Acerto de contas

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O casamento foi impedido com sucesso, a Capitã do Oeste estava livre, mas haviam pendências na casa do Dominante e por isso ele aguardou Hiure, este foi buscar Maria, mas é interrompido por uma sensação pesada.
Hiure: Dominante. Fala entre os dentes.
Helmar: eu e você temos assuntos inacabados pra resolvermos.
Hiure: nossos assuntos ficaram no passado, não tenho nada a tratar com você.
Helmar: mas eu tenho, vai me acompanhar espontaneamente ou eu terei de insistir? Pergunta serrando o punho.
Maria: não vai por um dedo nele, estou avisando.
Helmar: isso é entre mim e ele.
Maria: o que for com ele é comigo também.
Hiure: amor, tá tudo bem, vou por uma pedra nisso de uma vez por todas.
Ambos adentram o escritório do Alpha.
Hiure: se puder ir logo, eu tô com pressa.
Helmar: dívida... Diz acendendo um charuto.
Hiure: como disse?
Helmar: estou em dívida, salvou minha filha, isso me põe em débito com você.
Hiure: não me deve nada, fiz por ela e não por você.
Helmar: já ouvi isso antes, mas nada muda o fato de você ter feito o que eu queria, mas não pude, isso gerou um débito.
Hiure: é meio tarde pra sermos amigos, não acha?
Helmar: amigo seu? Não confunda as coisas, moleque, eu desprezo você, só de olhar pra sua cara eu me lembro do seu pai e sinto vontade de te arrebentar, o pensamento de te dever me consome de ódio, mas não vou por minha honra de lado por isso.
Hiure: onde quer chegar!? Pergunta num rosnado.
Helmar: vou quitar essa dívida e me ver livre desse fardo, mas te dou um aviso, se você ferir minha filha, eu juro que nem ela vai me impedir de te matar, capiche?
Hiure: se era só isso...
O rapaz sai do escritório, estava um tanto confuso com tudo, mas não iria ficar remoendo isso, tinha algo mais importante pra fazer e envolvia seu pai, por isso foi até a casa dele junto de Maria, a porta ele bateu e Wellington abre, seu sorriso enfraqueceu ao ver a companhia do filho.
Wellington: você...
Hiure: ela, podemos entrar?
Wellington: a vontade, também é sua casa.
O casal adentra, a loba se viu nervosa e até desconfortável.
Wellington: soube da luta, como estão os ferimentos?
Hiure: eu vou sobreviver, não se preocupe.
Wellington: não precisaria ter a que sobreviver.
Hiure: precisava sim, eu precisava fazer aquilo e você precisa compreender.
Wellington: eu compreendo, você tá apaixonado e isso te torna imprudente, eu sei.
Hiure: é mais do que isso, nós nos amamos e eu gostaria de ter sua benção.
Wellington: eu imagino que não tenha do outro lado.
Hiure: e essa é a sua chance de fazer diferente.
Wellington: abençoar isso é ir contra tudo o que eu penso.
Hiure: e ficar a favor da minha felicidade, isso não é o mais importante!?
Wellington: é, mas não quando está feliz cometendo um erro grave como este!!
Hiure: erro grave!!?
Os dois se encaram de punhos serrados e rosnando, até que um grito os separa.
Maria: chega!!! Eu estou farta de tantos gritos, tantas brigas, eu tô farta dessa guerra de família, Hiure tem brigado com você e com o meu pai, eu briguei muito com ele, mas agora minha briga vai ser com você, Bravo!! Impõe lhe apontando o dedo ferozmente.
Hiure: Maria?
Maria: eu já ouvi muita coisa, mas agora é sua vez de escutar.
Wellington: tem muita audácia de falar assim comigo dentro da minha casa.
Maria: no Oeste ou no Sul, o que tenho pra dizer não muda, independente do lugar onde eu esteja.
Wellington: então fala, põe pra fora.
Maria: depois de tudo o que aconteceu, do quão longe chegamos nessa crise, a guerra está por um fio de estourar e você escolhe ir lutar brigado com seu único filho?
Wellington: eu não...
Maria: pode odiar meu pai o quanto quiser, mas eu não sou ele, não mereço ser culpada e odiada por erros e feitos que não cometi, ou mereço?
Wellington: a questão não é essa, eu não te culpo por nada.
Maria: então o que te faz me odiar tanto?
Wellington: mas eu não odeio você, garota, eu nunca a odiei.
Maria: então por quê disso tudo?
Wellington: porque o seu pai destrói tudo que o cerca, amigos, rivais, até a própria família ele destruiu, se envolver com você estar de certo modo relacionado com seu pai, de um jeito ou de outro e é questão de tempo até meu filho sofrer por isso, sofrer por simplesmente estar perto demais, é por isso que eu não aceito nada disso, você mesma disse, é meu único filho e seu pai é um perigo quase tão grande quanto o próprio Vladimir.
Maria: ele já não é um menino indefeso ou ingênuo, é adulto, tem noção das consequências de suas escolhas.
Wellington: não posso apostar meu filho no autocontrole do seu pai.
Maria: não aposte nele, apenas confie em mim, você sabe que digo a verdade, acredita quando eu digo que eu o amo e vou fazer de tudo por ele, até ir contra você e meu pai eu fui, o que mais eu preciso fazer pra te fazer confiar em mim, eu amo Hiure Eduardo até o fim de tudo.
Sem saber a jovem loba disse uma frase que pra ela foi natural, mas para o Coronel teve um impacto absurdo, ouviu aquelas mesmas palavras antes ditas para seu grande amor nos seus últimos momentos, ele emerge na memória que sempre quis esquecer, estava num quarto de hospital, lá estava Renato lhe dizendo companhia, este conversava com Silvana, que a essa altura precisava de vários aparelhos, mal podia falar, o Alpha a fazia sorrir fraco, até que ele sai para ir comer alguma coisa, Wellington já caia de sono quando ouviu um resmungo e foi até junto da esposa, estava magra, seu rosto e olhos estavam fundos, seu belo sorriso já não se fazia mais presente, ela tenta falar, mas sua voz estava sendo atrapalhada pelo acesso, ela então remove violentamente.
Wellington: Vaninha, não faz isso.
Silvana: Wellington, me escuta agora, só escuta.
Wellington: estou ouvindo.
Silvana: nosso filho, ele vai precisar de você, mais do que qualquer um, ele precisa ser protegido e ensinado, há um mal crescendo nesse mundo e a geração dele é que vai herdar isso, o prepare, sei que pode fazer isso por mim.
Wellington: aceite a mordida, por favor.
Silvana: eu nasci e cresci como uma loba genuína, meu corpo é humano agora, mas minha alma está intacta, prefiro ir assim do que matar o pouco de orgulho que me resta.
Wellington: vou ficar sozinho, vai me deixar...
Silvana: sei que é egoísta da minha parte, mas eu nunca mais iria conseguir encarar mais nenhum lobo daqui, você precisa ser forte, mas do que jamais foi... Diz devagar e é interrompida por uma tosse.
Wellington: eu vou chamar alguém!! Ele ia sair, mas sua mão é segurada e apertada.
Silvana: fica comigo, por favor, no final não quero estar com ninguém mais... fica aqui...
Wellington: não vou sair do seu lado, nunca, fiz uma promessa.
Silvana: e a cumpriu muito bem...
Wellington: meu amor, eu te amo até o fim de tudo, descanse... Diz a beijando na testa.
Uma última lágrima escorreu da loba, mesmo com toda a dor ela sorriu no fim, por ter como última visão uma memória deles três juntos e foi naquela madrugada que a vela apagou.
O Coronel estava visivelmente abalado, nem seu filho entendia o motivo.
Wellington: a vida inteira a proteção dele dependeu única e exclusivamente de mim, agora vou dividir isso com você, garota, proteja meu filho, se fizer isso terá a minha benção.
Maria: eu juro.
Wellington: então vão, tem uma vida pra viver, não tem?
Maria: obrigada, Bravo.
Ela sai e os deixa sozinhos.
Hiure: não sei o que dizer.
Wellington: não diga, só vá.
O rapaz dá as costas e vai até a porta, mas antes volta e abraça o pai com mais força do que nunca antes, eles se soltam e ele vai embora.
Hiure: o que te fez mudar de idéia?
Wellington: dona Silvana. Diz sorrindo choroso.
O filho confirma com a cabeça e sai fechando a porta, ao sair ele contempla o céu e sorri de olhos fechados e respirando uma brisa leve que passou por ele.
No Leste a Amazona Alpha recebia as armas, Victor e alguns de seus filhos estavam muito orgulhosos do resultado.
Lois: essas espadas são incríveis!!
Sofia: as balas também, tem de todos os nossos modelos aqui.
Victor: as balas são boas, mas nossas obras-primas são as lâminas.
Lois: vocês são os melhores, não tenho dúvida.
Victor: agora vou levar as balas para Helmar.
Dois caminhões seguiram para o Oeste e pararam num velho galpão do Dominante, este os recebia acompanhado de seis lobos.
Helmar: bem na hora, pontual como sempre.
Victor: como um relógio suíço.
Helmar: está tudo aí?
Victor: papai Noel dois dias adiantado, feliz Natal.
Helmar: certo, ajudem os filhos do Victor a desembarcar a carga dos caminhões, quero falar com o Alpha do Leste.
Os dois saem dali e adentram o galpão velho e abafado.
Victor: o que você quer?
Helmar: quantos filhos você tem?
Victor: como é que é?
Helmar: perguntei quantos.
Victor: pouco mais de novecentos, por quê?
Helmar: todos se dão bem entre si e com você?
Victor: sei o nome de cada um e suas datas de aniversário e eles o mesmo, o que acha?
Helmar: que é um ótimo pai, o melhor que eu conheço, faz tudo o que faz com novecentos filhos, já eu...
Victor: já entendi, é sobre Heitor, não é?
Helmar: nunca consigo me aproximar, quando avanço um pouco ele me afasta um quilômetro, estou nessa já tem tempo, nunca me importei, mas...
Victor: mas agora estamos indo pra guerra.
Helmar: e não gosto de deixar nada pela metade, só me diz o que você faria.
Victor: filhos são como uma espada, uma hora a lâmina falha, cega ou enferruja, da pra seguir mesmo assim, mas uma hora não vai dar mais, você e Heitor fizeram isso, tem que achar a origem do problema e resolver isso, mesmo que seja necessário quebrar pra reparar.
As palavras de Victor ficaram na mente de Helmar, ele então já sabia o que tinha que fazer; pela noite Heitor apareceu na casa do Dominante a chamado de sua mãe.
Heitor: mãe?
Vaneska: filho, já chegou?
Heitor: vim o mais rápido que pude, aconteceu alguma coisa?
Vaneska: na verdade eu espero que aconteça.
Heitor: como assim?
Vaneska: não fui eu que te chamei.
Heitor: ué? Quem foi então?
Helmar: fui eu.
Heitor: como é que é?
Helmar: fui eu que pediu pra ela te chamar, você não viria se eu fizesse isso diretamente, viria?
Heitor: óbvio que não!!
Helmar: então fiz bem em pedir ajuda.
Vaneska: dá uma chance para o seu pai. Pede quase suplicando.
Heitor: não podia fazer isso, não sabe o que está me pedindo.
Vaneska: eu sei sim, tô pedindo para o meu filho dar uma chance para a paz nessa família, por favor, eu nunca mais vou te pedir algo assim de novo, faz isso por mim.
Heitor: por você, só por isso.
Os dois são deixados sozinhos no escritório, na mesa estava o velho tabuleiro de xadrez.
Heitor: todo esse esforço pra ter uma partida comigo?
Helmar: não é pela partida, é pela representação que ela tem.
Heitor: a que se refere?
Helmar: a vida é regida por escolhas e temos que encarar as possíveis consequências que virão, tenho feito jogadas horríveis e vocês tem colhido os frutos, quero concertar isso.
Heitor: meio tarde pra redenção, não acha?
Helmar: antes tarde do que nunca.
Heitor: agora é muito tarde.
Helmar: eu estou aqui, vivo, você também, não é tarde.
