Longe do leste onde Hiure fora com Maria e Ítalo, no escritório do Alpha do sul, estavam os outros capitães.
Ryan: o que será feito Loiro? Temos que agir.
Kaique: temos que revidar e com muita força! Fala feroz.
Rodolpho: antes de sair cortando e matando tudo, devemos saber o porque de tanto ódio.
Renato: o motivo é simples, puro e primitivo preconceito, Robert odeia até os ossos todos os kriegshunds, híbridos ou lobos que tem relação aos mesmos.
Ryan: tá de brincadeira!? Fala descrente nas palavras do Loiro.
Renato: ele massacrou milhares de kriegshunds pessoalmente, está mais para um cão do inferno do que para um lobisomem.
Kaique: por isso chamava o menino de aberração.
Ryan: ele falou aberrações, no plural, a quem mais ele se referiu?
Renato: a vocês dois. Fala com pesar na voz.
Kaique: como assim nós!?
Ryan: se refere a relação que tínhamos com Igor e a família dele?
Renato: não, me refiro a linhagem de vocês dois. Fala os olhando sério.
Kaique: a que se refere? Somos lobisomens como todos da alcatéia.
Renato: não, vocês não são.
Ryan: num momento como esse você inventa piadas desse tipo!?
Renato: não é piada, eu nunca contei e nem vocês notaram, mas vocês dois são híbridos.
Aquilo foi um potente soco no estômago dos dois, de repente toda a vida deles parecia não ter sido verdade, como se vivessem sendo manipulados e enganados.
Ryan: tenha uma boa explicação!!
Renato: vocês chegaram aqui com apenas oito anos, ainda não sabiam de nada, mas logo que chegaram eu notei o que eram, mas escondi de vocês para que levassem uma vida normal, sem pensar que eram inferiores, eu devia ter contado, eu sei, mas tentem entender, só queria proteger vocês. Fala sincero.
Kaique: como soube?
Renato: pelo cheiro e também por exames de sangue, Kaique você é um híbrido meio a meio, um de seus pais era um cão e o outro era um lobo e Ryan, você é um híbrido um terço cão, um de seus pais era um híbrido meio a meio e o outro era um lobo puro.
Rodolpho: mas e as transformações deles? Não se parecem em nada com cães.
Renato: isso se deve a mistura, Ryan tem sangue de pastor alemão nas veias e é pouco, já Kaique é híbrido com um cão tamaskan, são extremamente próximos dos lobos, por esses motivos suas transformações são confundidas.
Kaique: eu soube que híbridos não se controlam, mas Ryan vai até a lupina.
Ryan: mas eu só controlo bem mesmo a lupina, até a glabro me confunde.
Kaique: mas nós nos transformamos na crinos pra treinar Hiure quando ele se tornou beta e quando fomos atrás dos lobos do velho.
Ryan: e a cada transformação, você se sentia de que jeito?
Kaique fica inseguro em responder, parecia ter sido pego de surpresa.
Renato: responda Kaique.
Kaique: me senti forte, poderoso, selvagem até...
Ryan: só isso? Pergunta sabendo que havia mais coisas.
Kaique: me senti afogando em um tsunami, como se estivesse perdendo o controle de mim e dos meus sentidos.
Ryan: põe descontrole nisso. Fala distraído.
Kaique: que foi?
Ryan: nada não, esquece.
Renato: eu juro, minha intenção nunca foi mentir por mal, só não queria ver vocês dois sofrendo com seus próprios pensamentos, eu tinha planos de contar tudo com a chegada da maturidade de vocês e, bom, chegou finalmente.
Kaique: olha Loiro, eu até perdôo você por não nos contar, falo isso por Ryan também.
Ryan: só nos diga que não seremos tratados com mimos e proteção.
Renato: não, não os tratarei assim, seria um desrespeito.
Ryan: temos um lobo esquentado que precisa saber disso.
Kaique: iremos logo cedo.
Renato: antes de irem lá, me façam um favor, comprem isso aqui. Diz entregando um pedaço de papel.
Kaique: que isso?
Renato: só umas coisinhas.
Ryan então toma a lista e começa a ler em voz alta.
Ryan: rosas vermelhas, conjunto de adagas, baton, oito preservativos...
Kaique: que viagem é essa Loiro? Vai fazer uma suruba?
Renato: me respeita moleque! Eu preciso dessas coisas pra um pedido de desculpas.
Rodolpho: se encrencou com a Lois não foi?
Renato: vão logo! Grita os apressando.
