Medeiros

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No dia seguinte ao churrasco, os primos de Rodolpho chegam, eram três todos mais velhos do que ele, Rafael tinha 33, Priscila tinha 26 e Pablo com 33 também, Rodolpho os busca no aeroporto.
Priscila: RODOLPHO!! Grita correndo na direção dele.
Rodolpho: Pri!! Diz a abraçando apertado.
Priscila tinha uma altura um pouco acima da média, cabelos lisos castanhos escuros, magra com um tom de pele moreno claro.
Rafael: sobra um pouco de amor familiar pra mim?
Era o mais alto dos três, era um cara grande, cabelo curto e sem barba com o tom de pele parda.
Rodolpho: mas é claro. Diz o abraçando.
Todos olhavam para Pablo que se mantinha sério e imóvel.
Priscila: é só aparência, ele ficou muito animado em ver você.
Rodolpho: jura? Fala fingindo não acreditar.
Pablo: não, eu queria ver toda a família e voltar pra casa, bom você faz parte disso então...
Pablo era um pouco mais alto que Rodolpho, Tom de pele claro, cabelo baixo e barba cheia curta, tinha um porte físico desenvolvido.
Rodolpho: vindo do bronco já é uma coisa e tanto. Diz brincando.
Eles dão um aperto de mão firme e sincero, Rodolpho os leva para a casa dos seus pais, Rosana ficou muito contente em ver os sobrinhos, Jocimar ficava feliz em ver a casa cheia, não eram seus sobrinhos de sangue, mas cresceram o chamando de tio, Rosana fez um bolo para comemorar o regresso deles e assim foi a tarde deles, eles pediram desculpas por não estarem aqui na época das guerras.
Rodolpho: esqueçam isso, é um passado de três anos, muita coisa aconteceu, muita mesma.
Rafael: como o vô diria, aprenda com o passado, planeje o futuro, mas viva o presente.
Priscila: vovô dizia isso? Eu nem sabia.
Rodolpho: vovô falava muita coisa, era filosofia indígena clássica, botânica, animais a lua.
Pablo: e a caçada também não se esqueça.
Rafael: vovô caçando? Eu sei que ele lutava agora caçar é novidade.
Rodolpho: ele lutava mesmo? Queria ter visto.
Priscila: como eu nunca soube dessas lutas e caças? Mamãe nunca me contou.
No meio da conversa eles são interrompidos por Rosana.
Rosana: Dolpho, mostra a sua casa a eles, seus irmãos vão gostar de conhecer seus primos. Fala tensa.
Pablo: irmãos? Fala desconfiado.
Rodolpho: são uns amigos de muito tempo.
Rafael: amigos?
Rodolpho: somos amigos faz uns seis anos, vocês foram pra Austrália há dez anos.
Priscila: se você os chama de irmãos então devem ser bons rapazes.
Rodolpho: são sim, sem eles eu não sei o que seria de mim, vamos fazer um almoço o que acham?
Rafael: pode ser.
O jovem alpha comunicou aos irmãos sobre o almoço, Rodolpho foi comprar a carne,
Rafael: só eu que notei tensão em tia Rosana?
Priscila: verdade, bastou falar do vovô que ela ficou daquele jeito.
Pablo: é o pai dela, é normal elas não gostarem de falar.
Rodolpho: e piorou depois da morte de vovó, cada irmã em um estado, a família não é a mesma.
Pablo: esse foi um dos motivos de retornarmos, faremos da família Medeiros uma família de prestígio como um dia já foi.
Rodolpho: também quero isso, mamãe dizia que eram mais de mil lobos.
Priscila: mil!? Pergunta realmente espantada.
Rafael: tudo isso? Eu sei que eram muitos lobos indígenas a moda antiga.
Pablo: disso eu sabia, vovô os trouxe para a cidade grande por conta da redução das terras indígenas e também pelo desenvolvimento da cidade moderna.
Rodolpho: foi por isso? Achei que sempre fossemos daqui.
Priscila: eu só sabia da migração, não do motivo.
Rodolpho: vamos colocar tudo em pratos limpos mais tarde.
Rafael: vamos para as casas de nossos pais?
Rodolpho: fiquem em minha casa, terei prazer em receber vocês.
Todos concordaram e assim seria feito. Para o almoço Hiure e Maria iriam cozinhar, Ryan e Kaique foram comprar temperos e bebidas. Chegaram pouco antes do meio dia, foi feito a clássica salada de carne, carne de boi, cordeiro e porco, feita com batatas e pimenta, trouxeram cerveja de todos os tipos, foi um bom dia para eles.
Priscila: então Maria, você é técnica em análise clínica e vai cursar biomedicina?
Maria: sim, começo no próximo semestre.
Priscila: fiz nutrição na Austrália, somos da área da medicina.
Rafael: vocês então são os irmãos de Rodolpho, falem de vocês aí.
Kaique: eu sou o centrado calmo, Ryan é o brincalhão espontâneo e Hiure é o bêbado irritado.
Hiure: epa epa, que porra é essa de bêbado?
Kaique: foi você que esvaziou quatro litros de cerveja.