Heitor: nós estamos, mas quantos não estão? Você quer se redimir, mas seus erros não vão desaparecer!!
Helmar: não quero perdão por isso, quero me acertar com a minha família.
Heitor: foram esses erros que nos arruinaram, você cometeu todo o tipo de ato condenável, você roubou, você se apossou do que não era seu, orquestrou mortes, matou pessoas, tudo pelo poder.
Helmar: não vou pedir perdão por nada disso, sei dos meus motivos e feitos.
Heitor: você não entende, eu poderia te perdoar por tudo isso, mesmo não concordando eu entendo que era a sua forma de cuidar de todos, mas matar um inocente é algo que eu não posso perdoar.
Helmar: que inocente!!!? Me diz, quem você acha que eu matei, quem é esse inocente que você me acusa de ter matado!!!???
Uma onda de fúria cobriu toda a mansão, a Alpha correu para o escritório, lá viu o seu esposo segurar o colarinho do filho, mas sem o ferir ou erguer, era mais uma súplica.
Heitor: ele tinha esposa e dois filhos pequenos, costumava rir e cantar, ajudava a filha no dever de casa e era sempre amoroso com a esposa, o nome dele era Helmar.
As palavras confundiram o Alpha.
Heitor: ele era o meu pai, um bom lobo, com seus defeitos e erros, mas era o meu pai, você o matou, Dominante, você o tirou de todos nós, eu nem pude conhecer ele, posso te perdoar por tudo, mas nunca vou te perdoar por ter tirado Helmar de nós.
A compreensão veio e o Alpha soltou o menino, não podia acreditar naquelas palavras.
Helmar: então era isso, o tempo todo estava na minha cara e eu não vi, não vi que estava te afastando, eu sinto muito, mas você não me perdoar não muda nada pra mim, eu só queria te entender.
Heitor: o que?
Helmar: se você me aceita ou não, se perdoa ou não, não faz a menor diferença pra mim, minha função nunca foi ter o seu amor ou da sua irmã.
Vaneska: Helmar!?
Helmar: é a verdade, minha função nunca foi ser amado, minha função era criar vocês direito e eu fiz isso.
Heitor: fez!? Nos criar direito!?
Helmar: sim e foi o que eu fiz.
Heitor: não sabe o que está falando!!
Helmar: olha pra vocês!! Sua irmã é uma loba inteligente, forte, capaz, com honra e princípios forjados, eu os forjei e você, você vive como um homem feito já tem tempo, rege sua vida, assume responsabilidades, lida com seus problemas por si mesmo, eu posso não ter sido um ideal de pai, mas o resultado foi incrível e eu faria tudo de novo sem pensar duas vezes, as minhas crianças são as mais fortes do mundo e eu me orgulho disso...
Heitor: teve dois filhos que mal conhece, tudo pra nós fortalecer, não queríamos força, só queríamos você aqui. Diz segurando o choro
Helmar: eu estou agora, bem aqui, na sua frente.
Heitor: já disse, é tarde demais pra isso tudo... Responde dando as costas.
Helmar: um abraço, filho... Fala perdendo o ar.
Aquilo fez o jovem parar seus próprios passos.
Helmar: não vai embora outra vez sem dar pelo menos um único abraço de despedida no seu pai... posso não precisar que me ame, mas eu amo todos vocês, um abraço, é o seu pai que está falando.
Heitor: você tirou meu pai de mim, Dominante, não espere compaixão. Responde com lágrimas teimosia escorrendo.
Vaneska: filho, não faça isso.
Heitor: eu vou indo, mãe, te ligo depois.
O rapaz sai do recinto, desce as escadas e sai do casarão, Vaneska não conseguiu dar um passo para qualquer direção que fosse, já o Alpha se direcionou até o seu escritório, ele se trancou lá dentro e começou a destruir tudo, mesa, cadeiras, garrafas, estantes, tudo foi reduzido a estilhaços, ao fim de tudo ele cai sentado com uma mão no peito enquanto chorava de raiva e dor, pela primeira vez em anos sua verdadeira face surge isolado naquele escritório.
Pela noite os Novos Astros partiram pra outra investida, levaram consigo vinte lobos cada um, num total de cem soldados, seria um ataque bem mais incisivo, avistaram um ponto de vigilância e atacaram, sem tiros, apenas um ataque silencioso, Ryan liderou essa primeira parte, seguido por Rodolpho e Hiure que se separaram, já Kaique e Maria seguiram abatendo rapidamente seus alvos, era um ataque bem orquestrado e novamente daria um bom resultado, até que um lobo é paralisado do lado de Ryan, este foi contorcido e esmagado por dentro, outro da divisão blindada foi cortado ao meio por um golpe de espada, dois lobos do pelotão de Rodolpho foram atacados e arrebentados por algo muito rápido e grande, um lobo de Maria foi decapitado ao lado dela, por fim uma loba de Hiure foi jogada longe de repente por algo invisível, eles então se viram diante de cinco figuras, quatro homens e uma mulher, o homem do meio usava óculos e tinha uma cicatriz no olho, era alto e magro, na cintura pendia um sabre, este caminha devagar até a frente.
Rodolpho: quem... quem são vocês?
Walter: somos filhos do Vladimir, somos os Cinco Lordes.
Os lobos ficaram abalados, eram o referencial dos Grandes Alphas no exército vampiro.
Alucard: vocês tem sido uma pedra no sapato já tem tempo, mas isso já deu.
Hiure: estavam na primeira guerra? Pergunta de cabeça baixa.
Alucard: somente eu e este outro. Diz apontando para Walter.
Kaique: esses três devem ser os outros que chegaram depois, pra ocupar o lugar vago.
Diego: cuidado com a língua, moleque!!
Maria: por que vieram aqui?
Akira: fora o fato de cem lobisomens terem invadido nosso território?
Rodolpho: fiquem firmes, hoje vamos erradicar a elite do inimigo!!
Os lobos recuperaram a moral abalada pelos ataques.
Lobos: é isso aí, os Astros estão aqui, esses vampiros não podem com todos nós!!!
A tensão subiu e o ataque acontece, os cem lobos avançaram com toda a fúria e vigor, atacaram com suas melhores formas, armas e táticas, mas foi tudo em vão, mesmo numa absurda desvantagem numérica eles dizimaram todos os soldados, das formas mais brutais possíveis, aos poucos o número de lobos foi diminuindo, mesmo os Novos Astros sofreram e foram derrubados, no fim só eles ainda estavam vivos, atrás era visto um campo de morte e sangue lupino.
Diego: Novos Astros, são uma grande merda, isso sim.
Akira: o orgulho e a confiança subiram a cabeça de vocês, isso lhes custou tudo.
Rodolpho: vampiros de merda!!
O lobo é chutado por Diego e por isso cai com dor.
Ágata: confesso que esperava mais, mas no fim era só isso, só tem fama, fama que o pai lhes deu, sem isso restam apenas cinco adolescentes fracos e indefesos.
Akira: ao menos a coragem deles deve ser reconhecida.
Diego: coragem porra nenhuma, isso não vence ninguém, o poder é o que vence, provamos isso na guerra.
Walter: nós provamos, fomos nós que derrotamos Pelo Branco, se estalando aqui hoje é graças a nossa vitória.
Essas palavras inflamam a ira e provo a um ataque, Hiure salta contra Walter, mas é paralisado em pleno ar.
Hiure: você matou meu avô, vai pagar por isso!!! Rosna furioso.
Walter: Pelo Branco, seu avô? Não entendo, você era do Leste? Quem é você, garoto?
Hiure: Capitão Hiure Eduardo!!!
Walter: filho do Bravo, aquela deve ser a filha do Dominante e aquele o Medeiros.
Alucard: isso significa que esses outros são os dois em ascensão por si mesmos, interessante.
Diego: vamos matar todos de uma vez!!
Akira: a morte deles terá consequências, teríamos pelo menos duas alcatéias nos atacando juntas.
Ágata: não seja idiota, Akira, aqueles três nunca iriam se unir, nem a vingança faria isso acontecer.
Aquela informação revelava que os vampiros não tinham conhecimento sobre a Coalisão ou até mesmo sobre Victor e os demais remanescentes do Leste.
Walter: Akira tem razão, não precisamos sofrer retaliação de um Alpha e do lutador mais forte, mesmo os dois sozinhos dariam muito trabalho, além disso eles vivos servem a um propósito, joguem todos pra fora.
Alucard: os quatro são do Sul, mas a garota é do Oeste, sempre achei suspeito.
Diego: uma aliança entre as alcatéias?
Akira: o Loiro e o Dominante se odeiam e já tentaram se matar, duvido muito que se alieassem.
Ágata: não é esse tipo de aliança, é outra. Diz sorrindo e se aproximando da loba.
A Capitã a encarou sem desviar o olhar.
Ágata: um deles, não é?
O maxilar da loba estava travado e seus olhos rubros brilharam em afronta.
Ágata: o Medeiros? Pergunta lhe espetando com uma espada.
A loba o olha, mas Ágata não encontra o que procurava.
Ágata: o rapaz alto com espada? Pergunta lhe dando um soco.
A tentativa se mostrou falha novamente.
Ágata: o garoto negro bonitão? Tem uma bela barba. Indaga o encarando.
Ryan: te admiro pelo bom gosto.
A vampira riu e o chutou no peito, sem achar, então sobrou apenas um.
Ágata: o cabeludinho então, espera, achei que o pai de vocês se odiassem, Romeu e Julieta, que fofo. Debocha o encarando.
Hiure: vai se fuder praga imunda!! Rosna.
A vampira então crava sua espada na coxa dele, o grito foi recusado pelo jovem, apenas rosnou com olhos fixos nos da vampira que sorria com seu sofrimento e ao encarar Maria ela viu o que procurava, o olhar de súplica por clemência para ele.
Ágata: temos um casalsinho aqui.
Diego: podemos soltar, mas ilesos não vão sair.
Alucard: nisso eu concordo.
Diego: arrebentem todos, mas deixem o casal por último, quero que todos vejam.
Apenas Walter e Akira se abstiveram disso, já os demais castigaram todos os cinco, socos, chutes e cortes. Rodolpho: tirem as mãos dos meus irmãos!!! Rosna vendo Kaique ser socado.
Ryan: parem com isso, eu aceito sozinho, eu... Grita e é calado por um chute.
Kaique: eu vou degolar vocês seus filhos da pu... Grita sendo empalado por uma espada.
Diego: chega, o casal agora.
Os três se aproximaram sorrindo para eles.
Hiure: se encostarem um dedo nela eu juro que mato todos vocês!!!
Ágata: e como vai fazer isso amarrado desse jeito?
Maria: façam o que quiserem comigo, mas não machuquem ele.
Diego: cala sua boca sua...
Ágata: aceita levar o castigo dele também?
Hiure: Maria, nem pense nisso!!
Alucard: vai ser bem melhor se ele ver.
Ágata: que assim seja, garota.
O mais velho segurou o rapaz e impediu que ele fechasse os olhos, Ágata e Diego então trataram de castigar a garota, socos, cortes, golpe contra o cabelo, o lobo gritava e chorava, se debatia e lutava, mas tudo era em vão, no fim eles são soltos, os vampiros voam pra longe, o rapaz rasteja até a loba, estava inconsciente, ele acordou Rodolpho e os dois levaram os outros três que estavam mais feridos, não havia espaço para palavras, apenas o sangue e as lágrimas pingavam durante todo o trajeto.
Foi um verdadeiro horror o que os lobos vigias encontraram, levaram os cinco para a ala médica, logo esta lotou com os visitantes, Wellington, Renato, Felipe, Marcos, Gabriel, Helmar e Vaneska iam invadindo quando são repreendidos.
Elizabeth: nem pensem nisso.
Helmar: é a minha filha lá dentro!
Elizabeth: e minha paciente também, ela é quem mais está ferida, precisa de sossego e essa multidão é o oposto de sossego.
Wellington: como estão?
Elizabeth: os mais feridos são Maria e Kaique, mas é ele que me preocupa, o fator de cura dele é o mais lento, ele está sofrendo bastante.
Wellington: e os outros?
Elizabeth: Ryan se feriu muito, mas sua cura é acelerada, Rodolpho tem muitos cortes, mas ele é duro na queda.
