Combate por ressentimento

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Os irmãos se encontraram, Rodolpho tentou tudo o que foi possível para fazer o irmão parar, mas o mesmo estava decidido a matar, as lâminas de ambos estavam empunhadas, ambos rosnavam um para o outro,
Rodolpho: Fera Branca, é uma boa alcunha, recebi a minha recentemente, sou o Coronel Fenrir. Fala batendo com a lança unida no chão.
Rodolpho apesar de rosnar fazia sinal de negação com a cabeça, até que seu irmão ruge e avança, deixando o coronel sem escolha alguma, rapidamente eles se colidem, as lanças cruzadas pararam o golpe da espada, golpes diversos foram trocados, mas nenhum acertava, Rodolpho unia e separava a lança em meio aos inúmeros golpes, um deles foi uma meia lua com a lança, o golpe horizontal foi evitado por Hakujū que simplesmente dobrou a coluna para trás e desferiu um chute no abdômen do Coronel que sentiu o golpe, o espadachim salta e tenta um golpe lateral que foi bloqueado pela lança de Rodolpho.
Hakujū: com quem eu vou lutar? Com meu irmão ou com o Coronel Fenrir!? Fala entre as presas.
Rodolpho: torça pra que seja seu irmão!! Fala brilhando os olhos vermelhos.
Eles se desprendem, seus olhos de alpha não podiam mentir, estavam indo com tudo, os golpes ficaram mais violentos e perigosos, Rodolpho foi acertado por um corte em cheio no peito, em contrapartida ele desferiu dois cortes nas pernas de Hakujū, que simplesmente os ignorou e chutou Rodolpho o jogando contra uma parede, os golpes de lâmina continuaram a serem trocados até que Fenrir trava a espada de Hakujū com suas lanças e o acerta com uma cabeçada que o derruba, mesmo no chão Hakujū atacou com um chute que atinge em cheio o joelho do Coronel o fraturando, Fenrir cai e no chão ele tenta repor o osso no lugar, seu oponente se levanta e arremessa a espada em linha reta na direção do crânio do coronel caído.
No acampamento todos estavam nervosos, eles contaram o ocorrido para os líderes que nada podiam fazer, mas os pais de Rodolpho ficaram sem saber de nada, no momento era melhor assim.
Connor: essa nova forma dele, é estranha, já tinha ouvido falar, mas nunca vi nem Antônio nela.
Helmar: seja como for essa forma é muito poderosa.
Salazar: perigosa também, ele precisa ter controle andes de querer usar aquilo de novo.
Wellington: ele alcançou o nosso nível nessa forma.
Lois: ele está cada vez mais perto de se tornar até mais forte que nós. Fala confiante.
Connor: os outros não vão querer ficar pra trás nem ferrando.
Victor: como vai ser?
Marcos: eu já não tenho o que ensinar pra Ryan.
Wellington: nem eu pra Hiure.
Victor: Kaique está por conta própria também.
Lois: ainda tenho o que ensinar para minha Valquiria. Fala orgulhosa.
Connor: eu vou andar. Fala se levantando.
Felipe: vai pra onde?
Connor: dar uma voltinha. Fala distraído.
Joe: ainda é o Andarilho né? Fala surpreendendo todos.
Connor: Joe!! Fala feliz e abrindo os braços.
O gesto é retribuído por Joe que deu um abraço mais que apertado.
Wellington: Selvagem, já faz tanto tempo.
Joe: realmente, quase trinta anos meu amigo.
Os dois se abraçam fraternais, Joe então se senta e fala com todos, sua filha a sua direita estava, os três irmãos não conseguiam se acalmar, andavam de um lado para o outro.
Joe: porra! Dá pra pararem!? Eu tô ficando zonzo com vocês!
Os três nem ouviram direto, apenas olharam pra tentar entender.
Hiure: que foi velho?
Joe: eu que pergunto, o que houve?
Ryan: Rodolpho encontrou com um irmão que até então estava "morto", agora ele quer a cabeça de Pablo.
Joe: eita porra, que merda, então o "Fenrir" tá lutando.
Kaique: como sab...
Joe: meu corpo tá meio fraco, mas a audição continua foda. Fala sorrindo arrogante.
Connor: eu vou indo, vou ficar fora por um tempo, mas eu volto.
Todos se despedem do velho kriegshund e ele toma seu caminho, nele o veterano encontra com seu filho treinando os tutelados dele.
Salazar: que roupas são essas?
