Sangue e lágrimas

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A decisão foi tomada e o lobo ficou em Lúpus Agri pra continuar a lutar, já era mês de junho, ele continuou lutando, mas havia um pequeno problema.
Hiure: quanto tá minha divida?
Pérola: só diminuiu 100 reais.
Hiure: o que!? Como assim!?
Pérola: ninguém mais quer apostar.
Hiure: como assim, eu sou bom.
Pérola: exatamente, ninguém quer apostar contra você.
Hiure: então me põe contra alguém que vale a pena!!
Pérola: tem um cara, tem nove vitórias absolutas, tá estreando hoje na arena.
Hiure: deve servir, manda esse aí mesmo.
A tensão continua em Lupina, Walter visita seu pai.
Walter: vim lhe trazer algo pra jantar. Fala com uma bandeja na mão.
Vladimir: não estou com fome.
Walter: sermos mortos vivos gelados é coisa de cinema, precisa comer, trouxe carne de primeira, direto da Romênia.
Vladimir: eles disseram algo?
Walter: o dia da reunião se aproxima, seria o senhor a receber dessa vez.
Vladimir: não estou com cabeça pra uma reunião.
Walter: o anfitrião não comparecer pode ser entendido como desistência da posição, podem revogar o seu lugar entre eles.
Vladimir: não importa, duzentos anos ouvindo as mesmas palavras egoístas daqueles hipócritas, não preciso perder meu tempo com esse tipo de trivialidade.
Walter: e sobre a vinda dos três?
Vladimir: o que tem?
Walter: ele não quer vir.
Vladimir: sempre foi o mais difícil.
Walter: sempre foi um ingrato e um traidor, eu já teria dado um fim nele se deixasse!
Vladimir: nunca mais repita isso na minha presença, ouviu bem!? Grita revoltado.
Walter: certo, pai.
Vladimir: e os demais?
Walter: estão ansiosos, mas devem ficar decepcionados quando souberem da sua decisão de não lutar.
Vladimir: se a única coisa que os atrai é uma guerra então peça que não venham.
Walter: o senhor tem que entender, nós estamos correndo muito risco, os lobos podem nos atacar a qualquer momento.
Vladimir: matamos Pelo Branco!!
Walter: e é por essa razão que eles viriam, esperamos que a morte do velho tirasse a vontade deles de lutar, mas e se provocamos ainda mais.
Vladimir: impossível, ele era o maior símbolo de força da raça deles, não resta mais a que se apegarem.
Walter: foi de guarda baixa que vencemos ele e vai ser dessa mesma forma que seremos vencidos, o senhor tem séculos lutando com essa raça maldita, sabe como são imprevisíveis, temos que considerar a pior das hipóteses!!
Vladimir: quer tanto essa guerra?
Walter: eu só quero poder parar de dormir com uma espada ao lado da cama, assim como as nossas ordas, nossos homens precisam ficar em alerta, disciplinados, mas só eu e o Alucard não daremos conta, precisamos de mais comandantes, precisamos de bons oficiais, caso contrário iremos desperdiçar toda nossa força com oficiais patéticos e improvisados.
O Vampiro Mestre olhou de um lado para o outro, até que se viu derrotado pelos argumentos do filho.
Vladimir: mande-os virem, todos os três, de qualquer maneira.
Walter: vou avisar ao Alucard, com licença.
O jovem beta ainda se colocava num treino raivoso e novamente recebe uma visita.
Wellington: achei que tinha te dado um bom conselho.
Kaique: eu tenho tido um sonho recorrente, não consigo ignorar.
Wellington: sua fúria só lhe dará motivação sem propósito verdadeiro, pode até te fortalecer, mas será temporário e vazio.
Kaique: já tô esgotado, não tenho mais o que fazer, acho que é melhor eu desistir e aceitar o meu limite.
Wellington: sua mente está um caos e você está pondo mais lenha na fogueira com toda essa cobrança desmedida.
Kaique: o que eu faço então?
Wellington: esqueça o corpo por hora, treine sua mente, imagino que saiba meditar.
Kaique: Victor me falou sobre, mas nunca tentei, não é pra mim.
Wellington: tente, talvez assim encontre a resposta que tanto procura.
O rapaz assim o fez, em seu quarto e sozinho em casa, se sentou no chão com as pernas cruzadas e com a espada sob elas, a respiração controlada e mente limpa o transportou para um espaço vazio e escuro, dessa vez sem luz alguma, a frente dele estava Victor.
Kaique: você!?
Victor: eu.
Kaique: não esperava que fosse aparecer.
Victor: você é um espadachim, bom, um aspirante, se tem alguém que pode te ensinar sou eu.
Kaique: passei anos correndo atrás de você, só pra te derrotar.
Victor: eu sei, me viu treinar e aprendeu tudo o que sabe me vendo e usando.
Kaique: era tudo que eu podia fazer, no começo eu só queria fazer igual, mas com o decorrer dos anos eu fui pegando gosto pela esgrima, ao ponto de te ter como herói e até como objetivo.
Victor: nem meus filhos tem esse objetivo, são mais de mil e nenhum deles pensa em me superar.
Kaique: eu não sou um dos seus filhos.
Victor: mas vou te ajudar mesmo assim, seu objetivo agora mudou, não é? A guerra bateu na sua porta.
Kaique: e eu tenho que responder a altura, mas...
Victor: mas não consegue, diferente dos seus três irmãos você não alcançou o brilho rubro dos alphas.
Kaique: não, nem faço ideia de como alcançar, eu tô perdido...
Victor: respostas eu não lhe darei.
Kaique: então por quê eu tô perdendo meu tempo com você!?
Victor: você veio até aqui, não eu até você, não posso te dar respostas prontas, mas sim a pergunta pra alcançar.
Kaique: tá falando em código.
Victor: diga, o que você realmente deseja?
Kaique: o que? Quero ser um alpha, óbvio!!!
Victor: ache a resposta certa, volte quando achar, não vou a lugar nenhum mesmo. Diz se levantando.
O rapaz volta de sua meditação, estava revoltado e confuso com aquelas palavras, ele então se levanta, estava na hora da janta.
Em Lúpus Agri o rapaz estava se preparando para a luta contra o desafiante, ele entra na arena, seu oponente tinha a sua idade, era loiro e magro, porém era mais alto que seu oponente.
Hiure: então você é o Eric, ouvi falar de você, o estreante sensação que tá roubando até os meus holofotes.
Eric: considere que sou seu sucessor, você já fez sua "lenda" até matou um cão famoso, mas tá na hora de fechar as cortinas pra você lobo velho!! Fala sacando as garras.
Hiure: do que me chamou!? Disse, lobo velho!? Esse maldito apelido!! Rosna entre os dentes.
O estreante ataca com tudo, foi com as garras prontas pra retalhar, ele então salta pra cima de Hiure, mas de repente parou em pleno ar, seus olhos foram banhados em vazio e ele caiu inconsciente, havia uma marca de um soco em seu diafragma.
Hiure: não era oponente pra mim, mas eu já sabia disso no momento que o vi, não notei nada demais nele, mas não pela aparência, como... Suas palavras são interrompidas por algo.
O jovem lobo não sabia explicar, nem dizer de onde vinha exatamente, mas algo como uma onda vinha dos espectadores, suas presas saltaram involuntariamente, ele só sabia que alguém muito perigoso estava ali, mas da mesma forma que surgiu, também sumiu, o lobo ficou sem palavras por alguns instantes, até que saiu, estava irritado e ao mesmo tempo apreensivo por aquele perigo repentino.
Pérola: ei, ei, cachorro.
Hiure: que é!? Grita irritado.
Pérola: calma, o que foi?
Hiure: foi mal, ruivinha, é que eu podia jurar que...
Pérola: que?
Hiure: vai achar maluquice.
Pérola: não seria a primeira vez.
Hiure: aquele cara que eu derrubei, eu sabia que ele era fraco.
Pérola: não, não é maluquice, é arrogância mesmo.
Hiure: não tô falando disso, eu tô falando de percepção, eu pude medir a força dele, não sei como, mas eu sabia que ele não era um perigo pra mim.
Pérola: é isso?
Hiure: não, é que depois da luta eu senti isso de novo, mas era maior, muito maior, eu me senti ameaçado e nem sei por quem, mas seja quem for era um monstro.
Pérola: era o Bryan.
Hiure: quem?
Pérola: o campeão daqui, Bryan, ele estava vendo a luta e foi embora antes de você sair da arena.
Hiure: campeão? Tá me dizendo que o mais forte estava aqui?
Pérola: é ele... no que tá pensando?
Hiure: ele não veio aqui atoa, foi um convite.
Pérola: cachorro, não, Bryan é o lobo mais violento que eu já vi, acredite, não quer lutar com ele.
Hiure: com certeza eu quero, marca a luta.