Nesse mesmo momento, Maria chegava a casa de seus pais no oeste, ela abre o portão e é recebida por sua mãe que se surpreende com a ida da filha sem aviso prévio, Maria solta as grandes malas e abraça a mãe já chorando, Vaneska fica sem reação, apenas retribui o gesto e tenta acalmar a filha, Maria tentava falar, mas não conseguia, sua mãe então a leva para dentro, Helmar e Heitor ficam agitados com o choro de Maria, mas Vaneska a leva para seu quarto e proíbe os dois de entrarem, a jovem loba se senta na cama da mãe e continua a chorar.
Vaneska: minha filha, se acalme, eu estou aqui, pode se acalmar a mamãe está aqui. Fala tentando tranquilizar a filha.
Maria: MÃE!! Por que mãe!? Grita em choro.
Vaneska: o que aconteceu meu anjo, fale comigo minha filha! Pede aflita.
Maria: Hiure e eu mãe, nós terminamos! Fala nervosa ainda aos prantos.
A jovem loba abraça fortemente a mãe, do lado de fora Helmar rosna em fúria.
Helmar: aquele moleque!! Ele vai ver só!! Grita furioso e indo em direção a porta.
Heitor: o que vai fazer? Pergunta seguindo o pai.
Helmar: encontrar o maldito e quebrar ele!!!
Heitor: NÃO!! O senhor não vai! Protesta se pondo na frente da porta.
Helmar: saia Heitor!!
Heitor: não, o senhor é que vai parar, Maria e Hiure são adultos, o relacionamento deles só diz respeito a eles e ninguém mais!!
Helmar respira fundo e se senta irritado em sua poltrona, depois de alguns minutos o choro de Maria tem fim, ela conta todo o ocorrido para a mãe.
Vaneska: vocês se puseram em posições realmente críticas, querem ficar juntos, mas cada um tem seu lugar ideal, eu entendo você meu anjo, mas tente ver o lado dele, ele é um rapaz repleto de traumas e de responsabilidade, ele se tornou pai repentinamente logo depois de mais um trauma, é compreensível a vontade dele. Fala calma.
Maria: vai ficar do lado dele!? Pergunta descrente.
Vaneska: não estou do lado de ninguém, mas pare e pense, o quanto aquele lobo sofreu e lutou por vocês dois, agora acrescente as lutas e sofrimentos de fora do relacionamento de vocês, é muita coisa, mas eu nunca o vi reclamar das lutas por vocês, ele parecia não se importar com os riscos.
Maria: onde quer chegar mãe? Fala logo.
Vaneska: não há dúvidas que ele te amava mais do que qualquer coisa, que ele não media esforços, mas agora a prioridade dele é outra, pare e pense em todas as loucuras que ele fez por você, foram muitos sacrifícios, agora pare e pense nos que você fez.
Maria se cala em fica pensativa, sua mãe lhe beija a testa e a deixa só em seu quarto.
Helmar: e ela?
Vaneska: vai refletir sobre tudo, espero que tudo corra bem, essa notícia me abalou, nunca pensei que veria esse casal nessa situação.
Helmar: nem eu querida, nem eu. Diz abraçando a esposa.
Maria se perde em pensamentos, ela decide então ligar para seu melhor amigo, do outro lado da linha Rodolpho atende e e eles conversam por horas, por fim Rodolpho promete conversar com o irmão caçula.
Na manhã seguinte, as 6:00 h AM, Wellington vai até a casa do filho, ele encontra a porta apenas encostada, entra devagar e vê cacos de vidro por todo o chão, o fogão estava destruído, fedia a bebida e vômito, encostado num balcão todo arranhado, estava seu filho inconsciente, Wellington então solta sua intimidação, Hiure acorda tonto e confuso atacando sem ver o alvo, seu pai da um pontapé em seu peito o jogando de volta contra o balcão, o jovem alpha recobra os sentidos e percebe estar na presença de seu pai.
Hiure: oi velho, como você está? Diz cobrindo os olhos da claridade do sol.
Wellington: oi? É isso que você tem pra me falar? Tem idéia da merda que você fez!?
Hiure: tá certo eu bebi demais, exagerei, não vai rolar de novo.
Wellington: acha que problema todo é só a bebida? Você mandou uma criança pra minha casa, uma criança que é alvo de uma alcatéia psicopata e homicida, você o colocou em risco e pra que? Pra poder beber feito um adolescente imaturo?
Hiure: não sou mais criança pra ter que ouvir isso, sou um adulto agora, ou será que você não notou!?
Wellington: eu me enganei na verdade, achei que você se comportaria como um adulto, mas você se comportou como um moleque!
Hiure: eu e Maria brigamos e terminamos, eu estou sofrendo.
Wellington: e a bebida vai trazer a alegria de volta? E daí que você terminou um namoro?
Hiure: era a mulher que eu amo!! Impõe irritado.