Connor: modernidade é como chamam não é?
Salazar: pra onde vai?
Connor: pegar um frio de leve.
Salazar: por que vai pra lá?
Connor: tô pensando em levar um dos rapazes pra lá.
Salazar: eu sei que você ama treinar esses garotos, mas lá não é perigoso? Mesmo para eles?
Connor: essa é a intenção, mas não levarei todos, vou fazer diferente dessa vez.
Salazar: o que fará?
Connor: eu treinei eles, sei como são, no que são bons, no que não são, sei como trabalhar com cada um deles.
Salazar: e como vai ser?
Connor: aqueles três são fortes, mas de maneiras diferentes, Ryan e Kaique treinaram pra sobreviver até seus mestres enfatizaram isso, Hiure treinou a vida toda pra combater, eu simplesmente vou inverter isso.
Salazar: ela vai vir pra cá?
Connor: ela não sairia de lá, eu vou pedir a permissão.
Salazar: ela pode acabar matando ele.
Connor: eles tem um potencial enorme, vão conseguir.
Salazar: vai demorar?
Connor: talvez uma semana no máximo.
Salazar: vai com cuidado velho.
Ambos se abraçam em despedida e o velho cão segue seu rumo que para apenas Salazar era conhecido.
Ainda no acampamento os novos astros não se continham, Pérola ficava confusa com as expressões de todos.
Pérola: alguém pode explicar melhor!? Rodolpho vai perder?
Ryan: não tem como saber.
Pérola: vocês não conhecem a força um do outro?
Heitor: sim, mas não conhecemos a do irmão dele, pode ser menor, igual ou maior, mas levando em conta o estado de Rodolpho eu imagino que eles estão frente a frente.
Hiure: o que dificulta a previsão.
Pérola: como assim?
Maria: quando duas forças de grande diferença de proporções se chocam o resultado é rápido, mas quando ambas são enormemente igualadas, o resultado demora muito.
Pérola: muito o quanto?
Hiure: tem humanos boxeadores que aguentam quinze rounds com intervalos de dois minutos, quando dois lobos do nosso nível se enfrentam, a luta pode levar horas, talvez um dia inteiro.
Pérola: tá brincando.
Kaique: e se tratando de Rodolpho, o talvez se torna certeza.
Rodolpho tinha seu joelho fraturado, Hakujū avançava brandindo sua lâmina, mas os golpes da mesma foram todos bloqueados pelas lanças de Fenrir, o mesmo chutou o peito do oponente o deixando rapidamente zonzo, o Coronel se ergue sobre a fratura e retorna o combate, mas uma de suas armas é retirada de sua mão, com apenas uma arma ele teve que recorrer ao combate de mão nua, seu punho atingiu as costelas de Hakujū, fraturando duas delas, a espada do lobo então cortou a clavícula do Coronel que em seguida teve seu ombro perfurado por uma estocada violenta.
Hakujū: um golpe direto!!
Rodolpho: mas como será agora sem sua espada? Fala sorrindo e cabeceando o oponente.
Com o golpe o sangue escorreu do nariz do espadachim que agora estava desarmado, Fenrir segurou o punho da espada, mas Hakujū o atingiu com um chute no rosto e outro no joelho o derrubando, em seguida um soco joga o coronel no chão, o espadachim tenta reaver sua arma, mas Rodolpho o impede fazendo impulso com ambas as pernas, Hakujū voou por três metros de altura e seis de distância, ao se levantar ele olha para o lado e corre, Rodolpho não entende, mas vai atrás do oponente que do nada surge com outras duas espadas, Rodolpho vê aquilo e corre na direção das armas dele, mas seu oponente foi mais rápido e saltou para a frente do Coronel, as lâminas cortavam o ar em assobios assassinos, Rodolpho esquivava por pouco e levava alguns cortes de raspão, mas seu oponente faz algo inimaginável, entre os incontáveis golpes das lâminas, o espadachim saca suas presas, morde e retira a espada do ombro do oponente que teve seu sangue encharcando o chão, em seguida com a lâmina da boca ele desfere um corte diagonal no tórax de Fenrir acompanhado de outros dois e em seguida um pontapé no crânio o fraturando levemente, Rodolpho não perde tempo no chão e corre atrás de suas armas e as consegue, na tentativa de impedir, Hakujū tem seu abdômen atravessado pela lança de aço de Rodolpho, o Coronel a retira rapidamente e acerta o inimigo na testa com a aste da lança, ambos tinham ossos fraturados e cortes mortais pelo corpo, entre seus golpes a noite veio junto da majestosa lua nova, cortes perigosos e golpes severos eram trocados, nenhum dos dois cedia um segundo.
