O sabor doce da vitória não pode ser totalmente aproveitada por uma figura amarga trouxe péssimas notícias, o Detentor, Hector Gagnon, o Promotor Chefe da Tavola Pentagonal, este se tratava de um conselho mundial que regia o sobrenatural como um todo e agora eles iriam enfrentar o próprio governo e isso deixou todos tensos.
Hiure: o que faremos?
Rodolpho: nós? Nada, isso é assunto deles, não temos o que fazer.
Kaique: é um conflito diferente do que sabemos lidar, é uma guerra jurídica contra a própria Tavola.
Hiure: a Tavola bem que podia ir se fuder.
Ryan: eles são a lei, não podemos ignorar, depois de tudo que rolou é um milagre terem aparecido só agora.
Maria: você tem um ponto, vai ver eles queriam o Vladimir morto.
Hiure: mas foram eles mesmos que deram uma cadeira pra ele.
Kaique: arrependimento?
Rodolpho: não, os membros da Tavola são escolhidos minuciosamente e votados ano após ano.
Maria: sabe muito.
Rodolpho: já me interessei, aí estudei a fundo, pelo que me lembro todo ano muda um membro e uma raça, fazem rodízio para que todos possam ter voz ativa, quando o ano fecha o mais antigo sai, mas antes os cinco votam num sucessor da próxima raça a ocupar a cadeira.
Kaique: votam até na raça?
Rodolpho: não, digamos que quem vai sair é um vampiro e a próxima vaga seja licantropo, eles escolherão um representante dentre os licantropos e assim por diante, sempre cinco membros pra não haver impasse nas escolhas e decisões.
Hiure: e como toda força, eles tem um cão raivoso na coleira.
Ryan: o Detentor, quando querem algo resolvido mandam ele.
Kaique: e se ele ganhar o processo?
Hiure: não fala isso nem de brincadeira!!
Kaique: é uma possibilidade, temos que encarar esse fato, o que vai ser de Lupina com uma base da Tavola bem aqui?
Ryan: os Alphas não são exemplos de cidadãos modelo ou obedientes a risca das leis, eles só não eram importunados pela posição deles e por fazer tudo debaixo dos panos.
Maria: mas duvido que a Tavola vá fazer vista grossa estando aqui do lado.
Ryan: vamos ter que andar na linha agora.
Hiure: como assim?
Kaique: nada de duelos, lutas ou caçadas a luz do dia ou a céu aberto, acho que até nossos pegas vão ter que virar passado.
Hiure: eu não vou deixar de fazer o que eu gosto por causa da merda da Tavola, não vou mesmo!!
Maria: você pode ser preso ou pior, dar problemas para a sua alcatéia.
Mesmo não gostando era um fato, viveram quebrando regras, mas agora a situação mudou, enquanto os jovens discutiam indignados, os veteranos estavam reunidos para bolar uma estratégia.
Vaneska: achei um caso de herança sem herdeiros.
Helmar: sobrenatural?
Vaneska: não.
Lois: já ajuda, me dá.
Helmar: aqui, precedentes de derrotas da Tavola nos últimos duzentos anos.
Renato: como conseguiu isso?
Helmar: eu sou um Don.
Lois: me dá, Sofia pega metade.
Victor: alguma coisa tem que servir.
Lois: vou fazer o meu melhor.
Sofia: que estranho.
Wellington: que foi?
Sofia: as derrotas da Tavola só vão até o ano de 1993, não tem nada depois.
Helmar: isso é impossível, a fonte da informação é impecável.
Lois: e a informação está correta, não tem nada desde 93 pois foi o ano em que o Hector se tornou Promotor Chefe.
Renato: ele nunca perdeu um caso em mais de vinte anos de trabalho, isso é...
Lois: impossível? Não, não é, quando eu trabalhei na Tavola eu o vi num julgamento, foi um verdadeiro massacre, ele não é de brincadeira.
Marcos: dá pra vencer?
Lois: juro que vou lutar com tudo o que puder.
Elizabeth: já é o suficiente.
As semanas se passaram e finalmente é chegado o dia do julgamento, dada as circunstâncias ele seria feito no Brasil, nos bancos estavam todos lobos de todas as quatro alcatéia, o espaço havia sido encantado para que coubessem todos e recebeu um feitiço para que houvesse compreensão dos diversos idiomas, na bancada da defesa estavam Lois e Victor, na oposta apenas Hector, todos então se levantam para a chegada do juiz encarregado, a primeira vista parecia com um humano velho, mas as orelhas pontudas e a pele excessivamente branca deixaram claro que se tratava de um elfo.
Lois: puta merda, é o Juiz Eru.
Victor: o que tem? Quem é ele?
Lois: o mais casca grossa e tradicional de todos, isso tem dedo do francês, ele joga sujo.
Victor: vai ser um problema?
Lois: fácil não vai ser.
Eru: o caso de Tavola Pentagonal contra alcatéia de Pelo Branco, correção, alcatéia do Espadachim Divino, está em aberto, dou a palavra para o doutor Hector Gagnon.
Hector: agrradecido, merretíssimo, o caso em questão é muito simples e isso torrna todo esse julgamento uma total perrda de tempo e se resume a algo fútil, eles podem infligir a lei? Está é muito clarra quanto a esse tipo de situaçon, a Tovola confisca o territórrio conquistado por um membrro que uma vez falecido non tenha herdeirros prrevistos em seus documentos, logo o que convém ao Leste da cidade de Lupina agorra é prroprriedade da Tavola e ponto final.
O lobo retorna para sua bancada, uma expressão convencida se fazia presente em sua face.
Eru: a defesa tem a palavra.
Lois: eu agradeço, senhoras e senhores do júri, o que temos aqui está longe de ser uma situação casual, comum ou simples como dito anteriormente, muito pelo contrário, não é uma briga por terras ou um mero espaço, é uma luta por direito de herança e pelo legado de um pai e avô falecido, são milhares de lobos e lobas que dependem daquele lugar pra tudo, morar, estudar, trabalhar, viver... a situação atual é delicada e deve ser vista com compaixão e consideração, obrigada.
Eru: doutor Hector pode trazer o seu primeiro depoente.
Hector: eu querro chamar Victor parra depor.
Eru: senhor Victor, um passo a frente.
Victor: sim, meretíssimo.
O Alpha se senta na cadeira diante de todos os olhares de todos.
Hector: senhor Victor, dos seus "irrmãos" é o mais velho, cerrto.
Victor: sou, sim.
Hector: dirria que erra o brraço dirreito de seu falecido pai?
Victor: de certo modo.
Hector: esteve com ele na Grrande Guerra de Clãs?
Victor: como...
Hector: sim, tenho essa inforrmaçon, agorra responda a perrgunta.
Victor: estive sim, em todas as guerras.
Hector: perrdeu muitos?
Victor: milhares de irmãos, centenas de filhos e sobrinhos e meu pai.
Hector: dirria que odiava seu inimigo?
Victor: e eu deveria sentir outra coisa diante de tudo o que me foi tirado?
Hector: é esse sentimento de ódio que o guia nesse momento, por ele você está disposto a non só matar seu inimigo, mas também a desafiar as leis sobrrenaturrais como está fazendo agora. Diz para o júri.
Victor: não, espera, eu não...
Hector: sem mais perrguntas, merretíssimo.
O Alpha ficou até confuso com tudo aquilo, até mesmo Lois pareceu preocupada, mas manteve a postura.
Eru: a doutora Lois tem a palavra.
Lois: agradecida, excelência, falaram sobre sua participação nas guerras, mas existe algo além, como descreveria a alcatéia de Pelo Branco?
Victor: é a minha família, meu bem mais precioso.
Lois: muitos reconhecem Pelo Branco como uma lenda, um monstro, mas o que ele era pra vocês?
Victor: nosso guia, nosso Alpha, o patriarca.
Lois: para alguns aqui isso pode soar como novidade, mas houve um tempo em que Álvaro ocupou uma cadeira dentre as cinco do Conselho, honraria aconselhada a ser dada a ele pelo próprio Viajante, o primeiro dos Grandes, sempre justo, moral e visando o que havia de melhor para o sobrenatural como um todo e este homem aqui diante de todos vocês é seu primogênito, seu braço direito, uma vez confiaram a seu pai um lugar à mesa, agora não confiam no seu legado?
Hector: prrotesto, está prrovocando o júrri.
Eru: aceito, doutora Lois, se contenha.
Lois: perdão, excelência, não foi minha intenção, Victor, riqueza, poder, posses, era isso que Pelo Branco prezava?
Victor: não, apenas o bem estar da família acima de tudo.
Lois: então os territórios nada mais são do que um lar?
Victor: e tudo que peço é que nos deixem voltar pra casa.
Lois: sem mais perguntas.
A advogada retorna ao seu lugar com confiança.
Helmar: mandou bem, bateu no estômago.
Lois: eles não vão fazer o que querem, não comigo aqui.
Eru: doutor Hector, tem a vez.
Hector: convoco um novo depoente, o Conselheirro Arrgos Stoikós.
As palavras do promotor fizeram muitos se abalarem, mas principalmente Lois e Helmar.
Helmar: Argos!? Que história é essa!?
Lois: não sei, não está na lista e...