Wellington: sua mãe também era, você e Maria namoraram por dois anos sua mãe e eu fomos casados por mais de vinte, mesmo assim eu não me afoguei em bebida, eu tinha você pra me manter nos trilhos, meu dever de pai vinha antes do meu sofrimento e dor.
Hiure: eu também sou pai agora.
Wellington: fala da boca pra fora, não tem o zelo nem o senso de dever necessário.
Hiure: eu vou aprender.
Wellington: e enquanto isso a criança vai pagar por seus erros!? Você quebrou minha confiança, você está me devendo acertos.
Hiure: e o que eu devo fazer?
Wellington: pra começar limpe e concerte toda essa merda, só depois disso poderá ver o menino.
Hiure: não pode fazer isso!!
Wellington: você o mandou pra mim para que ele ficasse a salvo e bem, ele não ficará bem com você e essa casa nesse estado.
Hiure: tudo bem velho eu aceito a punição, vou arrumar tudo depois vou ir buscar ele.
Wellington: me de orgulho novamente meu filho. Fala saindo da casa.
Hiure não perde tempo e começa a limpar, tirou os vidros quebrados, limpou os vômitos, removeu os moveis que foram destruídos, quando ele estava pondo o fogão para fora, seu celular toca, o número era desconhecido, mas era do Amapá, ele nem acreditou.
Hiure: quem te deu esse número?
Connor: foi a Carmem, ela que entende desse lance de tecnologia.
Hiure: enfrenta uma tropa de caçadores, mas não encara um computador.
Connor: eu queria ligar antes, mas achei melhor dar um tempo.
Hiure: a viagem foi boa, mas minha chegada foi uma merda.
Connor: o que houve?
Hiure: meu primo e a esposa dele foram mortos, o filho dele era meu afilhado, agora ele é meu filho adotivo.
Connor: tem idéia de quem foi o autor do assassinato? Caçadores talvez?
Hiure: não, um lobo os matou, um lobo chamado Robert Turner.
Connor fica em silêncio por um tempo, parecia ter desligado.
Hiure: Connor está aí?
Connor: garoto! Seu primo, a esposa dele era uma kriegshund não era!?
Hiure: sim, espera, como você sabe!?
Connor: Robert Turner é um terrorista genocida, os garotos, onde eles estão!?
Hiure: é apenas um, meu filho.
Connor: não falo só dele, falo dos seus amigos que vieram com você.
Hiure: nenhum deles é híbrido, Maria e Heitor são lobos puros eu conheço os pais deles, Rodolpho a mesma coisa e...
Connor: Ryan e Kaique são híbridos garoto, você não sabia? Eles nunca te contaram?
Hiure: como pode dizer isso?
Connor: pelo cheiro deles garoto.
Hiure: mas Carmem disse que todos nós éramos lobos.
Connor: Carmem não é caçadora, além disso vocês estavam todos juntos os cheiros se misturam, eu percebi quando eles foram a minha procura.
Hiure: foi por isso que aquele maníaco doentio disse "aberrações" ele se referia aos dois também.
Connor: os três são o que está mantendo Robert aí, eles têm que sair do território, por um tempo ao menos.
Hiure: não vou deixar meu filho e pra onde iriaiamos afinal?
Connor: venham pra cá.
Hiure: Amapá!? É distante demais, podemos ser atacados.
Connor: não no Amapá, tenho o lugar perfeito, fica no extremo sudeste do Tocantins.
Hiure: não tenho certeza...
Connor: garoto a camuflagem da linha já está se esgotando, venham logo, mais uma coisa.
Hiure: o que?
Connor: diga a Rodolpho que o avô dele não chegou onde chegou sozinho, ele deixou mais do que uma jaqueta e um colar.
Hiure: como assim? Pergunta confuso.
Connor: não posso dizer mais nada, boa viagem pra vocês.
Foram suas últimas palavras, logo o telefone ficou mudo, Hiure tinha em seu rosto uma expressão de confusão, ele decide se concentrar em suas tarefas, ele foi até um depósito de material de construção de um lobo do leste, comprou madeira para um novo balcão e a mandou para um marceneiro, foi a uma loja de eletrodomésticos e comprou um fogão e uma geladeira. As oito da manhã tudo já estava quase pronto, seus irmãos com exceção de Rodolpho chegam em sua casa eufóricos.
Kaique: Hiure! Hiure! Gritava na porta enquanto batia sem parar.
Hiure abre a porta de bruscamente e visivelmente irritado.
Hiure: essa porra não é a casa da mãe Joana não caralho!
Ryan: temos que te contar uma parada.
Hiure: se for sobre a linhagem de vocês eu já sei um pouco.
Kaique: como?
Os dois irmãos mais velhos falam sobre suas linhagens detalhadamente e Hiure então fala sobre o telefonema de Connor.
