O jovem beta sofreu um grave ferimento que colocou sua vida por um fio, a Capitã do Oeste o salvou com uma equipe de médicos e uma transfusão de sangue feita por Kaique, o rapaz ainda corria risco, mas essa não era a única complicação, uma presença avassaladora surge no portão da casa de Maria, ela sabia de quem se tratava.
Maria: fiquem aqui.
Ryan: Maria, esse perigo...
Maria: eu sei.
A loba sai de casa e vê seu pai, seu olhar era severo, em sua boca pendia um charuto, a fumaça cobria parte do rosto dele.
Helmar: ele está aí?
Maria: está.
Helmar: pode tirar, esse traste volta pro Sul agora mesmo.
Maria: não, ele esteve perto da morte.
Helmar: isso não me interessa, tire esse desgraçado do meu território, agora. Diz abrindo o portão.
Maria: vou tirar quando ele não estiver em perigo, o transporte pode agravar o estado dele, por favor meu pai.
Helmar: vou esperar aqui fora, não vou entrar.
A loba retorna para dentro de casa, Helmar traga o charuto e coça atrás da cabeça, andava de um lado ao outro.
Kaique: estamos mortos?
Maria: ele não vai entrar, assim que ele melhorar vai ser transferido para o território de vocês.
Os três ficaram ali observando o beta até que algo chamou atenção dos dois rapazes.
Maria: que foi?
Kaique: só pode ser brincadeira.
Maria: que foi, gente?
Kaique: agora não, aqui não.
Maria: o que foi!?
Ryan: Kaique?
Kaique: temos que tirar seu pai daqui.
Maria: como é? Do que está falando?
Kaique: tarde demais, ele está muito rápido.
Ryan: quem, de qu... Se interrompe percebendo.
Os irmãos se olham abismados, até que a loba também percebeu, vindo do Sul algo estava em alta velocidade e não estava calmo, os três correm para a janela e puderam ver quando algo caiu na frente do portão, subiu uma nuvem de poeira, os portões foram arrebentados e voaram, Helmar quebra seu charuto e joga fora, estava com as mãos nos bolsos e parecia tranquilo, algo então sai da nuvem, passos pesados eram ouvidos, logo se pôde ver de quem se tratava, Wellington tinha os punhos serrados e ódio nos olhos, ambos ficam cara a cara.
Helmar: tem muita coragem de vir até o meu território com esse perigo todo.
Wellington: eu tenho tolerado você faz muito tempo, mas você agora mexeu com meu filho.
Helmar: não fiz isso, ele não estaria vivo se eu tivesse.
A tensão estava incontrolável, até que o Vice Alpha solta um chute e o Alpha bloqueia com o braço esquerdo, o impacto foi absurdo, ambos não se continham, os dois se separam e começam uma troca de golpes que mais parecia uma demolição, o quintal logo foi arrasado, o Bravo dá uma joelhada no queixo do Dominante e o mesmo soca o estômago do oponente, eles se separam e começam a disputar força.
Dominante: já faz muito tempo desde que tive uma boa briga, mas está lutando pelo motivo errado, não fiz aquilo.
Bravo: seu território, seu lobo, sua responsabilidade!!!
Os dois então trocam cabeçadas, socos e chutes eram dados sem restrições ou defesas, os três ali mal podiam ver, mas isso se estendeu, mesmo Hiure se contorcia, a colisão foi sentida por outros.
No Sul o Alpha estava em sua mansão, seu maxilar se contraia.
Renato: Wellington, o que tá fazendo?
No Norte as irmãs sentiram também.
Sofia: isso é...
Lois: uma colisão dos mais fortes, quanto tempo faz, há quanto tempo não sentíamos algo desse nível?
No Leste os vampiros podiam sentir aquela abominação.
Agata: isso é sério?
Alucard: muito, isso é o resultado de uma luta entre dois monstros.
Walter: está vindo do Oeste.
Diego: mas isso é do outro lado da cidade.
Vladimir: exatamente, é com esse nível de poder que vocês terão que lidar, não só esses dois, outros também são assim.
A luta continuava, nenhum dos dois iria ceder.
Dominante: está certo disso?
Bravo: eu vou matar você!!
Dominante: certo, mas que seja uma luta de verdade, sem regras e com sangue!!!
Os dois começam a se transformar, pela primeira vez eles veriam a verdadeira forma daqueles dois, um lobo de pelos negros sem brilho com alguns tons de cinza surge, 2,45 m de altura, o outro tinha uma pelagem marrom escura, 2,85 m, eles se encaram.
Dominante: não há como voltar atrás.
Bravo: nem eu quero isso.
Aquele lugar mais parecia uma área que estava prestes a ser atingida por um tsunami ou furacão, os dois então avançam com toda a força, seus punhos prontos pra destruir tudo, até que repentinamente eles param frente a frente, algo estava no meio deles, Maria tinha sua mão entendida diante de cada um.
Maria: se querem se matar eu não vou impedir, mas façam isso bem longe daqui, estão perturbando o repouso do meu paciente.
Dominante: para trás, não se meta. Fala entre as presas.
Bravo: você é a culpada por toda essa situação.
Maria: vocês são os culpados, foi o seu ódio que me afastou de você. Diz olhando para o pai.
O Alpha de fato não pôde dizer nada.
Maria: e o mesmo entre você e Hiure, esse rancor antigo nos atrapalhou, foi ele que nos trouxe até essa situação, se querem se arrebentar até a morte, façam, mas não nos usem como desculpa, isso tudo é por vocês mesmos e mais ninguém.
A loba sai dali e adentra a casa, os dois combatentes tiveram todo o ímpeto de combate quebrado, por mais que quisessem continuar, as palavras da loba eram verdadeiras e assim a guarda é baixada, o Vice se transformou na completa e deu as costas, Dominante até tentou avançar, mas não pôde, só entrou no carro e retornou até a sua casa.
Se passaram dois dias e o beta estabilizou é foi levado até um centro de tratamento no Sul, a loba então retorna para sua casa, estava cansada e com a mente fervendo, passos são ouvidos na escada e a porta se abre, seu pai a olhava por cima.
Maria: não pai, se veio até aqui pra uma guerra, eu já aviso que não tô bem, eu só quero descansar, então me deixe.
Helmar: eu não vim aqui pra brigar, Maria, já disse que não tô com idade e nesse ritmo nem saúde vou ter pra brigar.
Maria: o que quer então?
Helmar: eu quero entender, quero entender o motivo de você ainda estar aqui.