Hiure: você venceu.
Rafael: você não fala Ryan?
Ryan: só no eclipse. Fala rindo.
Rafael: vocês parecem ser legais, entendo o apego que Rodolpho tem com vocês, valeu por cuidar dele.
Ryan: fácil não foi, mas acaba sendo nosso dever.
Kaique: sim, cuidamos uns dos outros, mas que esses dois dão trabalho dão mesmo. Diz se referindo ao irmão mais novo e ao mais velho.
Hiure: você me ama que eu sei, todos vocês amam o coroa aqui.
Rodolpho: mentira, eu odeio.
Kaique: até parece, tem o maior apego com esse anão aí.
Maria: comigo também, é meu irmão mais velho. Diz o abraçando.
Hiure: Rodolpho chega aí. Diz o chamando na cozinha.
Rodolpho: fala veado.
Hiure: aquele seu primo não fala não? Pergunta em sussurro.
Rodolpho: ele é meio fechado com gente de fora, desde sempre.
Hiure: menos mal, achei que vocês tinham brigado.
Rodolpho: que nada.
Hiure: se vai ficar aqui, é melhor que sejam fortes, são tempos difíceis.
Rodolpho: são feras, Pablo e Rafael são bem fortes até onde eu me lembro, Pricila não é de lutar.
Hiure: Elizabeth iria a receber muito bem já que sua prima é da área médica.
Rodolpho: boa idéia.
O almoço acabou, os quatro foram para suas casas, Hiure tinha uns assuntos da mecânica para resolver, Kaique e Ryan tinham que estudar para uma prova da faculdade deles e Maria iria estudar para a prova de admissão da faculdade pública que ela escolheu.
Pela noite os primos se juntaram para resolver o que os intrigava.
Priscila: vamos relembrar em ordem.
Pablo: certo.
Rafael: tudo começou com vovô trazendo os Medeiros para a cidade grande.
Rodolpho: estes eram mil lobos, lutadores e caçadores, vovô mesmo era um grande lobo, o colar prova isso.
Rafael: ele deve ter conhecido Pelo Branco e o Viajante.
Rodolpho: talvez tenha feito parte da alcatéia do Viajante.
Pablo: ou do Pelo Branco.
Rodolpho: Pelo Branco só tinha lobos com idade pra ser filho dele, vovô teria uns setenta anos hoje.
Priscila: você é íntimo dos Grandes Alphas, nunca perguntou?
Rodolpho: sempre fomos uma família fechada, não achei que eles soubessem de algo, mas Helmar me falou sobre um tal de Connor, disse que ele poderia responder minhas perguntas.
Rafael: e onde ele está?
Rodolpho: norte do país.
Pablo: algum de vocês falou sobre o espírito no avião?
Rafael: tem isso também. Fala desanimado.
Priscila: todos nós vimos, no entanto só Pablo notou que era um espírito.
Pablo: ele se sentou em uma cadeira um pouco próximo da nossa, vestia roupas incomuns, calças jeans, botas e camisa social desbotada, parecia ter no máximo cinquenta anos, cabelos longos e um pouco grisalhos cobriam seu rosto.
Rodolpho: ele tinha a minha altura e pele do mesmo tom?
Pablo: como soube?
Rodolpho: fui visitado por ele também, tentou se comunicar, mas eu desmaiei com o toque dele.
Pablo: como eu imaginei, era um lobo, espíritos de humanos não nos deixam desacordados, apenas o espírito de um ser poderoso.
Rodolpho: sabia que tinha alguma coisa errada, mas você viu o rosto dele?
Pablo: de relance, estava de cabeça baixa lendo um livro velho.
Rodolpho: que livro?
Pablo: um bestiário kriegshund.
Rodolpho: impossível, esse livro queimou.
Rafael: pode ter sido uma imagem de outra época, como uma visão do passado.
Pablo: faz sentido, as roupas e o livro se encaixam nessa teoria.
Rodolpho: como você sabe que era sobre kriegshund?
Pablo: tinha o desenho de um, com a alcunha de Andarilho.
Rodolpho: Andarilho? Ele é perigoso, tem alto nível de perigo e está desaparecido, nem os caçadores sabem se esta vivo ou morto.
Pablo: o espírito parecia ter alguma relação com esse tal de Andarilho, ouvi sons de riso vindo dele, vi isso enquanto ia ao banheiro do avião, quando voltei, as vestes dele haviam mudado, usava trajes de batalha, também antigos, quando tentei ver seu rosto ele desapareceu pra todos nós.
Rodolpho: como pode estimar a idade dele se não viu o rosto?
Pablo: pelas mãos, roupas que ele usava e pela cor dos cabelos.
Rafael: temos então dois mistérios, o vovô e esse espírito.
Priscila: por que não tentamos uma comunicação?
Pablo: não temos idéia de quem ele era, ou o motivo dele ter aparecido para nós.
Rodolpho: esse é o fardo de ser médium, ver o que ninguém mais pode.
Rafael: a maldição dos Medeiros.