Kaique: acha que é uma boa idéia?
Ryan: ele é uma das poucas pessoas que pode nos ajudar, além disso vamos tirar a alcatéia da mira do Robert por um tempo.
Hiure: eu preciso falar com Rodolpho, enquanto isso, vocês pedem a permissão de viajem ao Loiro.
Cada irmão sai para executar suas tarefas, Hiure chegou rapidamente a casa de Rodolpho, seus primos estavam treinando, antes que pudesse falar do Connor, Rodolpho pergunta sobre o ocorrido com o jovem casal.
Rodolpho: o que aconteceu ontem a noite?
Hiure: eu sei do que você está falando, mas esse assunto diz respeito apenas a...
Rodolpho: a sua família! Maria me ligou ontem a noite chorando como uma louca, disse que você terminou tudo!
Hiure: não foi tão simples, se você sabe o desfecho deve saber também do que ocorreu antes, a discussão que tivemos.
Rodolpho: ela me contou.
Hiure: então deve saber que não tive escolha, no passado meu orgulho foi o motivo dela ter terminado comigo, este foi o mesmo motivo de eu ter terminado também.
Rodolpho desiste de falar, percebeu que o assunto era extremamente delicado, ele então pergunta o motivo da presença de Hiure, o mesmo conta tudo, Rodolpho exalava confusão quanto as palavras de Connor, mas concorda com a decisão dos irmãos.
Rodolpho: você tem que proteger a criança e eu tenho que decifrar as palavras do cachorro velho Connor, só tomem cuidado viu?
Hiure: sempre irmão.
Ambos dão um abraço de despedida e Hiure segue ao escritório do Grande Alpha, lá ele encontra um pequeno impasse, Loiro concordou com a viajem, no entanto Wellington era contra, logo Hiure chega e encontra aquela tensão toda.
Wellington: você quer matar a criança não quer? Uma viajem para outro estado!? Ficou louco!?
Hiure: eu compri a minha parte do nosso acordo, agora cumpra a sua parte, eu vou tirar Ítalo desse campo de guerra, vou me esconder por um tempo com ele.
Renato: não é uma idéia ruim Wellington, podemos tirar proveito disso.
Wellington: como?
Renato: vamos espalhar que eu expulsei os híbridos e simpatizantes, assim Robert talvez se mande.
Wellington: eu teria que ir junto, mas não posso deixar meu posto.
Renato: nem precisa, Robert é incapaz de compreender o amor paterno, pra ele isso não existe, então se você se por numa posição onde preferiu a alcatéia e seu posto ao seu filho que está sendo ameaçado ele não irá suspeitar.
Wellington entende a estratégia do seu amigo e apesar de não concordar totalmente ele decide não interferir.
Wellington: vocês vão se cuidar não vão?
Hiure: juro pelos ancestrais.
Wellington: jure por mim!
Hiure põe a mão no ombro de seu pai e o olha fixo nos olhos.
Hiure: juro por Wellington o Bravo que vou me cuidar.
Eles dois dão um abraço forte, ambos os capitães ali presentes vão até suas casas, Hiure já havia buscado o pequeno Ítalo, eles então seguem viagem rumo ao norte.
Na casa de Rodolpho, estão todos os primos, todos tentavam decifrar as palavras do Connor.
Pablo: o que ele nos deixou?
Rodolpho: tem haver com o legado dele, talvez alguma arte antiga ou técnica esquecida.
Rafael: muito vago, me parece ser algo mais poderoso do que uma técnica.
Priscila: talvez uma arma?
Rodolpho: a lança dele? Não era nada demais, era feita de prata, nada além disso.
Pablo: e se for algo sobre a alcatéia dele? Eram lobos extremamente poderosos.
Priscila: que devem ter uns sessenta anos agora.
Rodolpho: além disso não conhecemos nenhum veterano da alcatéia dele, a não ser Connor, mas não podemos falar com ele.
Rafael: mas e os grandes alphas? Eles são da época.
Rodolpho: mas foram participantes do fim da história na época dos dois, não sabem nada sobre o princípio, talvez nem mesmo os astros saibam.
Pablo: teria que ser um lobo de uns sessenta anos.
Priscila: difícil. Diz pensativa.
Rodolpho da um salto da cadeira, ele parecia ter levado um choque.
Rodolpho: eu sei quem pode nos ajudar e sei onde encontrar.Continua...
Vota aí poxa.
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Presas e Garras
WerewolfEm uma cidade do Rio de Janeiro chamada Lupina existem quatro alcatéia dominantes, a cidade foi dividida pelos antigos Alphas, na alcatéia do Sul vivem os quatro jovens principais, Rodolpho, Ryan, Kaique e Hiure eram mais do que amigos, verdadeiros...