Pérola: Hiure, por favor.
Hiure: marque a luta, Pérola, marca.
Em Lupina o jovem espadachim treinava com um grupo de outros betas usuários de espadas, os quatro cercam ele, um ataca pelas costas, o rapaz desvia, o segundo ataca pela direita, Kaique saca sua espada e atinge no diafragma com o cabo da espada e atacou o da direita, seu oponente bloqueia, mas o rapaz o empurra aos poucos e o joga para trás, o da frente começa uma troca de golpes, outro se junta e atacam em dupla, Kaique dava contra golpes com força total, fazendo as espadas inimigas serem repelidas, outro se junta, pelos flancos e pela frente, o jovem beta então se abaixa e corta todos nas coxas, um corte que beirou os ossos, o quarto atacante vem pelas costas, mas Kaique gira, bloqueia o golpe e corta o oponente no tórax, todos então largam as espadas, estavam todos ofegantes, a luta foi curta, porém muito intensa, mas Kaique parecia bem.
Júlio: minha perna, que merda!!
Kaique: a culpa é sua por abaixar a guarda, pagou o preço.
Igor: não é isso, não ta certo você lutar com a gente.
Kaique: por que não? Somos todos betas aqui.
Gabriel: é, mas você não é como nós quatro, obviamente você é o beta mais forte da alcatéia.
Kaique: vocês estão de corpo mole, criando desculpas.
Bruno: seu nível de esgrima está no nível de um alpha, tô dizendo.
Kaique: parem de fazer corpo mole e se levantem logo!!
O quarteto se levanta e retoma postura de luta, passaram a tarde inteira lutando, saíram todos feridos, cortes por todo o corpo, já Kaique saiu com um corte na testa e na bochecha, mas nada que valesse a mínima preocupação, ele chega em casa e limpa o sangue do rosto.
Ryan: você cortado? Isso é raro.
Kaique: eu baixei a guarda, devia ter levado mais a sério.
Ryan: quem fez isso?
Kaique: aqueles quatro que eu tenho treinado.
Ryan: quatro betas a tarde toda só conseguiram dois arranhões de nada? Você tá ficando forte mesmo.
Kaique: nem começa, eles que eram moles, eu não tô progredindo nada.
Ryan: devia ouvir quem tá contigo e te vendo todo dia, você tá melhorando.
Aquelas palavras deram um certo abalo na mente do jovem beta, ficou num misto de alegria e negação; no Oeste ocorria uma reunião de seis lobos, os Alphas e seus segundos.
Helmar: sejam bem vindos ao meu território.
Lois: há quanto tempo não via nada nessa parte da cidade.
Helmar: dei uma melhorada, aboli muita coisa.
Sofia: e instalou uma onda de crimes também.
Helmar: não ocorrem furtos, assassinatos, estupros e nem tráfico de drogas aqui e no território de vocês?
Renato: não viemos aqui pra ter uma briga idiota.
Vaneska: concordo, vamos ao que interessa.
Wellington: a realidade é simples, estamos nos preparando para uma guerra, nossos lobos estão sendo treinados pra isso, mas uma guerra não é vencida somente pelos melhores soldados, precisamos de comandantes.
Lois: estão bem aqui.
Vaneska: temos Generais e Coronéis, mas isso não basta, precisamos de oficiais competentes e de cooperação.
Sofia: o que quer dizer?
Renato: quer dizer que todos teremos que trabalhar juntos, treinar táticas e manobras militares.
Lois: minhas amazonas não vão se misturar com as alcatéias de vocês.
Wellington: ou treina e luta ao nosso lado ou pode morrer sozinha, lutarmos juntos é nossa única opção, não é a única que está fazendo sacrifícios aqui!!
Sofia: baixe seu tom, Bravo, está falando com uma Alpha.
Wellington: e quem disse que eu me importo, ela poderia ser o Pelo Branco ou o próprio Viajante que eu não mudaria meu tom.
Lois: mesmo depois de quase trinta anos eu não sei o que ela viu em você ao ponto de jogar tudo fora.
Aquelas palavras foram inacreditáveis, soaram como um tipo de declaração de guerra, o Bravo imediatamente socou a mesa a rachando no meio.
Wellington: TOME MUITO CUIDADO COM O QUE VOCÊ FALA, AMAZONA, SE REPETIR ALGO ASSIM EU NÃO RESPONDO POR MINHAS AÇÕES!!!! Ruge soltando uma presença avassaladora.
Todos sem exceção puderam sentir aquela pressão imposta, Renato então se levanta e põe a mão no ombro do irmão, este o olha pedindo desculpas com o olhar, o Alpha só concorda e seu irmão então sai do recinto e vai embora.
Helmar: até que enfim, finalmente alguma ira nele, já fazia um bom tempo que eu não via o Bravo mostrar sua verdadeira face. Diz com um sorriso convencido.
Renato: ninguém lhe deu motivo pra isso antes. Diz firme olhando para a Alpha do Norte.
Lois: ele sempre foi explosivo, basta falar a coisa certa.
Renato: como por exemplo a falecida esposa dele? A loba que você considerava uma irmã mais velha? Usar Silvana como artifício foi baixo.
Helmar: depois eu que sou problemático, posso ser o que for, mas dou golpes baixos assim.
Sofia: ele é só um vice, vocês três são o ponto importante aqui.
Renato: Wellington e eu somos uma dupla há anos, desde os meus quinze anos, vocês sabem disso, é o lobo em que mais confio, meu braço direito, a presença dele é crítica para nossa vitória.
Vaneska: Renato está certo, o Bravo é uma lenda, sua presença na luta vai fortalecer o espírito das tropas e abalar os inimigos.
Helmar: o Vice Alpha que é mais forte que o próprio Alpha, ainda não entendo como vocês estão em posição inversas.
Renato: ele sempre foi um irmão mais velho para mim, desde sempre Wellington esteve lutando comigo e até me protegendo as vezes, eu o vi alcançar patamares cada vez maiores e fiz questão de estar sempre próximo, sempre foi claro quem era o mais forte, se ele quisesse teria se tornado um Grande Alpha.
Lois: então por quê nunca se tornou?
Renato: simples, esse nunca foi o objetivo dele, Wellington sempre desejou a força e seu gatilho pra isso sempre foram as pessoas que o cercavam, ele se tornou tão forte quanto foi preciso, eu que sempre quis ser como os velhos, daí um dia ele me disse algo que não esqueci.
O lobo mergulha em memórias, ele e Wellington jovens, com pouco mais de vinte anos, não tinham nem um terço das cicatrizes que possuem.
Wellington: Grande Alpha? Que nem aqueles dois monstros?
Renato: é, com um monte de lobos, mais de dois mil pelo menos.
Wellington: vai ter que lutar muito pra chegar nesse ponto.
Renato: é, eu sei.
Wellington: se você decidir ir por esse caminho eu vou te seguir, vou estar sempre lá pra te ajudar.
Renato: mas voce é forte, pode ter a sua própria.
Wellington: ajudar meu você vale muito mais, afinal foi você que me ensinou a ser irmão, então tenho que retribuir o favor, vamos com tudo, Loiro!!
Aquela recordação era muito precisosa para o Alpha e mostrava quem de fato era o lobo conhecido como Bravo, todos ficaram surpresos com aquilo, principalmente os demais Alphas.
Renato: esse é o lobo que eu conheço, está disposto a fazer qualquer sacrifício se isso significar o bem maior.
Helmar: o treino em conjunto eu aceito, devemos decidir como vamos dividir nossas forças e quais critérios usaremos para delegar posições.
Lois: não tenho alternativa?
Renato: Wellington já disse quais são.
Assim foi terminada a reunião, os Alphas iriam iniciar os treinos em breve e iriam decidir os cargos a serem ocupados.
A luta mais aguardada iria acontecer hoje, Hiure contra Bryan, a loba então anuncia a luta.
Pérola: de um lado, o novato que fez fama nesses ringues, medindo 1,70 e pesando 67 kg, Hiure o desafiante.
O rapaz entra erguendo os braços, todos gritavam por ele.
Pérola: do outro nós temos o campeão máximo desse lugar, o lobo que nunca chegou perto de conhecer a derrota, medindo 1,81 e pesando 94 kg, Bryan a Fera.
O campeão adentra a arena, era caucasiano, seus cabelos caiam até o peito, sua barba era fechada, tinha um físico massivo, usava roupas pesadas, sua expressão era firme e séria.
Pérola: ao centro!
Os dois se encaram e avançam, ficam cara a cara, a diferença entre eles era gritante.
Hiure: finalmente pude conhecer o famoso campeão.
Bryan: pensei que você fosse maior.
Hiure: não ligue para minha estatura, ela é não é o problema aqui.