Maria: você não sabe?
Helmar: não, não tenho idéia, eu já perdi noites de sono tentando entender, mas foi sem sucesso.
Maria: é porquê antes de você ser um Alpha, o Dominante, antes disso você é meu pai e eu o amo.
Helmar: não, se fosse assim seu irmão não teria me dado as costas, isso não é suficiente, tem que ter uma explicação.
Maria: vai ver é teimosia, ou burrice.
Helmar: em matéria de teimosia você só perde pra mim, mas nunca teve talento pra ser burra, você é uma garota inteligente, pode estudar onde quiser e fazer sua vida em qualquer lugar, nada te prende aqui então está aqui por vontade própria.
Maria: eu já pensei em ir, mas todas as vezes que arrumei minhas coisas, aquilo me impediu. Diz apontando com os olhos pra algo atrás do pai.
Helmar: isso? Pergunta pegando um retrato.
Maria: isso, não o retrato em si, mas o momento, lembro de tudo, meu primeiro kimono, meu décimo aniversário, nossas noites de série, são essas lembranças e a saudade daquele pai que não me deixam te abandonar. Fala um pouco emotiva.
Helmar: você fez minha alma brilhar no momento em que te vi nos braços da sua mãe toda embrulhada, mas tirou esse meu brilho quando se envolveu com... você sabe. Diz sorrindo e tendo seu sorriso retirado.
Maria: é... não é um simples partir, não é pai? Acho que no fundo eu esteja tentando reparar minha falha, a falha de ter deixado o senhor virar esse homem que é agora.
Helmar: culpa? É isso? Se for culpa o que te mantém aqui então você pode ir, não fique, o que eu sou é simples consequência das minhas escolhas e decisões, eu nunca culparam alguém pelo meu destino, muito menos minha filha.
Maria: não foi por culpa que fiquei, foi porque apesar de tudo, eu te amo muito e eu ainda espero ver de novo aquele pai que há anos eu não vejo.
Helmar: a vida segue sempre em frente, minha filha, não dá pra voltar atrás, eu sou o que sou e isso não vai mudar, esse de quem você está falando ficou pra trás.
Maria: essa é uma forma de tentar me mandar embora pelo que eu fiz?
Helmar: não, eu preciso de você aqui, não pelos negócios ou pela guerra, eu dou conta disso, eu preciso de você porque... porque eu preciso de você, se ficar, fique por isso e não por uma culpa descabida, eu só te peço uma coisa, se tiver que ir, vá em silêncio, eu já não aguento mais fazer ameaças pra quem eu devia estar fazendo juras de amor.
As palavras do Alpha trazem as lágrimas nos olhos da filha, ela cobre o rosto, seu pai se levanta, a beija na cabeça e a deixa em seu quarto.
Saindo dali o Alpha vai até sua esposa.
Helmar: onde está aquele moleque?
Vaneska: se estiver falando de Mateus, ele está lá fora.
Helmar: mande ele ao meu escritório agora, agora!!
O rapaz foi chamado e logo adentrou a casa e em seguida o escritório.
Helmar: o que foi que você me aprontou moleque!?
Mateus: eu falhei, Alpha, eu tive aquele vira lata nas minhas mãos, mas a princesa me parou.
Helmar: e o que ia fazer, matar ele!?
Mateus: eu pensei que seria melhor.
Helmar: e eu lá te mandei pensar!? Quando eu quiser aquele garoto morto eu mesmo vou fazer o serviço, não vou mandar um imbecil pra resolver, sujeitinho burro, inconsequente!! Grita furioso.
Mateus: eu só quis ajudar.
Helmar: você só está aqui com toda a estima por uma dívida que eu tenho com o seu pai, mas você nunca vai ser a sombra do que ele foi, está ouvindo!?
Mateus: e o que eu faço agora?
Helmar: o serviço não foi bem feito, devia proteger minha filha e afastar ele dela, mas agora ela não quer nem ouvir seu nome e tá cuidando dele pessoalmente, não tem jeito.
Mateus: e o que eu faço?
Helmar: por hora você some, depois volta.
Mateus: obrigado, Alpha.
O rapaz se retira e deixa o Alpha sozinho, sua cabeça fervia, porém no Sul a notícia era boa, o rapaz finalmente acordou.
Ryan: bom dia, fera adormecida.
Hiure: mano? Onde... O que houve? Pergunta tentando se levantar.
Ryan: vai com calma, você tá todo costurado.
Hiure: eu perdi?
Ryan: foi um golpe covarde.
Hiure: não existe golpe covarde no nosso mundo, eu perdi e ponto.
Kaique: acordou, finalmente. Diz entrando no quarto.
Hiure: que lugar é esse?
Kaique: sua casa.
Hiure: não, minha casa não é essa.
Ryan: só pra esclarecer, essa não é a casa do seu pai, é a sua casa, ele ia te dar, mas aí você saiu de viagem, na volta rolou isso tudo e...
Hiure: minha casa, nossa, tô bem.
Kaique: deu o maior susto na gente, teve duas paradas cardíacas durante a cirurgia e logo depois que acabou você se engasgou com seu sangue.
Hiure: eu quase morri.
Ryan: mas o que importa é que você já não corre perigo, agora é questão de tempo até se curar completamente.
Hiure: vocês são fodas.
Kaique: agradeça a Maria, ela salvou você.
Hiure: foi?
Kaique: lobos do Oeste fizeram a cirurgia na casa dela sob comando dela, até que o Dominante apareceu e em seguida seu pai.
Hiure: o que!? Eles lutaram!?
Ryan: foi a sensação mais perturbadora que já tive na vida, eles pareciam que iam destruir tudo ao redor.
Hiure: e quem venceu?
Kaique: Maria, ela os parou e manteve você no Oeste até você estabilizar.
Hiure: ela fez isso, caramba.
Ryan: que loba você foi se apaixonar em, vai ter que correr atrás pra nivelar o jogo.
Hiure: vou arrumar alguma coisa.
Kaique: ela vai vir aqui amanhã pra avaliar o seu estado, vê se não faz nenhuma merda.
Hiure: porque sou eu o irmão que sempre faz merda, né?
Ambos em uníssono: é sim!
Os dois passaram a noite com o irmão caçula, quiseram ter certeza de sua melhora e deu tudo certo, ainda sentia dores e dificuldade de respirar, mas estava bem; pela manhã eles partiram, o beta se levantou e foi comer, fez um exagero de café da manhã e para sua própria surpresa comeu tudo, ele então se deita no sofá, já estava anoitecendo quando a campainha toca, ao se levantar a porta abre e era Maria.
