foi treinado pelo Renato, Wellington, Connor, Salazar, os sacis e por mim também, não tem outro lutador com tudo isso, você já está além de nós.
Hiure: eu não sei que tipo de aconito vocês estão usando, mas é melhor pararem de usar.
Nesse momento Felipe ataca sem se segurar, um cruzado titânico passa perto do rosto do rapaz, um chute alto ia nas costelas do Coronel que captura sua perna e é atinge as costelas do lobo, este atinge Pelo Negro com uma cotovelada no rosto, Pelo Negro se abaixa e passa uma rasteira no Colossal que desaba, mas logo se levanta, os dois trocam socos, até que o rapaz esmurra várias vezes o tórax do Colossal e um último soco joga Felipe através da porta, Pelo Negro se vira e tem seu braço esquerdo capturado e torcido, em seguida o lobo atinge o Grande com um soco no abdômen, este então dá uma cabeçada no rosto do rapaz que devolve com o mesmo golpe atordoando o Grande, em seguida foi uma joelhada no queixo, Helmar desloca o ombro e cotovelo do rapaz, Hiure atinge um chute circular no rosto do Grande, isso lhe deu tempo de realocar os ossos, Helmar o encurralou e solta uma sequência de socos fortes, mas o Coronel vê uma abertura e com um golpe da palma da mão ele atinge desloca o maxilar do Grande e um pontapé no peito o arremessou por cima de Felipe.
Hiure: que porra foi essa!?
Os dois se levantam limpando o sangue que escorria e pingava, mas rindo daquilo tudo.
Felipe: é a confirmação do que nós falamos.
Hiure se surpreende com as palavras ditas, ele olha para seu corpo sem se reconhecer, apesar de treinar tanto, não sabia do poder que havia conquistado.
Helmar: isso faz parte de um acordo meu e de Heitor.
Felipe: dos meus filhos e eu também.
Hiure: tem certeza? Pergunta duvidoso.
Felipe: absoluta, vai logo.
O Coronel então deixa a presença dos dois lobos, eles se olham rindo e sorrindo alegres, ambos retornam ao salão e encontram com Victor.
Victor: vão concertar a porta, podem acreditar.
Hiure retorna aos seus alunos e aos novos.
Hiure: tive um papo com os dois coroas, aparentemente eu agora sou o mestre desses aí também.
Bryan: são muitos, mais da metade dos licantropos está aqui.
Hiure: o que eu posso fazer?
Pérola: vai ser foda coordenar tudo.
Hiure: tenho que tentar não é?
Heitor: doze mil lobos, vai ser um pesadelo.
Hiure: você não pode falar nada, parte disso é culpa sua.
Heitor: papai falou do acordo?
Hiure: falou que isso faz parte de um, mas não deu detalhes.
Heitor: ótimo, é segredo e nem tente usar sua autoridade.
Hiure: pirralho do caralho, tá bom, vai ter troco, agora ao trabalho seus molengas preguiçosos!!! Grita para seus dois lobos.
Bryan e Heitor riem com aquilo e criam divisões para o treino, três grupos de quatro mil, no início foi complicado, mas aos poucos o jeito veio, as horas se passaram e a tarde chegou, uma tempestade estava prestes a cair quando o Coronel decide ir averiguar o trio de cães, ele sobe até onde eles estavam e seu uivo os convoca, estavam todos levemente ofegantes e as gotas pesadas de chuva começam a cair.
Fernanda: mais chuva.
Arthur: é bom que refresca um pouco, estamos escorrendo suor.
Hiure: o treino está dando ótimos resultados, estão mais resistentes agora, gostei de ver, essa semana faremos apenas treino de resistência, não quero seus poderes sumindo em meia hora.
Lúcio: quanto tempo até você ficar cansado?
Hiure: dezoito horas, talvez um pouco mais.
Fernanda: pegando leve né?
Hiure: não, lutando com tudo, devo durar dois dias e meio lutando até cair de vez, um pouco mais talvez.
Arthur: e eu que me orgulhava de aguentar trinta minutos direto. Fala rindo.
Hiure: até o final da semana estarão quatro vezes mais resistentes, acreditem em... Fala se interrompendo.
Fernanda: em você?
Hiure parou de falar pra farejar o ar, algo incomum atingiu se olfato, vinha do alto do moro, suas garras ele sacou e num salto ele as fincou no paredão e começou a escalar.
Arthur: que foi?
Hiure: senti um cheiro estranho, fiquem aí. Fala pendurado.
O lobo escorregou duas vezes devido ao seu peso e pela parede ser muito resistente, ele então chega próximo do topo e num impulso ele toca o solo, uma figura estava ali, a forte chuva veio violenta, raios davam explosões rápidas de um poderoso clarão, o lobo rosna em aviso, mas a figura não se abalou, Pelo Negro se recusa a usar sua Intimidação e ataca feroz, mas algo estranho aconteceu, seus pés foram barrados e ele tropeçou, logo alguma coisa começou a se enrolar em sua perna como se fosse uma serpente, mas suas mãos arrebentam aquilo, ele salta em ataque, mas algo atinge seu ombro e o derruba, uma estaca o perfurou, o Coronel a retira tomado de fúria, sem se segurar ele ia atacar quando algo passa ferindo seu rosto, seus braços fizeram bloqueio para proteger a face enquanto o restante do corpo foi alvejado, dezenas de ferimentos, o ataque tem fim e Pelo Negro nota ter seu corpo todo ferido com estacas.
Hiure: magia!? Só pode ser brincadeira!!
O lobo expulsa as estacas com facilidade e rapidez, logo deixa de lado a calma e ataca sem se restringir, sua Intimidação é liberada no meio do ataque deixando a figura imóvel, suas garras iam na face do inimigo, mas o próprio lobo se impede e desvia o golpe no último instante destruindo uma árvore, seus olhos tinham ira e surpresa.
Hiure: o que uma bruxa faz aqui!?
A figura retira o capuz e se revela como uma jovem mulher de rosto delicado.
?????: eu não sou bruxa, me chamo Arwen, Princesa Arwen. Fala o olhando nos olhos.
Hiure: princesa? Indaga desconfiado.

     
                   Continua...

Na hora certa, mas eu jurei que ia atrasar, teorizem meu leitores, teorizem, espero que tenham gostado.

Presas e GarrasOnde histórias criam vida. Descubra agora