O espaço então começou a se abalar e aos poucos os tremores chegaram mais perto, até que as enormes portas de carvalho são abertas e algo adentra o salão, media 6 m de altura, uma barba enorme e ruiva se fazia presente, um cabelo também longo preso numa trança comprida, seu rosto duro e expressão severa, vestia toga branca ao estilo grego, todos contemplavam aquela figura diante deles, a cadeira de depoimento foi aumentada por magia e este se senta posturado.
Lois: meretíssimo, não fui informada sobre a presença do Conselheiro como depoente.
Hector: crreio que nos documentos alerrtei sobrre uma testemunha extrra.
Lois: mas...
Eru: o aviso consta nos documentos?
Lois: sim, excelência.
Eru: então prossiga, doutor Hector.
Hector: prrontamente, mas antes querro agrradecer ao Conselheirro Arrgos por sua generrosidade quanto ao seu tempo e atençon.
Argos: o que for necessário para fazer valer a confiança que me foi concedida. Fala com uma voz profunda e pesada.
Hector: crreio que esteja ciente da situaçon em que esse trribunal se encontrra.
Argos: sim, estou.
Hector: e qual a sua opinião sobrre?
Argos: eu respeito profundamente as leis que há tantas eras nos trazem segurança e prosperidade, abrir essa exceção, é nos sentenciar ao caos.
Hector: por que pensa assim?
Argos: hoje abrimos uma exceção para os lobos, amanhã as bruxas e feiticeiros vão querer exceção para praticar sacrifícios humanos, gigantes vão querer fazer incursões como na era viking, os vampiros voltarão a caça tirânica e a escravizar os humanos, quanto tempo até a lei de Ocultação ser quebrada? Quanto tempo até a volta da idade das trevas, a caça ao sobrenatural?
Hector: um Conselheirro pensa assim, um escolhido por outrros cinco, um vivo, o mais antigo dos atuais, devemos ignorrar suas palavrras? Devemos perrmitir que os lobos brrasileirros continuem agindo como se lei e orrdem non existissem? Sem mais perrguntas, merretíssimo.
Eru: doutora Lois, tem a vez.
Lois: eu... eu não tenho perguntas, excelência.
Frustrante, para dizer o mínimo, essa jogada foi inesperada e suja, o que tornava tudo ainda mais difícil para os lobos.
Na cidade estavam os jovens lobos reunidos pra acampar e caçar, Maria havia convidado uma pessoa, os rapazes já estavam lá com uma fogueira acesa.
Ryan: onde está a dona encrenca?
Hiure: ela falou por cima, foi buscar alguém, acho que é Heitor.
Rodolpho: mó cota que não falo com ele.
Hiure: nem eu vejo ele direito.
Kaique: aí é foda, ele tem quatorze, qual é?
Hiure: ficaria surpreso com aquele moleque, é bem maduro, deixa Vaneska de cabelo branco.
Rodolpho: ele se acertou com Helmar?
Hiure: eles chegam lá, Vane como sempre sabe domar aquela família.
Ryan: chegaram.
A loba vem chegando e ao invés do jovem beta ela trazia uma loba, era uma menina de 1,67, pele clara, cabelos cacheados curtos, possuía um piercing no nariz e tatuagens, calçava tênis preto , short jeans desfiado na barra e top azul marinho.
Kaique: Heitor tá diferente, achei que fosse bi e não trans.
Maria: é eu que você tivesse notado que suas piadas são uma merda.
Hiure: tomou dentro.
Maria: essa é Laura, Laura, bom, esses são...
Laura: os Novos Astros.
Maria: é, mas aqui no off chamamos de Rodolpho, Ryan, Kaique e Hiure.
Todos acenam ao ter o nome dito, a garota se senta num toco, o que não deixa assento livre.
Laura: aí Maju, você ficou em pé.
Hiure: ficou não, vem cá, amor. Diz estendendo a mão.
A loba aceita o gesto e se senta na perna do lobo.
Lauro: ah tá, então é esse o seu lobo, ouvi dizer que era um dos Astros mesmo.
Hiure: em carne e osso.
Rodolpho: mais osso do que carne.
Hiure: ir pra merda você não quer, né?
Ryan: e aí Laura, nunca te vimos na escola.
Laura: não estudo na escola de vocês, esse ano vou prestar o Enem pra engenharia civil ou arquitetura.
Hiure: uau, me procure daqui uns anos, a ConstruMax sempre procura por novos profissionais.
Laura: eu agradeço, mas já tenho um lugar certo.
Ryan: eita, com essa confiança ou tem bala na agulha ou é arrogante, diria as duas coisas? Diz rindo.
Lauro: não é arrogância, sei do que eu sou capaz.
Hiure: agora sei como se tornaram amigas, são da mesma laia. Diz mexendo com a namorada.
Rodolpho: brincando assim nem parece o risco que está nos correndo.
Kaique: o julgamento né? Eu tô pilhado com isso.
Hiure: vai dar tudo certo, relaxem, a Lois vai cuidar de tudo.
Ryan: é da Tavola que estamos falando, o Detentor está no caso.
Rodolpho: qual é? Aquele velho não dá conta da Lois.
Hiure: ele é só um bundão, não tem calibre.
Maria: sabe que ele se referiu a um tribunal, né?
Hiure: tanto faz, ele é diferente.
Ryan: cara, é o Detentor.
Hiure: ele é só um velho debruçado num título grande, não tem poder.
Kaique: na verdade eu acho que ele esconde a força.
Hiure: mano, qual é? Ele pode até não ser um completo fraco, mas não está no mesmo patamar que os Alphas, que nós.
Laura: pera, você está de pondo acima do Detentor, uma das figuras mais importantes do sobrenatural, jura? Isso é muita arrogância, até pra vocês.
Kaique: o que quer dizer com "até pra vocês"? Nos chamou de arrogantes?
Rodolpho: não foi o que ela quis dizer.
Hiure: mas foi o que ela disse, tem algo a nos dizer, amazona?
Kaique: pera, amazona?
Hiure: seus instintos só servem pra duelos? Olha pra ela, o jeito que nos olha, a postura rígida, as armas escondidas e claro, a tentativa de nos diminuir.
Laura: tem um ego tão grande que nem suporta que te digam isso?
Hiure: pelo contrário, esse ego faz parte do pacote, agora que já estamos bem entrosados, o que acha de uma apresentação formal?
A amazona encara a loba que confirma com ela lhe dando confiança.
Laura: Tenente de elite Laura, divisão de artilharia das amazonas.
Kaique: cacete, você é uma Tenente de elite? Dêem a ela um copo, essa é das nossas, serviu com quem?
Laura: a Capitã Clarisse Diaz.
Rodolpho: ela é o Décimo Arco, você é a Tenente de um Arco, parabéns.
O clima esfriou com a camaradagem, mas um dos Astros estava pensativo.
Maria: Terra chamando Ryan, acorda. Diz estalando os dedos.
Ryan: o que? Pergunta distraído
Rodolpho: tá viajando, porra. Diz rindo.
Ryan: eu tô pensando aqui, serviu com a Clarisse, foi no flanco direito?
Laura: foi sim, estavam os acompanhando outra divisão.
Ryan: de caçadores?
Laura: isso.
Ryan: vai se fuder, foram vocês!?
Maria: que isso!?
Hiure: que porra é essa, mano?
Ryan: foi a divisão dela que saiu atirando no meio do meu avanço, tive que mudar a rota de corrida por causa de uma tropa doida que atirou no nosso caminho, foram vocês!?
Laura: espera, você era o cabeça daquela tropa avançando no meio do campo de tiro? Eu tive que entrar correndo no meio das linhas das arqueiras pra impedir mais disparos, então era você!?
Ryan: aquele era meu campo de caça!!
Laura: seu!? Por que!? Porque um Astro faz o que quer?
Rodolpho: aí também não, tua treta é com ele, mantém aí.
Laura: minha bronca é com todos vocês, aliás a bronca de muitos, vocês agiam como se fossem os próprios Coronéis e Generais, muitos planos foram atrapalhados e mudados pelas ações impulsivas de vocês.
Kaique: desculpa não seguir as regras, estavam os ocupados matando comandantes inimigos, feito oficiais de verdade.
Laura: tem alguma coisa pra falar!?
Maria: gente, calma, tá saindo do controle já, chega.
Laura: oficiais de verdade!? Vocês mal cooperaram com as demais divisões, lobos que não sabem trabalhar em conjunto.
Hiure: as centenas que lideramos discordam.
Laura: lideraram, falou bem, era uma posição de superioridade e até onde sei você mesmo não aceitou e agiu em desacordo com seu oficial quando era Tenente.
Hiure: aquilo foi diferente, ele mandou lobos meus pra morte.
Laura: uma divisão das lobas estava a caminho pra reforçar, mas aí você invadiu sem ordem e nós perdemos tempo indo dar reforço só pra não dar em nada e termos que voltar ao início!!
Maria: acho que é a hora de nos acalmarmos, a guerra acabou.
Rodolpho: concordo.
Laura: não para os Novos Astros, vocês ainda ostentam esse título com toda a pompa, a glória dos Astros, só esquecem que quando vocês surgiram já haviam pessoas aqui!! Impõe entre rosnados.
Maria: Laura, eu...