Hiure: como você...
Maria: sou sua médica, tenho as chaves.
Hiure: super normal. Fala irônico.
Ela o põe sentado e vai tirando a pressão, batimentos entre outros testes.
Maria: alguma queixa?
Hiure: dói pra fazer certas coisas e a respiração tá um pouco difícil, mas ontem estava pior.
Maria: você tá se recuperando bem, na verdade, muito bem, eu calculei que só iria sair da cama daqui a dois dias.
Hiure: tô superando expectativas.
Maria: e voltando a ser um bobo, acho que é um sinal de melhora.
Hiure: parou mesmo aqueles dois?
Maria: eles estavam pondo você em risco, você reagiu ao poder deles, se debateu enquanto dormia.
Hiure: acho que sonhei com algo, não tenho certeza.
Maria: você tá bem, da pra ver nos seus olhos.
Hiure: consegue ver isso?
Maria: sou sua médica e te conheço bem.
Hiure: nos meus olhos você pode ver mais alguma coisa?
Maria: consigo, posso ver aquele olhar pelo qual eu me apaixonei.
A resposta tirou as palavras do beta, ele ficou atônito até que sua mão tocou o rosto dela.
Hiure: também posso ver algo, posso ver o carinho, o alívio em me ver bem... Diz se aproximando.
A loba tentou resistir, mas não queria, o beta já estava próximo ao ponto de sentir a respiração dele.
Hiure: ... O desejo...
Maria: seus ferimentos, Hiure, você está ferido.
Hiure: nem mesmo um ferimento dez vezes pior do que esse iria tirar essa vontade que eu estou de você.
Ele a beija e aos poucos ela se deixa levar, o beta a puxa para o seu colo.
Maria: Hiure, espera, tenho que te contar uma coisa.
Hiure: o que é?
Maria: eu nunca...
Hiure: entendi, será pra você então, não se preocupe baixinha.
Começaram no sofá depois subiram para o quarto dele, as roupas ficaram espalhadas pela casa, no meio da madrugada ele a abraçava puxando para si.
Hiure: até o fim de tudo você será minha eu eu serei seu, nada vai tirar isso de nós, amo você, baixinha. Sussurra no ouvido dela.
A loba parecia estar dormindo, mas não pôde deixar de sorrir.
Pela manhã o lobo acorda com voz e gavetas batendo, Maria estava com sua camisa e procurava algo.
Hiure: você fica uma gostosa usando minhas roupas.
Maria: tenho que ir! Fala apressada e se trocando.
Hiure: espera, eu faço o café, faço uma xícara pra você daquele seu café doido.
Maria: eu não posso, não podíamos ter feito isso.
Hiure: não pareceu se arrepender. Diz a abraçando por trás.
Maria: Hiure... para, é sério...
Hiure: eu estou sério, muito, tô falando muito sério sobre te despir.
Maria: não!! Não podíamos, eu não podia, tudo isso foi um erro.
Hiure: pera aí, se for lê-los nossos pais nós...
Maria: eu estou comprometida.
Hiure: o que?
Maria: tem quatro meses, vamos nos casar em meados de dezembro.
Hiure: isso é daqui um mês, espera, como assim!? Namoro é casamento tai rápido, o que está acontecendo!?
Maria: não é um casamento comum, é político, ele é o filho de um alpha poderoso, a alcatéia dele está quase no nível de um Grande Alpha, nosso casamento é pra firmar os laços.
Hiure: eu não acredito, seu pai a obrigou!?
Maria: não, fui eu que quis isso, é a minha responsabilidade.
Hiure: mas vai anular isso, não vai?
Maria: não posso.
Hiure: Maria, nós dois, ontem foi incrível, não jogue tudo fora, por favor!!
Maria: até o fim de tudo eu serei tua e você será meu, nada vai mudar isso.
Hiure: não se afaste logo depois de nós reunirmos.
Maria: vai poder voltar a ser o que sempre foi, lutar, brigar, quebrar tudo... tá tudo bem agora.
Hiure: não vou estar bem sem você. Diz pegando a mão dela.
Maria: tchau, Hiure.
A loba deixa a casa dele, embarca em seu carro e retorna para o Oeste, já o lobo chorava de raiva, ele vai até o banheiro e tona um longo banho, até que vê um reflexo no azulejo, ele correu até o espelho e pôde ver, brilhos rubros em seus olhos, ele voltou a ser um alpha, nem pôde acreditar, seu trauma foi curado pra nunca mais voltar, mas ao mesmo tempo ele perdeu tudo.
No Sul os dois amigos se reuniam.
Renato: você exagerou.
Wellington: não começa.
Renato: você sabe que eu tô certo, podia ter começado uma guerra interna.
Wellington: meu filho quase morreu.
Renato: mas não aconteceu.
Wellington: tudo isso começou por causa desse maldito relacionamento!!
Renato: tudo começou com o ódio de vocês, a garota salvou seu filho e você se quer a agradeceu?
Wellington: eu não...
Renato: nem pensou nisso, escuta, eu tô longe de ser o maior fã daquela besta, mas isso já foi longe demais, pelo seu filho, pare enquanto é tempo.
Os irmãos se reúnem na casa de Hiure, este os chamou urgentemente e não falou mais nada.
Kaique: que foi, pra que tanta pressa?
Hiure: isso. Diz brilhando os olhos.
Ryan: seus olhos... Hiure, como você conseguiu?
Hiure: ela me devolveu isso, mas tem um problema.
Kaique: não imagino qual.
Hiure: ela tá comprometida num casamento político, um casamento arranjado.
Ryan: o que? Nunca falou nada.
Hiure: com esse casamento ela consegue uma alcatéia aliada pra guerra, tenho que dar um jeito de impedir isso.
Kaique: concordo, mas o que podemos fazer?
Hiure: achar aliados melhores.
Kaique: onde?
Hiure: aqui, os remanescentes do meu avô.
Ryan: de novo essa história? Hiure, já falamos disso.
Hiure: é, vocês procuraram por toda a parte, mas não procuraram no lugar mais óbvio, em casa.
Ryan: o Leste foi ocupado pelos vampiros, se estiveram lá então são prisioneiros.
Hiure: não falei do Leste, me refiro a casa original, a primeira casa.
Kaique: do que está falando?
Hiure: na cidade vizinha, ao Leste quase que colado ao território dele existe uma mata.
Kaique: é, a Mata de ninguém, e daí?