Mesmo com o início da noite, os Astros não saíram de seus postos, com exceção de Maria e Hiure, ambos foram buscar Italo que estava com Vaneska e Helmar, o pequeno permanecia no colo de Vaneska que o fazia rir muito.
Hiure: oi meu lobinho, papai chegou. Fala animado e sorrindo.
Maria: a mamãe também. Fala competindo com Hiure.
Vaneska o põe no chão e ele caminha na direção dos dois, ambos os Coronéis agacham e abrem os braços para o pequeno que acabou por escolher a mãe.
Maria: meu amor, gostou de ficar aqui? Fala com voz infantil.
Italo: eu corri muito mamãe. Fala rindo.
Hiure: lobinho e eu? Fala batendo palmas e estendendo os braços.
Ítalo abraça forte o pescoço de Maria enquanto gargalhava.
Hiure: não vem? Vou te fazer cócegas. Fala brincando com o filho.
Ítalo riu até perder as forças e ser pego pelo pai que o balançou pra todo o lado.
Vaneska: vai com calma, ele comeu muito.
Hiure: comeu? Você nunca come com outra pessoa sem ser eu e a mamãe. Fala estranhando.
Ítalo: comida da vovó é boa. Fala surpreendendo todos.
Vaneska: me chamou de vovó!! Fala emotiva.
Hiure: filho, quem é essa? Fala apontando para Vaneska.
Ítalo: vovó Vane.
Maria então pega o pequeno e começa a dançar com ele comemorando.
Helmar: e eu sou quem? Fala se aproximando.
Ítalo fica em silêncio com um dedo na boca.
Hiure: fala filho, quem é?
Italo: vovô olho tapado. Fala cobrindo o olho direito.
Helmar: que sem vergonha né? Fala fazendo cócegas no pequeno.
Hiure: bom eu vou indo, hora de ser mais pai do que guerreiro, obrigado viu?
Vaneska: que nada, deixa ele sempre conosco, vamos adorar.
Hiure: aí meu velho fica com ciúmes. Fala rindo.
Ítalo: vamos pra casa?
Hiure: vamos, você tem que tomar um banho lobo sujo.
Italo: mamãe também vai?
Hiure: se ela quiser. Fala olhando para a Valquiria.
Maria: vou sim filho, mamãe te leva.
Ambos se despedem e disputam o pequeno no caminho todo.
Vaneska: eles são tão apaixonados e nem percebem.
Helmar: o pequeno está unindo eles, eu gosto da idéia de ser avô.
O casal então entra em sua casa, os dois Coronéis chegam a casa de Hiure o qual leva Ítalo para um banho, Maria foi junto, eles brincavam com o pequeno com a espuma do banho, logo depois Hiure o levou para o quarto dele, Ítalo tinha uma cama de casal só pra ele, ficava cercado de travesseiros para não cair.
Maria o olhava dormir com um leve sorriso puro no rosto.
Hiure: que foi? Pergunta intrigado.
Maria: o que?
Hiure: não vejo esse sorriso faz tempo, o que causou? Pergunta curioso e também sorrindo.
Maria: minha mente voou vendo vocês dois, imaginação criou asas.
Hiure: bem a sua cara. Fala rindo e se aproximando.
Maria dessa vez não recuou, pelo contrário, ela foi na direção dele e o abraçou já em beijo apaixonado.
Hiure: eu esperava um pouco de resistência. Fala sorrindo no beijo.
Maria: só você que pode querer? Pergunta parando o beijo.
Hiure: claro que não, eu gostei da mutualidade. Fala sorrindo malicioso.
Maria: que bom, sabia que ia gostar. Fala sorrindo.
Hiure: ele está em casa. Fala parando o beijo.
Maria: é só fechar a nossa porta. Beija sorrindo.
Ela o puxa pelo cós da calsa até o quarto e eles se jogam na cama ainda em beijo insaciável, ele retira calmamente a blusa dela enquanto beija sua pele, ela acariciava as costas dele arranhando levemente retirando sorriso de excitação do lobo que se rendia completamente para ela, ele já sem camisa a abraça protetor em meio a um beijo apaixonado acompanhado de risos, ele a deita na cama e a beija e mordisca desde as pernas até o pescoço, as roupas espalhadas pelo quarto demonstravam o desejo do casal, na madrugada ela dormia calmamente nos braços dele que não dormiu.
