Conexão perdida

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O mais velho dos quatro lobos simplesmente desapareceu, isso tem três dias, seus irmãos não entendiam o motivo disso, o caçula se revoltou, espancava um saco de pancadas.
Hiure: merda!! Merda!! Merda!! Grita socando o saco.
Ryan: se acalma, ficar assim não vai dar em nada.
Hiure: como eu posso ficar calmo!? Nosso irmão mais velho está desaparecido tem três dias, nem os pais dele sabem!
Ryan: e quebrar tudo vai adiantar? Se acalma.
O caçula avança furioso, o mais velho não recua, sobrou para o do meio apartar.
Kaique: chega, parem!!
Hiure: ele nem tá ligando pra Rodolpho!
Ryan: é óbvio que eu estou, mas surtar não vai nos ajudar, lembre-se, Hiure, ele é um alpha e o mais velho, se tem alguém que sabe se cuidar esse alguém é ele.
O caçula parou por um instante e refletiu o que foi dito, era a verdade, ele sabia, mas razão e emoção são coisas diferentes.
Hiure: desculpa, eu só tô preocupado com ele.
Ryan: eu sei disso, todos estamos, mas precisamos nos unir e não começar uma guerra.
Kaique: por falar em guerra, você já resolveu a que você começou?
Hiure: eu e ela vamos conversar amanhã, vamos resolver tudo.
Kaique: estamos na torcida.
Ryan: pode apostar.
Hiure: vocês são os melhores.
O dia de aula passou que os dois nem notaram, o intervalo foi o único momento que puderam conversar, ela se sentou na mesa virada para o quadro e ele de pé de costas para o mesmo.
Maria: as coisas se acalmaram na sua casa?
Hiure: a paz é passageira lá em casa.
Maria: idem.
Hiure: tem tido brigas?
Maria: estão mais constantes depois... bom, depois disso. Aponta para os dois.
Hiure: é, "isso" tá bem complicado e se continuarmos vamos dar início a muitas brigas.
Maria: e tem chances dessa briga não ter fim até que uma tragédia aconteça...
Hiure: eu tenho cuidado de todo mundo e me preocupado com todos há um bom tempo, acho que tá na hora de eu ser um pouco egoísta e pensar no que eu quero. Diz se aproximando dela
Maria: o que você quer pode render muito problema... Fala perdendo o ar com a aproximação dele no seu pescoço.
Hiure: só se for apenas eu querendo, sou só eu?
Maria: n... não.
Ele para e a olha nos olhos, aquele mesmo olhar feroz de sempre.
Hiure: eu tô disposto a enfrentar o que vier, você está?
Maria: eu... eu quero, eu vou.
Ele sorri com a firmeza das palavras dela e não pensa duas vezes e a beija, acariciou o rosto dela, sorriu enquanto olhava para o rosto da loba que o deixou daquele jeito.
Hiure: topa fazer uma doideira?
Maria: no que tá pensando?
O lobo abre a porta e sai correndo a carregando a loba nas costas, ela ria sem controle, tentava sair, mas o lobo a segurou firme, correu pelo segundo andar de um lado a outra gritando pra quem quisesse ouvir, os dois irmãos caíram na gargalhada quando viram a cena, pra comemorar eles tiraram o dia só pra eles.
Hiure: é oficial?
Maria: quer que eu assine alguma coisa?
Hiure: eu tenho uma procuração em algum lugar na minha mochila...
Maria: besta. Diz lhe dando um leve tapa no peito.
Hiure: isso tá acontecendo mesmo, não tá?
Maria: tá sim, pode acreditar, lobo velho.
Hiure: quantas pessoas nós irritamos?
Maria: que eu me lembre duas, tem alguém do seu lado a favor disso?
Hiure: meus irmãos e meu Alpha e do seu lado?
Maria: minha mãe e irmão.
Hiure: irmão?
Maria: meu irmão caçula, ele vai lá em casa hoje.
Hiure: quantos anos ele tem?
Maria: fez quatorze recentemente.
Hiure: ele não mora com vocês?
Maria: é complicado.
Hiure: cada família com seus dilemas.
Maria: topa ir lá em casa?
Hiure: tá doida? Se seu pai me vir no Oeste vai mandar me matar e daí por diante é só merda.