Hiure: no centro da mata existe uma mansão velha, as árvores foram plantadas pelo meu avô, na verdade aquilo era uma fazenda enorme da família da falecida mulher dele.
Ryan: espera, como assim?
Hiure: Victoria era herdeira de uma fazenda enorme, gado, plantações e tudo mais, o meu avô morou na fazenda com seus filhos até onde pôde, depois de crescer muito ele vendeu o gado todo, fechou as safras e investiu nos filhos e nas idéias, mas manteve a posse da terra e plantou árvores, eles estão lá.
Ryan: como você sabe disso tudo?
Hiure: ele é meu avô, me contou tem tempo, se tem um lugar pra onde eles iriam é esse.
Kaique: vamos ter que dar a volta por fora de Lupina.
Ryan: e se estiver errado?
Hiure: então eu desisto dessa história e desisto dela, mas eu sei que não estou errado, essa noite nós vamos achar eles, não falem nada pra ninguém.
Kaique: fechou, vamos preparados pra tudo.
Ryan: nossos carros?
Hiure: não, vamos a pé, levar os carros vai ser um problema.
Kaique: beleza, hoje.
A decisão foi tomada e assim seria feito, nada foi dito até o horário e as oito da noite os três partiram, foram literalmente correndo até fora da cidade e a beira da mata.
Hiure: a lua tá linda hoje.
Kaique: entramos nessa.
Ryan: e vamos fazer acontecer.
As formas glabro, crinos e lupina surgem.
Hiure: eu senti tanta falta.
Ryan: é sério que tá emotivo por isso?
Hiure: eu sou eu mesmo de novo, é essa a minha verdadeira forma.
Kaique: entendo como é, não me imagino sem poder me transformar.
Ryan: as mocinhas já terminaram? Vamos.
Os três adentraram a mata, rastros de silhuetas e de brilhos vermelhos, a lua os iluminava.
Ryan: nada ainda, não farejo nada.
Kaique: não capto nada também.
Hiure: estão aqui, vamos.
Os dois mais velhos se olham duvidosos, mas seguem, correram separados e tranquilamente até que algo é disparado e os três se desviam, três lobisomens surgem.
Lobo 1: quem são vocês?
Ryan: não estamos aqui pra arrumar problemas.
Lobo 2: três alphas surgem transformados na nossa área e esperam ser recebidos com flores?
Kaique: estamos procurando por uns lobos específicos.
Lobo 3: traduzindo...
Hiure: os Astros de Pelo Branco, estamos procurando eles.
Lobo 2: Astros? Pelo Branco? Estão mortos há meses, até nós sabemos disso.
Ryan: nós vamos precisar olhar toda a mata.
Lobo 1: não vão, estamos aqui em segredo, vocês são alphas de Lupina e são soldados e os vampiros podem ter seguido vocês até aqui.
Kaique: olha entendemos vocês, mas essa missão é muito importante e vital.
Lobo 3: e por quê deixaríamos vocês fazerem isso?
Hiure: porque vocês estão mentindo.
Kaique: o que?
Ryan: não houve mudança neles.
Hiure: eu sei que não, mas eu lembro deles, eram os novatos que Felipe estava treinando quando visitamos vô Álvaro pela última vez, eu lembro de vocês.
Lobo 1: merda.
Hiure: vão nos levar agora?
Lobo 3: e se não quisermos?
Kaique: aí vocês tornam tudo mais difícil pra vocês e divertido pra nós. Diz sacando levemente a espada na cintura.
Os três se olham e decidem levar os irmãos, em dois minutos eles já podiam ver um antigo casarão, quando estavam bem perto surgem três outros atacantes, Ryan desvia, morde o ombro do oponente e o derrubou de peito no chão e com sua pata nas costas dele, um outro atacou Kaique com uma espada, eles duelaram até que o sulista desarma o oponente e põe sua espada no pescoço dele e o último saltou por cima do caçula, este o segurou pelo pescoço, chocou contra uma árvore e armou um soco.
Lobo 1: parem, eles vieram ver mamãe e os tios.
Hiure: não viemos arrumar briga.
????: mentira, tudo o que vocês fazem é brigar, não sabem fazer outra coisa.
A voz era familiar, os rapazes baixaram a guarda e soltaram os três, de dentro do casarão eles puderam ver Gabriel com um sorriso.
Hiure: tio!?
Gabriel: eu devia saber que vocês iriam dar um jeito de nos achar.
Todos em uníssono: tio!!!
Os rapazes abraçam o veterano que retribui o gesto.
Gabriel: vocês mudaram tanto, venham, os outros vão querer ver vocês.
Eles entram, a casa era enorme e muito antiga, mais parecia estar abandonada se não fossem pelos lampiões.
Gabriel: temos visitas, os três do Sul estão aqui.
Uma silhueta surge, o perfume era inconfundível.
Elizabeth: eu não acredito nisso, como é bom ver vocês.
Kaique: tia, caramba. Diz a pegando no colo e rodando.
Os três abraçam e beijam a loba, em seguida surgem mais dois, Marcos e Felipe aparecem com um sorriso orgulhoso, eles abraçam os dois e só aí notam algo, Marcos tinha cicatrizes de queimadura por todo o braço esquerdo, se estendia ao pescoço e alcançava o maxilar e Felipe tinha marcas de cortes que iam da testa até a nuca e seu braço esquerdo foi perdido.
Hiure: Ancestrais, o que... O que aconteceu?
????: quer saber o que aconteceu? Nós perdemos, foi isso. Diz surgindo do nada.
A figura era Victor, este tinha um olho cego e cortes no peito e pescoço.
Kaique: estão aqui, todos aqui. Fala feliz.
Ryan: os Astros todos vivos, é um alívio.
Em meio a alegria de encontrar os tios o caçula se pega decepcionado, ele sem notar nutria uma esperança, sua face demonstrava isso.
Victor: você tinha esperança de que ele estivesse aqui.
Hiure: eu nem percebi isso até agora, é verdade, não é? Meu avô se foi.
Todos abaixam as cabeças, apenas Victor se manteve firme e confirmou.
Marcos: como nos encontraram?
Ryan: procuramos vocês por meses, mas procuramos no lugar errado, Hiure tinha um bom palpite.
Elizabeth: ele te contou, não foi?
Hiure: sim, já tem uns anos, nunca duvidei de que iria encontrar todos.
Felipe: o garoto tem raça.
Marcos: os três sempre tiveram.
Victor: e qual o motivo de estarem aqui, imagino que não seja uma visita formal.