Hiure: se tem algo que não suporto é ficar longe de você. Fala beijando a cabeça dela.
Na cidade a luta continuava, em meio a golpes sanguinários o Coronel acerta um extremo soco em Hakujū que voou longe, o mesmo aproveita o golpe e num mortal e retira da jaqueta algumas facas que ele tratou de arremessar, Rodolpho precisou se concentrar pois os projéteis iam em uma velocidade superior a de uma bala de pistola, uma dessas lâminas perfurou o peito de Rodolpho que simplesmente não se importou e arremessou uma de suas lanças no irmão, a investida do Coronel deu certo, a lança ficou atravessada próxima do ombro de Hakujū que caiu com o golpe, Rodolpho caminha até ele e empurra a aste da arma a fazendo sair pelas costas do irmão dele e caindo no chão em som metálico
Hakujū: prata!? Eu devia ter farejado. Fala entre gemidos de dor.
Rodolpho: sua faca também é, não reclame!!
Hakujū estava exausto assim como Fenrir, mas ainda havia uma carta final, o espadachim abandona sua arma e começa a se transformar, a hispo surge como Bestial, Rodolpho olha o enorme hispo branco vindo em sua direção, ele inicia a metamorfose, mas uma forte patada o joga longe.
Hakujū: essas garras vão para a garganta do seu primo! Fala as fazendo crescer.
Dos escombros uma pata negra se ergue, Rodolpho ruge desafiador, mas a pata começa a tremer, dos escombros Fenrir saltou, estava na Bestial, até que seu pensamento oscila em bestialidade, ele ruge e se contorce no chão.
Rodolpho: não!! Eu não te quero!!!! Ruge pouco antes do silêncio.
A hispo regride e ele assume a forma descontrolada de antes, ele então ruge para o lobo desafiante que era bem menor que ele, ambos avançam e colidem num abraço de disputa de força, sobre as patas traseiras eles ficaram se empurrando, com dificuldade Fenrir empurrava seu oponente até o jogar contra uma das paredes que foi atravessada, Hakujū salta e se agarra a Fenrir, sua pata dianteira esquerda se segurou no pescoço do Coronel, ao fazer isso o lobo branco trata de atacar feroz e cruelmente até que foi mordido na clavícula e jogado contra o chão, ambos saltam e colidem no ar, mordidas, arranhões e rosnados eram trocados por eles, os dois se separam e avançam novamente, sobre duas patas Hakujū desfere uma patada que atinge a face do Coronel que devolve batendo com as dianteiras no peito do oponente, Hakujū desfere uma patada que erra e isso lhe custa uma em seu rosto, Fenrir não para e desfere outra com a pata esquerda e uma última com a mesma jogando Hakujū pra longe, este cai inconsciente, o Coronel caminhou até ele, suas presas a mostra eram claramente para matar, ao chegar perto para o fazer, seu focinho se contrai várias vezes e na cabeça irracional uma voz sufocada grita que pare e salve o lobo caído e assim ele o faz, ele assume a hispo comum e controlada, com algumas correntes ele amarrou seu irmão em suas costas e começou a correr, mesmo severamente ferido ele correu até o acampamento que já era agraciado pelos primeiros raios de sol, um uivo do coronel avisou a todos de sua presença, os novos astros rapidamente saíram de suas casas e foram averiguar, ao ver a todos, Rodolpho cai em exaustão, ambos são levados para a academia onde foram medicados e presos, em momento algum voltaram a forma humana.
Pérola: esse é...
Hiure: Daniel Medeiros.
Ryan: qual deles vai acordar antes?
Hiure: pra mim pouco importa, se fosse por mim eu o mataria aqui e agora, seria a primeira vez que eu mataria por matar.
Kaique: ele vai passar pelo julgamento dos Medeiros, Pablo também.
Hiure: ele será absolvido, o que é bom.
Maria: achei que o odiasse.
Hiure: e odeio, ele me custou caro, com ele vivo eu vou poder afundar meu punho na cara dele. Fala irritado.
Apenas no dia seguinte o primeiro sinal de consciência surgiu, o Coronel começou a se mexer até que abriu os olhos, escarlate como rubis na luz, Hiure joga um cobertor para Rodolpho que apanha e retorna forma humana, logo em seguida, Pelo Negro joga roupas para o irmão que as veste, Fenrir se levanta e deixa as enormes correntes do pescoço e dos pulsos caírem no chão.