Laura: foi um erro eu vir aqui, desculpa, Maju, mas eu acho melhor eu ir nessa. Diz pegando a bolsa e saindo.
A loba olha pro namorado, este revira os olhos e concorda com a cabeça e a namorada vai atrás da amiga, restando os quatro, Rodolpho então bate nas cabeças de Ryan e Hiure.
Ambos em uníssono: que porra é essa!?
Rodolpho: vocês devem ter merda na cabeça!!
Hiure: que foi?
Rodolpho: tinham mesmo que fazer tudo aquilo?
Ryan: aí, ela que veio botando bronca, parecia que tinha raiva da gente.
Rodolpho: é claro que tem.
Hiure: por causa do bagulho no campo de batalha?
Rodolpho: também, mas é mais raiva dos Novos Astros em si.
Ryan: por que?
Rodolpho: o nome dela é Laura, Laura Montenegro.
Hiure: puta que pariu...
Ryan: o que tem esse nome?
Hiure: ela é irmã da Érica, o Sexto Arco.
Ryan: a que perdeu o braço, me lembro dela, mas o que tem haver com a gente aqui?
Kaique: os Dez Arcos fizeram muita fama durante o crescimento da alcatéia da Lois, um grupo grande e muito respeitado, até que nós surgimos, crescimento rápido, relação com os lobos mais absurdos, heróis no campo de batalha, isso ofuscou o grupo da irmã dela, acho que a Laura talvez nos culpe pela heroína dela ter caído, sei lá.
Ryan: que merda, não é nossa culpa, mas...
Hiure: temos uma certa participação nisso tudo, cacete e agora?
Ryan: vai, deixa que eu vou falar com ela.
O caçador vai até onde as duas lobas estavam.
Laura: porra, agora vai me seguir?
Ryan: pode abaixar a guarda, eu vim em paz.
Maria: Ryan, por favor...
Ryan: eu vim em paz mesmo, pode me dar um tempo?
A loba do Oeste implora com o olhar para a amiga que no fim cede e concorda.
Maria: vê se não piora as coisas.
Ryan: isso é o que o teu namorado faz, não eu.
A princesa do Oeste sai e os deixa.
Ryan: podemos conversar sem rolar uma luta?
Laura: eu tô com pressa, quero ir pra casa.
Ryan: tá de carro?
Laura: não, vim de uber.
Ryan: eu tô de carro.
Laura: e o que te faz pensar que vou entrar no seu carro? Eu nem te conheço e até onde eu sei já me causou problema demais.
Ryan: então me deixa fazer alguma coisa boa.
A loba pondera e por fim aceita a carona do Astro.
Ryan: olha, eu lamento por sua irmã, eu...
Laura: você não sabe de nada!
Ryan: você é a caçula de três irmãs, a do meio faleceu na primeira investida da Lois, a mais velha sempre foi sua heroína, tô indo no caminho certo?
A amazona nada respondeu, apenas olhava pela janela.
Laura: a Érica sempre pareceu tão...
Ryan: indestrutível?
Laura: cada coisa que aprendi foi ela que me ensinou, atirar faca, caçar, a ser arqueira, loba, mulher...
Ryan: eu posso te entender.
Laura: como?
Ryan: sou órfão de pai e mãe, eu nem me lembro dos rostos ou das vozes, tudo que me lembro é de um acidente de carro repentino e tudo fica embaçado.
Laura: eu não fazia idéia.
Ryan: o Loiro me adotou, me uni com aqueles três idiotas, criamos laços e recentemente eu fui adotado pelo Marcos.
Laura: o que? Como?
Ryan: nem me pergunte como isso pode funcionar, só sei que funciona.
Laura: a guerra mudou tudo, Érica sempre disse que queria mais pra mim, mas quando penso num futuro é ela que vejo, quero ser como ela.
Ryan: e isso é incrível, sempre ouvi sobre os Dez Arcos como guerreiras extraordinárias.
Laura: era um grupo lendário, bom, até vocês aparecerem e roubarem isso.
Ryan: nunca foi nossa intenção desmerecer os Arcos, só fizemos o nosso melhor.
Laura: então é culpa delas? Elas não fizeram o suficiente!?
Ryan: não foi o que eu disse, só disse que fizemos o que era necessário, não estávamos preocupados com fama ou competição, só entre nós.
Laura: vocês só arrasaram tudo que estava pelo caminho, depois de perder o braço e o grupo decair minha irmã entrou em depressão profunda.
Ryan: eu não sabia disso.
Laura: tem muitas coisas sobre mim que você não sabe e nem precisa se preocupar em saber.
Ryan: eu lamento que pense tão mal de nós, mas acredite, nunca foi pessoal.
Laura: claro que não, vocês teriam que se importar.
Ryan: fala como se fossemos um bando de egoístas mercenários.
Laura: e não são? Foram vocês que invadiram o território inimigo e perderam lobos pra obter informações.
Ryan: isso nos garantiu a precaução.
Laura: aí logo depois um de vocês perdeu o cargo na elite.
Ryan: Hiure sofreu uma conspiração.
Laura: numa missão vocês quase foram mortos, na verdade foram os únicos mortos.
Ryan: fomos torturados!
Laura: vocês brincaram no campo de batalha como se fosse um jogo, Hiure disputou e desafiou um superior!
Ryan: e no fim ele estava certo!
Laura: vocês fizeram tudo errado, bancaram os reis do mundo e olha o resultado!!!
Ryan: qual resultado!!? Grita freando o carro bruscamente.
Laura: vocês estão aqui, bem e fazendo churrasco, enquanto eu e minha irmã que fizeramos tudo certo estamos na merda, ISSO NÃO É JUSTO!!!! Urra sem conter as lágrimas quentes de revolta.
O lobo nem pôde fazer nada, seu próprio fôlego lhe foi arrancado.
Ryan: Laura...
Laura: abre a porta.
Ryan: pera aí, eu te levo.
Laura: não quero, abre a porta.
Ryan: eu prometo não falar mais nada, eu...
Num piscar de olhos o rapaz tinha uma balestra carregada apontada para o centro da sua testa.
Laura: abre a porta, não vou pedir outra vez.
Ryan: vai atirar em mim, assim?
Laura: eu só quero sair daqui e não pense que não puxo esse gatilho, nem mesmo um Novo Astro vai desviar a essa distância.
Ryan: destravada, pode sair.
A loba olha a trava por cima do ombro e abre a porta, mas sem abaixar a arma.
Ryan: quanto tempo vou ficar com essa merda apontada pra minha cara?
Laura: me parece o lugar apropriado pra ela, assim você aprende o seu lugar.
A loba ia descer quando ele reage, tira a arma da sua testa e avança com as garras, estas pararam na garganta dela.
Ryan: achou que eu fosse ficar de boa depois de ser ameaçado por nada dentro do meu próprio carro!?
Laura: achou que era minha única arma? Pergunta apontando outra pra debaixo do queixo dele.
Ryan: eu só preciso fechar a mão.
Laura: e eu puxar um gatilho.
Ryan: vamos ficar nesse impasse por horas, abaixa primeiro.
Laura: e o que me garante que você fará o mesmo?
Ryan: bom, isso vai ser um teste de confiança para os dois, eu quero voltar pro meu churrasco e você tem uma irmã pra cuidar, ninguém quer estar aqui.
A loba tem um choque de realidade e os dois se rendem, ela então o olha nos olhos, apesar da tensão seu olhar estava muito longe de ódio ou raiva, ela então sai, o rapaz respira fundo e expira devagar com as mãos no volante, ele liga o carro e já ia saindo quando algo estoura, no retrovisor ele vê de longe a amazona com a balestra mirada, ao sair ele vê uma flecha no seu pneu traseiro, olhando para a direção dela nada havia lá, isso o enfurece.
No tribunal as coisas não iam bem, não para os brasileiros.
Victor: e agora, Lois?
Lois: vamos ter um recesso de uma semana, é o tempo para planejarmos melhor e estudar o adversário.
Helmar: e o mesmo não vale pra eles?
Lois: sim, vale.
Eru: o tribunal entra em recesso por uma semana a partir de amanhã, a corte continuará no Brasil. Finaliza batendo o martelo.
Todos se dispersam, cada um de um jeito, até o Argos sai dali, os lobos ficavam atônitos com aquela figura.
Helmar: parem de babar seus idiotas, ele só é alto, nada além disso!!
Argos: disse algo, eu não ouvi bem?
Helmar: além de velho está sur... Grita sendo calado pela esposa.
Argos: sur... o que?
Vaneska: se controle, até eles irem embora temos que andar na linha.
Helmar: eu ainda mato essa montanha ruiva, eu mato com minhas próprias mãos.
Vaneska: e começar uma guerra contra os gigantes gregos? Jura?
Helmar: são só filosofos, os gigantes gregos nunca lutam!! Grita afrontoso.
Argos: de fato, nós gregos não lutamos, mas quando lutarmos, lutaremos pra ganhar, esteja livre pra testar isso, Dominador.
Helmar: é Dominante, Dominante!!
Argos: desculpe, trivialidades não valem minha atenção ou capricho, com licença.
O gigante segue o caminho e o lobo se afoga em ira e revolta por não fazer nada, mas era por um bom motivo, logo todos partem dali e se encontram no casarão do Dominante.
Lois: outra casa?