Hiure: viemos levar vocês de volta pra casa.
As expressões mudaram na mesma hora.
Elizabeth: não temos mais casa, o território foi tomado.
Kaique: vamos retomar.
Felipe: não é assim tão fácil.
Hiure: como tem tanta certeza?
Marcos: nós sabemos.
Ryan: não pode ficar assim, vocês tem que fazer alguma coisa.
Victor: e acha que não tentamos!? Acham que só fugimos com o rabo entre as pernas!? Tentamos retomar, reunimos nossos filhos que estavam bem e revidamos, só serviu pra nos humilhar ainda mais e pra perdermos ainda mais dos nossos.
Hiure: houveram duas batalhas?
Felipe: foi nessa segunda que ficamos assim. Diz se referindo a si e ao ruivo.
Hiure: é por isso que tem que voltar, pra retomar o que é de vocês.
Victor: é impossível, Vladimir nos atacou numa lua cheia e ainda tínhamos todos nossos números e nosso pai, agora é impossível vencer, não existe uma alcatéia capaz de vencer aqueles demônios!!
Ryan: e se forem todas?
Marcos: o que?
Kaique: se uma não pode vencer, então uma Coalisão venceria?
Gabriel: do que estão falando?
Hiure: as três alcatéias se uniram contra o inimigo, desde que descobrimos sobre o ocorrido no Leste nós temos treinado e operado juntos.
Felipe: o Dominante, Loiro e a Amazona cooperando? Isso é impossível.
Kaique: não, não é, o desejo de vingar o velho e de retomar Lupina fez os três se aliarem, com vocês nós teríamos um aumento extraordinário no poder.
Victor: não posso arrastar minha família para outra guerra, já tivemos que enterrar muitos filhos e filhas, nem o corpo do nosso pai nós podemos ter pra velar, não me peçam pra arriscar o que me resta.
Ryan: nossas forças ainda não são o necessário, vocês são a alcatéia que tem mais experiência lutando com eles e vocês são os Astros, são o que precisamos pra vencer, mas se vierem nossas chances diminuem, primeiro um território, com nossa derrota eles terão toda Lupina, o que vai impedir que eles venham até aqui?
Felipe: o rapaz está certo.
Victor: quer arriscar tudo?
Marcos: o que queremos não faz diferença, vamos fazer o que você disser.
Victor: eu não sou o Alpha.
Elizabeth: é o mais velho, o primeiro filho de Álvaro Pelo Branco.
Gabriel: cuidou de todos depois da morte dele.
Victor: e levei vários dos nossos para o mesmo destino.
Felipe: mas foi como sempre, juntos e com você na frente abrindo caminho, o que você decidir nós faremos, se for lutar todos aqui lutarão, se disser pra ficar então todos ficarão, mas nada vai mudar o fato de que todos estão dispostos a se sacrificar pra vingar quem perdemos.
O mais velho dos Astros ficou sem chão com as palavras ditas.
Victor: eu nunca quis ser Alpha, nunca quis, não deveria ser assim.
Kaique: nem sempre temos o que queremos, podemos mudar nossa situação, mas precisa assumir a responsabilidade herdada.
O espadachim olha para o rapaz, para os outros dois, para seus irmãos, seus filhos e sobrinhos.
Victor: quando foi que vocês cresceram tanto?
Ryan: não tivemos muita escolha, mas vocês tiveram participação nisso.
Victor: alphas, certo, vocês aí, espalhem para todos, nós vamos voltar pra Lupina e vamos retomar o legado do nosso falecido Alpha.
Houve comemoração generalizada, os espíritos que já estavam frios tiveram uma fagulha acesa que logo se alastrou num incêndio dentro de seus corpos.
Elizabeth: não podemos retornar todos de uma vez, somos três mil lobos.
Hiure: aos poucos, vamos dar um jeito, mas eu gostaria de levar o novo Alpha para o Sul conosco como equipe de escolta.
Victor: e pareço precisar de escolta seu moleque?
Hiure: não sou eu que tô cego de um olho.
Victor: e quer ficar?
Hiure: vou recusar a oferta.
Kaique: ei, velho, ainda está de pé?
Victor: nosso duelo?
Kaique: é.
Victor: terá seu combate quando a hora chegar, de momento vamos pra Lupina.
Assim foi feito, junto do Victor vieram vinte de seus filhos, já era tarde da noite, o Bravo estava nervoso e andava de um lado para o outro.
Wellington: como eles somem assim!? Eles tem treino amanhã, Ryan e Kaique são Tenentes!!
Renato: relaxa, devem ter ido comer um churrasco ou bater um pega.
Wellington: cala a boca relaxado, você nunca se preocupa!!
Renato: é você que se preocupa demais.
Wellington: o que? Tá afim de brigar!?
Renato: cai pro braço, trouxa.
Wellington: eu te mato!!
Os dois acabam numa briga infantil que resultou numa sala destruida e os lobos em alerta devido às Intimidações soltas por ambos, só pararam quando ouvem batidas na porta, essa abriu, Wellington tinha um soco armado e Renato o segurava pelo pescoço.
Hiure: eita porra, que isso?
Os dois veteranos se olham e recobram a postura séria.
Wellington: onde estavam!? Não respondem ao uivo, não atendem o celular, o que estavam aprontando!?
Victor: a culpa é minha, eles estavam indo me tirar de um buraco.
Os dois ficaram atônitos, não podiam acreditar no que seus olhos mostravam.
Wellington: Victor? Você... você está...
Victor: vivo? Estou, agora estou.
Renato: procuramos vocês por meses, achávamos que todos tinham morrido.
Victor: eu sei, mas esses garotos nos encontraram.
Renato: vocês?
Ryan: na verdade foi Hiure, ele tinha certeza de tudo, nós acompanhamos porque acreditamos nele.
Kaique: e no fim achamos milhares de sobreviventes e todos os Astros, nós convencemos eles de lutarem conosco.
Wellington: mas isso é... isso põe tudo ao nosso favor, aumento de números e só os Astros valem por mil, era o que precisávamos.
Victor: vocês tem garotos incríveis aqui, espero que saibam disso.
Renato: sabemos, bom, vocês precisam de um lugar pra ficar, vamos mostrar, venham rapazes.
Os três iam, mas Wellington segura o ombro do seu filho.
Hiure: que foi?
Wellington: me deixe ver.
Os brilhos vermelhos são mostrados, o pai já sabia.