Wellington: e o meu filho?
Elizabeth: eu não paro de me surpreender, ele nem deveria estar lúcido, mas está com uma dor agonizante pelas fraturas.
Marcos: e os outros?
Elizabeth: Kaique tem cortes e dilacerações espalhadas pelo corpo, Ryan tem perfurações de lâmina no tórax e nas costas e Rodolpho teve traumatismo espinhal e ambos os joelhos quebrados.
Felipe: eles vão sair dessa, tenho certeza disso.
Quatro dias pra que os rapazes estivessem completamente recuperados, ainda tinham ataduras e bandagens, mas estavam bem, o caçula estava no quarto da Capitã.
Maria: o que tá olhando?
Hiure: o tamanho da sua burrada.
Maria: salvar você é burrada?
Hiure: levar uma surra que eu aguentaria no meu lugar? É, me parece burrada.
Maria: eu não podia ver você ser torturado mais do que foi.
Hiure: e como acha que eu fiquei vendo aquilo, vendo você aqui?
Maria: eu te entendo, mas entre suportar os ferimentos e suportar te ver ferido, eu escolhi o que menos me doeria, é mais forte do que eu nesse sentido.
Hiure: o que eu fiz pra merecer você?
Maria: algo entre uma aposta de jiu-jitsu e um casamento arranjado, alguma coisa assim.
Hiure: descansa, vai melhorar, mas nós nunca mais vamos passar por isso de novo.
Maria: fala de um encontro em ala hospitalar? É meio que nossa marca registrada, só dessa vez é você aí e eu aqui.
Hiure: foi a última vez, eu prometo. Diz beijando a mão dela.
Os quatro então se encontram na casa de Rodolpho.
Ryan: como ela está?
Hiure: cansada e fraca, mas vai se recuperar.
Kaique: é claro que vai, só uma bomba atômica pra derrubar aquela lá.
Rodolpho: logo, logo ela vai estar com a gente aqui.
Ryan: aproveitando a reunião, eu queria discutir uma coisa com vocês, mas acho que não vão gostar.
Kaique: é aquele assunto?
Ryan: é.
Rodolpho: vão explicar ou vão ficar de doce?
Ryan: eu pensei seriamente e decidi que assim que esse caos terminar e eu me formar na faculdade eu vou sair da alcatéia.
Hiure: espera, o que?
Rodolpho: como assim sair, tá falando de ser um lobo solitário?
Kaique: não, um alpha.
Hiure: um alpha ou um Grande Alpha?
Rodolpho: isso é sério?
Kaique: é, eu também vou sair.
Hiure: vão formar uma alcatéia juntos?
Ryan: com toda a certeza que não.
Kaique: absolutamente.
Rodolpho: por que não?
Ryan: pra não ter disputa, já basta as nossas brigas como Capitães, o que vai ser se formos líderes da mesma alcatéia?
Rodolpho: então vocês também vão sair de Lupina?
Hiure: como assim "também"?
Rodolpho: eu tô querendo me mudar também, com a minha família, talvez pro norte do país.
Hiure: vão todos sair?
Ryan: não fale como se também não quisesse voar pra longe.
Hiure: eu... eu quero, lógico, mas não me vejo longe por muito tempo, Lupina é minha casa, nossa casa.
Rodolpho: eu quero dar meus próprios passos, tenho idéias e planos que não posso fazer aqui, tanto pelo lugar como pela minha posição como alpha subalterno.
Hiure: então também quer ser um Alpha.
Rodolpho: quero, a primeira coisa que eu vou fazer é conquistar as relíquias da minha família, depois eu sigo meu caminho.
Hiure: vão me deixar?
Kaique: qual é, Hiure!? Não somos mais crianças, temos nossas próprias vidas.
Hiure: desculpe se essa irmandade faz parte da minha!!
Kaique: não foi isso que eu quis dizer, você sabe!!
Hiure: eu acho que você disse tudo o que queria!!
Ryan: já chega, vocês dois, parem com isso!!
Hiure: pra você é fácil falar, você vai correr país a fora caçando e liderando uma super alcatéia foda, todos vão e enquanto isso eu fico preso nessa cidade numa oficina ou atrás de uma mesa de escritório!!
Rodolpho: você faz suas escolhas, se quiser saia e se não quiser, então fique, mas não nos culpe por isso!!
As coisas saíram um pouco do controle entre eles, a tensão estava elevada e nenhum dos quatro recuava um passo se quer.
?????: vocês vão ser bons nisso.
Todos são surpreendidos pela presença repentina.
Rodolpho: como o senhor... claro, Vice Alpha, mas por que veio aqui?
Wellington: era a primeira reunião de vocês depois do que houve, queria conversar, mas quando ouvi a discussão resolvi não me meter.
Ryan: tio, olha, o que nós dissemos, não era traição nem nada, só estamos...
Wellington: seguindo seus instintos.
Kaique: espera, não está bravo?
Wellington: que direito eu tenho de estar, essa alcatéia é famosa por formar grandes talentos, mas nunca formamos Alphas, se tem quem possa ser, esses são vocês.
Hiure: eles, você quis dizer.
Wellington: inclui você também.
Hiure: até parece, eu tô preso aqui, sabe disso, tenho responsabilidades, não é o que sempre disse?
Wellington: você tem deveres, mas isso não significa que não pode fazer suas próprias escolhas, seu curso, a oficina, sua viagem, tudo foi por sua própria conta.
Rodolpho: então não tem problema se sairmos e nós tornarmos Alphas.
Wellington: existem milhares de alphas aqui na alcatéia e mais ainda na Coalisão, mas sabem quantos tem esse ímpeto? Só conheço quatro, no máximo cinco, o caminho que escolheram é muito difícil, muito mais difícil do que obter as relíquias ou superar os melhores do mundo, mas se é isso que querem, quem sou eu pra impedir?
Kaique: mas e o tio Renato? Como ele vai reagir?
Wellington: melhor do que eu até, Renato sempre colocou o futuro e bem estar dos seus acima de tudo, podem ter certeza de que tudo vai ficar bem.
O veterano os deixa sozinhos, ninguém acreditava naquilo, mas aconteceu.
Kaique: e agora?
Hiure: segue o baile, fazer o que?
Ryan: então é isso, Grandes Alphas?
Rodolpho: pode apostar nisso!
Hiure: que se foda, eu que não vou ficar pra trás de vocês, eu vou ser Alpha aqui mesmo, não tô nem aí.
Kaique: fechou, tudo o que fizermos de agora em diante vai ser pra cumprirmos essa meta.
Hiure: sem moleza.
Rodolpho: sem dúvidas.
Ryan: sem volta.
Kaique: sem nos perdermos.
Os quatro se abraçam e fecham o acordo, aquela era a meta a ser seguida e realizada.
A tensão estava no ápice e alguns soldados reuniram os Astros.
Maria: por que estamos aqui?
Hiure: ouvi que alguns lobos pediram.
Victor: e foi exatamente assim, entrem.
Os lobos Pedro e Mateus aparecem, o que irrita Hiure de imediato.
Wellington: eles pediram uma reunião do concelho e com os Novos Astros especificamente.
Rodolpho: e qual é o assunto?
Lois: ineficácia de liderança.
Ryan: é piada, só pode.
Marcos: Ryan, escuta...
Ryan: não, pera aí, tivemos sim uma derrota, mas ineficácia é um absurdo.
Kaique: temos lutado desde o começo, os Ancestrais são testemunha do nosso empenho.
Vaneska: sabemos disso, não estamos questionando vocês.
Maria: então o que estão fazendo?
Helmar: estão questionando o Capitão Hiure Eduardo.
Um choque atingiu a todos, junto de uma confusão geral.
Rodolpho: como assim?
Pedro: nós podemos responder, é bem simples aliás, o Capitão Hiure não é qualificado para suas funções de liderança e comando.
Hiure: vai ver minhas qualificações... Resmunga baixo.
Maria: calma. Pede lhe dando a mão.
Mateus: fora os vários desvios de controle emocional e a constante de sempre ser levado por suas emoções ele também se mostra incapaz de promover um bom trabalho como líder.
Wellington: dobre sua língua, moleque!!
Helmar: aceitou essa reunião, deixe o rapaz falar.
Wellington: não concordei em ouvir difamação contra o meu filho.
Lois: se for pessoal demais pode sair e abdicar do seu voto, mas se ficar terá de ser racional como todos nós.
Mateus: nosso ponto é simples, queremos que o Capitão Hiure perca sua posição de liderança dentro da elite da Coalisão.
Victor: isso quem decide somos nós, membros superiores da Coalisão e não simples Tenentes.
Pedro: sabemos disso e é por essa razão que não viemos de mãos vazias, trouxemos provas.
Felipe: que provas?
Mateus: pra começar, no início de toda essa crise as alcatéias formaram uma aliança e passamos a trabalhar juntos, mas nessa época o Capitão achou melhor largar tudo e sumir da cidade.
Hiure: eu estava indo atrás do meu irmão.
Pedro: e ficou o tempo todo fora procurando por ele?
Hiure: eu... isso não importa.
Sofia: responda a pergunta.
Hiure: não, eu parei as buscas.
Mateus: mas não voltou pra casa de imediato, ficou onde estava.
Hiure: eu não podia voltar, tinha assuntos inacabados.
Pedro: esses assuntos eram relevantes ou importantes para resolver toda nossa crise.
Hiure: não, não diretamente, mas eu...
Mateus: é verdade que só não voltou porque estava apaixonado por uma loba que conheceu?
Hiure: isso é pessoal, não deveriam usar isso.
Lois: não é um julgamento formal, se fosse não poderiam, mas aqui as leis civis são nulas.
Hiure: é verdade, mas...
Mateus: uma paixonite infantil foi mais importante do que sua casa e seus companheiros e não para aí, durante seu tempo como instrutor você torturou de propósito seus alunos só porque não queria ser instrutor, nega isso?
Hiure: eu não torturei ninguém, só lhes dei um treino pesado, nada anormal.
Pedro: jura? Eu lembro de ter ouvido você dizer que iria fazer exatamente o que o Mateus disse, seus irmãos podem confirmar.
Kaique: não vamos ferrar nosso irmão!!
Pedro: então vão mentir pra seus Alphas e superiores?
Mateus: conhecem ele, sabem como ele fica quando as coisas não saem como ele quer, perde o controle e o bom senso e faz coisas sem pensar, um líder não pode ser assim.
Hiure: tudo o que fiz até hoje como líder foi guiar meus lobos o melhor que eu pude.
Pedro: infelizmente para muitos o seu melhor não é o suficiente.
Rodolpho: pra quem, por exemplo?
Mateus: pra todos que já morreram sob a liderança e comando dele!!
As palavras cuspidas explodiram em todos os presentes.
Pedro: ele confiou demais e lobos foram mortos, lobos que ele treinou, meus colegas!!
Hiure: o sacrifício deles resultou em informações valiosas que nos permitirão vencer!!
Mateus: então vidas perdidas são válidas se conseguir algo em troca? Tipo fama?
Hiure: como é que é?
Mateus: recentemente recebeu o título de Novo Astro.
Maria: todos recebemos, não foi exclusivamente ele.
Mateus: mas foi só ele que se deixou levar pela fama, pelo status e pelo ego inflado.
Rodolpho: você não conhece ele, não sabe do que tá falando!!
Pedro: o conselho sabe, todos conhecem Hiure, ou pelo menos seu histórico, sabem que tudo o que dissemos aqui é a mais pura verdade.
Wellington: chega, vocês vão parar esse circo agora mesmo!!
Victor: numa coisa você está certo, já está bom.
Helmar: concordo, é o suficiente para uma votação.
Renato: você só pode estar de palhaçada.
Helmar: pareço estar?
Renato: ele salvou sua filha da porra de um casamento arranjado.
Helmar: e nem por isso os erros dele somem, ou somem?
Renato: você é um babaca ingrato e duas caras.
Vaneska: a votação então...
Contra votaram Renato, Wellington e Vaneska, a favor votaram Lois, Sofia, Helmar, Victor e Felipe.
Hiure: tio Felipe, tio Victor... por que?