Maria: hoje ele chega tarde, por isso meu irmão vai também, quero te apresentar você pra minha mãe.
Hiure: e o perigo é menor?
Maria: ela quer conhecer você, vamos.
Hiure: já começou o abuso.
Ela o beija e ele se deixa levar até esquecer o que estava fazendo.
Hiure: covardia isso.
Maria: bora!!
O lobo foi arrastado para conhecer a mãe de Maria, eles dois chegam a casa dela, que era uma mansão incrível, chegaram de tarde, ela avisou no caminho e a mãe dela providenciou um lanche as pressas, o lobo entra um pouco tenso, sua loba o levava pela mão, logo Vaneska, a mãe de Maria os atende, elas se abraçam, eram muito parecidas, porém Vaneska tinha um tom de pele claro e cabelo loiro liso e de tamanho médio.
Vaneska: então você é o garoto famoso?
Hiure: espero que por um bom motivo.
Vaneska: quase dar início a uma guerra entre alcatéias, parece um bom motivo?
A fala da loba surpreendeu o casal, era um tom que Maria não esperava, o lobo estava totalmente perdido.
Vaneska: é brincadeira, o motivo é você ter encantado minha filha.
Maria: mãe!!
Vaneska: venham, entrem, seu irmão já chega.
Hiure: licença.
Eles entram e vão para uma grande mesa de madeira, Vaneska se sentou no primeiro lugar na direita, Maria do outro lado, Hiure do lado dela, esperaram até que outra figura surge, as duas se levantam e abraçam.
Vaneska: filho, este é Hiure, Hiure, esse é meu filho, Heitor.
Hiure: muito prazer. Diz estendendo a mão.
O rapaz retribui o gesto, era um jovem magro, da altura de Hiure, apesar da estrutura, era bem parecido com o pai, o que fez o rapaz do Sul ranger os dentes, ele logo nota uma curiosidade nos irmãos, Maria tinha a pele morena do pai, mas parecia com a mãe, já Heitor era o contrário dela.
Vaneska: como foi sua semana?
Heitor: o de sempre, os lobos dele não param de me encher o saco.
Maria: eles só estão cuidando de você.
Heitor: para de passar pano pra ele.
Vaneska: vão começar? Só nos vemos uma vez por semana.
Heitor: e você, Hiure, ouvi falar de você, Maria até enfrentou o pai dela por você, é verdade?
Hiure: eu... eu acho que sim, mas não foi minha intenção.
Heitor: só de infernizar Helmar eu já fico feliz.
Hiure: Helmar? Seu pai?
Heitor: eu não tenho pai, Helmar é o pai dela, não meu.
Vaneska: eu tive dois filhos.
Heitor: mãe eu tenho, pai eu nunca tive, só tive um Grande Alpha, nada além disso.
Maria: podemos aproveitar uma única refeição em paz!?
Heitor: tá certo, tá certo...
O clima permaneceu tenso, o rapaz segurou a mão da loba e ela acariciou de volta.
Heitor: você é irmão de Rodolpho?
Hiure: sou, sou o caçula de quatro irmãos.
Heitor: mas não são irmãos de verdade né?
A pergunta incomodou o lobo do Sul e também a loba que sabia da relação deles.
Hiure: defina irmãos de verdade.
Heitor: eu e Maria, somos irmãos de sangue.
Hiure: então adoção não conta? Ou criação, consideração? Só o sangue vale.
Heitor: sim, ao meu ver.
Hiure: então como pode o Grande não ser seu pai?
A resposta irritou visivelmente o garoto, este respirou fundo, o lobo do Sul fez de propósito.
Heitor: empatamos?
Hiure: eu aprendi bem cedo sobre família, eu faço a minha, não me limito ao sangue.
Vaneska: é só você e seu pai, sinto muito.
Hiure: não precisa, nós nos viramos com o que temos
Maria: Hiure tem um mustang. Diz numa tentativa de mudar o assunto.
Vaneska: um mustang?
Hiure: sim, eu vim com ele até.
Heitor: é aquele lá na frente?
Hiure: isso.
Vaneska: é desse ano? Seu pai te deu?
Hiure: não, é um modelo 69, eu consertei com os meus irmãos, ainda faltam algumas coisas pra arrumar.