Helmar: aquisição nova.
Lois: espera, essa é a casa do prefeito?
Helmar: não, essa era a casa do prefeito, eu o convenci a me fazer um bom preço, tem uma ótima localização. Diz adentrando a casa.
Lois: realmente a Tavola tem razão em nos temer, olha isso. Diz olhando a casa.
Helmar: qual é? Isso tá muito longe de ser o pior que já fiz. Brinca pegando um copo, gelo e whisky do bar.
Renato: e não é esse o ponto? Tudo o que fazemos? Não é por isso que estão aqui?
Helmar: não me vem com essa não, tô longe de ser o único com as mãos sujas aqui, tem o uso de fármacos místicos da Elizabeth, as lutas de Wellington que vez ou outra termina em morte e claro, as jogadas jurídicas sujas da Lois.
Lois: como é que é?
Helmar: disse algo incorreto? Diz bebendo whisky.
Lois: como...
Elizabeth: como sabe disso tudo?
Helmar: eu sou um Don, saber do que acontece ao meu redor é o que me mantém na minha cadeira tem vinte anos. Responde pegando um charuto.
Victor: isso é irrelevante, quanto ao processo?
Lois: não vou mentir, essa primeira peleja foi péssima pra nós, mas isso acontece, foi só a primeira, não se preocupa, tenho um depoente na lista que vai ajudar e muito. Diz olhando pro Dominante.
Helmar: tá de putaria.
Lois: precisamos discutir a estratégia do depoimento.
Helmar: o que for pra manter aquelas vadias do governo longe daqui.
No Sul o casal chegava a casa do lobo, entraram, ele joga a chave na mesa e se joga no sofá e a chama, a loba se deita com ele.
Hiure: garota difícil essa sua amiga, viu?
Maria: Laura passou por muita coisa, por isso achei que ela ficaria bem conosco, você entende ela.
Hiure: mas não saio atacando todos por conta dos meus problemas.
Maria: não ataca mais.
Hiure: onde quer chegar com isso?
Maria: você teve sua fase de revolta, isso te levou pra outro estado brigar feito cachorro de rinha, ela só falou coisas, podem ajudar.
Hiure: mas parou pra pensar que ela pode não querer ajuda, principalmente a nossa?
Maria: eu não sabia mais o que tentar, ela se fechou muito.
Hiure: se ela quiser ajuda, beleza, mas não da pra ter aquele tipo de cena toda vez e... Diz sendo interrompido por um bater na porta.
Ao abrir eles veem Ryan todo sujo de graxa e muito irritado.
Hiure: que porra aconteceu?
Ryan: precisamos conversar sobre a Laura, Maria, agora. Fala firme.
O caçador entra e toma um banho, pegou algumas roupas do irmão emprestadas.
Hiure: essa camisa não, porra, é a minha favorita pra sair a noite.
Ryan: é só uma camisa, te devolvo depois.
Hiure: disse a mesma coisa da chave inglesa, minha bota casual e minha gravata azul.
Ryan: que gravata?
Hiure: viu só!?
Maria: chega, disse que queria falar da Laura, o que houve?
Ryan: eu tava levando ela, normal, aí começamos a conversar, ela tem muitos bloqueios e é bem revoltada.
Maria: o que você falou pra ela!?
Ryan: nada, eu não disse nada demais, só quis ajudar, até ela puxar a balestra.
Hiure: oi? Ela fez o que?
Ryan: botou na minha testa o bagulho e ia puxar o gatilho se eu não abrisse a porta.
Maria: não, ela não faria isso.
Ryan: faria, eu vi nos olhos dela, ela ia puxar.
Hiure: e o que você fez?
Ryan: quando ela deu mole eu tirei aquilo da minha testa e revisão.
Maria: você revidou?
Ryan: é óbvio porra, ela me ameaçou dentro do meu carro, olha minha cara de quem ia deixar passar, minhas garras a um milímetro de fazer estrago, aí ela puxou outra balestra que eu não tinha visto, ficamos nesse impasse até que ambos nos rendemos e ela saiu do carro.
Hiure: e onde entra a sujeira?
Ryan: a filha da puta atirou no meu pneu!! Tive que trocar sem ferramenta no meio do nada!!
Hiure: se fudeu. Ri apontando para o irmão.
Ryan: vai pra merda, ela fudeu um pneu de 5 mil reais, ela vai pagar.
Maria: Ryan, ela trabalha numa lanchonete, não dá pra pagar.
Ryan: devia ter pensado nisso antes, tô pouco me fudendo, não vou ficar no prejuízo, eu tentei ajudar e sai na merda? Não mesmo.
O casal se olha num impasse, não sabiam quem apoiar, Ryan então vai embora.
Hiure: cacete, que noite.
Maria: concordo.
Hiure: foi muito exagero.
Maria: sim, não tinha necessidade nenhuma daquilo.
Hiure: estourar o pneu foi sacanagem.
Maria: ué, e apontar as garras para a garganta dela não foi?
Hiure: logo depois dela quase meter uma flecha na testa dele, lembra?
Maria: Laura precisa de ajuda.
Hiure: ela mexeu com Ryan, ela precisa de mais do que só ajuda. Responde rindo.
Maria: do que tá falando?
Hiure: não conhece seu cunhado? De nos quatro, quem nunca se mete em problema, nunca briga, sempre tenta apaziguar tudo?
Maria: é ele e daí?
Hiure: ele é o mais tranquilo dos quatro, mas é o único que mata preferencialmente com os dentes.
Maria: eu vou cuidar disso. Diz pegando a chave do carro dela.
Hiure: ei, ei, ei, o que você vai fazer? Pergunta pegando a mão dela.
Maria: vou impedir que eles se matem.
Hiure: ela procurou, além disso, ele tá puto, mas ainda é ele, deixa os dois se virarem, no máximo eles saem no braço e fica por isso mesmo.
Maria: Hiure...
Hiure: se eu estiver errado eu mesmo vou resolver, prometo.
Por fim a loba só deixa a idéia de lado e abraça o namorado; no Norte a garota chegava em casa, era uma casa simples num bairro pequeno, ela entra e joga a chave na estante da sala.
Laura: cheguei, vou esquentar a comida, Érica.
Ela vai até o quanto da irmã e a vê sentada ao lado da janela.
Laura: tá uma noite linda hoje.
A irmã nada respondeu, apenas tragou um cigarro que pelo cheiro Laura pôde perceber do que se tratava, o quarto todo estava impregnado, se via restos sob a cama e outros cigarros que ela já tinha terminado de fumar.
Laura: outra vez? Vai ser essa a sua janta? Se entupir de maconha e dormir?
Érica: quer alguma coisa?
Laura: quero jantar com você.
Érica: não tô afim de sair.
Laura: eu mesma vou fazer.
Érica: sua comida é uma merda, eu que não como, faz só pra você.
Laura: eu aprendi um tempero novo, podia experimentar.
Érica: quando sair fecha a porta. Diz soltando a fumaça.
A loba sai do quarto, engole seco, respira fundo e vai até a cozinha preparar, se depara com uma pilha de louça suja, daí prende o cabelo e começa a lavar tudo.
No Sul o caçador chega a casa, Kaique estava jogando videogame e entrega um controle pra ele.
Kaique: foi em Hiure?
Ryan: fui, falei o que rolou.
Kaique: e ele?
Ryan: não vai se meter, é a lei, ele sabe, mas Maria...
Kaique: ela escuta ele, por incrível que pareça, vai ficar tudo bem.
Ryan: eu só queria ajudar, cacete, até quando sou bom eu me fodo.
Kaique: é a vida, mas e o carro, tá de boa?
Ryan: tá sim, a flecha era curta, não agrediu a roda não, desviou pra fora.
Kaique: menos mal, Hiure ia ficar puto com essa loba se ela estragasse teu carro.
Ryan: essa porra, bora subir a colina amanhã?
Kaique: assim do nada?
Ryan: preciso aliviar a mente.
Kaique: vê com eles aí, liga no grupo, por no viva voz.
O rapaz liga no grupo e tempo depois os outros dois atendem.
Rodolpho: que foi?
Kaique: nós quatro, colina, amanhã, sem desculpas.
Rodolpho: vocês são um bando de desocupados viu?
Hiure: vai não?
Rodolpho: não disse isso, que horas.
Ryan: quero ver um nascer do sol do topo daquele lugar.
Hiure: três e meia saímos daqui.
Rodolpho: meu carro tá fazendo um barulho estranho.
Hiure: Ryan, leva as ferramentas, eu sou uma olhada, valeu, vou indo que a loba tá chamando.
Kaique: chamando ou puxando a coleira?
Hiure: olha seu...
Kaique: fui. Diz desligando.
A madrugada vem e na mesma hora quatro carros acendem os faróis e seguem para um destino em comum, os primeiros raios de sol davam o ar da graça quando os quatro encostam no ponto mais alto da colina, saem dos veículos e se sentam na beira no barranco pra contemplar aquele espetáculo, só o silêncio e o vento frio da madrugada, logo o astro se ostentou no céu e banhou o horizonte com sua luz enquanto a amada lua se despedia das funções, por hora.
Rodolpho: que espetáculo.
Kaique: sempre é.
Ryan: vai mexer no carro?
Hiure: vou, pega as ferramentas.