Victor: não é por falta de confiança em você, nós te conhecemos.
Hiure: então por quê fazer isso comigo?
Felipe: porque os lobos perderam a fé em você e um líder cujo os seguidores não acreditam e confiam só vai conseguir falhar e causar danos irreparáveis.
Ryan: Hiure se doa totalmente a essa Coalisão.
Victor: e isso é muito doloroso pra nós dois, mas é um fato, você agora tem duas escolhas, Hiure, pode renunciar por conta própria ou nós retiramos seu posto.
Hiure: eu renuncio, mas tenho uma exigência e um pedido.
Mateus: não está em posição de fazer exigências!!
Lois: quieto, ele os fará e nós decidiremos se vamos ou não aceitar.
Hiure: eu renuncio ao meu posto de Capitão de Elite, mas meu título de Novo Astro ficará intacto.
Victor: concordo.
Hiure: quanto ao meu pedido, eu gostaria de permanecer na divisão, por favor.
Lois: como líder você não pode mais atuar, mas sua performance como guerreiro é inegável, acho que isso é unânime, considere sua exigência e pedido respeitados.
Hiure: pra mim já está de bom tamanho.
A reunião é desfeita, Maria então vai até seu pai, este ao se virar para ela recebeu um soco.
Maria: eu não acredito no que você fez!!!
Helmar: eu que o diga, que idéia foi essa?
Maria: você é incorrigível, nem devendo a ele você dá uma trégua.
Helmar: em primeiro lugar eu não sou o monstro aqui, em segundo lugar eu o devo como seu pai e não como um Alpha, minha decisão foi totalmente impessoal.
Maria: é mesmo, se fosse eu no lugar dele, o que você faria?
Helmar: teria tirado sua patente de você sem pensar duas vezes, os lobos não vão seguir um líder no qual não confiam, é o básico sobre liderança, sabe muito bem disso.
Maria: ele é um ótimo líder, eu sei disso!!
Helmar: mas os lobos não veem com seus olhos, você é parceira de patente, de grupo e namorada dele, você o vê de perto e de um bom ângulo, os lobos dele não, eles veem só um pedaço do todo e não pode os culpar por isso.
Maria: eu devia arrebentar o Mateus por isso tudo!!!
Vaneska: se fizer isso vai ser a próxima a ser rebaixada e a Coalisão vai sofrer ainda mais um golpe, não faça nada, por favor.
Maria: eu não posso ver o que eu vi e ficar de braços cruzados, tenho que fazer alguma coisa por ele.
Helmar: quer fazer alguma coisa inteligente por ele? Não faça nada.
Maria: esse é o seu grande conselho?
Helmar: você ouve se quiser.
A loba o encontrou num parque, era afastado e pelo horário não havia ninguém além dele, estava sentado num banco de cimento.
Hiure: eles te contaram...
Maria: sempre me contam.
Hiure: sempre vinha aqui quando tinha problemas, fosse com as notas, bullyng, essas coisas, eu vinha aqui com a minha mãe, era só terra batida, umas árvores e poças de lama por causa da chuva, ela se foi e fizeram esse parque que lota todo dia, aos poucos eu abandonei esse lugar, me lembrei de tanta coisa que eu já tinha esquecido...
Maria: Hiure, o que aconteceu, aquilo foi golpe baixo, não deixa te afetar.
Hiure: os Ancestrais são testemunhas do quanto eu me esforcei pra ser aceito no exército e pra me tornar Capitão, todo meu esforço foi jogado na merda por aqueles dois!!
Maria: você ainda está na mesma divisão, com seus lobos, já é alguma coisa.
Hiure: eu vou ter que seguir um líder que pode ou não me dar ordens que eu queira seguir, que eu concorde, fiz inimigos demais, eu deveria... eu deveria ter arrebentado eles quando começaram a falar!!!
Maria: isso teria piorado tudo, Hiure, me escuta, faz por onde, você ainda tem tempo de reverter isso.
Hiure: tempo!? Nós estamos prestes a atacar os vampiros, eu não tenho mais tempo!! Eles tiraram isso de mim, tiraram minha maior conquista como soldado.
Maria: escuta aqui, pode não ser mais um Capitão, mas você é um dos Novos Astros, isso ninguém tira, você vai se levantar, vai tomar as rédeas da situação e vai seguir em frente ou eu juro que vou te dar uma surra!! Impõe o segurando pelo colarinho.
Hiure: pedindo com esse jeitinho, como dizer "não"?
Maria: você é mais do que um Capitão.
Hiure: e se eu for mais do que um Astro?
Maria: mais do que um Astro, tipo um Alpha?
Hiure: tipo um Alpha não, um Alpha mesmo, o que você acha?
Maria: você é o terceiro pra herdar a alcatéia e...
Hiure: não tô falando de herdar essa, tô falando de ter a minha própria.
Maria: vai deixar Renato e o seu pai, seus irmãos?
Hiure: eles todos vão sair dentro de alguns anos, só eu que vou ficar aqui.
Maria: criar outra alcatéia aqui é impossível, já temos quatro.
Hiure: era impossível com Viajante e vô Branco, mas aí surgiram outros, é como vou fazer, é o que eu quero, mas não posso fazer isso sozinho, não dá.
Maria: tá me pedindo ajuda com esse plano?
Hiure: tô pedindo pra não soltar a minha mão, vão ter muitos altos e baixos, confusão e dificuldades, não vai ser fácil.
Maria: eu topo!
Hiure: não vai nem pensar sobre o assunto?
Maria: vou ser sua Alpha e de milhares de lobos, é uma posição digna, Astro não é o suficiente pra mim.
Hiure: não é?
Maria: não.
Hiure: ambiciosa, corajosa, forte, linda e gostosa, parece que te fiz num computador.
Maria: sou bem real, vê só. Diz o beijando.
Eles entram no mustang e vão para casa dele onde já havia sido invadida por seus irmãos.
Hiure: isso virou a casa da mãe Joana?
Ryan: vai te a merda, tá mais calmo?
Hiure: calmo eu até estou, mas não vou perdoar isso.
Kaique: e nem deve, o certo era darmos uma surra neles.
Rodolpho: discordo.
Hiure: concordo.
Ryan: discordo.
Os quatro se viram pra Maria com um olhar de pressa.
Maria: não me metam nas suas merdas.
Kaique: ela é chata.
Rodolpho: nem me fale.
Maria: eu tô ouvindo!!
Ryan: como você namora ela?
Hiure: não sei como suporto ela.
Maria: ei!!!
Mortes, sangue, lágrimas, perdas, tudo isso os levou ao limite tolerável, já era meados de janeiro, então houve uma reunião do concelho.
Helmar: o ano está quase terminando, mas acho que não precisamos completar, estamos prontos.
Sofia: um avanço mal planejado pode resultar na nossa derrota.
Wellington: mas não será mal planejado, por isso estamos aqui, com a melhor estrategista possível.
Vaneska: eu pensei numa coisa, não atacaremos na lua cheia, não de imediato.
Victor: como assim?
Vaneska: em três dias será lua cheia, vamos efetuar um falso ataque, algo rápido, mas forte, pensei em alguém do alto escalão participar.
Renato: alertar nosso inimigo, como isso seria útil?
Vaneska: seria uma tentativa falha na lua cheia, onde nosso poder é aprimorado.
Lois: eles iriam se sentir vitoriosos.
Vaneska: vamos atacar durante toda a lua cheia, ataques fortes, mas com o intuito de enganar, infelizmente as baixas não são impossíveis de termos, mas isso vai nos garantir.
Marcos: e depois?
Vaneska: atacaremos na próxima lua cheia, dessa vez mantendo a farsa inicial, mas então usaremos tudo o que tivermos, passaremos de presas a predadores e os vampiros não terão o que fazer.
Felipe: mas ainda tem um ponto, podemos lutar o quanto quisermos, de nada vai adiantar se ele não morrer.
Gabriel: e ainda tem os Lordes, dessa vez são cinco, eles tem poder pra encarar qualquer um de vocês quatro.
Renato: e só um de nós não é o suficiente pra matar Vladimir.
Wellington: vocês cinco acabam com ele, nós vamos manter os Lordes afastados.
Elizabeth: isso não é tudo, ele tem um exército muito bem articulado, os oficiais dele não são de brincadeira, enfrentamos eles duas vezes, são durões.
Sofia: isso vocês podem esquecer, se concentrem no Vladimir.
Helmar: que assim seja, em três dias a estratégia vai ser posta em prática, mas só tem um ponto, a Coalisão deve ser mantida em segredo, assim como a alcatéia do Leste.
Lois: eu vou, deixem essa primeira parte comigo, por favor.
Renato: tem certeza?
Lois: não se preocupe, loirinho, sei me cuidar, avise as amazonas, Sofia, vamos por a estratégia em prática.
Sofia: sim, farei isso.
Helmar: nos vemos três dias antes do próximo início da lua cheia.
A decisão foi tomada e espalhada para as lobas do Norte, todas ficaram animadas com a idéia de atacar o inimigo antes de qualquer outra alcatéia, mas as demais não gostaram, principalmente a do Leste, mas aceitaram; a lua cheia então se ostenta no céu, toda sua majestosa luz banhava toda a cidade e as lobas que agradeciam de joelhos apoiadas em suas armas pela benção que lhes era dada, Lois e Sofia conduziam a reza, até que as preces terminam e mil lobas partem rumo ao território Leste, tinham que ser sorrateiras pra não serem vistas de maneira nenhuma, adentraram a linha que dividia os territórios, agora não era possível voltar, os vigias logo notaram as invasoras e comunicaram, mas logo flechas abateram esses, quanto mais adentravam, mais os inimigos aumentavam, aos poucos foram sendo cercadas, até que finalmente se viram rodeadas de inimigos, a força da lua lhes dava um poder absurdo, isso as permitiu não si resistir, mas revidar, até que as irmãs se soltaram de vez e arrebentaram os flancos do inimigo, quando o flanco esquerdo achou ter um vacilo do inimigo para se recompor o flanco direito foi atacado pelas duas juntas, isso arrebentou totalmente e permitindo uma rota de fuga e as lobas seguiram por ali, a retaguarda foi segurada pelas duas e outras quatro lobas, duas arqueiros e duas atiradoras, Lois disparava flechas que não só alcançavam longas distâncias como também mutilavam os alvos, pernas, braços e até cabeças eram destroçados pelas rajadas, Sofia usava um fuzil com a precisão de uma sniper, mesmo com balas normais ela arrasava linhas inteiras, uma das arqueiras foi atingida na perna e em seguida no braço direito, elas aguentaram até que todas pudessem fugir, então fugiram usando uma bomba de fumaça concentrada, retornaram para o Norte, a arqueiros foi levada as pressas para os filhos de Elizabeth.
Lois: Liz, me fala que vai salvar a Érica.
Elizabeth: ela não corre perigo de vida, mas...
Lois: mas o que?
Elizabeth: a perna eu consigo salvar, mas o braço, vamos ter que amputar.
Lois: ela é um dos meus Dez Arcos...
Elizabeth: eu te entendo, juro, mas é isso ou ela vai ter pra sempre um braço inutilizado, você escolhe.
Lois: pode amputar, faça o melhor pra ela.
Elizabeth: faremos.
A irmã mais nova abraça a mais velha, os demais arcos rezavam pela irmã ferida.
Sofia: Érica é forte, o Sexto Arco vai sair dessa.
Lois: eu sei que vai, minhas meninas são as mais fortes mulheres do mundo.
O número da invasão foram de mil amazonas, o ataque durou apenas vinte minutos, mas houveram um total de cento e trinta e sete perdas, pouco mais de um décimo, numericamente não era muito, mas emocionalmente eram cento e trinta e sete facadas no peito da Alpha, mas isso não a abalou, ou suas lobas, só deu mais força; os ataques continuaram por mais dois dias, num total de mais duzentas e duas perdas, até que algo mudou no quarto dia surge uma presença, do nada alguém colidiu com Sofia e destruiu sua arma, era Ágata, seu florete havia cortado o fuzil da loba facilmente.
Ágata: olha só, eram mesmo as amazonas, você que é a Chefe das Amazonas?