Heitor: algumas?
Hiure: tô indo aos poucos, mas na maneira que eu quero e com o que eu quero.
Maria: eu falei pra ele, podia ter pedido um carro mais atual, ou pelo menos arrumar esse de uma vez por todas.
Hiure: eu não quero um carro novo, o mustang faz mais o meu estilo.
Maria: eu vou de land rover, com certeza.
Hiure: vai alcançar os pedais?
Maria: pelo menos o meu carro é dessa década e não do século passado.
A conversa continuou a ser jogada fora até o por do sol, Vaneska engoliu seco, tinha aflição no olhar.
Heitor: mãe? O que foi?
Vaneska: Helmar... ele está aqui.
Os dois rapazes se levantam imediatamente sem acreditar.
Hiure: Maria?
Maria: eu não sei, ele devia chegar de madrugada hoje...
Vaneska: eu não recebi nenhum recado...
Heitor: e agora!?
O lobo do Sul respirou fundo e se sentou na mesa, nem parecia atitude dele.
Helmar: Vaneska, tem uma lata velha aqui em frente, eu ia jogar longe, Vaneska, cadê você!?
Vaneska: aqui nos fundos!
O Alpha finalmente chega, está distraído no celular até que chega e seu olfato lhe alerta, o aparelho vai ao chão na hora.
Helmar: o que...
Vaneska: Helmar, fique calmo.
Helmar: o que esses dois estão... por que... POR QUE ESSES DOIS ESTÃO NA MINHA CASA!!!?
Vaneska: nossa casa, nossa!!
Helmar: foi você, tinha que ser, encheu minha casa com vagabundo e lobo que não presta!
Vaneska: fale direito com nosso filho!
Helmar: seu filho, não meu, meu filho morreu quando saiu dessa casa.
Vaneska: seu filho está aqui, bem aqui!!
Helmar: eu só vejo um inimigo, um traidor do próprio sangue.
Heitor: eu não tenho que ouvir isso, mãe, eu vou indo, Maria, meus parabéns.
Helmar: você fica!! Não sai dessa casa sem uma explicação, o mesmo vale pra você, moleque do Sul.
Vaneska: Heitor veio fazer a visita semanal dele.
Helmar: eu disse que não queria ver esse garoto aqui!
Vaneska: você chegou fora do horário, não fui comunicada, a culpa não é nossa.
Helmar: não, a culpa é minha por ser um idiota pra todo mundo dessa casa!!
Maria: se acalme meu pai, é até bom o senhor estar aqui.
Helmar: por que?
Hiure: por minha causa, Maria me chamou aqui e eu vou aproveitar e pedir a benção.
Helmar: benção?
Hiure: eu e Maria estamos juntos, mas eu não quero um relacionamento em meio a mentiras e enganações, quero as coisas da forma certa.
Helmar: da forma certa... minha benção, é o que veio buscar?
Hiure: sim, foi isso.
Helmar: tá certo.
O Alpha toca num bolo, come um pedaço, até que derrepente ele segura a ponta da mesa, ergue e tenta bater no jovem lobo num ataque de cima para baixo, o lobo esquivou para o lado por pouco.
Helmar: a única coisa que você vai levar vai ser uma surra. Fala num tom sério e sem os gritos costumeiros.
O Alpha estava diferente, não emanava a fúria de antes, pelo contrário, estava calmo, ele se aproxima devagar do rapaz, mas sua filha intervém.
Helmar: Maria!?
Hiure: amor?
Helmar: mexa-se.
Hiure: não faz isso.
Maria: eu comecei isso, se vai lutar com ele então vai ter que lutar comigo também. Impõe firme.
Helmar: meu assunto com você eu resolvo depois, dentro de casa, mas o meu com ele eu resolvo é agora.
Maria: não vai fazer nada com ele, eu...
Hiure: Maria, tá tudo bem, ele não vai ouvir a razão, só a força é o que homens como ele entendem.
Helmar: e você vai me fazer ouvir?
Hiure: o lugar não é apropriado, vamos acabar destruindo parte da casa, sugiro um lugar mais aberto.
Helmar: moleque abusado, vamos então.
Os dois vão para uma área aberta, era um pequeno campo que tinha na área da mansão.