Bryan: ouvi muito sobre um novato genial, que chegou até a vencer o Mordida de Prata e o Tormenta da Morte, o Mordida era um nada, mas eu esperava lutar com o Tormenta, até que você acabou com ele antes.
Hiure: eu não queria que fosse daquele jeito.
Bryan: ele era minha presa, espero que você compense por isso, moleque.
Ambos dão aa costas e iriam retornar para seus cantos, mas de repente o campeão recebe uma gravata pelas costas, o desafiante tinha se agarrado firme, as pernas envolveram a cintura e a gravata estava firme.
Hiure: meus parabéns campeão, construiu um corpo de quase 100 kg, mas será que suporta a pressão?
O campeão corre e salta, chegando a pisar na borda da arena e pulando de lá, na tentativa de cair por cima do rapaz, mas Hiure se solta e o campeão cai de joelhos, a poeira subiu e dela sai um pontapé frontal no peito de Bryan que recua um pouco, este então sorri e avança calmamente até o rapaz, mais parecia que está a numa caminhada matutina, o jovem se põe em guarda firme, mas Pérola nota o que aconteceria.
Pérola: recua Hiure, sai daí agora, agora!!! Pensa aflita.
Os dois por fim ficam cara a cara, no alcance de ataques, Hiure não suporta a tentação e ataca com um direto, Brya desvia, segura o pulso do rapaz e começa a girar como se fosse um brinquedo até que o choca de costas no chão, Bryan então o solta e caminha para a saída, até que ouve seu oponente se levantar.
Hiure: impressionante campeão, é um golpe absurdo.
Bryan: chamo esse de homem brinquedo, posso te mostrar de novo.
Hiure: uma vez é o suficiente, obrigado.
Novamente o campeão caminha, dessa vez Hiure assume uma postura defensiva, com ambas as mãos estendidas, Bryan chega tão perto que quase tem seu torço tocado, mas dessa vez o jovem não atacou.
Bryan: é isso que espero do desafiante número um!!! Grita atacando.
Sua mão ia agarrad o braço do oponente de novo, mas em troca ele recebe um soco direto no tórax, em seguida vieram mais cinco, todos na altura do coração, por fim veio um chute circular alto que atingiu a cabeça do campeão, este ficou zonzo e caiu sob um joelho, a plateia surtou com aquilo, a loba não podia conter o sorriso.
Hiure: se levanta, Fera, sei muito bem que isso nem te fez cócegas.
O campeão levanta rindo do rapaz, ninguém podia acreditar naquilo, mas era real, os socos não surtiram efeito algum.
Bryan: achei que ia deixar tudo mais dramático.
Hiure: pare de brincar aqui, leve essa luta a sério!!
Bryan: me faça levar a sério.
Hiure: que seja. Rosna se transformando.
A crinos do jovem surge, 2,00 m, os punhos estavam serrados.
Hiure: não consigo me conter nessa forma, vou ir com tudo sem restrições.
Bryan: tô espera... Diz sendo interrompido por um chute no estômago.
Hiure: eu avisei.
Uma chuva de golpes desceu sob o campeão, este se defendia, mas estava tenso, ele dá um gancho no rapaz, Hiure devolveu com uma cotovelada no peito, seu oponente segura seu braço e o joga por cima do ombro contra a parede, Hiure se levanta e solta um chute baixo atingindo a lateral do joelho, em resposta o oponente segura Hiure pela cintura e se joga para trás fazendo o jovem cair de cabeça com o peso de ambos.
Pérola: eu nem acredito, Hiure tá vencendo ele, é!!!
A plateia toda começa a gritar o nome do garoto, este castigava o tronco do Bryan com socos, até que o campeão atinge seu rival com um pontapé no peito que o faz recuar.
Bryan: muito bem Hiure, você fez muito mais do que qualquer um antes, eu o respeito, por isso vou mostrar algo inédito aqui, fixe seus olhos.
O campeão tem suas roupas rasgadas, seu corpo começa a crescer, pelos marrons vieram junto, ele chegou a 2,5 m.
Bryan: incrível como uma mínima diferença na forma humana se torna absurda na transformação.
Hiure: crinos!? Ele também!? Pensa pra si.
Bryan: já posso começar?
Antes do rapaz ter um raciocínio ele já havia sido acertado, um direto no olho esquerdo, fez o sangue escorrer e a visão sumir, ao se recompor o rapaz vê outro golpe vindo, ele arma a guarda, seu braço é atingido, mas ele ainda se feriu, o golpe arrancou um bom pedaço da carne do antebraço de Hiure, sua mão foi pega, torcida e esmagada, Hiure grita e tenta um chute na virilha, mas recebe uma cabeçada em cheio no focinho, o campeão o puxa pela mão fraturada e lhe dá um cruzado que o joga no chão.
Bryan: fim de jogo.
Novamente o campeão toma a saída e novamente interrompe seus próprios passos.
Bryan: isso já não tem graça rapaz, só fique deitado.
Hiure: ainda não te arrepentei, volta aqui!!!
O jovem lobo então ataca, seu chute alto é bloqueado e o campeão desfere um soco, o rapaz defendeu, mas a foi mutilado novamente, Bryan então avança sem se segurar, o rapaz mal podia ver os golpes vindo, até seus ossos foram agredidos.
Hiure: fratura no antebraço direito, joelho esquerdo deslocado, três costelas destruídas, um olho cego e mutilação por todo o corpo, esse é o preço cobrado por um bom combate. Pensa consigo.
O rapaz ofegava de cansaço e dor, seu corpo todo gritava de agonia, seu pelo estava melado com seu sangue, mas ainda havia uma chance.
Hiure: você não me escapa!!!
O rapaz avançou feroz, Bryan respondeu a altura e ambos começam a trocar golpes sem se defender, até que o rapaz bloqueia um soco e se põe no flanco esquerdo do oponente, acertando uma cotovelada no queixo e assim passando para a direita e acertando um soco com a junta do dedo do meio na tempora do oponente, Bryan parou na mesma hora.
Hiure: pode ser um monstro, mas ainda tem partes vitais!!
O lobo não pôde comemorar seu inimigo de repente avança o surpreendendo.
Bryan: tentou chacoalhar meu cérebro com esses golpes, lamento, mas isso não funciona comigo!!
O campeão ergue o rapaz pelo pescoço.
Bryan: dois fatores impediram que me derrubasse, seu olho cego atrapalhou sua noção de profundidade e por mais que estivesse vendo, você é muito fraco, moleque!!!
Hiure: animal!!! Grita arranhando a face do oponente.
Na dor o campeão chocou o rapaz contra o chão o tirando de vez de combate e o fazendo voltar a forma humana, Bryan sai da arena com uma não no rosto, Pérola entra correndo e passa por ele, seus olhos se encontram, nela era possível ver raiva, ela pega o rapaz nos braços e o tira dali, logo que o deixou no quarto começou a tratar dele, levou um dia inteiro para que ele acordasse.
Hiure: o que... onde eu...
Pérola: fica deitado.
Hiure: ruivinha? Eu ganhei?
Pérola: o que você acha?
Hiure: que eu tô sentindo dor em lugares que eu nem sabia que tinha.
Pérola: fratura no antebraço, joelho deslocado, costelas quebradas...
Hiure: e um olho ferrado, eu sei.
Pérola: eu ia dizer fratura não clavícula, traumatismo craniano e maxilar quebrado também.
Hiure: isso explica a dor de cabeça infernal e a dor pra falar.
Pérola: tô usando a bênção do lobo.
Hiure: o que?
Pérola: uma erva especial que acelera o processo de cura dos lobisomens, mas isso vai te deixar zonzo e exausto.
Hiure: quando posso voltar a lutar?
Pérola: cala a boca, cachorro, um pouco mais e você teria morrido, só descansa, vai por o pé no chão em dois dias, dorme, ou te quebro a cara.
Já era fim de tarde, a dupla de irmãos voltava para casa, decidiram ir a pé para olhar uns pontos mais ocultos do território, numa parte mais deserta eles sentiram um cheiro bem específico, cheiro de sangue, logo acharam a fonte, um corpo no chão, tinha marcas de estrangulamento e de mordidas, foi devorado parcialmente.
Kaique: isso é...
Ryan: uma presa.
Kaique: ainda tá quente e pelo cheiro foi agora a pouco.
Ryan: e pelo som foram eles...
Cinco vampiros estavam no alto de uma casa abandonada.
Vampiro: aquele ali deve ser um caçador.
Vampiro 2: ninguém pode saber que estivemos aqui.
Vampiro 3: então eles não podem fugir.
Vampiro 4: matem!!
Os cinco atacam numa orda, não se seguraram.
Ryan: sai daqui!!! Grita empurrando o irmão.
O mais novo cai e o mais velho parou o ataque sozinho, segurou os inimigos, Kaique levanta e vê a cena, seu irmão segurando os cinco inimigos.