Coronel: sou a Coronel das Amazonas!! Fala entre os dentes.
Ágata: então você não me interessa nem um pouco.
Coronel: então fique interessada!!
A loba saca uma pistola e dispara várias vezes, a vampira usou a espada pra se defender, saltou por cima da sua oponente que não parou de atacar, encurtou a distância, o sangue pingou, a vampira estava a dois metros da amazona, tinha um corte no rosto, já a Coronel tinha um muito pior no peito e uma faca na mão.
Ágata: foi por pouco, queria te cortar ao meio.
Coronel: eu queria separar sua cabeça, vamos ver se na próxima eu acerto em cheio!!
A luta reinicia, as amazonas estavam indo muito bem nessa noite, flechas voavam cruéis pelo campo de batalha, espadas separavam membros dos corpos, Lois empunhava uma espada de dois gumes, ela alternava entre a lâmina, o arco e um chicote que ficava no lado direito da cintura, lutava até que viu algo voando pra ela, ao receber a colisão ela notou ser sua irmã, estava muito ferida, tinha cortes profundos por todo o corpo, incluindo do rosto, ela ergue o olhar e vê Ágata, essa tinha duas perfurações de bala no abdômen e uma das orelhas foi cortada fora, mas não parecia estar muito ferida, a vampira simplesmente sorriu e deu as costas, os vampiros tentaram, mas uma Lois na glabro, enfurecida e sob a luz da lua era imparável, novamente elas fugiram, dessa vez era sua irmã indo ser tratada, aquilo era o que faltava pra de fato abalar a Alpha.
Renato: como ela está?
Lois: não finga que se importa.
Renato: eu e Sofia temos nossos problemas, mas ela ainda é uma aliada.
Lois: desculpa, é que ela é...
Renato: sua única família, eu te entendo, também tenho um irmão protetor.
Lois: estou preocupada...
Renato: o pessoal da Elizabeth vão cuidar bem, logo ela vai estar aqui implicando comigo.
Lois: obrigada, Renato, de verdade.
Renato: eu te devia isso, devia já tem muitos anos.
Lois: espero que saiba que me consolar não paga seu débito comigo.
Renato: nem esperava por isso, está bem?
Lois: vou ficar, quando ela sair andando e me abraçar.
Renato: ela vai, vaso ruim não quebra. Diz se retirando.
Victor: e então?
Renato: ela está abalada, de verdade? Eu acho que ela não consegue efetuar outro ataque.
Helmar: faltam apenas quatro dias e agora? Não podemos parar a investida.
Wellington: as amazonas precisam das líderes, fora que elas estão tendo muitas baixas.
Renato: eu tive uma idéia, mas elas podem não aceitar.
Marcos: no que você pensou?
Renato: nós não podemos nos meter, só amazonas, bom, nós temos lobas nas nossas alcatéias...
Vaneska: é uma ótima idéia, isso é o que elas precisam, um apoio.
Felipe: quando você quer é muito inteligente, pena que você não quer sempre.
Renato: cala a boca.
A sugestão foi aceita, a loba seguiu mesmo sem sua irmã a Amazona marchou, por mais três dias ela lutou, até que no último dia ela bateu em retirada pouco depois de começar a luta, tinha menos de quinhentas lobas e logo fugiu do lugar, aquilo marcou a conclusão da primeira etapa do plano, mas o custo foi alto, seiscentas e trinta e uma mortes, o custo foi pesado, mas todos entendiam que era necessário, todas foram honradas e tiveram seus nomes gravados no hall dos heróis, até que todos puderam dar um tempo e se recuperarem daquele forte golpe.
Vaneska: eu deixo aqui os meus sentidos a todos pelas perdas, lamento que tenha que ter sido desse jeito.
Renato: você não tirou aquelas vidas, não se desculpe, só há um responsável.
Lois: pra cada loba morta nós vamos matar dez deles, nem isso vai ser o suficiente.
Os cinco jovens se reuniram na casa de Ryan e Kaique.
Rodolpho: até que enfim a lua cheia passou, tivemos muitas perdas.
Hiure: agora posso dormir tranquilo. Diz beijando a mão da namorada.
Ryan: como foi?
Maria: foi diferente de tudo que já vi, as amazonas lutavam possuídas, aquilo não era normal.
Kaique: a lua fez isso.
Maria: não foi só a lua, era a presença da Rainha delas, Lois deu força a todas, eu pude ver o que a presença de um Alpha pode fazer com os seguidores, estamos muito longe daquilo, não chegamos nem perto.
Rodolpho: se machucou?
Maria: só na palma da mão, fora isso eu estou bem.
Hiure: fora também os ferimentos de tiro nas costas e o corte atrás da coxa.
Maria: Hiure!!!
Kaique: você foi baleada nas costas!?
Maria: eram balas comuns, de revólver, eu acho, de qualquer forma eu estou bem, a investida acabou.
Hiure: agora é a calmaria antes da última tempestade.
Rodolpho: vai ser um inferno, temos um mês.
Ryan: vou procurar o Marcos pra mais treino.
Kaique: Victor vai me ajudar também.
Rodolpho: eu me viro.
Maria: Sofia vai me ajudar.
Hiure: eu tô com uma idéia, mas é só uma hipótese.
Todos seguem pra onde deveriam, só Hiure tomou um caminho um tanto controverso, foi bater na porta de Heitor.
Heitor: Hiure? O que você tá fazendo aqui?
Hiure: quero sua opinião sobre uma coisa, posso entrar?
Heitor: claro, entra.
O Astro adentra a casa e se senta numa cadeira.
Heitor: e então, sobre o que quer conversar?
Hiure: vai soar estranho e errado, mas estou pensando em pedir treinamento para o seu pai.
O rapaz se levantou rapidamente da cadeira e a derrubou.
Heitor: como é que é!? Você ficou maluco!?
Hiure: eu sei o que parece, mas tem motivo.
Heitor: e o que pode ser um bom motivo pra isso!?
Hiure: eu tô perdido e preciso de força, muita força.
Heitor: foi assim que tudo começou lá em casa, uma busca incansável dele por ser o melhor, eu não recomendo seguir os passos dele.
Hiure: escuta, tem coisas que eu preciso aprender e melhorar e muito disso ele tem, sem contar que ele não vai pegar leve.
Heitor: ele vai torturar você, isso sim, não pode confiar nele.
Hiure: não confio, mas ele é o lobo que disputou com os mais fortes, isso significa muito, não quero ser igual a ele, apenas quero a força dele.
Heitor: e quanto à Maria, o que vai fazer?
Hiure: ela não pode saber de nada.
Heitor: vai mentir pra ela?
Hiure: sabe qual seria a reação dela, não quero ter uma briga por conta disso, não agora.
Heitor: usa um supressor de cheiro então, vai mascarar vocês dois.
Hiure: tá certo.
Heitor: mas já te aviso uma coisa, não vai ser nada simples, pode apostar nisso.
Hiure: entendi, obrigado.
Heitor: vamos?
Hiure: você vai?
Heitor: se você for sozinho ele nem vai abrir a porta, então eu vou com você.
O jovem lobo adentra o mustang e junto de Hiure eles dois seguem rumo à mansão do Alpha, ao chegar os dois sobem e batem na porta do escritório.
Helmar: entra.
Heitor: Dominante.
Hiure: Helmar.
Helmar: mas que porra é essa?
Heitor: Hiure precisa de um favor seu, vim intermediar.
Helmar: é piada?
Hiure: não, não é nem um pouco engraçado.
Helmar: e o que você quer?
Heitor: ele precisa se preparar para o ultimo confronto com os vampiros, queria te pedir instruções.
Helmar: nem fudendo.
Heitor: você pode ajudar.
Helmar: poder fazer algo não significa que eu queira ou que eu vá fazer, não vou ajudar esse merdinha aí.
Hiure: você me deve!
Helmar: pede outra coisa, quer uma vingança, um jantar romântico com ela, uma casa? Eu consigo, mas isso eu não vou fazer, aliás, de onde veio essa ideia, não foi de você.
Hiure: tio Felipe me disse uma coisa, que não sou poderoso como meu avô ou habilidoso como meu pai.
Helmar: e ele está absolutamente certo, comparar vocês é ridículo.
Hiure: ai então ele me comparou a você.
Helmar: como é que é?
Hiure: nem todo habilidoso e nem todo poderoso, você possui um pé em cada lado da linha da força, nem muito para um lado ou para o outro, ele me disse que sou assim também, logo você é a minha melhor opção para melhorar.
Helmar: então veio porque não tem outra opção.
Hiure: se tivesse eu não viria aqui te pedir isso nem sob ordem do tio Renato.
Helmar: e o que ele pensa disso?
Hiure: ele não sabe, ninguém sabe e nem podem.
Helmar: seu favor comigo é um só, te treinar e manter em sigilo são duas coisas diferentes, escolhe um, os outros vão saber.
Hiure: não vai fazer isso, você me deve muito.
Helmar: treinar você nos põe em cheque, o sigilo é além da minha dívida.
Hiure: eu fico te devendo então.
Heitor: não faz isso, ele está manipulando você.
Helmar: eu não procurei ninguém, vocês vieram aqui me propor isso, muito bem, essa é a minha contraproposta, pegar ou largar.
Hiure: fico te devendo.
Heitor: sabe o que significa dever pra ele? Vai te mandar fazer uma coisa, algo que você vai odiar.
Hiure: eu entendo.
Helmar: muito bem. Diz se levantando e estendendo a mão direita.
O Astro olha fixamente para a mão do Alpha e relutantemente apertou.
Helmar: temos um acordo, faço o que me pediu e voce me deve, capiche?
Hiure: feito.
Helmar: me segue.
O jovem lobo olhava feroz para o pai e se apiedando de Hiure, pois este não tinha idéia do que havia aceitado.
O caçula não foi o único que procurou ajuda, Kaique foi até um grupo dos mais velhos e mais fortes filhos do Victor, os desafiou para um duelo, todos contra ele, alguns reluntaram, mas por fim sete deles cercam o rapaz, todos com ao menos uma espada, Kaique saca a dele e se prepara; na mata uma fera corria, Ryan executava manobras rápidas, desviava das árvores e saltava, até que recebeu um forte golpe na coxa o que o fez capotar e se chocar contra uma árvore, era Marcos.
Marcos: abaixou a guarda? Tem que ficar atento o tempo todo, de novo!!
No Sul o mais velho recorreu ao Alpha.
Rodolpho: eu queria pedir um favor.
Renato: pois não...
Ambos estavam na academia, Rodolpho segurava um bastão metálico comprido, já seu Alpha tinha dois bastões curtos de madeira, suas pontas eram afiadas, eles então entram em um embate, no Leste uma loba de fora procurou ajuda de uma especialista em batalhas, Maria foi até Sofia.
Maria: preciso de ajuda.
Sofia: eu esperava por você.
Maria: sabia que eu viria?
Sofia: desde o início.
Maria: como?
Sofia: você é mulher, uma loba, seu lugar é aqui.
Maria: não entenda errado, Sofia, sou uma loba do Oeste.
Sofia: e antes de ser do Oeste você é uma loba, acredite, aqui tudo vai mudar pra você.
Maria: me ensine.
Todos davam seu máximo, seus instrutores não pegavam leve, Ryan corria, vigiava tudo, mas do nada recebia um ataque surpresa.
Marcos: você está sem foco.
Ryan: não, não estou.
Marcos: você sabe usar seus instintos, sabe usar os sentidos, basta usar tudo junto.
Ryan: é difícil, mesclar os dois, razão e intuição juntas, é como querer juntar água e fogo e querer que dê certo.
Marcos: e qual o resultado dessa junção, o que ocorre?
Ryan: o fogo apaga.
Marcos: daí ocorre um desequilíbrio, o que mais pode acontecer?
Ryan: a água evaporar?
Marcos: outro desequilíbrio, qual a conclusão?
Ryan: água fervendo...
Marcos: use um pra fortalecer o outro, não separe, use os dois como complementos, de novo.
O mais velho era surrado por Renato, este era um mestre no uso de bastões, um único golpe de Rodolpho era devolvido com cinco contra ataques, o veterano estava tranquilo enquanto o rapaz estava coberto de machucados, suor e sangue.