Hiure: até que ponto você foi, podia ter morrido e pelo que? Por ele!?
Rodolpho: ele é meu irmão, meus pais sofreram por doze anos! Meu irmão sofreu!!!
Hiure: este aqui é seu irmão!!! Esse aqui que por várias vezes sangrou por você!! Este que sempre foi companheiro e amigo! Este que você desrespeitou de forma ridicula e sem razão!!! Fala batendo no peito várias vezes.
Rodolpho: é diferente e você sabe, eu também sangrei por todos, mas minha família mesmo eu não pude salvar da escuridão, chega!! A escuridão vai acabar e os Medeiros vão recobrar a luz da lua!!!
Hiure: eu só sei que por ele você pegou nossa irmandade e a jogou na merda!! Você me faltou com respeito de forma que eu não admito de ninguém!!
Rodolpho: você não tinha o direito de se meter! Você tem seu filho pra cuidar!!
Hiure fecha o punho e desfere um soco que atinge a parede atrás de Rodolpho a demolindo.
Hiure: não tem como eu ser um pai melhor, você sabe disso, meu filho te chama de tio, você é testemunha desde o princípio da minha paternidade, ninguém tem o direito de julgar minha conduta de pai!! Grita furioso.
Rodolpho: ele precisava ser salvo.
Hiure: mas você nunca se perguntou se ele queria isso.
As palavras de Pelo Negro ecoam na mente de Rodolpho que fica estagnado com aquilo.
Hiure: ele passará pelo julgamento dos Medeiros junto de Pablo, eu não vou me meter nisso, mas se ele demonstrar o mínimo sinal de perigo para alguém daqui, eu vou pessoalmente mandar ele pro inferno. Fala severo e dando as costas.
Rodolpho ficou ali paralisado, sem ter noção do que fazer ou pensar, sua mente estava completamente dividida em confusa contra tudo aquilo, sua confusão é interrompida pelos movimentos de Hakujū que tentava acordar, o mesmo teve um tipo de acônito injetado nele, o fazendo voltar a forma humana e impedindo sua transformação, suas correntes mantinham suas mãos bem presas, uma calça foi deixada para ele também, Fenrir a pega, joga para ele e sai de perto para o mesmo se vestir, ele olha as corrente e encara Rodolpho.
Hakujū: que lugar é esse?
Rodolpho: um refúgio para as alcatéias, temporário apenas.
Hakujū: sinto cheiro de árvores, ar puro.
Rodolpho: você vai ser julgado hoje junto de Pablo.
Hakujū: eu venho do oriente para cá em uma caçada e vocês entregam minha pesa de bom grado?
Rodolpho: nenhum dos dois é presa ou predador, ambos serão julgados.
Hakujū: então torce para que eu não esteja forte o suficiente até lá, pois se eu estiver não vou pegar leve.
Rodolpho avança, o segura pelo pescoço e o ergue contra a parede.
Rodolpho: por você eu arrisquei demais!!! Posso ter perdido pra sempre meu irmão caçula e tudo por culpa da sua sede de sangue!!
Hakujū: acho o vou chorar, de tão patético que isso é.
Rodolpho aperta ainda mais seus dedos, sua fúria estava bem visível.
Rodolpho: hoje posso ter perdido mais do que você imagina!! Você será julgado pelos Medeiros, assim como Pablo, vocês terão o que merecem!!
Hakujū: não minta! Ele não morrerá, pelo menos não por decisão de vocês.
Rodolpho: não tente nada ousado, meus irmãos estarão de guarda só aguardando um erro mínimo seu, não sou capaz de segurar os três juntos principalmente no estado que estou, não faça meu sangue ser derramado em vão!!
Rodolpho então pega a corrente e conduz o lobo até o local do julgamento, Priscila, Rafael e Rosana estavam sentados em uma enorme mesa retangular com quatro cadeiras de um lado e duas do outro, uma em cada ponta, ao ver o filho Rosana cai em choro, o lobo conduzido nada fez além de abaixar a cabeça, ao olhar para o lado ele vê Pablo sentado e solto, seus olhos brilham ameaçadores para o líder Medeiros.
Rodolpho se sentou ao lado da mãe, esta segurou a mão do filho.
Rosana: há doze anos, uma lei condenou meu filho, uma condenação por parte do líder da família, uma criança de quinze anos exilada da própria casa e familiares, sem chance de um julgamento justo.