Ryan: encontro você depois, vai!!!
O mais novo levantou e correu.
Vampiro 5: vai se sacrificar pelo amiguinho? Que comovente, que previsível. Zomba com nojo.
Os vampiros são jogados pra longe e ele ataca, pulou pra cima de um deles com suas garras rasgando o rosto, outro veio por trás e lhe arranhou as costas, recebendo uma mordida na mão que desferiu o golpe, o caçador resistia, mas aos poucos ia sendo encurralado, até que um deles tem algo atravessando seu crânio pela nuca e saindo pela boca, todos se surpreenderam.
Ryan: Kaique!?
Kaique: cala a boca e mata!!
O irmão mais novo tinha dois pedaços de madeira nas mãos, ambos pontiagudos.
Vampiro: estacas, quebrem essas merdas!!!
A dupla ataca, um vampiro avança contra o mais novo, este se dobra para trás e crava a estaca no braço do inimigo e depois no meio do peito, Ryan tinha entre suas presas o pescoço de um vampiro, outro ataca por cima, mas ele desvia, correu e usou a parede para pegar impulso de volta contra o vampiro, suas garras rasgaram as costelas da direita.
Vampiro: vira lata maldito!!! Grita atacando.
O ataque enlouquecido foi recebido pelas presas do caçador que fecharam no rosto do inimigo e esmagando o crânio, outro ia lhe atacar com uma lâmina de prata, o rapaz não teve tempo de reagir, mas duas estacas atravessam as costas e saem no peito, o grupo assim é exterminado.
Kaique: " a mestria transforma uma estaca numa espada" não entendi na época, su era tão cego, mas graças a vocês eu pude ver a luz.
Ryan: Kaique, você...
Kaique: está tudo claro, estou convicto de tudo, não tenho mais dúvidas sobre mim. O olha nos olhos.
O cabelo tocava os ombros, pelos cresceram no peito, braços e sua barba estava muito maior, não eram simples fios, eram mais grossos, como pelagem animal, seus músculos estavam ainda maiores e densos, agora tinha 2,5 m, suas presas saltavam pra fora da boca, dos dedos saiam garras grossas e seu rosto estava transfigurado numa fera e seus olhos antes azuis agora reduziam comk dois rubis.
Ryan: você é um alpha!!!
Kaique: foi naquele instante...
O rapaz se lembra de quando entrou em fuga a mando do irmão, enquanto corria ele ouviu os urros de dor de seu irmão mais velho, isso o parou, seus punhos serraram, ele rosnava de revolta, sem pensar duas vezes ele se voltou para uma árvore grande com muitos galhos grossos, não teve dúvidas do que faria, com as estacas nas mãos ele voltou para o combate, se transformou enquanto corria, mas só se deu conta disso quando matou o último inimigo.
Ryan: como se sente?
Kaique: como um deus, nem imagino como vou me sentir na lua cheia.
Ryan: vamos experimentar essa força quando ela surgir da próxima vez, vamos, temos que chamar um pessoal pra limpar isso e você tem que ver o Alpha.
O mais velho volta a forma humana e pegou uma muda de roupas na mochila, eles se abraçam e volta rindo pra casa, iriam comemorar esse grande dia.
No Espírito Santo o jovem alpha tocava os pés no chão pela primeira vez desde sua derrota, a loba entra e o vê se levantando.
Pérola: não devia estar de pé. Diz irritada.
Hiure: não posso ficar nessa cama o resto da minha vida.
Pérola: três dias, é tão difícil?
Hiure: eu tô vivo, não consigo só ficar de repouso, além disso eu não vou superar aquela besta sem me mexer.
Pérola: mal saiu vivo de uma luta contra ele e já tá pensando em lutar de novo?
Hiure: antes disso eu quero saber o que foi que ele te disse naquela hora?
Pérola: o que?
Hiure: antes de eu ficar desacordado eu te vi falando com ele.
Pérola: ele estava exigindo a parte dele.
Hiure: só isso?
Pérola: é?
Hiure: tem certeza?
Pérola: eu devo uma grana pra ele, fiz uma divida alta quando ele apareceu, ainda tô pagando.
Hiure: quanto?
Pérola: era de vinte mil.
Hiure: quanto já pagou?
Pérola: sete.
Hiure: só isso!?
Pérola: não tenho grana sobrando, tô tentando, tá?
Hiure: você é prisioneira dele, nunca me disse nada.
Pérola: por que eu deveria?
Hiure: porque eu... eu... Se interrompe ao se virar e a olhar nos olhos.
Pérola: você o que? Iria me salvar com seu cavalo branco, ou melhor, mustang preto?
Hiure: eu teria te ajudado.
Pérola: não é assunto seu, nunca foi, só pague o que me deve e some daqui, antes que seja tarde. Impõe de saída.
Hiure: as apostas ainda estão altas ao meu favor?
Pérola: o que?
Hiure: estão ou não?
Pérola: estão sim.
Hiure: então aposte tudo o que puder contra mim.
Pérola: o que?
Hiure: só aposte, amanhã eu luto.
Pérola: você não tá nem conseguindo ficar de pé.
Hiure: aposte contra, sério Pérola, por favor.
A loba nada entendeu, saiu do quarto, o lobo assume a glabro, era o máximo que pôde, isso iria acelerar sua cura, mas não o suficiente para se quer o colocar com metade de sua força, pela noite ela anuncia.
Pérola: bêbados e sóbrios, vocês acreditam em fantasmas? Pois nessa noite teremos um espectro renascido, o lobo que só conheceu a derrota pelas mãos do próprio campeão, aquele que se tornou o Carrasco da Tormenta, entrando do ringue, Hiure!!!!
Os licantropos que assistiam não puderam acreditar, mas entrando no fosso de areia estava o jovem recentemente derrotado, todos começam a gritar, aplaudir e assobiar.
Pérola: contra ele nos temos o Cão Raivoso, o nosso fila brasileiro, o cão que sempre foi comparado ao Tormenta, entre!!
Um homem negro entra no ringue, tinha cicatrizes de corte na cabeça, ia da testa até a nuca, era mais alto que Hiure, um corpo robusto e pesado, ele já entra na forma meio cão, um monstro de 2,40 m.
Hiure: um cão de fila, o mastim brasileiro, é um oponente apropriado pra isso!!
O jovem assume a glabro e ataca, ambos iam apenas no braço, nem mesmo as enormes garras e presas iriam ser usadas, o direto acerta o rapaz, em resposta veio um soco no abdômen, o cão solta um cruzado, Hiure salta e chuta a garganta do cão, o Raivoso segura o pulso do oponente e lhe soca no meio do peito, a loba não podia acreditar naquilo que via, era nítido que o lobo estava sofrendo, mas não ia só se jogar para a derrota, o Cão Raivoso segura as mãos do lobo e começam uma disputa de força, Hiure aos poucos ia sendo subjugado e empurrado, seu pé afunda a na areia e ele recuava com a pressão, ele então se vê contra a parede, daí ele para de fazer contra e num mortal ele chuta embaixo do queixo do cão, mas assim que ele toca o chão recebe um direto no rosto se chocando contra a parede, Cão Raivoso então o olha e sai limpando a mão com um pedaço de pano, Hiure se sentou apoiado na parede, sua cabeça sangrava, seu corpo todo estava em agonia, ele se levanta firme, todos ficaram atônitos e descrentes, mas era verdade, Hiure havia sido derrotado duas vezes seguintes, alguns xingaram, outros jogavam garrafas e lixo, mas todos tinham o mesmo sentimento de descrença e revolta, o rapaz entra, caminhou pouco e caiu sob um joelho, sangue escorreu pelo nariz e até ouvidos.
Hiure: e assim se vai meses de luta e vitórias...
O lobo só seguiu para o seu quarto, a loba não o seguiu, sabia que ele estava ferido além da carne, sua alma estava abalada e ao cair no sono ele se vê pagando o preço, em seu sonho ele estava em casa de novo, sentado na mesa de jantar, a esquerda da cabeceira, nela se sentou seu pai.
Wellington: cinco anos, esse é o tempo que você tem desde que se tornou um alpha, te ensinei a lutar, sobre honra e moral, daí você joga tudo no lixo em uma luta arranjada numa rinha!? Esqueci algo?
Hiure: não, eu fiz isso mesmo.
Wellington: jogou fora seu orgulho e por quê? Uma garota qualquer que você mal conhece? Por um lugar de merda que logo você vai deixar?
Hiure: ela precisava de ajuda e eu podia ajudar.
Wellington: está se deixando levar, mas não se esqueça, seu tempo longe de casa tem prazo de validade.
Hiure: eu não me esqueci!!!
A noite foi dura e tensa, o rapaz se debateu e rosnou o tempo todo, na manhã seguinte ele nem conseguia olhar para Pérola, esta não compreendia o que estava acontecendo, mas ia tirar a limpo.