Renato: podemos parar por aqui, está bom por hoje.
Rodolpho: ainda não, temos que continuar... pede exausto.
Renato: fez o suficiente, Rodolpho, já chega.
Rodolpho: não pra mim, por favor, não pega leve, agora não.
Renato: tá certo, de novo, terceira postura, vamos!!
O espadachim estava ainda pior que o mais velho, tinha cortes por toda parte, o salão de treino foi destruído, as paredes, o chão e até o teto tinham cortes enormes e profundos, ele havia derrubado dois, mas com um grande custo, já nem podia erguer seu braço direito dominante.
Kaique: que porra, eles são bons mesmo...
Fábio: desiste?
Kaique: ainda não... responde exausto.
Jonas: o que quer provar, que é melhor do que nós?
Kaique: não, não é isso.
Valéria: e o que é? Não vai derrubar outro de nós, está no seu limite.
Kaique: não quero a pena de vocês, não me venham com sermão e conselhos idiotas, me venham com espadas em punho, é só o que eu quero.
Mariana: por que? Onde quer chegar com isso?
Kaique: até onde eu não puder avançar mais...
As amazonas emprestaram um traje para a convidada, era uma roupa tática.
Sofia: você aprendeu a lutar com o seu pai, não vou mentir ou ser hipócrita, ele é um monstro, mas você não é igual a ele, não pode lutar com aquela ferocidade, a força ou a brutalidade, tem que achar seu próprio jeito.
Maria: e como eu faço isso?
Sofia: vamos te testar, esta preparada?
Maria: estou, nós vamos...
A loba é atingida por um soco direto na boca, o sangue gotejou na hora.
Maria: que isso!? Isso foi sujo.
Sofia: foi um acerto, lembre-se, uma batalha nunca será justa, não permita brechas, vamos, de novo.
A veterana saca uma faca e elas começam uma luta, o treino de autodefesa da loba lhe garantiu técnica adequada, mas sua oponente era o braço direito de uma Alpha, o resultado são cortes e derrubadas sequenciais; o rapaz se viu no salão de treino com outros oito lobos.
Hiure: o que é isso?
Helmar: esses são alguns lobos que eu chamei pra cá, todos eles são Capitães de Elite, assim como você era.
Hiure: e daí?
Helmar: lute com todos.
Hiure: nosso acordo era você me treinar e não me fazer de cachorro de rinha.
Helmar: em primeiro lugar, é assim que eu vou te treinar, em segundo, se eu mando você lutar, lute e em terceiro, não me questione, moleque.
Os lobos então atacam o rapaz do Sul, eram bons e em maior número eram problaticos de lidar, levou um total de vinte e três minutos até que todos caíssem, Hiure estava ferido e cansado.
Hiure: esse é o treino, me fazer lutar com seus lobos até derrubar todos?
Helmar: óbvio que não, isso foi só um preparo, o treino de verdade é comigo, pronto pra começar?
Hiure: eu... eu nem tô conseguindo ficar de pé...
Helmar: a morte não vai aguardar você estar pronto!! Grita chutando o rapaz.
O jovem lobo foi atingido no estômago e caiu de rosto no chão.
Helmar: ela não tem misericórdia ou piedade!! Grita o chutando ainda no chão.
Aquilo era humilhante e extremamente doloroso.
Helmar: e não se esqueça, aqui você vai encarar a morte!! Rosna pisando.
O rapaz desviou e armou uma guarda.
Helmar: boxe.
Eles começam a trocar socos até que o veterano soca o peito do rapaz e este tenta imobilizar o braço do Alpha.
Helmar: jiu-jitsu. Sorri confiante.
O jovem tem suas costelas socadas e solta a chave, ele então arma uma guarda se karatê.
Helmar: agora chegamos no ponto crucial, dez minutos rapaz, sobreviva dez minutos.
O Dominante atacou, era absurdamente veloz, o Astro mal podia ver, apenas um vulto enorme ele via e logo era atingido com violência, socos, chutes, cotoveladas, arremessos e até golpes contra o chão ele levou, estava nítido o prazer que o Alpha tinha naquilo.
Helmar: oito minutos, eu esperava que chegasse aos dez, que decepção. Diz indo até o rapaz caído.
Ao se aproximar ele é atacado, o golpe falha, mas o jovem lobo pôde ganhar distância.
Helmar: entendeu, demorou pra perceber.
Hiure: eu nunca vou sobreviver se só me defender, preciso revidar.
Helmar: você chega lá, vamos!!
O perigo que o Dominante exalava era macabro de tão forte, mas o Astro engoliu o nervosismo e atacou com toda a força que tinha, seu chute alto é solto, ele mesmo pôde ver seu pé atingindo em cheio, mas não foi isso que aconteceu, em seguida ele desferiu um potente soco, outra visão daquele golpe explodindo no rosto do Alpha, mas novamente seu golpe erra, mas o Dominante não deu um único passo, assim seguiu numa frenética chuva de golpes, mas nada acontecia.
Hiure: isso não faz o menor sentido. Reclama ofegante.
Helmar: é isso que acontece quando se é protegido demais.
Hiure: do que está falando.
Helmar: eu já sabia sobre você mesmo antes de te conhecer, todos falavam do gênio que era o filho do Bravo e da Caçadora, sempre o prodigioso, você se envolveu nisso, se acomodou, eu tenho te acompanhado desde que te conheci, todo o seu tempo em Lupina eu te observei, tudo o que te mantém é mimo e um sobrenome.
Hiure: cala a boca, eu não te pedi opinião sobre mim!!
Helmar: todos veem um jovem além de qualquer outro, mas não é o que eu vejo, essa genialidade  que todo mundo diz, tente me fazer vê-la, tente me mostrar o que só eu não vejo!!
A luta continuou até  que num avanço ele mesmo colidiu com o punho do Alpha que simplesmente estendeu sua mão, isso fez com que o lobo se ferisse com a própria força, seu oponente apanhou o paletó e o deixou sozinho, com dor e dificuldade ele levantou e foi pra casa, com seus irmãos ele se reuniu.
Ryan: vocês dois estão na merda. Diz se referindo aos mais novos.
Kaique: não me diga, eu mal tô podendo levantar o meu braço.
Hiure: meu externo ta fraturado, dói até pra respirar.
Ryan: Marcos me castigou, levei golpes surpresa o dia todo, mas acho que tô pegando o jeito.
Rodolpho: o Alpha pegou leve, mas foi o suficiente para me quebrar os dedos e os pulsos, nem consigo ver os bastões dele.
Kaique: aliás, quem te fraturou, foi seu pai?
Rodolpho: não pode, tio Wellington apareceu no meu treino hoje.
Ryan: não foi Felipe, ele estava numa reunião com os estrategistas.
Hiure: eu tô com um mestre novo.
Rodolpho: quem?
Hiure: Dominante, eu fiz um acordo com ele.
Ryan: você ficou maluco!!?
Kaique: não importa a situação, nunca devia ter feito um acordo com aquele monstro.
Rodolpho: calma ai, também não é pra tanto.
Hiure: eu fiquei devendo.
Rodolpho: achei que ele te devesse pelo lance do casamento.
Hiure: eu pedi sigilo, o treino nos deixou empatado, mas manter em segredo me custou.
Kaique: e o que aquele sádico pediu?
Hiure: não disse, o débito continua até ele cobrar.
Ryan: você está nas mãos dele.
Hiure: não tive outra escolha, meu pai e tio Felipe já me ensinaram tudo o que podiam, mas Helmar é compatível comigo, eu sei que posso fazer valer a pena.
Rodolpho: e quantos ossos vai quebrar no processo?
Hiure: quantos forem necessários.
Ryan: e como é o treino, o que ele tá te ensinando?
Hiure: basicamente nada, ele soltou alguns lobos fortes pra me cansar e depois foi a vez dele, eu deveria sobreviver dez minutos.
Kaique: fez um acordo com ele pra isso!?
Ryan: se era uma surra o que queria era só sair na mão com nós três aqui.
Hiure: ele fez uma coisa que eu ainda não entendi.
Ryan: o que?
Hiure: vamos lá, eu sou rápido, é um consenso, até você eu acerto, ele estava na área do meu alcance, mas eu não acertava, tinha certeza que acertei várias vezes, mas meus golpes só passavam por ele como se ele fosse um fantasma.
Rodolpho: isso é impossível.
Hiure: tô falando, meu chute passou por ele.
Ryan: já lutou com ele antes, ele não fazia isso?
Hiure: não, era como socar um muro de aço, mas era sólido, dessa vez foi diferente.
Kaique: ele é rápido não é?
Hiure: muito, eu não consigo acompanhar com os olhos, mesmo hoje.
Rodolpho: o que vai fazer?
Hiure: vou dar o meu jeito.
Se passaram três semanas, todos foram progredindo, Rodolpho lutava com Renato, os bastões colidiam e se repeliam, até que o Alpha perfura atrás da coxa do Capitão e bate em sua nuca, ao tentar outro golpe ele tem seu bastão bloqueado, Rodolpho o acerta no estômago com uma estocada, em seguida foi o pé e por fim seu queixo num golpe horizontal, o Alpha virou o rosto, ao olhar para o jovem ele tinha sangue escorrendo do nariz.
Renato: finalmente as lições entraram nessa cabeça dura. Diz rindo.
Ele abaixa os bastões e abraça o rapaz, estava muito satisfeito com seu progresso; o caçador corria até que algo surge contra ele, Marcos avança numa joelhada, mas o Capitão salta e desvia, o Caçador Mestre então rasga uma árvore com as garras e a derruba, mas Ryan desvia, Marcos então tenta saltar por cima e cair num chute, mas o jovem se esgueirou e evitou o golpe.
Marcos: tô impressionado, nem um arranhão, evitou tudo.
Ryan: eu penei pra isso.
Marcos: e a conclusão?
Ryan: sentidos, técnicas, instintos e experiência, tem que ser tudo junto, é o único jeito de caçar com tudo.
Marcos: não só de caçar, na vida também, tudo isso é necessário para seguir com a vida, conhecimento obtido, talentos próprios, intuição e passagens anteriores, tudo isso vai determinar o quão alto você vai voar e eu acredito que você voará mais alto do que qualquer outro que eu conheço.
Ryan: acha mesmo?
Marcos: não é qualquer um que quer seguir sua própria estrada como você e seus irmãos.
Ryan: como você sabe?
Marcos: Wellington me disse, estava muito orgulhoso de vocês quatro, falou que vocês vão ser Grandes Alphas.
Ryan: não é bem esse o objetivo, é mais...
Marcos: ser livre?
Ryan: não exatamente, mas um pouco disso também, quero poder ter minhas próprias caçadas, ir onde eu quiser, tomar minhas próprias decisões...
Marcos: eu te entendo, juro que entendo, já tem um lugar em mente?
Ryan: acho que algum lugar do nordeste, Pernambuco, talvez Bahia, um lugar no interior, mais fácil de esconder.
Marcos: tem bons lugares pra ir, lugares mais perto de Lupina.
Ryan: quero poder correr num campo diferente.
Marcos: entendo, faz sentido, bom, eu... eu te desejo boa sorte, sei que vai se dar bem.
Ryan: valeu Marcos.
No Leste a Capitã agora treinava com Sofia e Lois, empunhava uma espada s na cintura tinha um chicote.
Lois: vamos, número três.
A jovem então executa um movimento de meia lua pra cima.
Lois: número dois e quatro.
A loba recuou num movimento de bloqueio e tornou a avançar numa estocada.
Lois: muito longo!! Rosna lhe chutando atrás da coxa e a derrubando.
Sofia: de pé!!
O suor gotejava do rosto da jovem, até sua visão estava um tanto turva, mas não parava, as duas irmãs davam instruções severas, até que ela conclui o dia.
Sofia: muito bem, amanhã será seu teste final.
Maria: teste? Que teste?
Lois: um teste completo que vai por a prova cada uma das suas habilidades, todas as amazonas passam por esse teste.
Maria: eu já disse não sou uma amazona, não vou abandonar o meu pai.