Helmar: ainda da tempo de sair vivo e com a maioria dos membros ainda no corpo.
Hiure: e em troca disso?
Helmar: você some da vida dela.
Hiure: então eu vou ter que recusar, sua oferta não é boa o bastante pra me fazer desistir.
Heitor: esse cara... Pensa pra si.
O Alpha estala o pescoço de um lado para o outro, ele se vira de costas e pendura o paletó, ao se virar ele vê um pé indo contra ele, atingindo a boca do estômago, em seguida foi um soco no queixo e um chute circular no rosto, Hiure então salta para trás três vezes e prepara uma postura.
Dominante: moleque!
O Dominante avança, era um homem grande, por isso velocidade não era seu ponto forte, seus golpes eram evitados pelo rapaz, mas ele percebe que a velocidade do atacante estava aumentando.
Hiure: ele tá se soltando, mas com esse corpo, duvido ser mais rápido do que eu!
O rapaz então começa a tirar proveito, com o campo aberto ele começa a circular o oponente, de fato ele era rápido, o Alpha parou e apenas seus olhos seguiam o menino, até que de repente o lobo o perde de vista, isso o fez parar e não acreditar nos seus olhos.
Hiure: mas... como? Ele estava bem ali, onde ele fo...
Uma enorme sombra se projetou na sua frente, ao olhar para trás ele vê a mão do seu oponente descendo num soco, o rapaz desviou, o golpe atingiu o chão e fez estrago.
Hiure: como? Ele deve pesar mais de 160 kg, como pode sumir de vista assim!? Pensa incrédulo.
O oponente não deu tempo para rapaz raciocinar, o Dominante avança como um desastre natural prestes a acontecer, seus golpes eram tentativas de agarrar o jovem, este desviava por pouco até que ele usa um dos golpes para se impulsionar e tomar distância.
Dominante: usar meu próprio golpe pra se distanciar, não é uma proeza fácil, até que você não é um fracassado e seu pai não é um mestre incompetente.
Hiure: meu pai é um bom mestre, mas esse golpe eu aprendi com meu antigo mentor.
Dominante: o Loiro? Nunca vi aquele magricela fazer isso.
Hiure: não o tio Renato, vô branco me ensinou.
Dominante: "vô branco"? Se refere ao velho Álvaro!?
Hiure: sim, ele me treinou também, as técnicas vieram do meu pai, a experiência do meu avô.
Dominante: treinou com os dois? Então eu não preciso pegar leve.
O rapaz fechou a guarda, mas não adiantou, um pontapé atingiu seu tórax sem que ele tivesse qualquer reação, o golpe o fez voar sete metros, ele rolou sem controle até recobrar os sentidos e arrastar as garras pra se recompor, mas mal teve tempo de se situar no ambiente, a sombra de outro golpe o cobriu, era um chute de baixo pra cima, ele nem pôde acreditar quando viu aquele homem enorme erguendo a perna daquela maneira, mas esse golpe não atingiu o garoto.
Hiure: mais rápido que tio Renato, mais feroz que meu pai e... e mais forte que vô Álvaro!?
Dominante: você treinou com os melhores, mas eles nunca deram o melhor de si contra você, em todos os seus anos de treino com monstros você nunca viu um de verdade, não faz idéia do que somos capazes.
As palavras eram cruéis, mas igualmente verdadeiras, diante daquela aberração o lobo que se achava forte, na verdade não representava nada além da perda de tempo do seu oponente, a ficha cai, mas o garoto não recuou, se levantou apesar da dor absurda e da humilhação pela própria falta de força, ele encara o Alpha sem desviar o olhar, seu oponente se aproxima com um riso arrogante, ele estalava os dedos pra soltar um soco e finalizar aquilo, mas algo interrompe seus passos, aquele garoto, aquele garoto pequeno e fraco o fez parar sem querer, o olhar de Hiure remete uma memória ao Dominante, a memória de três licantropos que fizeram fama nos tempos dos combates, três homens que ele enfrentou e que não pôde vencer, Bravo, Pelo Branco e o Viajante, essa memória faz o veterano se enfurecer, ele então decide não atacar, dá as costas e sai.
Helmar: não há o que eu possa fazer pra apagar o que você me fez, Maria, a vida dele ele pode levar, mas só minha maldição ele vai ter.