Wellington: Hiure, eu lhe devo desculpas, por tudo, eu não confiei em você, tanto nas suas palavras quanto na sua força, eu estava tão preocupado em te manter a salvo que nem notei que você já não precisava mais ser protegido, se tornou um homem sem que eu nem percebesse, pode me perdoar por ter falhado tanto?
Hiure: você é o meu pai, é quem eu mais amo nesse mundo, eu passei a entender o fardo que você carregou, mas não precisa mais carregar sozinho, pode dividir comigo, tô aqui, pai.
O abraço foi forte, há muito tempo não tinham motivos pra um gesto tão puro.
Wellington: tenho algo pra você, o lobo vai até a mesa, abre uma gaveta e pega algo, então joga para o filho, era um cordão com placas, iguais as dos seus irmãos.
Wellington: tá lisa, amanhã você põe suas informações e sua patente, meus parabéns, Tenente Hiure Eduardo.
Hiure: tá brincando!?
Wellington: não, você já tem me dado provas da sua capacidade tem muito tempo, mas eu era cego, não sou mais.
Hiure: obrigado.
Os três foram comemorar, a notícia do retorno da alcatéia do Leste deveria ser contida o máximo possível, já a promoção do rapaz não teve, Hiure gritava aos quatro cantos sobre ser um Tenente, com seus irmãos ele bebeu e comeu feito um louco, eles até lutaram entre si de maneira boba e totalmente embriagada; pela manhã ele acordou com pé direito, saiu pra correr de manhã, voltou e fez o café da manhã, seus irmãos acordaram e viram tudo pronto.
Ryan: podia ter nos chamado pra ajudar.
Hiure: e correr risco de comer carvão? Tô fora.
Kaique: palhaço.
Ryan: acordou cedo.
Hiure: e já fui correr.
Kaique: tá animado assim por uma promoção?
Hiure: os aliados somam nas forças totais, com isso não há necessidade de aliados externos e se não precisamos de aliados externos...
Kaique: nada de casamento político, vai agora?
Hiure: já tô de saída, fui.
O mustang então dispara tendo o Oeste como destino, rapidamente chegou e ao chegar ele vê um carro luxuoso saindo da frente da mansão, lá estavam Maria e seu pai.
Helmar: só pode ser brincadeira, o que acha que está fazendo aqui!?
Hiure: tenho novidades.
Helmar: que tipo?
Hiure: encontrei os remanescentes do Leste, os Astros estão a caminho daqui.
Maria: o que, estão vivos?
Hiure: estão, logo vão estar todos aqui, são três mil lobos, não precisa mais se casar, eu resolvi tudo.
Maria: preciso sim.
Hiure: não, não precisa, os tios virão e aí...
Maria: a data já foi marcada, será no meio de dezembro.
Hiure: Maria, eu consegui, nós podemos...
Maria: não dá mais tempo... chora adentrando a casa.
Helmar: o que foi que você fez!?
Hiure: o que eu fiz, Helmar? Me diz!!
Helmar: amou minha filha acima de qualquer coisa, eu falhei com vocês.
Hiure: tarde demais pra isso, agora não dá mais tempo.
Helmar: ainda tem uma chance, a alcatéia do noivo é tradicionalista ao pé da letra.
Hiure: desafio da dominância? Ninguém mais faz isso, é do tempo do vô Branco e olhe lá.
Helmar: eles fazem, mas já aviso, o rapaz é perigoso, quer salvar minha filha? Então se prepare.
O plano foi decidido, o rapaz agora tinha que focar no seu preparo, precisava treinar e conhecia as pessoas perfeitas pra isso, depois de algumas semanas ele reuniu seus dois irmãos e chamou três irmãos também, Victor, Felipe e Marcos estavam no campo de treino.
Victor: por que a reunião.
Ryan: queríamos pedir um favor.
Felipe: qual exatamente?
Hiure: precisamos de treinamento, por favor.
Marcos: quer que treinemos vocês? Já tem o Loiro e o Bravo pra isso.
Kaique: o Alpha e tio Wellington já nos ensinaram muito, mas vocês também tem muito pra nos ensinar.
Marcos: acham uma boa ideia?
Victor: o pior que pode acontecer é eles desistirem, vamos ver.
O mais velho dos Astros iria dar aulas de esgrima, pegou duas espadas e entregou aos dois.
Ryan: quer que usemos isso?
Victor: é o intuito quando se entrega uma espada pra alguém.
Ryan: é que eu e armas não combinamos.
Victor: como assim?
Ryan: minha forma verdadeira é a lupin, não dá pra usar espada nessa forma, minhas armas estão na boca e na ponta de cada dedo. Diz sacando as presas e garras.
Victor: você acha isso? Então vem aqui.
Ryan: sim? Diz confuso.
Victor: quero ver essas tais armas.
O Tenente então se prepara, nesse momento Victor retira sua espada da bainha e corta as garras de Ryan e põe a lâmina na direção da boca dele.
Victor: manicure já foi, quer um tratamento dentário também.
Ryan: n... não senhor.
Victor: não precisam saber usar uma espada, não vou obrigar se não quiserem aprender, mas posso lhes ensinar a se defender de uma espada, o que acha?
Ryan: me parece bom, agradeço a oferta.
Hiure: a minha arte foi criada pra isso, já sei lidar com armas.
Victor: mas não armas usadas pelo melhor do mundo.
Hiure: tá certo.
Como era de se esperar, Victor era um mestre severo e inflexível, não tinha pena de desferir cortes profundo ou até de decepar orelhas e narizes, foi uma tarde quase insuportável, dentre os três quem melhor se saia era Kaique, seu treino e persistência deram resultados, se levantou depois de cada tombo e brandiu sua espada mais uma vez, Ryan se deu muito bem, sua agilidade e reflexos garantiram um resultado acima do esperado, já Hiure não foi muito bem, lidar de frente contra a espada de um mestre se mostrou complicado e muito doloroso, em seguida foi a vez de Marcos dar aula, sua maneira de ensinar era totalmente oposta a de seu irmão mais velho, era paciente e explicativo, auxiliou cada um nos seus pontos fracos e fortes, Ryan era um caçador há muito tempo, logo já estaria usando a técnica dos passos de caça, Hiure se dava bem com Marcos, sentidos e velocidade eram atributos indispensaveis para um caçador, o que dava trabalho a Kaique, agilidade não era seu melhor atributo e por fim foram até Felipe, era um mestre exagerado e bruto, sempre zombando das falhas dos seus alunos, Hiure dessa vez se deu muito bem, treino físico básico era sua especialidade, Kaique o acompanhava de perto, sempre se orgulhou do poder físico, o que não era o caso de Ryan, mas esse não estava disposto a desistir.