Sofia: ser uma amazona vai muito além de fazer parte dessa alcatéia, é algo espiritual, do ser em si.
Maria: houveram amazonas fora dessa alcatéia?
Lois: uma, a maior amazona que já conhecemos.
Sofia: ela fazia parte do trio, foi junto dela que tivemos a idéia de uma alcatéia de amazonas.
Maria: mas ela não fazia parte, não entendi.
Lois: a Cacadora da Lua Cheia.
Maria: espera, essa alcunha, ela era...
Lois: Silvana Eduardo, sim, a mãe de Hiure.
Maria: ela foi uma amazona?
Sofia: ela foi muito mais, reunia os atributos que mais personalizavam uma amazona, fidelidade, moral, ética, resiliência e a força pra lutar pelo que acreditava.
Maria: ele não fala muito dela, é bem ocasional.
Lois: Silvana foi uma guerreira incrível, uma amazona excepcional e uma amiga única.
Sofia: ela idealizou o teste que você vai fazer amanhã, boa sorte.
O espadachim seguiu com os duelos, os mesmos de sempre, mas não era só o Astro que evoluía, ele estava indo bem até que notou uma presença que o fez ignorar todos os demais, era a presença de um Alpha.
Kaique: você é péssimo quando se trata de discrição.
Victor: e eu tenho algum motivo pra ser sorrateiro na minha própria academia?
Kaique: pensando por esse lado...
Victor: soube que tem vindo aqui levar surras diariamente.
Kaique: você estava ocupado e eu queria testar alguns dos seus filhos.
Victor: e o que achou?
Kaique: eles não são você, mas são incríveis, tantos estilos, tantas técnicas que nunca vi, tenho aprendido bastante.
Victor: isso eu mesmo vou ver, vamos, lute.
Kaique: tá brincando?
Victor: pareço?
Kaique: certo.
Victor: já se recuperou da última derrota contra os vampiros?
Kaique: eu tô... tô bem.
Victor: eles ferraram vocês, não foi?
Kaique: vamos lutar ou conversar!?
Victor: a garota sofreu muito, nem imagino o que vocês sentiram vendo aquilo.
Kaique: foi um absurdo.
Victor: pra vocês tudo isso é algo novo, mas pra nós do Leste é algo familiar, temos estado em guerra contra o clã dos vampiros, a primeira vida que eu tirei foi de um...
O jovem Capitão nunca tinha ouvido nada sobre aquilo.
Victor: ele havia derrubado minha irmã e a ia matar, foi terrível, não tive escolha se não o fazer antes, até hoje posso ver seus olhos perdendo o brilho, o momento em que a vida sumiu, eu substitui aquele terror pela morte, você deve ter isso em mente, vamos.
Kaique: tá desarmado, não vai empunhar uma espada?
Victor: vou pegar a sua quando não precisar dela mais.
O Alpha o provoca e o jovem ataca feroz, Victor desvia com as mãos nas costas, todos viam aquilo com um único pensamento, o rapaz tenta um corte no peito, mas tem seu pulso acertado e sua espada cai, Victor a pega antes dela tocar o chão e põe a ponta na garganta do rapaz, este andou para o lado e no momento certo ele rolou para trás, levou um leve corte no pescoço, mas pôde pegar a espada de um dos filhos do Alpha, era uma lâmina japonesa, eles então voltaram pra outro embate, Victor dava leves passos e desviava de maneira contida, o que era suficiente para acertar alguns cortes, até que Kaique se aproxima e começam uma troca de ataques, a espada japonesa que o jovem tomou foi jogada longe, então ele tenta um corte no tórax do oponente, porém o Alpha rebate a lâmina o deixando completamente desarmado, num giro ele ia estocar o flanco direito de Kaique, mas este captura a lâmina da espada com a mão, rola, apanha uma espada e corta a panturrilha do Alpha, todos ficaram surpresos com aquilo, menos Victor, ele guarda sua espada e dá as costas, Kaique fica um pouco cabisbaixo com o silêncio.
Victor: muito bom, garoto.
Aquilo foi mais do que o suficiente para ele que explodiu de alegria, os filhos do Victor comemoraram com o rapaz; o ex Capitão continuava seu treino absurdo com o Dominante, este o castigava, o rapaz era socado, chutado e jogado sem dó.
Hiure: isso não faz sentido, você entra na minha área e mesmo assim não te acerto!!
Helmar: dar um ataque de raiva não vai resolver nada, você precisa evoluir e rápido.
Aquele momento deu um estalo na cabeça do lobo, este respirou fundo, colocou seus sentidos e instintos em alerta, assim atacou com toda a ferocidade, mas como de costume seus golpes de nada serviam, até que ele foi se contendo, se segurando até ficar calmo mesmo durante os golpes, assim ele acertou pela primeira vez, um leve corte na orelha do Alpha.
Dominante: eu medi errado? Pensa pra si.
Num outro choque o lobo arranhou seu flanco direito.
Dominante: eu sabia, não sou eu, é ele, o moleque percebeu. Pensa sorrindo.
Hiure: você tá desviando, eu demorei, mas me lembrei, Maria é perita em autodefesa, golpes de imobilização, submissão, uma prática muito boa, mas tem uma arte mais sutil, aiki, é suave, por isso não te associei a ela, mas é isso.
Helmar: o que me denunciou.
Hiure: "rápido".
Helmar: hm...?
Hiure: pra mim voce é muito rápido, mas pra lobos como meu pai, Marcos ou tio Renato você fica pra trás, é um cara grande e por isso se cansa mais rápido, se fosse fazer movimentos complexos você iria se cansar antes da luta chegar num clímax, você zerou os movimentos inúteis e minimizou o gasto de energia da esquiva, calcula com precisão o alcance, velocidade e trajetória do ataque, com um milímetro de distância você evita o golpe e dá a impressão de ser como um fantasma.
Helmar: olha só, entendeu bem, até porque teve tempo o bastante pra analizar, você tá certo, eu criei isso pra poder enfrentar caras que me superam em velocidade, mas não pense nem por um instante que você está entre eles, essa técnica foi elogiada até pelo seu pai.
Hiure: meu pai te elogiou?
Helmar: eu e ele nos odiamos há décadas, mas como lutadores e rivais sempre houve reconhecimento mútuo, usei isso na nossa última luta e ele não só elogiou como reconheceu que ele não conseguiria executar com tanta perfeição, ele é o pináculo marcial, por isso o respeito e eu sou um dos poucos lobos que faz frente a ele, por isso me respeita.
Hiure: achei que não houvesse espaço para isso entre vocês.
Helmar: não é porque você odeia alguém ou tem um inimigo que o respeito é impossível de existir, tem exceções, mas de forma básica é assim que funciona.
Hiure: é um professor melhor do que eu esperava.
Helmar: quem você acha que treinou meus lobos?
Hiure: nem todos, pelo que eu soube.
Helmar: como assim?
Hiure: você tem ex-alphas na sua alcatéia, lobos e lobas que costumavam ser líderes.
Helmar: tenho sim, uns duzentos, mais ou menos.
Hiure: por isso a alcunha de Dominante, você dominou não só territórios, dominou líderes também.
Helmar: impressionante, né?
Hiure: é, bastante...
Helmar: hm...
Hiure: que foi?
Helmar: já vi esse olhar.
Hiure: que olhar?
Helmar: ambição, desafio, vi isso quando lutei com você da primeira vez, ali eu notei que você tinha a Intimidação Predatória.
Hiure: notou?
Helmar: sim, é um poder muito raro, só tem três aqui na Coalisão que tem, talvez mais dois com potencial, mas quase com certeza não vão chegar nem perto de despertar, um poder desse deixa marcas, não só como poder, mas como traços pessoais.
Hiure: onde quer chegar?
Helmar: quem desperta esse poder vai longe na vida, claro, não é obrigatório ter pra ser alguém incrível, os demais Alphas e nem os Astros tem isso e somos o que somos, mas quem tem geralmente alcança patamares absurdos, seu pai e seu avô são exemplos, até mesmo o Loiro é um em um milhão.
Hiure: é carregar expectativas de todos ao meu redor, sempre senti esse peso, mas com a guerra ficou pior.
Helmar: eu sei como é isso, esperam que você aja e se comporte de um certo modo, mas você não é assim.
Hiure: é foda...
Helmar: é foda...
Hiure: espera, nós...
Helmar: acabamos de ter uma conversa civilizada e tranquila...
Hiure: foi legal.
Helmar: você vai fazer o que eu tô pensando, não vai?
Hiure: vou e ela vai comigo, nem ouse colocar isso como o favor.
Helmar: não vou precisar, minha filha é livre, eu só não vou deixar você prejudicar a vida dela, não fazendo isso eu posso tolerar você.
Hiure: pra mim é o quanto basta.
O teste da loba chegou, estava num Club que pertence a alcatéia do Norte.
Maria: o que vai ser?
Sofia: é simples, vê a bandeira?
Maria: sim.
Sofia: tudo o que tem que fazer é pegar, não tocar, não encostar, pegar.
Maria: só isso, esse é o grande teste?
Sofia: acredite, já vi esse teste dar muitas lições de humildade a grandes prodígios, leve a sério.
Maria: certo.
A bandeira em questão ficava do outro lado do club, o que a separava do objetivo eram duas quadras de futebol, uma área arborizada e paredes de escalada, carregava consigo um arco, flechas, espada e facas, ela então se foca e é dada a largada, a loba dispara, assim que adentrou a primeira quadra ela é alvejada por flechas de várias direções, pôde desviar, bloquear e até capturar algumas, seguiu andando agora com os sentidos no máximo, nisso mais flechas voam e durante sua defesa algo rolou perto dela, ao se virar ela é atingida por uma granada sensorial, luz e um estrondo altíssimo, ao ponto de seus ouvidos sangrarem, por ter focado seus sentidos ela recebeu todo o dano aumentado, estava atordoada, por isso não percebeu a aproximação vindo de suas costas e a apunhalando, ela recua, não via ou ouvia nada, pegou uma faca em cada mão, mas recebeu alguns golpes, até que outro vinha, ela bloqueou a faca com a própria e com isso conseguiu aplicar uma chave o que resultou numa fratura na perna do oponente, ela se acalmou e ficou no que restava, tato e olfato, com isso seguiu em frente, oponentes surgiram ela encarou duas lobas, uma com lança e a outra com um par de espadas romanas curtas, ela então avança, a lança ia contra sua perna, mas é capturada e sua usuária leva um chute no estômago, a espadachim ataca, era rápida, por isso permitia a lança acertar golpes, uma perfuração no pé direito e no ombro, a Capitã, arranhou de raspão uma delas no braço, enquanto está se distraiu com o ferimento sua oponente atacou com a espada, a lanceira tentou, mas seu golpe foi bloqueado, sua lança quebrada e ela recebeu uma rasteira, Maria atacou a espadachim sem se conter, uma flecha foi disparada, a loba segurou a Amazona e a colocou como escudo, a flecha acertou sua perna, assim Maria segue em frente, até que algo detonou do seu lado, era um explosivo plantado, aquilo feriu sua perna, mais flechas voam, ela cortou a maioria, mas uma raspou no seu braço e a outra cravou atrás do ombro, dor, ardência, cansaço e agonia, os obstáculos tornavam a visão da bandeira ainda mais distante, ela então arranca a flecha, assume a glabro, saca a espada e ruge feroz, assim ela dá início a uma corrida frenética em direção ao objetivo, já chegava perto quando levou um chute nas costelas, a sua frente estava Sofia.
Coronel: pretende capturar a bandeira caída no chão?
Maria: você vai participar!?
Sofia: obviamente, sou uma amazona, não sou?
Maria: a Vice Alpha como oponente, como supera isso!!? Ruge atacando.
A espada da loba foi contra a oponente, está desvia e chuta as costas da jovem loba, que se vira num corte que só atingiu o vento, a Coronel desviou facilmente até que seu punho atingiu o estômago de Maria, o que a fez perder as forças e soltar a espada, a Coronel confiou no golpe e isso a atrapalhou, sua oponente segurou seu pulso e deu uma torção usando seu corpo, logo acertando uma rasteira, a amazona cai sob um joelho, mas impede sua adversária de pegar a bandeira com um tiro, ao olhar para a veterana, Maria pôde ver a arma na mão da Coronel.