Os irmãos então vão mexendo no carro.
Hiure: achei, aqui, olha.
Rodolpho: o que?
Hiure: o distribuidor já tá mais pra lá do que pra cá, por isso o barulho quando dá a partida, leva lá na oficina , vou encomendar a peça substituta.
Rodolpho: quanto vai ficar?
Hiure: só o custo da peça, faço pra ti por conta, da nada não.
Rodolpho: nada disso, vai cobrar sim.
Hiure: meu pau, quem sabe sou eu.
Rodolpho: se não cobrar eu não concerto com você.
Hiure: tá, eu vejo o orçamento.
Kaique: brigam feito um casal de velhos.
Ryan: criança é foda.
Hiure: olha quem fala, o senhor "ela vai pagar" .
Rodolpho: a mina lá fez merda mesmo?
Ryan: fez, carai, te contei, mas vai ter troco.
Hiure: pega leve, a mina tem uns b.o sérios.
Ryan: eu sei, mas como é que fica minha moral? Aí ela espalha essa porra, como fica minha moral? Eu sou um Astro, porra!!
Kaique: ele até que tá certo, esse título carrega peso, daqui a pouco todos vão perder o respeito, tudo bem ameaçar um dos Astros.
Rodolpho: não estamos no regime.
Hiure: mas ainda somos o que somos, seja como for, não perde a linha.
Ryan: não vou, tá tranquilo, olha, vou gastar um pouco de combustível.
Kaique: vamos descer daqui a pouco, você tem que correr um pouco sozinho, vai lá.
O caçador entra no carro e segue para fora da colina.
Hiure: aquela loba comprou um puto problema.
Rodolpho: ele tá bem puto, nunca vi assim.
Hiure: nunca teve motivo, mas agora é diferente, bem diferente, ele vai achar ela em dois tempos.
Kaique: com certeza, se já não tem pista né?
Na estrada o rapaz abriu a janela e seguiu para o Norte, rodou por quase meia hora, até achar o rastro do cheiro, ao encontrar seguiu pra casa; as horas se passaram e o sábado começou de verdade, logo o trânsito começou, o corre corre e a agitação, Laura havia perdido a hora e saiu a mil de casa, foi repreendida pelo gerente do serviço e já foi logo atender, foi de mesa em mesa.
Laura: bom dia, bem vindo ao Rei da Massa, tem seu pedido?
Ryan: quanta educação, nem parece a mesma. Diz abaixando o cardápio da frente do rosto.
Laura: o que significa isso!?
Ryan: café da manhã, tô faminto.
Laura: você está no Norte, como!?
Ryan: ser um Astro tem suas vantagens, eu sou carismático, mesmo aqui no Norte, acredita?
Laura: tá me seguindo? Eu posso te entregar para a Alpha, isso é perseguição!!
Ryan: ah, faz favor, tá? Eu ia perder meu tempo te perseguindo, eu ia até te dar uma lição, mas aí te vi trabalhando aqui.
Laura: tá com pena de mim?
Ryan: eu tô decepcionado e sem entender, tentei ajudar e ganho ameaça e prejuízo, aquele bosta fala aquelas merdas e tu fica de boa?
Laura: você mereceu e eu preciso do emprego.
Ryan: saquei, pode ser humilhada desde que seja paga? Pergunta sarcástico.
Laura: o que você quer?
Ryan: a sua palhaçada me custou cinco mil, como ficamos?
Laura: eu não tenho esse dinheiro e ainda que tivesse não te daria, tenho coisa mais importante para fazer. Responde dando as costas.
O caçador a segura pelo pulso, ela se volta pra ele furiosa.
Ryan: comprou a briga errada.
Laura: tá disposto a sair no braço comigo pra resolver!?
Ryan: depois do seu horário de serviço, tem um beco na sétima.
Laura: eu sei onde é, saio as oito.
Ryan: oito é vinte então. Diz saindo da lanchonete.
O momento foi tenso e na hora do almoço o telefone da amazona toca.
Laura: oi Maria.
Maria: te liguei agora pra saber se aconteceu alguma coisa.
Laura: se está se referindo ao seu amigo vindo no meu trabalho me afrontar, não, acho que não houve nada.
Maria: ele achou seu trabalho!? Tão rápido, achei que teria mais tempo.
Laura: tempo pra que?
Maria: pra te avisar, Laura, eu sei o que rolou, só pede desculpas, ele vai relevar, acredita em mim.
Laura: não dá, tarde demais.
Maria: não, me escuta, dá sim, é só você...
Laura: Maria, vamos lutar hoje a noite.
Maria: o que!? Laura, não pode.
Laura: tá tudo bem, eu quebro a cara dele é fica tudo certo.
Maria: Laura não faz isso, não vai nessa luta, por mim.
Laura: eu fiz o desafio, tenho que manter minha palavra e vou, aquele lobo abusado vai engolir a marra dele!
Palavras eram inúteis na tentativa de impedir, da o horário e o beco escolhido é visitado pela loba.
Laura: eu sei que está aqui.
O Astro sai das sombras e a olha nos olhos.
Laura: era pra me pegar de surpresa como faz com os coelhos que caça?
Ryan: eu caço javalis de frente, mas você não é uma caça, é uma revanche.
O caçador ataca, parecia não se conter, mas a loba não recuou um passo, trocaram golpes até que um soco dela acerta a garganta dele e em seguida uma rasteira, mas ao cair ele rola para o lado evitando um golpe de faca.
Ryan: que porra é essa?
Laura: achou que ia ser uma briga de rua qualquer? Você procurou isso, agora lide com as consequências!!
Os golpes passavam raspando no caçador que só recuou até ficar de costas contra uma parede, veio uma estocada, ele desviou por pouco, a lâmina cravou na parede, nisso ele segura a faca e chuta o abdômen dela a desarmando, ele então quebra a faca dentro da parede.
Ryan: agora pode pegar as outras armas, sei que tem um monte aí com voc... Diz sendo interrompido por algo que voa na direção dele.
Uma faca de arremesso crava na parede, em seguida veio uma chuva de lâminas, o caçador correu pelas laterais do beco, sua agilidade era imensa, pulou sob lixeiras, usou a parede como apoio e caiu atrás dela, a loba se vira numa apunhalada, sua lâmina atinge o abdômen do Astro, este segura o pulso dela e remove a lâmina e a desarma, ele então prende o outro braço dela e a empurra até a parede, eles se encaram com os olhos rubros firmes até que um tornado seguido de rugido é solto por ambos, ninguém iria ceder ali, o olhar feroz de cada um mostrava isso, até que o do caçador se acalma, ele deixa de encarar e passa a olhar atentamente, o que confunde a amazona.
Laura: o que tá olhando!?
Ryan: até que você é bonita, se não fosse tão marrenta eu até que ficaria contigo.
Laura: seu palhaço, acha que eu vou ficar com um idiota feito... Diz sendo interrompida por um beijo.
No começo ela até resiste, mas o Astro solta seus braços, as mãos dela teimosamente vão ao rosto dele, ele a puxa pela cintura, o caçador sorri arrogante entre o beijo até que ela volta a si e o empurra forte, ele cambaleia rindo.
Laura: seu porco, isso... isso é assédio!!
Ryan: foi isso que você tava retribuindo? Porque eu senti suas mãos em mim.
Laura: eu não... Tenta dizer sendo interrompida outra vez da mesma forma.
Ela troca de lugar e o prende contra a parede, só pararam quando faltou o ar, Laura ficou confusa e tenta sair, mas ele a segura e puxa pra si.
Ryan: não me deve mais nada, eu venci essa. Diz arrogante com um sorrisinho convencido.
Laura: você... quem você pensa que eu sou!?
Ryan: no momento? A amiga da minha cunhada, só.
Laura: seu safado nojento!!
Ryan: eu não fui o único que aproveitou, a parede sabe disso.
Ao olhar ela pôde ver, na troca ela fez a parede rachar um pouco.
Ryan: estamos quites, certo?
O caçador então tira a roupa na frente dela.
Laura: nem pensar, não vai rolar, tá achando que sou uma puta é?
O rapaz dobrou as roupas e as colocou no chão, num piscar de olhos abandonou a forma humana simples e deu lugar a uma fera cinzenta de olhos vermelhos, com o focinho ele empurra a roupa na direção da amazona.
Laura: quer que eu guarde isso, é brincadeira!? Foda-se você, não vou guardar nada, tô nem aí. Impõe dando de costas.
Ela ponderou, bateu o pé e qu ando se virou com o dedo esticado nada estava ali além das roupas, ela bufa de raiva e apanha as roupas, foi aí que notou que o cheiro do perfume dele estava nela também, mas o mesmo valia pra ele, pra despistar ele caçou e foi pra casa, a televisão estava ligada, ele volta a forma humana, pega a chave debaixo do piso falso e abre a porta, se enrolou com uma cortina da janeja e já ia subir as escadas.
Kaique: caçando até tarde?
Ryan: filha da puta!! Tá maluco!?
Kaique: deve estar bem cansado pra não me notar.
Ryan: a televisão tá alta.
Kaique: a intenção era essa, tá vindo de onde?
Ryan: você já sabe, de uma caçada.
Kaique: vai ser assim?
Ryan: assim como?