A noite eles decidiram sair pra caçar um pouco, foram os três e os dois mordidos, mais riram do que de fato caçaram, até que o vento trouxe um cheiro, eram cheiro de lobo, vários.
Hiure: invasores.
Samuel: o que? Aqui?
Petherson: quem teria coragem de invadir o território de um Grande Alpha?
Ryan: sempre tem um maluco.
Kaique: e são nessas loucuras que nos divertimos, não há leis que protejam invasores.
Samuel: então podemos...
Hiure: acabem com eles.
Os dois partem com tudo, os três irmãos seguem rindo, até que um após o outro eles notam algo que passou despercebido.
Kaique: parem, vocês dois, não ataquem!!
Os dois saltam com toda a força, mas são recebidos por golpes que os derrubaram e uma pata enorme pressionou o crânio de um e o tórax do outro, era um enorme hispo de pelo marrom.
????: mordidos? Só pode ser brincadeira.
Hiure: brincadeira digo eu!! Rosna saltando e chutando já na crinos.
Os dois lobos se encaram, garras e rosnados, eles se atracam numa briga até que o hispo derruba Hiure e põe a pata em seu peito.
Hiure: Rodolpho?
Rodolpho: como... Hiure?
Hiure: não acredito.
Os demais surgem transformados também.
Rodolpho: Kaique, Ryan?
Hiure: esse é...
Ambos em uníssono: RODOLPHO!!
Os quatro irmãos voltaram a forma humana e se vestiram, era inacreditável para os três.
Rodolpho: voltei.
Os mais novos abraçam o mais velho, riram e choraram.
Rodolpho: pra que tanta comoção?
Kaique: seu idiota gelado, achamos que você estava morto!!
Rodolpho: o que?
Ryan: você sumiu do nada, não tínhamos notícias, nem seus pais souberam nos informar sobre você.
Rodolpho: tive motivos pra isso, mas antes, qual é a dos dois mordidos?
Hiure: a Coalisão recrutou mordidos para aumentar nossos números, esses são Samuel e Petherson, meus homens.
Rodolpho: seus?
Hiure: sou Tenente, todos aqui somos.
Rodolpho: e alphas também, tem tempo?
Kaique: meses, tivemos uns obstáculos, mas demos um jeito, agora olha pra nós.
Rodolpho: imagino e vocês, o que estão olhando!?
Samuel: a... é... nós só...
Rodolpho: fala pra fora.
Petherson: eles sempre falam de você e agora entendemos, você derrubou o Tenente fácil.
Hiure: ei!?
Rodolpho: foi meio fácil, esperava mais de você depois desse tempo todo.
Hiure: vai pra merda.
Ryan: acabamos de nos reencontrar, vamos começar uma briga?
Rodolpho: Ryan tá certo, aliás eu preciso falar com o Alpha, mas antes disso eu quero explicar tudo pra vocês.
Hiure: sua casa?
Rodolpho: pode ser, mas os mordidos não.
Hiure: eu confio neles.
Rodolpho: mas eu não, um dia, quando for merecido, até lá...
Hiure: foi mal.
Samuel: tá tudo bem, ele teve uma atitude melhor do que a sua.
Petherson: sem contar que é assunto de irmãos.
Os quatro tomam o caminho da casa dos pais de Rodolpho, ele entra primeiro e acende a luz.
Rodolpho: está tudo igual ao que eu me lembro, não mudou quase nada... acho que só eu mesmo que mudei.
Ryan: a alcatéia fez questão de manter tudo limpo, é a casa de um Medeiros.
Rodolpho: esse nome, esse respeito é parte da razão do meu sumisso.
Kaique: como assim?
Rodolpho: o Alpha confiou a mim uma missão, uma missão importante.
Hiure: qual?
Rodolpho: recrutamento nacional, eu tinha ordens para achar, recrutar e trazer lobos para se juntar a Coalisão, me deram um prazo de oito meses, aqui estou.
Kaique: recrutamento? Você chegou sozinho.
Rodolpho: eles vieram de frente, aconteceu uma coisa, é isso que eu quero contar.
Ryan: tá certo, pode contar.
Rodolpho: assim que eu sai fui para as proximidades de Lupina primeiro, mas não encontrei nada, aos poucos fui me distanciando, saí do estado, fui para São Paulo, Minas, Espírito Santo, quando notei estava a caminho da Bahia e sem um único lobo me acompanhando, até que encontrei um trio de betas disposto a vir, depois disso eu fui tendo sorte com números, mas não encontrava nenhum alpha, na verdade só fui encontrar uma alpha em Recife.
Hiure: alphas são raros fora das grandes alcatéias.
Ryan: espera, uma alpha?
Rodolpho: Rebeca, eu lembro de ter perdido a voz quando a vi e fiquei pior quando soube que era uma alpha, no começo ela me detestou, mas... mas as coisas foram mudando.
Hiure: uma loba especial.
Rodolpho: a pele da cor do bronze, cabelo curto, um sorriso feroz e uma personalidade mais feroz ainda, mas por baixo de tudo eu encontrei um amor forte.
Kaique: Rodolpho falando de amor, essa loba é inacreditável.
Rodolpho: pode apostar, eu segui com a missão, queria evoluir os betas o máximo possível, logo eu estava bem acompanhado e foi quando soube que Rebeca estava grávida e teríamos uma filha.
Ryan: filha!?
Rodolpho: minha pequena princesa, ela nasceu quando estávamos voltando, era uma noite de chuva forte, estávamos num lugar que nem da pra chamar de cidade, íamos tentar fazer o parto em Vitória, mas Rebeca não aguentou, uma parteira fez o parto da minha filha e a entregou nos meus braços, disse que a criança foi sabia de nascer ali e por isso eu a chamei de Atena, minha pequena Atena.
Hiure: é um belo nome e onde elas estão?
Rodolpho: ela é mais uns oitenta lobos estão numa cidade divisa entre Espírito Santo e o Rio.
Kaique: por que? Eles não virão?
Ryan: elas duas terão lugar aqui, sempre.
Rodolpho: elas não pertencem a nenhum lugar, é isso que quero contar, três semanas atrás quando eu e minha alcatéia estávamos chegando perto começamos a perceber que estávamos sendo seguidos, dividi meus lobos, um grupo de quarenta iria seguir pra cá e os demais oitenta ficariam comigo para barrar os perseguidores, eram vampiros, muitos, centenas, nós começamos a lutar meia noite, lutamos por três, talvez quatro horas, dos oitenta só trinta e dois sobreviveram, mas vencemos, seguimos em frente em ritmo lento, estávamos cansados, mas aliviados, até que vimos o primeiro corpo...