Coronel: eu dei mole, achei que daria conta sem armas, parece que não.
A Amazona saca duas pistolas e começa a atirar, Maria correu e saltou para desviar, mas não pôde sair ilesa da chuva de balas, se escondeu atrás de uma parede, a adversária do outro lado, uma ouvia a respiração da outra, até que ambas saem e se colidem, a Coronel aponta a pistola, Maria daí da mira e entra numa disputa pra desarmar sua oponente, uma das pistolas ela conseguiu desmontar, mas em resposta levou uma coronhada no rosto o que a derrubou e ao tentar se levantar ela se vê com a arma apontada pra ela, a loba então tenta uma rasteira, mas tem sua perna baleada.
Coronel: chega, se rende, não há o que você possa fazer.
Maria: não vou vencer se eu não tentar, é o que me resta a fazer!!
A Coronel se eleva, olha atentamente para a jovem, guarda sua arma e esboça um sorriso.
Sofia: você passou no teste.
Maria: como é que é?
Sofia: meus parabéns.
Maria: mas... mas eu não peguei a bandeira.
Sofia: dificilmente você pegaria, na verdade pra você seria impossível, Lois protege a bandeira.
Maria: então pra que isso tudo?
Sofia: ao ser idealizado esse teste serviria para avaliar as aptidões físicas, mas principalmente a determinação e resiliência das candidatas, nunca recuar, nunca se entregar, estar disposta a dar seus 200% pelo objetivo, você foi cegada, ensurdecida, cortada, baleada e golpeada, mesmo assim você lidou com tudo, incluindo um Vice Alpha, não precisa de uma bandeira, você já é uma amazona em espírito, corpo e mente.
A reação instantânea foi rir e abraçar a instrutora.
Sofia: estou orgulhosa de você.
Lois: mas não pense que terminou.
Maria: Lois!! Eu consegui!!!
Lois: eu sei, nunca tive qualquer dúvida.
Sofia: hm...
Lois: vou fazer s transferência pra sua conta.
Maria: vocês apostaram?
Ambas em uníssono: óbvio.
Os Astros se reúnem de última hora.
Gabriel: então ficou assim? Vocês dois tem certeza?
Victor: eu tenho.
Marcos: eu também, estou certo disso.
Felipe: se estão bem com isso então tá tudo certo, mas tem um inconveniente nisso tudo.
Elizabeth: Lipe tá certo, eles não virão pra cá, sabem disso, não sabem?
Victor: não tem problema, o que vale é a consideração.
Gabriel: então está tudo certo, com licença, eu tenho uma aula para dar.
No Sul, Rodolpho jantava com seu Alpha.
Renato: aprendeu a se virar muito bem.
Rodolpho: isso não é nada, Rebeca tentou me ensinar, mas eu não cozinho tão bem quanto ela... cozinhava...
Renato: a dor da perda demora muito pra amenizar, eu lamento que tenha sentido isso tão jovem.
Rodolpho: eu nunca imaginei que passaria por algo daquele tipo, ela nem chegou a conhecer meu lar, minha filha...
Renato: tenho certeza que você seria um ótimo pai.
Rodolpho: seus espíritos vivem comigo me guiando agora, vencer essa guerra é minha prioridade.
Renato: nós vamos, pode acreditar, não existe outra possibilidade.
Rodolpho: invejo sua fé.
Renato: não é fé, é desespero, eu não sei o que fazer se não vencermos.
Os dois irmãos foram convocados por seus dois professores, mas sem que o motivo fosse revelado.
Kaique: quanto mistério.
Ryan: não te disseram nada também?
Kaique: só me disseram que era importante. Diz tocando a porta para abrir.
Marcos: e é. Diz surgindo do nada.
Ryan: não funciona mais, sabe disso.
Marcos: só queria testar.
Victor: temos um bom motivo para não contar nada de antemão.
Ryan: certo.
Marcos: sentem.
Os jovens se sentem em cadeiras e se voltam para os veteranos.
Victor: vocês tem evoluído muito, chegaram onde poucos chegaram e irão além, mas além de grandes guerreiros vocês se tornaram alunos excepcionais.
Marcos: vimos vocês crescendo há anos, mas toda essa guerra nos permitiu uma aproximação maior e por isso decidimos perguntar algo a vocês.
Kaique: claro, podem perguntar.
Victor: é mais um pedido.
Ryan: o que quiserem.
Victor: o que acham de se tornarem nossos filhos?
A pergunta foi um tiro de canhão neles dois, era tão absurda quanto inacreditável.
Ryan: como assim?
Marcos: vocês são maiores de idade perante nossa raça, mas ainda assim são órfãos, como todos nossos filhos e filhas antes de nós adotarmos eles, mas fica a critério de vocês.
Kaique: mas e o Sul? Vamos abandonar nisso território e nosso Alpha?
Victor: pensamos nisso, não há necessidade, os territórios são vizinhos e sempre foram amistosos, não terão que abrir mão de nada.
Marcos: o que nos dizem?
Ambos em uníssono: aceitamos!!!
As peças do quebra cabeça foram sendo arrumadas e por fim o mês de espera chegou ao fim, as tropas então se prepararam, o movimento desta vez seria feito pela alcatéia do Sul, Renato reuniu seus lobos e eles então marcharam até o Leste, os ataques eram velozes e bem orquestrados, logo chegaram na área da mansão, os vampiros já estavam em formação os aguardando, aa unidades de infantaria aguardavam o sinal, logo um uivo é solto e a linha de frente avança, os vampiros também atacam e as frentes se colidem, os lobos cravaram fundo suas garras e presas, a lua cheia lhes banhava em força e vigor, aos poucos foram pondo pressão, Hiure olhava o campo, louco pra ir lutar, mas seu Capitão não permitia, até que os vampiros começaram a superar a infantaria, Hiure olha para seu superior, este então manda outra unidade que não a do Astro.
Hiure: o que está fazendo!? Aqueles ali são o reforço, a minha unidade deveria ir primeiro!!
Fernando: sua unidade fará o que for ordenada e quando for, Tenente Hiure.
O reforço veio na hora, a divisão de elite era absurda, seus lobos entraram atropelando os inimigos, logo após a divisão blindada liberou sua primeira onda, as armas feitas pelos filhos de Victor eram excepcionais, Kaique passa e vê seu irmão caçula, mas seguiu em frente liderando o avanço, sua espada separava membros do corpo, estavam indo bem até um choque no flanco direito que fez um orda de vampiros entrar no meio do exército dos lobos, ali Hiure pôde atacar, tomou cinquenta dos cem lobos e avançou, eles cercaram os invasores e aos poucos todos foram exterminados.
Fernando: o que você fez? Não te dei ordem de ataque!?
Hiure: e ia deixar os vampiros massacrar todos?
Fernando: não deixe sua posição, ou será removido das linhas de frente.
O avanço de Kaique foi sendo sustentado por outra unidade de infantaria que o cobriu, mas algo estava estranho, os inimigos estavam deixando eles entrarem, nisso o seu irmão caçula teve permissão de lutar com seu Capitão indo junto e coordenando pessoalmente, até que se depararam com os blindados parados, nisso Hiure teve um estalo e ordenou a parada de sua unidade inteira.
Hiure: esperem, não avancem mais!!
Os lobos não entendiam nada, o Capitão se enfurece com aquela afronta.
Fernando: o que está fazendo!? O inimigo mostrou as costas, vamos avançar!!
Hiure: tem alguma coisa errada, não sei dizer o que é.
Fernando: você não sabe nada, unidade dois, avançar.
A unidade olha para o Astro, mas o Capitão se põe no meio.
Fernando: mexam-se, agora!!
Eles então continuam avançando, até que o Capitão Kaique surge rugindo.
Kaique: não, esperem, é uma...
Sua fala é interrompida por uma explosão, ela ocorreu debaixo dos pés dos lobos ordenados a avançar, nisso uma chuva de balas começa, a unidade blindada fez a cobertura e eles saíram da linha de tiro.
Fernando: o que foi aquilo!!
Kaique: eles tem explosivos pelo pátio todo, não podemos avançar sem cuidado.
Hiure: eu disse, eu disse!!! Rosna segurando Fernando pelo colarinho.
Fernando: me largue Tenente, ou vou mandar te prender por agredir um superior.
Kaique: Hiure, larga ele, vai, larga.
Hiure: o que vamos fazer?
Kaique: Ryan!! É a especialidade de vocês, mostrem a trilha!!
Os caçadores com os melhores sentidos e instintos lideraram uma corrida, cobertos pela infantaria e seguidos pela blindada, até que ao passar as bombas são detonadas, a unidade de Rodolpho detonou todas com tiros e jogando objetos, já estavam bem avançados quando a escuridão da noite começou a deixar o campo de batalha dando lugar aos primeiros e fracos raios de sol.
Kaique: está amanhecendo, por hoje é isso, bater em retirada!!
Tão rápido quanto surgiram os lobos retornaram para seu território, carregando muitos feridos, dos mil lobos, duzentos morreram e cento e onze estavam feridos, foram levados para a ala médica, iam melhorar, mas houve um lobo que se revoltou, Hiure vai até seu Capitão.
Hiure: Fernando, quero falar contigo.
Fernando: eu sei como se sente, Hiure, mas... Diz sendo interrompido por um soco no estômago.
Hiure: você não sabe de nada, seu imbecil, da próxima vez eu vou usar isto!! Diz sacando as garras.
Fernando: já chega, eu já te aturei muito!! Rosna brilhando os olhos.
Hiure: vamos lá, quero ver se o Capitão é bravo quando não está dando ordens!!
Kaique: já chega, parem com isso!!
Hiure: esse merda mandou vinte dos meus lobos pra morte por não me ouvir!!
Fernando: você não lidera mais, as decisões são minhas.
Hiure: não sob minha unidade, não servimos mais a você.
Fernando: o que quer dizer com isso?
Hiure: quero dizer que não vou mandar outro irmão ou irmã morrer pelas suas ordens de merda.
Fernando: não pode fazer isso!!
Hiure: já fiz, minha unidade não te seguirá mais.
O Tenente dá as costas e sai do recinto, se encontrando com sua unidade, estavam arrasados.
Hiure: eu devo desculpas a todos vocês.
Alan: não nos deve nada Tenente, foi Fernando que deu a ordem e se não fosse por você muitos mais teriam morrido.
Hiure: mesmo assim, sofremos um golpe forte, nossa unidade perdeu um quinto do pessoal.
Alguém surge no recinto, os lobos ficaram surpresos.
Hiure: oi tio, veio ver nosso resultado?
Felipe: soube o que aconteceu com a sua unidade.
Hiure: na primeira batalha perdi tantos...
Felipe: quantos você perdeu?
Hiure: vinte e dois e quinze estão muito feridos.
Felipe: lamento, mas não amoleça, fique firme.
Os oficiais se reuniram, o primeiro dia não foi como esperado.
Renato: as baixas superaram o esperado.
Helmar: precisa comandar melhor.
Wellington: você não faria melhor.
Helmar: tenho minhas dúvidas, Bravo!!
Marcos: chega, não temos tempo pra isso.
Victor: amanhã será diferente, as unidades de Felipe e Marcos vão entrar em combate com seus exércitos, as coisas devem mudar agora.
Lois: em seguida será Sofia.
Helmar: no quarto dia eu chego.
Wellington: essa guerra não pode durar muito, se virar uma guerra de exaustão estaremos em desvantagem total.
Vaneska: vou monitorar tudo, atenção às bandeiras e aos uivos em código.
Felipe: nossos exércitos vão agitar o campo e talvez consigamos trazer um comandante pra fora, temos contas pra acertar...
Marcos: contas bem altas.
Gabriel: metade dos meus vai ficar na retaguarda, Liz e eu vamos entrar junto com Sofia na terceira noite.
A maldita guerra iria se estender o quanto fosse necessário, não só por vingança, mas por essência, assim ambos os lados acreditavam, seja como for o resultado não será diferente de massacre do lado perdedor.

Continua...

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