O rapaz em seguida cai de joelho e vomita um pouco de sangue, havia quebrado algumas costelas, deslocado o ombro direito e sofreu escoriações no corpo todo, mãe e filha ajudam o rapaz.
Maria: você tá bem?
Hiure: tô, só dói quando eu rio...
Maria: idiota, vem.
Elas o colocam no carro dele, Maria se senta no banco do motorista e sai.
Heitor: esse cara...
Vaneska: o que?
Heitor: ele é filho do Bravo, eu esperava um cara arrogante, um babaca na verdade, mas ele fez frente ao Dominante de cara limpa, ele nem matou o cara.
Vaneska: ele sabe que se matasse o garoto ele nunca teria o perdão de Maria.
Heitor: eu ainda não sei como você continua casada com ele.
Vaneska: amor, meu filho, amor.
Heitor: como?
Vaneska: conheci seu pai antes de tudo isso, antes das mortes, da fúria, antes do Grande Alpha... eu e ele éramos tão apaixonados, um amor tão lindo, eu fui me adaptando as mudanças dele, aprendi a amá-lo mesmo com todos os defeitos.
Heitor: sangue inocente nas mãos não é defeito, é crime, a senhora sabe disso!
Vaneska: meu filho, tudo o que eu mais quero nessa vida é a paz nessa casa, me ajuda.
Heitor: desculpa mãe, mas enquanto ele não confessar, enquanto ele continuar com essa farsa, com as mortes... pra essa casa eu não volto.
Essas palavras arrancam lágrimas de sua mãe, marido e filho de lados opostos, ela sofria como mãe e esposa.
Heitor: me desculpe mãe, mas não dá.
Vaneska: eu amo você meu filho, amo muito. Diz o abraçando e o beijando.
Heitor: sua benção mãe.
Vaneska: sempre com você, meu menino.
No Sul estava Maria dirigindo o velho mustang, mas pra ela era horrível.
Hiure: pra onde está me levando?
Maria: seu celular tem seu endereço, tô indo pra lá.
Hiure: não pode. Fala com dor.
Maria: não posso te levar para sua casa?
Hiure: se meu pai me vir assim vai dar uma merda enorme.
Maria: casa de algum dos seus irmãos?
Hiure: os primeiros lugares que ele vai procurar.
A garota freia o carro bruscamente causando dor no garoto devido o sinto de segurança apertar seu peito.
Maria: não posso ir pra sua casa e nem pra casa dos seus irmãos, onde eu te deixo?
Hiure: tem um lugar, eu guio.
Ela dirigiu até uma parte mais humilde do Sul e parou na frente de uma casa, não era feia, mas estava claramente abandonada.
Maria: que lugar é esse?
Hiure: casa, a primeira casa dos meus pais, eles saíram daqui pouco depois de eu nascer, ele abandonou de vez quando ela morreu, nem lembro desse lugar, mas eu sei que está mobiliado.
Maria: vem, eu te ajudo.
Ela o apoia sob os ombros e o leva até a porta da casa.
Hiure: esqueci a chave. Diz rindo.
A loba chuta a fechadura e escancara a porta.
Maria: trouxe a minha.
Hiure: apaixonei.
Maria: bobo.
Eles entram e veem o interior da velha casa, a mobília estava coberta por lençóis, mas estava tudo ali.
Maria: eu não vou te deixar aqui, tá que é só poeira.
Hiure: não tem problema, é só por uns dias.
Maria: você tá muito machucado.
Hiure: três costelas e meu ombro, mas o ombro só está...
Maria: deslocado, vem, eu faço.
Hiure: você?
Maria: faixa preta em jiu-jitsu, sei quebrar, mas também sei concertar. Diz realocando o ombro do namorado.
Hiure: só preciso curar os machucados aparentes aí eu volto, as costelas talvez demorem.
Maria: quanto tempo?
Hiure: três, talvez quatro dias.
Maria: não vou largar você quatro dias aqui, mas não vou mesmo!!
Hiure: calma, pior que aquele chute não deve ser.
Maria: você nunca vai levar nada a sério?
Hiure: e você nunca vai rir?
O rapaz se senta num velho sofá, estava realmente coberto de poeira e teias de aranha.
Maria: o que vai comer?