Kaique: Ryan, dos quatro somos os únicos que moramos juntos, dividimos casa, comida, até a porra do banheiro, então não me vem com "assim como?" Feito um trouxa.
O caçador pondera com a cabeça em silêncio.
Kaique: vai dizer o que tava fazendo?
Ryan: eu tive uma luta, tá legal? Foi uma luta.
Kaique: você tá com um cheiro estranho, é familiar, com quem lutou?
Ryan: Laura.
Kaique: você matou a garota!? Pergunta o segurando nos ombros.
Ryan: que porra, óbvio que não, que idéia de vocês, eu não matei ninguém, sou caçador, não assassino!
Kaique: então tem coisa errada, os dois estão vivos, o que houve?
Ryan: bom, nós nos encontramos num beco, lutamos, lutamos um pouco mais, ela me apunhalou, nos beijamos e...
Kaique: pera aí, vocês o que!?
Ryan: lutamos.
Kaique: idiota, tô falando sério, vocês se beijaram?
Ryan: duas vezes.
Kaique: que? Como?
Ryan: não vou detalhar isso.
Kaique: mas é um imbecil mesmo, cara, tu pegou ela duas vezes?
Ryan: não, uma vez, na outra ela que me pegou, me bateu com força contra a parede até.
Kaique: Mano...
Ryan: velho, dívida paga, só quero tomar um banho e cama.
Kaique: vai lá, mas você vai limpar o sangue todo do box.
Ryan: fechou, fui.
A água fria levou consigo o sangue da ferida que ainda ardia, mas isso não incomodava, sua mente estava longe; a loba a contragosto levou as roupas dele consigo, ao chegar encontra a irmã dormindo no corredor, ela bufa de cansaço, joga a bolsa no chão e pega a irmã no colo e sobe as escadas com ela e a põe na cama, a amazona solta o cabelo, tira aquele uniforme que tanto detestava e os tênis odiosos dos pés, pisou no chão frio e foi até a cozinha que pra manter o costume estava basicamente nojenta, ela torna a prender o cabelo, colocou os fones e começa a limpar, levou vinte minutos até estar livre, foi até o banheiro e finalmente pôde tirar toda a roupa e entrar debaixo de um chuveiro quente, mas em poucos instantes a resistência queima e apenas água gelada cai sob seu corpo, ela apoia na parede, olhava para o chão e junto da água surgem gotas de sangue, a loba mordia o lábio com os caninos e o perfurava de dentro pra fora, ela lava o rosto e termina o banho, no espelho viu o ferimento que aos poucos fechava, se enrolou numa toalha e se jogou na cama, exausta era a descrição perfeita, rolou o telefone até que achou um certo perfil, a foto lhe trouxe a memória de horas antes naquele beco, a loba então fecha o telefone e só dorme.
O recesso tem seu fim e o julgamento reinicia, de cara um depoente e tanto, Helmar tinha sua vez, Lois começava.
Lois: senhor Helmar, se considera um bom representante da sua espécie?
Helmar: obviamente.
Lois: caçar, lutar, liderar, o que mais faz um Alpha?
Helmar: respeito, postura, singularidade, força e óbvio, um lugar pra chamar de seu.
Lois: já teve seu território invadido?
Helmar: não nos últimos vinte anos.
Lois: e caso fosse?
Helmar: lutaria, é meu dever proteger o meu legado.
Lois: mesmo que isso se tornasse uma guerra?
Helmar: se desrespeitarem terão guerra, sou um Alpha, nunca vou deixar encostarem no que é meu.
Lois: este dentre os quatro Alphas é o que está em Lupina a menos tempo e agiria assim, logo a atitude de Victor e os demais de matar Vladimir e o pedido de reaver as terras é legitimamente honrado, impedir isso é contrariar todos os sacrifícios, perdas, lágrimas e sangue derramado de milhares. Diz diretamente ao júri.
Aru: a defesa tem a palavra.
Hector: senhor Helmar, ou devo dizer Dominante se julga um lobo exemplar, mas serrá mesmo que é assim?
Helmar: nada mais ou menos.
Hector: o senhor assume os mais de vinte e sete prrocessos aberrtos contrra o senhor nos últimos oito meses, várrias violações de leis rígidas dos lobos e até do prróprrio sobrrenaturral?
Helmar: a maioria foi arquivada ou retirada.
Hector: mas forram aberrtos tantos, incrrivel como um lobo exemplar tem seu histórrico tão sujo por tantos anos e agorra vocês exigem que o jurri acrredite.
Helmar: achei que o julgamento fosse sobre as terras, não sobre minha conduta.
Hector: irrá falar com esse povo, eles prrecisam de honestidade e integrridade e pela lei 9761 arrtigo 6 parrágrrafo 2 o senhor não tem l dirreito de depor e por tanto o que disse oficialmente até o prresente momento deve ser removido dos altos.
Todos os lobos presentes ficaram perdidos com aquilo, o Juiz Aru já ia bater um martelo quando uma voz o interrompe.
Lois: um momento excelência, o Doutor Hector cometeu um engano.
Hector: eu, um engano?
Lois: essa citação está de fato correta, entretanto só vale para réus condenados e os julgamentos do senhor Helmar foram todos arquivados ou vencidos, logo ele tem sim o direito de depor e ter suas palavras consideradas íntegras e sérias.
Aru: sendo assim que o depoimento conste definitivamente nos altos, tem mais alguma pergunta, doutor?
Hector: nõ, na verrdade gostarria de convocar o depoente que lhe inforrmei por carrta.
Lois: não fui informada de nenhum depoente.
Hector: que estrranho, deverria, já que a doutorra é o depoente em questão.
Lois: como é? Isso é inadmissível, não pode me convocar para depor, sou sua adversária.
Hector: na verrdade eu posso, sancionei uma lei que perrmite um advogado convocar outrro parra depor se isso for de extrrema vitalidade parra o caso.
Lois: como!? Isso... eu não fui...
Hector: as mudanças das leis e a intimaçon forram encaminhados parra seu enderreço.
Lois: eu não receb... meu endereço? De quinze anos atrás!?
Hector: é o que consta nos seus registrros.
Lois: me mudei de lá tem mais de dez anos, por isso não recebi, peço anulação desse procedimento.
Hector: mediante a que? Sua falta de responsabilidade e senso de dever parra com a Tavola, erra tarrefa sua nos informar de sua mudança, a doutorra é quem deve prrestar esclarrecimentos e non a Tavola correr atrrás.
Aru: a cadeira, doutora, por gentileza.
A loba derrotada se encaminha até seu lugar e faz o juramento.
Hector: é uma advogada de muito sucesso, onde se forrmou?
Lois: como disse?
Hector: é uma questão simples.
Lois: Stanford.
Hector: entendo, sem notas parra Harrvarrd, por acaso tenho seu histórrico aqui comigo.
Lois: eu protesto, isso não tem nada haver com o caso.
Hector: na verdade tem haver com sua capacidade de estar conduzindo esse prrocesso da melhor forma, prrometo que terrá fundamento merretíssimo, caso julgue diferrente eu mesmo peço que o depoimento seja removido dos altos.
Aru: a diante.
Hector: seus mestrres a descrreverram como sagaz, competente, ferroz, porrém prreocupantemente ambiciosa, uma citação incomum a se dar parra uma aluna tão boa, se formou em 2001, passou na prrova da Tavola, exerrceu a funçon de advogada por um ano e sete meses e nunca mais voltou.
Lois: nessa época eu já havia iniciado minha alcatéia e precisava sustentar minhas lobas.
Hector: enton começou uma firrma de advocacia corrporrativa, como conseguiu o dinheirro?
Lois: Pelo Branco, eu lhe pedi um empréstimo e graças a ele cheguei onde cheguei, devo muito a ele.
Hector: também iniciou um escrritórrio de arquiteturra e desing de interriorres de casas de luxo e até uma galerria de arrte, se considerra uma mulher de sucesso?
Lois: tenho orgulho de onde cheguei.
Hector: e esse orrgulho se estende aos métodos que usou para chegar tão longe na vida?
Lois: não sei se entendi a pergunta.
Hector: me refirro às vezes em que foi acusada de crrimes como má fé, ameaça, abuso de poder, conluio entrre outrros, como em 2006 em que a doutorra foi acusada de junto do advogado de defesa de um réu terem praticado conluio o que resultou numa sentença de trrinta e sete anos para o acusado.
Lois: fui inocentada das acusações por falta de provas.
Hector: dezembrro de 2008, um funcionárrio do até então prrefeito disse que foi ameaçado por você quando este a impediu de encontrrar o prrefeito sem um pedido judicial.
Lois: o próprio admitiu sob juramento ter sido acuado pelo prefeito a mentir sobre mim.
Hector: segundo semestrre de 2011.
A citação fez a Alpha ficar visivelmente nervosa.
Hector: sua firrma estava sob investigação Federral por conta das incontáveis acusações e prrocessos sofrridos devido às possíveis atitudes como as que citei anterriorrmente, o governo mandou um inspetor parra investigar as condutas, seus relatórrios eram péssimos, mas depois de dois meses e faltando algumas semanas parra o veredito a ex mulher do inspetor o acusou de violência doméstica cometida dois anos antes, por estar sendo julgado ele perrdeu a posiçon de inspetor e esta foi dada a outrro, os relatórrios deste, por outrro lado, erram muito distintos e vocês sobrreviveram, mágica.