Pérola: quero falar com você.
Hiure: tô sem tempo agora, vou começar a treinar.
Pérola: não perguntei isso, senta aí.
Hiure: ignorante pra cacete.
Pérola: por que?
Hiure: porque era o certo.
Pérola: se jogou na lama por uma divida minha, nem quis abater da sua própria.
Hiure: eu sei cuidar de mim.
Pérola: eu também, está no meu bar!!
Hiure: o qual você é refém, não fiz isso por piedade, fiz pois era o certo.
Pérola: não me deve proteção nenhuma.
Hiure: eu tinha poder pra fazer a diferença, meu avô me ensinou que quem tem poder também tem dever.
Pérola: disse que vai treinar?
Hiure: vou, eu sai do trilho, quero retomar meu caminho.
Pérola: hoje é domingo, eu conheço um lugar.
Hiure: me guia.
Pérola: eu dirijo.
Hiure: nem fudendo, ninguém dirige o meu bebê.
Ambos adentram o carro e seguem para uma parte remota, era uma cachoeira pequena, um lugar bem escondido.
Hiure: esse lugar vai ser ótimo.
Pérola: eu vinha muito aqui com meu pai, poucos conhecem e é afastado.
Hiure: é perfeito.
Pérola: o que você vai fazer agora?
Hiure: bom, eu lutei com ele, vi kickboxe, um pouco de judô ejiu-jitsu e bastante greco-romana, estilo de submissão, ele era um militar.
Pérola: o que?
Hiure: estilo submissão é usado pela polícia e forças armadas como técnica de defesa pessoal e de combate corpo a corpo, principalmente nos EUA.
Pérola: ele é americano, tinha um português muito enrolado e um sotaque forte quando chegou.
Hiure: ele foi treinado, muito bem treinado e digo mais, foi por outro licantropo, ele sabe muito bem misturar a fera com o combate humano, é forte, resistente, muito rápido e sabe lidar com técnicas avançadas.
Pérola: como vai vencer isso?
Hiure: com paciência, não vou alcançar ele em duas semanas, tenho que treinar com cada aspecto dele, a começar pela velocidade, os socos eram como tiros.
Pérola: então eu fiz bem em trazer uns brinquedos, abre a mala.
Na mala do mustang estava um verdadeiro arsenal, armas e muitas balas.
Hiure: quando...
Pérola: pouco antes de conversarmos, eu vi você se preparando e tive a ideia, vem.
Ela cobriu o capo do carro com várias armas.
Pérola: cada modelo aqui funciona de maneira diferente, suas balas, potência, distância, cada uma tem sua especialidade, aqui, revólver 38, poderoso, mas lento por não ser automático, a curta distância é uma desvantagem, pistolas são mais rápidas por serem automáticas, escopetas são extremamente poderosas e de tiros rápidos, mas são inúteis a longa distância, fuzil é destruidor, rapido e preciso, mas de deixa com mobilidade e autodefesa reduzida.
Hiure: é especialista?
Pérola: o tempo me fez assim, se quer esquivar dos socos dele vou te ajudar, pra começar, no momento você não é mais rápido que uma bala, mas pode se mover mais rápido que o atirador, esquivar de balas não é velocidade, é percepção e atenção.
Hiure: me ensine.
Pérola: ótimo. Diz atirando nele.
A bala atingiu o ombro dele o derrubando de costas no chão.
Hiure: o que é isso!?
Pérola: eu mostrando o quanto você vai ter que melhorar e as consequências das suas falhas durante esse nosso processo.
O lobo passou a manhã inteira recebendo tiros, ele fez uma promessa a si que não se transformaria, nem mesmo uma única presa ou olhos brilhando, no total ele só desviou de dois tiros que pegaram de raspão, ele volta fracassado, cobriu o banco e voltou.
Pérola: você foi bem.
Hiure: eu levei mais de cinquenta tiros o dia todo.
Pérola: mas podia ter levado cinquenta e dois, aproveite as pequenas vitórias, cachorro.
Hiure: você adorou isso, não foi?
Pérola: eu atiro bem melhor quando tô possessa.
Hiure: que lindo.
Em Lupina o recentemente alpha se encontra com os dois figurões, na sala ele se transformou.
Wellington: eu falei que ele ia conseguir.
Renato: foi mais rápido do que eu esperava.
Wellington: ele é um glabro, que nem você.
Renato: quase.
Wellington: agora vai treinar com os outros alphas, meus parabéns meu rapaz. Diz lhe estendendo a mão.
O Vice Alpha abraça o jovem, estava orgulhoso da evolução do rapaz, este logo correu pra casa, colocou a espada sob as pernas e meditou.
Victor: olha esse brilho rubro.
Kaique: eu consegui, eu não sei como, só...
Victor: e a resposta para a pergunta?
Kaique: eu quero ser alguém em quem meus irmãos possam depositar confiança, eu quero ser alguém que eles possam confiar!!!
Victor: essa é a sua vontade, ela retornou a sua necessidade na forma de poder, você agora ganhou a chave para destrancar incontáveis portas e possibilidades.
Kaique: e tudo graças a você.
Victor: eu? Sou só parte da sua consciência, tenho essa forma por escolha sua, estava dentro de você o tempo todo, a determinação para a grandeza, ela vive dentro de vocês quatro, agora vai, o mundo precisa da sua espada.
O rapaz volta para junto dos demais alphas, agora ele treinaria com a elite da alcatéia, eles começam até que um grupo surge, vinte mulheres bem armadas, metade com equipamentos modernos, a outra com espadas, arcos e lanças.
Kaique: o que significa isso?
Carla: somos amazonas, viemos sob ordem da Rainha.
Kaique: a Lois mandou vocês?
Talita: muito cuidado!! Chame-a de Rainha. Impõe com a espada no pescoço dele.
Kaique: ela pode ser a sua Rainha, mas não é a nossa, estão no Sul, onde seria inteligente não apontar uma espada para um lobo daqui.
Os demais alphas cercaram o grupo, tinham a vantagem por já estarem com armas em mãos desde o começo.
Kaique: fora que...
O jovem usou sua espada para tirar a lâmina do seu pescoço, ambos se encaram, daí começa um duelo, Kaique golpeava rindo e com muita força, mas sua oponente era muito disciplinada, eles duelaram até que ele a desarmou e mirou seu pescoço.
Kaique: essa força de alpha que queima é muito foda, me sinto capaz de vencer qualquer um.
As semanas se passaram, já era mês de julho, por várias semanas o jovem lobo foi baleado por diversas armas, não sentia nenhum avanço, a cada seção ele retornava mais ferido, o que o irritava.
Pérola: me dá as chaves, eu levo.
Hiure: ninguém dirige meu carro!
Pérola: me dá logo a merda da chave, você tá todo ventilado!!
Hiure: foi a última vez, chega, não treino com você de novo! Rosna pouco depois de saírem.
Pérola: por que!?
Hiure: porque eu não tô progredindo em nada, cada vez eu volto mais ferido e você com esse rido bobo.
Pérola: eu estou te fazendo um favor!!
Hiure: não pedi por nada disso!!
Pérola: nem eu pra você ser derrotado, mas você fez, não foi!?
Hiure: eu fiz isso por você!!
Pérola: e eu não!? Acha que eu tô esse tempo todo vindo aqui, gastando bala e tempo por nada!?
Hiure: então por quê?
Pérola: sai do carro.
Hiure: como é que é?
Pérola: sai da porra do carro agora.
O lobo sai e ela também, ele dá a volta e dá de cara com uma pistola apontada pra ele, o lobo esquivou para a esquerda, o segundo tiro veio, ele rolou pra frente e num giro ele chuta a arma, Pérola então saca um revólver e atira no abdômen e no ombro dele, mas o lobo se aproxima o suficiente e toma a arma da mão dela.
Hiure: o que é que você pensa que está fazendo!?
Pérola: mostrando pra um lobo burro e cego sua própria evolução!!
Hiure: do que você tá falando?
Pérola: esquivou de três tiros.
Hiure: e tomei outros dois.
Pérola: mas não caiu, você não percebeu, mas tem melhorado muito.
Hiure: ainda sou baleado por você.
Pérola: isso porquê eu tenho te levado cada vez mais a sério, os tiros que eu dava no começo não são os mesmos de agora, isso graças a você ter melhorado!!
Hiure: eu nem percebi, ruivinha eu...
Pérola: vai a merda, eu só tinha que ficar longe, era só deixar você se arrebentar nos ringues, mas não, eu tinha que me envolver, eu tinha que me importar!!!
Hiure: ruivinha...
Pérola: é o que eu ganho sendo burra, nem um obrigado, nem... Grita sendo interrompida por um beijo.