Hiure: tem uma mata aqui perto, vou caçar alguma coisa.
Maria: tipo o que? Não deve ter alcatra correndo pelo mato.
Hiure: lagarto, talvez outro bicho, tanto faz, eu me viro.
Maria: eu vou ficar aqui com você.
Hiure: nem pense nisso, não quero você num lugar desses.
Maria: você está assim por minha causa.
Hiure: não foi seu chute que fez isso comigo, eu escolhi isso, fora que eu não quero te ver acordando pela primeira vez coberta de poeira e teia de aranha, pode ir.
Ele beija o topo da cabeça dela, repõe a porta no lugar e se joga no sofa, rolou no sofá com dor, dormiu de exaustão, seus machucados curaram durante a noite, como era esperado, mas caçar com as fraturas foi um desafio, seu pai surtou com o seu desaparecimento, nem os rapazes sabiam onde ele estava, Wellington despachou vários rastreadores atrás dele, mas nenhum encontrou, passado os três dias ele reapareceu em casa para a surpresa do pai.
Wellington: Hiure!?
Hiure: bom dia pai.
Wellington: bom dia!? É o que tem pra me dizer!? Onde você estava garoto!?
Hiure: sai pra caçar.
Wellington: por quatro dias!?
Hiure: eu tô bem, tô até atrasado pra aula.
Wellington: rapaz, você acabou de chegar, me deve satisfação, Hiure!!
O rapaz tomou um longo banho, se vestiu, aparou a barba e foi pra escola.
Kaique: até que enfim resolveu aparecer, tá ficando doido!?
Hiure: eu tive um bom motivo, três bons motivos.
Ryan: seu pai enviou rastreadores atrás de você, onde se meteu?
Hiure: onde ele não queria procurar, na casa deles.
Kaique: a tal casa velha?
Maria: é, me fez deixar ele naquele lugar.
Ryan: o que houve?
Hiure: o Dominante não gostou da minha visita, aí tivemos um desentendimento.
Maria: esse lobo idiota resolveu lutar de frente com meu pai.
Kaique: você peitou um dos Grandes, tá maluco!?
Ryan: e agora?
Hiure: segue o baile, ele continua me odiando e é isso.
O dia de escola acabou cedo para o casal que fugiu pra um sorvete, dessa vez foi ela o convencendo a isso, foram no Oeste, um lugar da alcatéia, o atendente ficou relutante com Hiure, mas um olhar da loba o fez mudar de ideia.
Hiure: gostei daqui, sem transito, bom lugar pra estacionar e o sorvete é muito bom.
Maria: eu disse que ia gostar.
Eles ficaram ali um tempo até que terminaram e saíram, ela foi para o carro e ele foi pagar.
Hiure: aqui, pode ficar com o troco.
Atendente: não preciso de esmola de gente da sua laia.
Hiure: e eu não tô dando esmola, tô mostrando que gostei, vou até recomendar o lugar.
Atendente: não queremos outros dos seus aqui.
Hiure: cara, eu tô só querendo ser legal, mas se você quer assim, beleza, meu troco por favor.
O lobo no balcão lhe dá o troco e o lobo sai, enquanto guardava as moedas ele vê um rapaz conversando com a sua namorada, tinha um cabelo castanho jogado para trás, rosto liso, 1,78 de altura, magro e com olhos escuros, ele se aproxima e ouve parte da conversa.
Mateus: tá dirigindo isso agora?
Maria: não é meu.
Mateus: a tá, não acreditei que o Alpha ia deixar você dirigir isso.
Maria: não julgue o livro pela capa.
Hiure: oi.
Maria: Hiure, esse é o Mateus, Mateus esse é Hiure.
Hiure: prazer.
Mateus: também.
Hiure: do que estavam falando?
Mateus: dessa tranqueira aí, acredita que ainda tem maluco pra dirigir Isso?
Hiure: acredito, é meu. Diz levantando a chave.
Mateus: tá brincando?
Hiure: não, por que?
Mateus: você anda nesse carro?
Maria: sempre.
Mateus: podia andar em algo melhor.
Hiure: tipo?
Mateus: aquilo. Diz apontando.
O lobo do Oeste apontou com a chave para um corolla 2016 azul que estava do outro lado da rua.

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