Priscila: as leis são claras, mas podem ser revistas se preciso e este era um desses casos, Daniel...
Hakujū: eu abandonei esse nome!! Sou Hakujū, a Fera Branca!!
Rosana: não!! Você é Daniel Medeiros, meu filho primogênito e isso ninguém muda!!! Impõe em choro.
Priscila: como eu dizia, Daniel era um garoto quando desrespeitou uma de nossas leis, uma punição podia até ser aplicada, mas a que foi era completamente absurda.
Rafael: você Pablo, nos obrigou a consentir com tudo isso, por doze anos fingimos ter perdido nosso primo, o que tem a dizer para todos os presentes!?
Pablo não pensou duas vezes antes de proferir sua própria defesa.
Pablo: era a lei, clara como a lua cheia, eu era o líder e não podia fechar os olhos, a penitência para o crime era essa!!
Hakujū: sua penitência me custou mais do que você consegue imaginar seu merda. Grita se debatendo na mesa.
Os oficiais do Sul logo ficaram em posição.
Rodolpho: esse júri já tem seu veredito, a decisão é unânime e sem recorrência.
Rosana: a partir de hoje o exílio de Daniel está encerrado perpetuamente e você Pablo, você está da mesma maneira exonerado da liderança da família, as decisões serão tomadas por mim até que tudo se resolva.
O lobo não mais exilado olhava incrédulo para a mãe, a mesma tinha a coragem e a força que eram marcas registradas da família, todos os de fora se surpreendem com as palavras de Rosana, mas a decisão em relação ao exílio era esperada, Pablo por outro lado não esperava perder sua posição, um misto de surpresa e esperança estava no ar, depois do julgamento o lobo livre teve as correntes retiradas de seu pulso, Rodolpho as retirou enquanto olhava no fundo dos olhos de quem uma vez ele chamou de irmão.
Rodolpho: não vamos te forçar a ficar aqui, mas também não permitiremos que faça algo contra nós.
Hakujū: me libertou fisicamente, mas por dentro ainda estou preso na maldição dele! Fala com raiva e mágoa.
Rodolpho: pra libertar você disso que retiramos você de seu exílio, você pode ir, ou tentar recuperar o tempo perdido, com eles e comigo. Fala apontando para os pais.
Jocimar e Rosana estavam juntos e olhavam os filhos, Rosana chorava.
Rodolpho: ela precisa da família completa de novo.
Hakujū: eu não pertenço mais a ela, me perdoa Rodolpho, me perdoa mesmo. Fala entre lágrimas.
O lobo então dá as costas para todos e olha para a floresta a qual ele atravessaria, já em passos calmos ele escuta a voz de sua mãe.
Rosana: eu te amo meu filho! Grita em choro.
Jocimar: sentimos sua falta Daniel.
Hakujū: eu também pai, como eu senti. Fala de cabeça baixa.
Jocimar: pode ficar e matar a saudade. Argumenta sugestivo.
Hakujū: eu já não sou quem eu fui.
Rodolpho: um homem não pode se banhar no mesmo rio duas vezes, pois nem o homem nem o rio são os mesmos, estamos todos em constante mudança, ninguém vai te pressionar Hakujū, tudo no seu tempo, você que sabe.
Hakujū: Daniel, eu quero esse nome de novo, quero minha vida de novo, mas por enquanto eu não estou pronto.
Rodolpho: estaremos sempre aqui. Fala abraçando os pais.
Daniel: que os Ancestrais me permitam ser merecedor disso novamente.
Daniel se transformou na lupina e corre na direção da floresta a qual ele encarava sem ter noção de rumo, quem para trás ficou, só pensavam no regresso do lobo que agora é livre.
Pela tarde Rodolpho arrumou suas malas o que surpreende seus pais.
Rosana: vai atrás do seu irmão?
Rodolpho: não, ele precisa de tempo e espaço, eu vou me encontrar comigo mesmo.
Jocimar: onde?
Rodolpho: com aqueles que treinaram o vovô, eu vou, mas volto. Fala abraçando os pais.
O Coronel põe sua mochila no ombro e segue rumo ao povo sábio que de certo podiam ajudar, e em meio a uma chuva repentina e forte ele parte.


Continua...

Não demorei tanto dessa vez, o que acharam do desfecho e do novo personagem, a trama já está seguindo para os caminhos finais.

Presas e GarrasOnde histórias criam vida. Descubra agora