O lobo a segurou pelos braços enquanto a beijava, ela ficou confusa, o empurrava, mas logo deixou de fazer força contra e passou a puxar pra si.
Hiure: eu as vezes sou meio lerdo, desculpa, Pérola.
Pérola: o que foi isso?
Hiure: impulso, eu acho, mas Pérola, se eu fiz errado, eu...
Pérola: o que aconteceu com o "ruivinha"?
Hiure: achei que não gostasse.
Pérola: não gosto, mas acho que gosto de você, cachorro.
Hiure: vamos?
Pérola: vamos.
Eles entram no carro, o lobo a põe em seu colo, eles chegam no bar, o lobo tranca o carro e sobe a levando pela mão, ia para seu quarto quando ela puxa de volta.
Hiure: muito rápido?
Pérola: quarto errado, vem. Diz o puxando para o dela.
Os dois entram no quarto da loba, era cheio papeis com artes para tatuagem preso nas paredes, em outra parede estava um arsenal, na penteadeita havia um porta joia aberto cheio de brincos e piercings, encostada ao lado da cama estava uma guitarra azul.
Hiure: nossa.
Pérola: não gostou?
Hiure: é como eu esperava, menos pela guitarra.
Pérola: eu até esqueço que ela está aqui, eu não toco desde que meu pai se foi.
Hiure: esse quarto é você na pura essência.
Pérola: não acredito que gostou.
Hiure: vou ter que provar isso?
Pérola: me prova. Desafia cara a cara.
O lobo a suspende, ela enrola suas pernas na cintura dele, ambos se olhavam nos olhos, ele sorri logo depois dela e a beija, o quarto ficou uma bagunça, as roupas ficaram espalhadas pelo quarto, passaram a noite juntos, foi a primeira vez do lobo e estava feliz, a via dormir sob seu braço e a beijava calmamente na cabeça.
Os treinos continuaram, as três alcatéias aos poucos iam se adequando umas às outras, mas ainda ocorriam brigas, os três Alphas decidiram os cargos, Helmar como General de combate irá comandar os ataques, Vaneska como estrategista chefe será responsável pelas manobras e planos de batalha, Renato como General tático tem a responsabilidadede conciliar as táticas de Vaneska com o combate de Helmar, Wellington como Coronel de coordenação vai coordenar e enviar as melhores unidades para cada plano, Lois como General de campo vai estar junto do exército o liderando na linha de frente e Sofia como Coronel de vanguarda dará proteção para os atacantes, abaixo deles tem os Tenentes Coronéis responsáveis por comandar mil homens, os Majores irão comandar quinhentos homens, Capitães por trezentos homens, Tenentes por cem homens, Sargento por cinquenta homens, Cabo por dez homens e os soldados rasos, esses cargos foram falados e aos poucos sendo ocupados por quem mais merecia, haviam divisões como infantaria, cavalaria, vanguarda, atiradores, entre outras, todas formariam um grande exército com o objetivo de libertar Lupina nos invasores.
O casal estava feliz com a intimidade recém alcançada, mas isso não mudou seu modo de se tratar ou de treinar, o lobo ajudava no bar quando não estava treinando, carregava caixas, arrumava prateleiras, mudava as geladeiras de lugar e cozinhava, esse talento o fez refém de um lado desconhecido da ruiva.
Pérola: uma vontade de comer carne assada...
Hiure: faz.
Pérola: eu odeio cozinhar, sabe disso.
Hiure: então compra, tem um restaurante bom aqui perto.
Pérola: quero um tempero melhor, tava pensando em você fazer o jantar.
Hiure: me escravizando de novo? Não estamos em 1850.
Pérola: dramático, tinha que fazer novela, escrever um livro, sei lá.
Hiure: eu cozinho se tocar pra mim.
Pérola: já disse que não, para de insistir nisso.
Hiure: mas por quê? Eu só quero te ouvir tocar, só um pouquinho.
Pérola: eu não toco mais, não tenho motivo, agora para de me encher com isso!!
Hiure: tá bom, não peço mais, eu faço a janta, beleza?
Pérola: vou querer aquele molho com pimenta que você faz, pra ver se eu perdoo você.
Hiure: minha ruivinha. Diz tentando um beijo.
Pérola: beijo você quando te desculpar, vai depender do tempero.
O lobo se jogou na cozinha, preparou tudo com tranquilidade enquanto ouvia música no fone de ouvido, a loba subiu para o quarto, se sentou na cama e pegou a guitarra, passou os dedos nas cordas, mas sem efetuar som algum, a colocou em pé e apoiou a cabeça nela, tinha uma expressão um pouco triste e nostálgica ao mesmo tempo, ficou ali por horas até ser interrompida pela cheiro que vinha lá de baixo, ela chega e já encontra seu prato feito e bebida servida.
Hiure: sua carne com o molho de pimenta e sua favorita, vodka barata.
Pérola: bebe comigo?
Hiure: eu prefiro uma tequila, obrigado meu anjo de cabelos de fogo.
Eles desfrutam de um momento sossegado, o lobo estava treinando sem parar todos os dias, o descanso era merecido, a loba comeu e bebeu tanto que logo estava sonolenta.
Hiure: vamos subir?
Pérola: me leva?
Hiure: você abusa da minha boa vontade, não é ruivinha?
Pérola: vamos cachorro, me põe na cama vai.
Ele a pega delicadamente nos braços e sobe as escadas bem devagar pra que ela não acorde, ele a colocou na cama e deitou ao lado dela, estava fazendo uma noite fria, por isso ele os cobriu bem e a abraçou.
A manhã seguinte foi diferente, ela já não iria com ele para ajudar, agora ele seguiria sozinho, levou consigo um machado e correntes, lá ele cortou uma árvore pra que ficasse com a mesma altura que ele e amarrou os galhos com a corda, ele golpeou o tronco cortado e arrastou os galhos correndo, debaixo da cachoeira ele meditava e fazia seus movimentos de luta bem devagar, socou rochas e até treinou debaixo da água, uma hora, duas, três, cinco horas, treinou ao ponto de passar meio dia fora, foi assim por meses, até chegar no mês de outubro, era dia das bruxas, ele esperou essa data para fazer sua reestreia e seria em grande escala.
Pérola: é a grande noite.
Hiure: acredita que tô nervoso?
Pérola: acaba com eles cachorro. Diz o beijando.
O lobo então se encaminha para o seu lugar e aguarda ser anunciado.
Pérola: meses de espera, seu nome foi quase esquecido, mas tenho certeza que as memórias logo voltarão, ele consagrou a arena com lutas jamais vistas, não um homem, nem um selvagem, ele une as duas partes, o lobo faixa preta que deu um novo significado a palavra resiliência, recebam novamente, 1,75 cm, pesando 72 kg, adentre a arena e faça renascer sua lenda, Hiure!!
O lobo surge das sombras, muitos ficaram em silêncio enquanto outros xingavam e vaiaram sua presença.
Pérola: para seu retorno só um poderia ser seu oponente, aquele que o fez sentir o gosto amargo da derrota pela segunda vez, o cão mais forte dessa arena, venha Cão Raivoso!!
O enorme fila surge diante de todos, tão imponente como sempre, já estava transformado e parou diante de seu oponente.
Cão Raivoso: você deu uma crescidinha, ficou fortinho, mas isso não vai mudar nada, o resultado vai ser o mesmo de antes.
Hiure: veremos totó.
Os dois dão as costas, mas o cão ataca repentinamente, um soco enquanto girava, mas o lobo se abaixou, tocou no peito do oponente com uma mão e com a outra socou direto no diafragma, o ar escapou dos pulmões do cão.
Hiure: apressado come cru, calma.
Os dois ficam cara a cara e começam uma troca violenta de golpes, a diferença de 70 cm era um problema devido ao alcance, mas o rapaz lidou bem com isso, bloqueava e chutava, aquelas horas de treino torturante estavam voltando pra ele, seus dedos no formato de lança encontram a garganta do oponente, em seguida acertou um golpe com a lateral do pé no lado esquerdo do pescoço, Cão Raivoso solta suas garras, mas tem sua mão quebrada por um chute circular do jovem, o cão não está a tao ferido e mesmo assim estava claro o resultado da luta.
Hiure: podemos parar por aqui, não precisa chegar até as últimas consequências.
Cão Raivoso: na forma humana você me dominou, não tem o que ser feito.
O desafiado retorna a forma humana e se cobre, ele estende a mão e ambos se cumprimentam, a plateia aplaude a camaradagem, mas algo surge na arena, passos são escutados e alguém segura o cão por detrás do pescoço.
Bryan: que porra foi essa!? Esse lugar deveria ser um paraíso para lutas, não um teatro meloso, se você entrou aqui é pra lutar até cair inconsciente ou morto, desistir não é opção!!! Diz pressionando os ombros do cão e o pondo de joelhos.