Lois: o Doutor Hector está levantando fatos irrelevantes sob minha pessoa e desvirtuando o processo.
Aru: devo concordar, doutor Hector, conclua imediatamente ou irei remover esse depoimento dos altos.
Hector: imediatamente, a minha questão é muito clarra, a doutorra foi acusada incontáveis vezes de agir de má fé, de atuação indevida e de cometer várrias outrras violaçoes das leis, tudo parra enrriquecer a si e aumentar seu poder e influência, alguém com essa índole merece mesmo um lugar entrre os advogados da Tavola Pentagonal?
A dúvida foi imposta na mente de todos, não só os membros da Tavola, mas também nos lobos de Lupina, principalmente nos lobos do Victor.
Aru: o veredito será dado em dois dias, dou essa cessão como encerrada.
Todos iam saindo quando Victor surge enlouquecido.
Victor: Lois!! Lois, agora fudeu de vez, eu vou perder tudo!!
Lois: não, não vai.
Victor: pra onde vou levar os meus!?
Lois: pra casa, Victor, eu tinha uma dívida com seu pai, ele morreu sem que eu pagasse, vou pagar a você lhe devolvendo todas as posses dele, eu prometo.
O Alpha se reúne com os dois demais e a loba vê os irmãos do espadachim, mas um lobo cruza seu caminho, o Detentor se põe diante dela.
Lois: mais alguma pergunta? Não estamos mais num julgamento.
Hector: só vim ver sua carra de revolta diante do inevitável.
Lois: ainda não acabou.
Hector: eu sei que acabou, dei o último tirro.
Lois: geralmente advogados se reúnem para tentarem um acordo.
Hector: non com vocês brrasileirros, vai perrder esse prrocesso, a Tavola vai se instalar em Lupina e eu já encaminhei o pedido para o Concelho parra que eu seja o intendente da base.
Lois: o que!? Você é o promotor de justiça!!
Hector: estou abdicando do carrgo, alguém tem que por uma coleirra em vocês, cães selvagens e serrei eu a segurar a corrente. Diz rindo e saindo.
A Alpha sinaliza para os Astros e eles se reúnem em seu escritório da firma.
Felipe: perdemos tudo?
Lois: não.
Marcos: a Tavola vai tomar as terras?
Lois: não.
Elizabeth: fez mesmo aquelas coisas?
Lois: fiz até mais, muito mais.
Felipe: então ele estava certo!? Está brincando com as nossas vidas!! Grita levantando a mesa e a pegando pelo pescoço.
Marcos: Felipe, para!!
Felipe: todo esse teatro e você tinha essa sujeira toda nas mãos.
Elizabeth: Felipe, solta ela!!
Lois: eu não brinquei, eu vou ganhar esse processo.
Felipe: como!? O veredito sai em dois dias, acabou, perdemos tudo e a culpa é sua!!
Lois: eu tenho uma última cartada, mas seu irmão não vai aceitar.
Marcos: como assim?
O Astro solta a Alpha, esta massageia a garganta.
Lois: tem um jeito.
Elizabeth: é lícito?
Lois: sim, mas é jogo sujo, provavelmente Victor me odiará.
Marcos: é garantido?
Lois: aposto minha vida.
Felipe: então vai.
Elizabeth: vamos agir pelas costas do nosso irmão, nosso Alpha?
Marcos: prefiro isso a não ter pra onde ir com a minha família, faça.
Lois: tenho acordos a fazer e favores a cobrar, eu vou indo.
Os três descem e vão embora, a amazona então liga para a irmã.
Sofia: onde você tá?
Lois: no escritório central, vou viajar pra fora.
Sofia: o que quer que eu faça, pra onde eu vou?
Lois: vou pro mais longe, você vai pra Rússia.
Sofia: cobrar o favor?
Lois: essa divida já tem tempo, lembre a ela.
Sofia: tá certo.
Lois: um carro vai te levar até o aeroporto.
Sofia: vou agora, cuidado, não confie nele.
Lois: jamais, fique bem.
A ligação termina, ambas entram em carros com malas prontas e seguem para o aeroporto num voo particular e tomam seus destinos, as nuvens se fizeram presentes e constantes, logo chegariam.
Os jovens seguiam como era possível, Kaique guardou o segredo do caçador, seguiam estudando normalmente, se reuniam todos na hora do almoço.
Hiure: que professor incompetente esse Altair, puta merda!!
Rodolpho: fora que o cara fede, sério, alguém tem que jogar um cloro naquele cara.
Kaique: e o velho paga de comedor.
Hiure: de rola, só se for, velho babão.
Maria: gostem ou não vocês tem que passar nele, ano que vem não terão mais essa matéria.
Hiure: graças aos Ancestrais, não suportaria mais um ano com ele.
Ryan: e ano que vem ele se aposenta.
Rodolpho: nem fudendo.
Kaique: o papo é esse.
Rodolpho: esse bosta podia estar aposentado tem uns nove anos e agora que já pintou a merda com a gente ele vaza?
Ryan: poético né? Diz rindo.
Hiure: foda, alguma notícia do julgamento?
Maria: meu pai disse que tá indo mal.
Kaique: com essa loucura todo não vejo o pai tem tempo.
Ryan: nem eu, tô há um tempão sem caçar com o papai.
Hiure: eu tô preocupado com essa merda toda.
Maria: chegou a perder duas noites de sono por causa disso.
Rodolpho: ansiedade é foda.
Ryan: o papo tá bom, mas eu tenho um exercício de caça com uns novatos, pega a matéria pra mim?
Kaique: tiro foto e te mando.
Ryan: tu é foda, valeu aí.
Rodolpho: Ryan matando aula?
Hiure: três dias seguidos?
Maria: mulher.
Kaique: como você sabe!?
Maria: talvez por eu ser mulher? Vamo lá, perfume novo, matando aula, fora aquele sorrisinho convencido que volta e meia ele tá mostrando.
Rodolpho: até que faz sentido.
Maria: e digo mais, deve ser uma daquelas branquinhas que ele conheceu no show que fomos da última vez.
Hiure: tinha uma loirinha que era bem...
Maria: bem...?
Hiure: bem o tipo dele, é isso.
Rodolpho: o velho caçador mostrando os dentes, qual a novidade?
Todos riram, já o caçador estava longe, seu carro ia para a direção de uma certa escola, uma estadual, estacionou um pouco longe e ficou aguardando até ver algo que o fez sair do carro e se sentar no capô, até que olhos cruzam com os dele e o caçador tira os óculos e olha direto, Laura, usava uma bandana vermelha, ao ver o caçador ela desvia o caminho e vai por outra rota, no fim da rua ela vê a figura do Astro encostado na parede e a olhando.
Ryan: achou que ia escapar do lobo mal, chapeuzinho?
Laura: o que você quer? Já não paguei a tal dívida?
Ryan: pagou, mas quem disse que vim aqui por causa disso, vim por outra coisa. Diz se aproximando.
Laura: e o que você quer? Diz recuando um passo.
O Astro chega bem perto do rosto dela, ao ponto das respirações poderem ser sentidas um pelo outro, ela ofega quando ele chega no ouvido dela.
Ryan: quero minhas roupas que tirei naquela noite, pode me devolver?
Laura: a roupa, é só isso?
Ryan: o que mais eu iria querer com você?
A loba fica meio desconcertada e até se atrapalha pra falar, até que retoma a postura.
Laura: o que te faz pensar que guardei?
Ryan: eu te pedi, pedi com educação e eu sei ser grato quando me fazem um favor. Diz avançando devagar.
Laura: não, você não vai...
Tarde demais, a mão do rapaz já havia se emaranhado nos cachos da amazona.
Ryan: não vou o que?
Laura: não... não!! Torna segurando o pulso dele e o chutando por baixo.
O jovem cai de joelho na hora.
Ryan: puta merda, que isso!?
Laura: meu último aviso, fica longe de mim, ou o próximo vai ser com isso. Diz sacando as garras e jogando a roupa nele.
A amazona dá as costas, mas seu pulso é pego, ela é puxada e cai nos braços ele.
Ryan: você nunca abaixa essa marra? Pergunta pouco antes de atacar o pescoço dela.
Novamente a mão ia no cabelo, a outra na cintura, foi ficando intenso até ela morder firmemente o lábio do caçador, ao ponto de sangrar muito.
Laura: fica longe de mim, pro seu bem!!
Ela por fim se vai e o deixa ali sozinho, o caçador limpa o sangue e dá risada do feito dela, pega as roupas, olha e joga no lixo mais próximo, segue em direção ao carro e volta para casa com um sorriso de orelha a orelha, já a loba chega em casa irritada e bate a porta, sua irmã estava na sala.
Érica: dia duro na escola?
Laura: oi?
Érica: escola, foi difícil hoje?
Laura: é, foi, um pouco, eu... você já comeu?