Depois de conversar com seus primos, Rodolpho pede uma reunião de "família", essa foi feita na casa de Maria.
Rodolpho: eu vou pro norte.
Kaique: nós vamos não é?
Ryan: exato, não sabemos até aonde vai o território dos caçadores, sozinho você não vai.
Rodolpho: é assunto meu. Fala em imposição.
Hiure: não, o assunto é nosso, não vou deixar você vagando sozinho de novo.
Maria: digo o mesmo.
Rodolpho: vocês são do caralho. Fala em desistência.
Hiure: então iremos nós cinco.
Ryan: seis, pode sair daí pirralho.
Em alguns segundos Heitor aparece na porta do cômodo.
Hiure: só pode ser sacanagem, como ninguém ouviu ele!?
Kaique: simples, confiamos e não usamos nossos poderes.
Hiure: e como foi que você ouviu?
Ryan: eu sou um caçador esqueceu, mesmo com meus poderes no mínimo ainda sou quatro vezes mais sensitivo que um humano.
Rodolpho: o dobro do que nós somos, realmente é um aprendiz do Marcos.
Maria: você ouviu tudo não foi?
Heitor: e... Eu... Eu não...
Rodolpho: você ouviu, não ouviu?
Heitor: sim, desculpa aí.
Kaique: tá tudo bem, você vem conosco então.
Maria: Oi? Ele o que?
Ryan: não é uma idéia ruim, já vi ele lutar, pode ser útil.
Rodolpho: e se ele burlou nossos sentidos, ele não é de pouca coisa.
Hiure: estamos na forma humana e estávamos no nosso mínimo, não acham exagero?
Maria: exato, meu irmão não está pronto.
Kaique: eu treinei ele, sei que está, não duvide dele ou de mim Maria.
Ryan: não iríamos por seu irmão nisso se ele não fosse capaz.
Maria: eu sei, mas ele é meu irmãozinho, eu tenho que proteger ele.
Hiure: não precisa mais, confie no julgamento deles.
Rodolpho: só depende do pirralho agora.
Heitor: eu vou.
Rodolpho: iremos em três dias, antes eu tenho que fazer uma visita fora do estado.
Hiure: pro caralho, você vai nos deixar para trás! Grita se levantando em fúria.
Hiure vai irritado em direção ao seu irmão e o segura pela gola da camisa.
Rodolpho: eu não vou fazer isso.
Hiure: se fizer isso, vai arrumar a maior batalha da sua vida. Fala ameaçador.
Rodolpho: eu volto amanhã ao anoitecer, eu juro. Diz se soltando.
E assim foi feito por ele, o jovem alpha pegou seu impala e seguiu viajem, deixando seus irmãos e seus primos para resolverem mais algumas coisas.
Maria: tô preocupada com ele, sair sozinho pode ser perigoso.
Ryan: é, pra quem se meter com ele, não se preocupa com aquele velho.
Maria: sabe que isso é impossível.
Ryan: eu sei, não consigo parar de pensar nele.
Kaique: até mesmo porque ele é nosso irmão mais velho. Fala entrando na academia.
Hiure: partiu suar garoto. Fala animado chegando junto de Heitor.
Hiure levantava pesos de duzentos quilos em cada braço, Heitor treinava ginástica, Ryan fazia esteira e Kaique praticava esgrima.
Kaique: vamos lá Hiure, cadê a força de alpha? Fala zombando.
Hiure: meu limite são 800 Kg, nem vem.
Kaique: desculpe, levanto 1100 Kg. Fala rindo.
Heitor: tudo isso? Eu mal aguento 400 Kg por alguns segundos.
Ryan: até eu sou mais forte que você?
Heitor: quanto você levanta?
Ryan: uns 600 Kg.
Heitor: qual a escala de vocês?
Kaique: eu sou o melhor espadachim e o mais forte fisicamente.
Ryan: sou o melhor caçador e o mais controlado.
Hiure: sou o melhor lutador corpo a corpo e tenho a maior resistência à dor.
Heitor: mas e Rodolpho.
Kaique: ele é balanceado, é quase tão forte quanto eu, luta quase tão bem quanto Hiure, tem um ótimo controle e tem o melhor fator de cura dentre todos nós.
Maria: em força seria em ordem, Kaique, Rodolpho, Hiure e Ryan, velocidade seria Ryan, Hiure, Rodolpho e Kaique, luta seria Hiure, Rodolpho, Kaique e Ryan, controle seria Ryan, Rodolpho, Hiure e Kaique. É isso não é?
Ryan: exato, cada um aqui tem sua especialidade.
Heitor: eu nunca vou ser no nível de vocês, é impossível.
Ryan: nós quatro e Rodolpho somos classe 7, você é 5 sendo um beta.
Hiure: eu era 5 quando lutei na última guerra e era um alpha, você será poderoso, não duvide.
A tarde foi de treino puxado, um futuro confronto era quase certo, sangue lupino seria derramado eventualmente, seria morte e destruição, mais uma vez, mas se for pela sobrevivência da raça, batalhas serão travadas e guerras serão vencidas, este era o pensamento de todos eles.

Continua...

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