Hiure: larga ele Bryan!! Grita chutando alto.
O lobo solta e desvia do chute recebido.
Bryan: você entende o que eu disse, pensa igual a mim.
Hiure: eu não sou como você!
Bryan: óbvio que é, só não percebeu ainda, mas no fundo você sabe que essa não foi uma luta de verdade, no máximo foi um treino leve, a luta pra valer ainda está pra ser mostrada.
Hiure: quando quiser.
Bryan: você vai saber.
O campeão então sai da arena de maneira tranquila e sossegada com as mãos nos bolsos, a presença do campeão irritava o rapaz.
Hiure: marque a luta, ele perde o trono na próxima.
A loba estava muito em dúvida sobre esse combate, devido o resultado da última disputa deles, mas a luta foi marcada, seria no dia 2 de novembro, no dia 1 ele tirou para descansar, não desferiu um único golpe, iria se preservar ao máximo.
Pérola: está nervoso?
Hiure: muito.
Pérola: não parece.
Hiure: não posso aparentar.
Pérola: então não lute, não precisa disso, esquece a dívida, não quero mais.
Hiure: não é pela dívida, é por mim.
Pérola: da última vez você mal saiu vivo.
Hiure: não sou o mesmo, vai ser diferente.
Pérola: e se não for!?
Hiure: então vou saber que esse é o meu limite e que além disso eu não posso ir.
Pérola: que obsessão é essa!? Por que se dispor a sofrer a troco de nada!?
Hiure: porque é assim que eu sou, não sei ser diferente e nem gostaria de ser.
A loba se vê rendida pelas palavras do alpha, ela se encolhe e o lobo a abraça, já cobria a loba em seus braços, ela chorava se contendo, ele a beija no topo da cabeça e a leva para o quarto, ela dormiu, ele só ficou sentado olhando para ela, logo se aconchegou abraçando a loba e dormiu calmamente com o cheiro dos cabelos ruivos.
A noite seguinte chegou chovendo muito, típico de finados, mas sem raios, apenas chuva e vento forte.
Pérola: a revanche do século vai começar, vocês aguardaram por muito tempo, essa disputa feroz entre esses dois pesos pesados que fizeram nome nessa arena, pesando 72 kg e medindo 1,75 m, o desafiante, Hiure!!!!
O lobo entra na arena, vestia seu kimono preto, amarrava sua faixa bem apertada, batia o pé descalço na areia e depois os afundava nela até sumiram, ambos ficando bem sujos, ele segurava na faixa e esperava o oponente entrar.
Pérola: aquele que ocupa o trono desta arena, o lobo que nunca saborou a amarga derrota, sinônimo de força descomunal e invicto nessas areias, pesando 100 kg e medindo 1,81 m, entre o campeão.
O lobo chega, seus cabelos cabelos estavam presos num coque redondo, a barba estava bem feita, vestia camiseta preta e calças pesadas com estampa militar cinza, também estava descalço e nas mãos tinha faixas brancas enroladas.
Hiure: agora sim parece civilizado.
Bryan: eu sabia que seria uma festa de gala então vim bem vestido, talvez você valha o esforço dessa vez.
Ambos caminham e ficam cara a cara.
Bryan: ficou mais alto nesse tempo, agora tem altura de homem.
Hiure: voce ficou maior, andou comendo muito doce?
Eles dão as costas, não houve ataque surpresa, foram até seus lugares e a luta tem início, eles tem uma troca de golpes intensa e brutal, sangue escorreu da boca do desafiante e da testa do campeão.
Bryan: melhorou um pouco.
Hiure: tive tempo o suficiente pra avaliar e reavaliar nossa luta infinitas vezes, eu entendi você.
Bryan: me entendeu?
Hiure: ex boina verde, não é?
As palavras do rapaz tira um olhar severo do campeão.
Hiure: o seu estilo de luta é de submissão, você foi treinado por um licantropo militar, no mínimo, mas acho que você fez parte.
Bryan: ótima dedução, eu fui do exército, mas tudo que consegui foi isso. Diz levantando a camiseta e mostrando uma cicatriz no abdômen.
Hiure: no começo eu achei que era arrogância e prepotência da sua parte em considerar todos como fracos, com exceção de si mesmo, mas não é isso.
Bryan: não?
Hiure: esse lugar é uma selva e você é a fera que está no topo da cadeia alimentar, qualquer outro indivíduo não é desafio, é presa, afinal um leão é um leão, o resto é comida.
Bryan: deixa eu adivinhar, você é diferente dos outros?
Hiure: eu sou único, a presa que se torna desafio, vai se arrepender por ter me poupado, me permitiu amadurecer e chegar ao ponto de desafiar sua posição.
Bryan: isso nós vamos ver, cai dentro moleque, vamos ver se deixou de ser presa... rosna sendo acertado na boca por um soco direto.
Os dois começam um embate brutal, Hiure chuta alto, o campeão ia segurar seu pé, mas era uma finta, o desafiante abaixa a perna e acerta a lateral da mão na lateral do pescoço de Bryan, esse devolve com um soco no estômago seguido de um pontapé no rosto, Hiure cai de costas, Bryan fica por cima e começa a esmurrar, o rapaz só pôde se defender, até que desviou, o punho inimigo estava ao lado de sua cabeça, ele segurou e puxou o campeão pra si o acertando no nariz com uma cabeçada, o lobo usou suas pernas para enrolar o pescoço do inimigo pelas costas e o jogar, ambos estavam de pé novamente.
Bryan: enjoei dessa brincadeira.
Hiure: não vou arruinar esse kimono. Diz tirando as duas partes.
As crinos surgem, Hiure com 2,40 m e Bryan com 2,50, ambos ficam cara a cara.
Bryan: cresceu um pouco e tá se achando.
Hiure: cala a boca e luta!!
Os dois colidem violentamente, o campeão notou o aumento absurdo no poder de seu oponente, mas o mesmo também notou algo, ambos começam a disputar força, seus pés cravam na areia até sumir e o jovem lobo começa a ser empurrado.
Hiure: eu sabia, você também.
Bryan: achou que eu ia ficar parado te esperando me superar? Quem você pensa que eu sou!?
Ambos param e começam a trocar joelhadas, os golpes colidiram um com o outro, em seguida foram cabeçadas de ambos os lados, o sangue escorria de suas testas, até que o jovem acerta um chute no abdômen do campeão, ambos estavam ofegantes, a luta foi curta, mas intensa, outra troca de golpes intensa se inicia, um soco de Bryan veio de cima para baixo, mas seu antebraço foi perfurado antes de acertar o golpe, os quatro dedos de Hiure estavam num formato de lança cravados na carne até o osso, em seguida foi um golpe na clavícula a partindo ao meio, mas isso lhe custou um soco na boca do estômago o que o tirou do chão e o fez vomitar sangue, um chute o acertou nas costelas, quebrou duas, o campeão avança, segurou o braço de Hiure e o empurrou para frente, ao esticar totalmente o braço ele o puxou para si e acertou um soco direto no peito, o rapaz avança e ataca com todos os golpes que pôde, mas ao parar o oponente estava de pé.
Bryan: acabou o show? Era só isso?
Hiure: os músculos dele, foi isso, ele aumentou ainda mais a resistência dele, criou uma armadura muscular, igual tio Felipe e vô branco. Pensa para si.
Bryan: sua dancinha não serve de nada, agora que já acabou posso te apagar.
O campeão ataca numa velocidade irreal, seu punho ia no queixo do rapaz, mas este usa um bloqueio circular com o antebraço o que desviou o ataque permitindo um contra ataque certeiro, um dedo de Hiure perfurou o diafragma do oponente, em seguida ele atacou o flanco esquerdo de Bryan que tinha um ponto cego, usando as juntas dos dedos ele quebrou quatro costelas do oponente, agora estavam cara a cara, ambos feridos, era tudo ou nada agora, eles partem com tudo, o desafiante atacava ferozmente enquanto Bryan ficou na defensiva esperando o momento certo, até que viu uma brecha e acertou um direto no meio do rosto do rapaz, aquilo não só doeu, abalou todo seu corpo, as pernas do jovem lobo tremeram e ele quase caiu, mas não interrompeu sua investida, seu oponente tinha cortes e perfurações, até os chutes de Hiure cortavam a pele do oponente, os músculos tinham buracos semelhantes aos de tiros.
Hiure: você escolheu o caminho oposto ao meu, você escolheu o poder acima de tudo, força, velocidade e resistência acima da técnica, não foi?
Bryan: você nunca cala a boca?
Hiure: eu tentei acompanhar isso, desperdicei dois meses, até que eu notei que não iria te superar na sua especialidade, atualmente é impossível pra mim ser mais poderoso do que você, então voltei as minhas origens, a técnica acima de tudo, o princípio marcial é dar ao mais fraco a capacidade de vencer o mais poderoso.