A irmã ergue um cigarro e o traga, a caçula entende e vai na cozinha, para sua surpresa havia arroz pronto e linguiça frita, esse foi o almoço, depois ela correu pro trabalho, o dia foi de muito movimento, o que era bom, dava trabalho, mas rendia um pouco mais, passou a tarde nessa loucura e ficou pra fechar a lanchonete, trancando a porta ela vê algo estranho do outro lado da rua, uma mulher caminhava segurando a bolsa firmemente a bolsa e logo depois vinham três homens claramente bêbados e rindo, a loba guarda a chave e no meio do escuro ela some, um deles já havia alcançado a mulher quando algo pulou nele, a moça se assustou e caiu no chão, pode ver algum animal rosnando, parecia ser um cão do tipo pastor alemão, mas era enorme, a mulher correu e a criatura fez os três correrem debaixo de mordidas e rosnados, do alto de um prédio de três andares um homem via tudo, Ryan olhava e dava as costas sorrindo.
Os voos levaram as irmãs para destinos diferentes, Lois pousa e segue rumo ao seu destino, no caminho pôde sentir a vigília sob ela, foi assim até chegar na propriedade desejada, as portas se abrem e dois lobos a acompanham até um aposento.
Lois: eu sei que não devia estar aqui, mas tenho um pedido a fazer.
????: pedido?
Na Rússia a vice andava pela tundra até achar uma cabana velha coberta de neve, a porta se abriu antes que batesse, o interior era abafado e úmido, um ar pesado com cheiro de fumaça e carne queimada, até que passos são ouvidos vindos da parte mais escura, uma silhueta curvada surge.
Sofia: anos atrás te salvei da execução, chegou a hora de cobrar o débito.
Os dois dias se passaram e o veredito seria dado naquele mesmo dia, mas a advogada do Alpha não estava lá, o que o deixou furioso.
Aru: senhores e senhoras do júri, imagino que tenham um veredito do julgamento.
Jurado: sim, excelência, diante dos depoimentos prestados, fatos apresentados e com o peso da opinião de um Conselheiro, esse júri nega o pedido da alcatéia brasileira e mantém o que está previsto em lei.
O Alpha murchou naquele momento, sentia uma espada atravessar seu peito, até que passos de salto são ouvidos.
Lois: um momento excelência, o veredito não pode ser dado ainda.
Eru: o que significa esse despautério dentro da corte, doutora Lois!!?
Lois: peço desculpas a todos pelo meu atraso e comportamento, mas tem algo a ser dito.
Hector: acabarram suas chances, o veredito foi dado, acabou!
Lois: não, pois o julgamento está incompleto.
Eru: se explique já.
Lois: há um aspecto não explorado pela minha parte, logo não foram apresentadas todas evidências ao alcance de uma das partes, portanto um veredito não pode ser dado ainda.
Hector: isso é só uma tentativa desesperada de ganhar tempo!!
Eru: chame do que quiser, mas ela está certa, de que parte está se referindo.
Lois: o depoente extra, eu não usei.
Hector: não questionou porque não quis.
Lois: a lei 5111 diz que ambas as partes devem dispor de recursos equivalentes para um julgamento justo.
Hector: quer convocar o Conselheiro Argos agora? Ele está na Noruega tratando de assuntos dos gigantes.
Lois: não tenho interesse em questionar o Concelheiro, mas outra pessoa.
Hector: então acabou, não pode chamar outra testemunha sem aviso prévio.
Lois: na verdade o aviso já foi dado, aqui está. Diz entregando um papel para Hector e o Juiz.
Hector: que brincadeira é essa!? Esse é o meu documento.
Lois: exato, nele fala sobre o depoente extra.
Hector: me referi ao Concelheiro, é de conhecimento geral da corte, só pode chamar alguém se for ele, você mesma citou a lei.
Lois: e a lei diz claramente "ambas as partes devem dispor de recursos equivalentes" não diz iguais, logo, se o promotor convocou um depoente extra à sua escolha, eu posso fazer o mesmo.
Hector: isso é um absurdo, ela está manipulando a lei!!
Eru: e isso não a torna equivocada ou errada, apresente seu depoente.
Lois: convoco o senhor Akira para depor.
Não houve um lobo que não se surpreendeu com aquilo, Victor chegou a partir a mesa com um aperto, Laura adentrou , se sentou e jurou.
Lois: senhor Akira, por favor se apresente ao júri e a está corte.
Akira: boa tarde, sou Akira, Lorde vampiro e filho de Vladimir.
Hector: o que!? É mentira, Vladimir só tinha cinco filhos, Alucard, Leonard, Walter, Diego e Ágata.
Eru: aguarde sua vez, doutor Hector, prossiga.
Akira: meu pai nunca me assumiu com filho pois sempre fui contra suas ideias de guerra entre clãs e por isso me renegou.
Lois: em minhas mãos eu tenho um documento, um teste genético feito por uma feiticeira e aprovado pela Conselheira Moira Dark. Diz estendendo ao juiz o documento.
Eru: autêntico.
Lois: a lei diz que na falta de um herdeiro listado os bens de um membro do Conselho morto devem ir para a Tavola, entretanto a lei também diz que se um herdeiro fora da lista for encontrado ele pode reivindicar seus direitos de sangue, Akira é o único filho vivo do falecido Concelheiro Vladimir e por tanto cabe a ele o que será feito de seus bens e posições dentro do Conselho.
Akira: e com esse poder e com essa ocasião eu deixo oficialmente registrado diante da corte, da Tavola e dos próprios Ancestrais, de hoje em diante aquele território volta a ser dos lobos sem intervenção dos vampiros ou de qualquer outro povo por conta de rusgas e quanto a minha cadeira, eu a entrego para meu tio, Conrad Bonaparte.
Victor: Bonaparte!? Ele não!!
Das portas vem vindo um homem muito bem vestido, cabelo bem cortado, barba cheia castanha, seu olhar paira sob Victor e solta um riso de deboche.
Eru: diante disso eu não tenho outra alternativa se não anular o veredito e considerar as palavras do herdeiro de Vladimir, declaro esse julgamento encerrado a favor dos lobos de Victor.
Houve um enorme grito de alegria de todos, os lobos se abraçavam, riam e até choravam, mas haviam também aqueles que detinham olhares furiosos por vários motivos, o Promotor Chefe respirou fundo, uma expressão de desgosto e raiva se fazia presente em seu semblante, este cobriu os ombros com um paletó e saiu o mais rápido que pôde, Akira saiu quieto durante a comemoração, já Conrad foi até o Victor.
Conrad: quem diria que eu iria salvar sua pele um dia?
Victor: não pense que vou te agradecer por isso, sei que sua presença aqui tem um preço.
Conrad: e sabe muito bem qual é, mas não aqui, em Madrid, nos vemos em solo espanhol, leve seu melhor par, Espadachim Divino. Diz dando as costas.
Detrás dele surge Lois parada com um olhar caído.
Victor: vampiros? Ter minhas terras salvas, dever isso a um vampiro!?
Lois: não havia outro jeito, ouviu o veredito, iam perder.
Victor: mas perderiamos de cabeça erguida!! Agora devo um favor pra ele!!
Lois: poupamos a vida de Akira no fim da guerra, era dele a dívida.
Victor: não me referi ao japonês, Buena Espada é o problema, jurei nunca mais duelar com ele.
Lois: foi o que tive que fazer pra salvar seu lar e pagar minha dívida com seu pai.
Victor: seu pagamento me custou minha honra, eu não perdoo a dívida, fique com ela como um lembrete da sua falta de moralidade e honra!! Diz dando as costas.
Os demais Astros a olhavam com pesar, mas apenas seguiram o irmão; na saída o francês dá de cara com o vice sulista.
Hector: o que você quer?
Wellington: apenas ver a sua cara de decepção, também gostaria de saber o que mais te irrita, não poder se vingar de mim ou ter perdido para a Lois jogando seu jogo melhor do que você.
Hector: me vingar?
Wellington: por favor, Hector, "colocar coleiras nos cães selvagens", intendente da base em Lupina, me parece que queria ficar de olho, de olho em mim.
Hector: o mundo non girra ao seu redor, Brravo, por mais impossível que seja prra você acrreditar nisso.
Wellington: aprendeu a lição, fique longe de Lupina. Diz dando as costas.
Hector: eu me vou, por horra, mas voltarrá a me ver, vocês brrasileirros non conseguem ficar longe de merrda muito tempo, da prróxima vez que me vir serrá pra ver a sua queda, isso se não cair antes. Diz rindo e saindo.
O período de julgamento finalmente acabou, a Tavola recebia seu novo Conselheiro, dívidas foram cobradas e criadas, acordos feitos e alianças abaladas, o Alpha do Leste se ausentou de seus territórios sem dar muitas explicações, as relações das alcatéia voltaram a ser muito parecidas com o que eram antes de tudo, com um pouco mais de tolerância e com um clima mais estável, mas uma coisa era certa, o regime acabou e assim a Coalizão foi desfeita oficialmente, os Astros seguiam suas vidas e cotidianos cada um ao seu bel prazer, mas o ano estava no começo e ainda havia muito o que acontecer, mas isso é algo a ser contado em outro momento, por hora, é tudo.Continua...
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Presas e Garras
WerewolfEm uma cidade do Rio de Janeiro chamada Lupina existem quatro alcatéia dominantes, a cidade foi dividida pelos antigos Alphas, na alcatéia do Sul vivem os quatro jovens principais, Rodolpho, Ryan, Kaique e Hiure eram mais do que amigos, verdadeiros...