Bryan: ainda estou de pé, já você está com as pernas trêmulas, acho que quebrei o seu princípio.
Ambos rosnam e novamente se colidem, a tensão deixava todos inquietos sem conseguir imaginar a conclusão daquele duelo.
Hiure: outros dois socos daquele vão me arrebentar, esse cara não cai nunca!?
Bryan: só preciso acertar dois socos, só dois, esse cara não tem ponto cego!?
No meio da tempestade de golpes veio um cruzado na lateral da cabeça do desafiante, ele pôde sentir seu cérebro chacoalhar dentro da sua cabeça, a visão ficou turva, mas ele não parou, pois finalmente seu oponente demonstrou sentir os incontáveis ferimentos, o soco foi mais fraco do que o anterior, mas ainda era uma situação crítica, Hiure então se deixa levar pela brutalidade animal e acerta um golpe com a lateral da mão no ombro do oponente, o que agrediu o osso, em seguida o mesmo golpe foi usado, não pra impacto, mas para cortar o tórax do campeão desde a clavícula direita até a cintura do lado esquerdo, por fim outro corte, de um lado ao outro do abdômen, mas no giro do golpe outra brecha foi aberta e ao se por de pé ele recebe um gancho na ponta do queixo, o golpe o tirou do chão, o fez voar três metros de distância e capotando na areia até parar de costas e com sangue na boca, a plateia toda ficou em silêncio, Pérola não podia acreditar no que havia visto, Bryan retoma uma postura tranquila e ergue as mãos num sinal de vitória, muitos aplaudiam e assobiavam, até que o campeão cambaleou e caiu sob um joelho, o sangue pingava de todas as partes do corpo, principalmente dos dois últimos cortes, o dano alcançou os ossos e ligeiramente os órgãos internos, do outro lado da arena o rapaz se levantou devagar e também cambaleando, mal pôde ficar de pé.
Bryan: como me feriu assim?
Hiure: você criou uma verdadeira armadura de músculos, então transformei minhas mãos em lanças e espadas e mirei nas falhas da armadura, os espaços entre um músculos e outro, articulações e lugares com pouca massa muscular.
Bryan: meu soco devia ter te mandado pro inferno.
Hiure: que furei seu diafragma e quebrei suas costelas, isso afetou sua respiração e com isso sua velocidade, aí consegui atacar mais e te fazer sangrar mais ainda, admite o desafio?
Bryan: moleque desgraçado. Rosna sorrindo.
O campeão cai de cara na areia, o silêncio engoliu o recinto novamente.
Hiure: como diria meu avô " o vencedor é aquele que fica mais alto no final de uma luta" acho que esse seria eu?
Todos gritavam novamente, até quem perdeu a aposta não podia deixar de aplaudir aquele combate inigualável, a loba corre e pula no colo de Hiure o abraçando apertado e o beijando no rosto.
Hiure: eu venci mesmo? Pergunta no ouvido dela.
Pérola: venceu sim, você venceu. Fala chorando.
Hiure: então me ajuda a sair daqui com classe, eu não consigo me mexer direito.
Eles se abraçam, o lobo acena para todos, mas assim que somem da vista a loba o pega no colo e sobe para o quarto dele e o deixa dormir para descansar, logo que fechou o bar se deitou com ele na cama, o lobo estava acordado.
Pérola: te acordei?
Hiure: seu cheiro me acordou, senti desde o pé da escada.
Pérola: como é ser o campeão?
Hiure: muito melhor do que eu imaginava, deve ser parecido com a sensação de ser alpha de uma alcatéia, estar acima de todos!!
Pérola: você está, não tem cão ou lobo que possa te desafiar aqui, meu campeão.
Hiure: quero comemorar a altura amanhã, não abre o bar, vamos secar garrafas, ouvir música alta, comer até não aguentar mais...
Pérola: e a noite você é todo meu, tá ouvindo? Hoje eu vou te deixar se recuperar dos ferimentos.
Hiure: diz que vai me poupar, mas se deita aqui só com um blusão meu, justa você.
Ela o beija e ambos se deitam, ele como sempre a cobrindo; na manhã seguinte ele acordou mais cedo e fez um super café da manhã, mais parecia um banquete, ela desceu já com tudo pronto.
Hiure: bom dia minha ruiva. Diz puxando uma cadeira.
Pérola: tudo isso!?
Hiure: bom apetite.
Eles dois então atacam, pareciam duas crianças comendo rápido, disputando quem comia mais e também a comida, pela noite eles já haviam esvaziado mais de dez garrafas de bebida de lobo, só pararam pra comer um churrasco que ela fez, ouviram todo tipo de música, mas no final da festinha ela subiu e voltou com a guitarra.
Hiure: vai tocar pra mim?
Pérola: vale a pena.
Ela tinha notas perfeitas e uma voz quase angelical, contrastando com o jeito rebelde, cantou músicas lindas, o lobo a puxa para seu colo, ela continuou a tocar enquanto ele a abraçava; na hora de deitar ele a levou pela mão, ao subir as escadas as roupas foram ficando pelo caminho, no quarto já tinham poucas peças, este ficou uma bagunça pois quase destruíram tudo, no fim ele a beija e a põe dormindo sob o peito dele; todo aquele dia especial tinha uma razão, já era novembro, sinônimo de despedida, mas o lobo não era capaz de dizer adeus, no meio da madrugada ele reuniu suas coisas, já ia saindo quando ela acordou levemente.
Pérola: onde vai, cachorro?
Hiure: ouvi um barulho vindo lá de fora, vou ver.
Pérola: tá chovendo lá fora.
Hiure: eu me seco, vou indo, pode dormir. Diz dando as costas.
Pérola: tá bem, amo você. Diz se virando e dormindo.
O lobo engoliu as lágrimas junto do seu desejo de ficar, desceu as escadas com seus pertences, guardou tudo dentro do carro e o empurrou até uma certa distância, quando se sentiu confiante ele entrou, deu a partida e seguiu viagem.
Hiure: me perdoe pelo que estou fazendo agora...
A chuva se foi e pela manhã haviam apenas nuvens cinzentas, ela acorda e se vira para o lado dele da cama, mas estava sozinha.
Pérola: cachorro? Ué.
Ela desce, não havia cheiro de café nem nada, mas o carro não estava ali.
Pérola: saiu pra comprar alguma... que isso? Diz vendo algo no balcão.
Sob o balcão estava um envelope, dentro estava uma grande quantia em dinheiro e uma carta.
" Eu queria me despedir, mas só de pensar em te dizer adeus eu já sinto o peito doer, sabíamos que era questão de tempo, eu aproveitei cada instante nosso, eu sou o que sou graças a você, por issoe dói te deixar, peço que me perdoe pelo que estou fazendo, se suas lágrimas caírem sob essa carta, saiba que as minhas caíram antes enquanto eu escrevi, divida paga, fique bem ruivinha"
A leitura foi mais dolorida do que um tiro no peito, era como ter parte dela arrancado, ausência era o que ela tinha agora, a garota solitária aprendeu a amar e agora num mundo tão grande e num bar tão cheio ela estava solzinha de novo; na estrada o lobo chorou, parou o carro várias vezes com o pensamento de voltar, mas algo o chamava de volta, logo ele pôde ver a entrada Oeste da cidade, meses longe, mas ele podia sentir o chamado de volta para casa, passou correndo pelas ruas, o mustang negro era impossível de ser discreto.
Lobo: chefe, viram algo.
????: que foi?
Lobo: um mustang preto, veio do oeste e tá indo para o território Sul, achamos que é...
????: Eduardo, até que enfim você voltou, temos assuntos inacabados.
O carro vinha de longe, mas um jovem percebe algo, Kaique parou seu treino e caminhou até a pista.
Ryan: que foi?
Kaique: tô sentindo uma coisa, é grande e tá se aproximando rápido.
Ryan: grande?
Kaique: forte, bem forte.
Ryan: Rodolpho?
Kaique: não, é diferente, é maior também.
Ao longe o mustang surge reluzindo a luz do sol, os dois perceberam de quem se tratava.
Ryan: até que enfim chegou.
Kaique: tava preocupado?
Ryan: ainda sou irmão dele não sou?
O carro para ao lado deles, o vidro desce devagar, dentro estava um Hiure de cabelo preso, barba grande e uma cicatriz no queixo.
Hiure: sentiram minha falta?
Regresso ao início, Hiure Eduardo, depois de meses, retorna para casa, ele não é o mesmo de quando partiu, assim como seus irmãos e até a própria Lupina, enquanto estava longe o mundo girou e muita coisa está diferente, seu retorno trará sorriso para uns, mas deixa lágrimas para trás e para outros é sinônimo de raiva e rancor, há muito por vir e para acontecer.

                        Continua...

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