Com essa última parte os demais irmãos assumiram uma expressão de recusa e descrença.
Rodolpho: mais e mais corpos, os que eu mandei seguir em frente... nós que ficamos pra trás fomos segurados, meus omegas caídos sem vida, um dos alphas segurando minha loba e minha filha nos braços... minha pequena... minha Atena... minha filha... Fala sem ar e chorando tremendo.
Os irmãos abraçam o mais velho, ele que sempre foi um pilar agora estava abalado.
Rodolpho: naquela hora eu perdi o controle e a transformação veio do nada, não era como a hispo de sempre, aquilo era pior, mais animal, mais perigoso, eu não vi nada, não lembro de muita coisa, lembro dos gritos, do cheiro de sangue, me lembro de ver animais correndo de mim e de faróis, faróis fortes e uma buzina, depois disso eu estava fraturado e bebendo água, ainda naquela forma, eu não a reconheci como minha, não sei quanto tempo fiquei assim, mas cheguei numa cidade chamada Lúpus Agri.
Ryan: mas essa cidade é...
Hiure: conheceu ela.
Rodolpho: ela me falou de você, dos seus feitos, da sua busca, foi aí que notei que precisava voltar pra casa, eu ainda tinha muito o que fazer é memórias para honrar.
Hiure: não as conhecemos, mas tivemos cunhada e sobrinha.
Ryan: e essas perdas não serão vazias!!
Kaique: vamos lutar e vamos nos vingar por elas, pode acreditar nisso.
O mais velho confiou na convicção dos seus irmão, mas não eram só flores, ele ainda devia se apresentar aos seus superiores e com eles o rapaz se encontrou.
Wellington: você mudou bastante, devo admitir.
Rodolpho: vim me apresentar formalmente aos senhores.
Wellington: mas não antes de falar com os seus irmãos, não é?
Rodolpho: eu tinha uma certa pendência e precisava resolver isso.
Wellington: qual o seu relatório?
Rodolpho: minha missão de recrutamento nacional foi um meio termo, consegui recrutados um total de cento e vinte lobos, mas só consegui trazer trinta, me perdoem.
Wellington: um total de dez recrutadores foram despachados para essa missão, desses dez só seis voltaram, num total de duzentos e setenta e sete recrutados, nossas expectativas eram de pelo menos mil, concluindo assim um fracasso de 72,3%, acima de 70 significa que foi inútil.
Rodolpho: eu peço desculpas pelo meu erro.
Wellington: você não me deixou concluir, desses duzentos e setenta e sete, apenas vinte eram mordidos, betas ou omegas, o restante eram todos alphas e muito bem treinados, dos mil estimados levamos em conta cerca de 40% de lobos realmente fortes, em vez disso tivemos quase 90%, então pode considerar isso como um sucesso pelo ponto de vista qualitativo.
Rodolpho: e qual a conclusão?
Renato: que é bom ter você de volta, Capitão Medeiros.
Rodolpho: como assim?
Wellington: viajou, recrutou lobos, os treinou, lutou e voltou, você é merecedor.
Rodolpho: mas eu...
Renato: só aceite, bem vindo de volta, garoto.
Aquilo foi firmado, o mais velho dos irmãos se tornou responsável por trezentos lobos que o seguiriam, assim foi firmado, os quatro irmãos reunidos novamente.
Duas noites depois os quatro foram convocados.
Renato: sabem o motivo e estarem aqui?
Hiure: não. Fala como se fosse óbvio.
Renato: vocês são os lobos mais fortes das suas idades, sendo comparados a lobos mais velhos, quatro alphas especialistas em seus estilos de luta e aptidões, Rodolpho, um combatente fera, Ryan o melhor caçador e um dos poucos a alcançar a forma lupina ainda tão jovem, Kaique o melhor usuário da forma glabro dentre todos e ainda um dos meus melhores espadachins e Hiure o melhor lutador treinado dentre todos.
Kaique: obrigado por todos os elogios, mas sei que não nos chamou só pra isso.
Renato: exato, vocês não só são ótimos em combate, mas em treinamento e trabalho em equipe também, esses dois são a prova disso, por todos os méritos eu lhes confiarei uma missão de infiltração.
Hiure: sério!? Tá falando sério mesmo!? Diz animado.
Renato: sim vocês vão em três noites sob a lua crescente.
Rodolpho: obrigado pela confiança.
Renato: você vai liderar, alguma objeção ou dúvida?
Todos: não senhor! Gritaram firmes em uníssono.
A tão esperada noite chegou, todos se prepararam e foram, levaram cada um dois lobos, a missão era conseguir qualquer informação significava, eles enfim vão, vagaram nas sombras por horas até que se aproximaram de um vampiro que não notou até ser muito tarde, eles o levaram para um galpão velho que Hiure conhecia.
Vampiro: vocês só podem estar com merda na cabeça!!
Rodolpho: nós temos perguntas e você as respostas.
Vampiro: não vou falar nada pra um vira lata!!
Rodolpho: vai, vai sim, o meu irmão caçula vai vir aqui, estamos em quatro irmãos e você vai responder pra um de nós.
O caçula então troca com o mais velho, ele entra estalando os dedos da mão.
Vampiro: vai me bater? Qual é?
Hiure: bater só vai te deixar atordoado e sem capacidade de fala, eu vou quebrar você se não me disser o que ei quero saber.
Vampiro: vai em frente.
Hiure: quantos vocês são?
Vampiro: vai pro inferno.
Hiure: Vladimir está recrutando mais? Pergunta serrando os punhos.
Vampiro: morra.
Hiure: quantos oficiais? Pergunta contraindo o maxilar.
Vampiro: vai se fuder.
Um golpe então esmaga a clavícula do vampiro e ele grita de dor.
Hiure: vai gritar mais do que um rockeiro no show do AC DC e ninguém vai ouvir, responde a pergunta.
Vampiro: vai pro caralho seu lobo de me...
Outro golpe, dessa vez contra as costelas, assim continuou por dez minutos, no total foram vinte e três fraturas e nenhuma resposta, logo depois veio Kaique.
Vampiro: você é o lobo bom?
Kaique: não, eu sou o lobo pior, você tá bem ferrado, isso tudo pode acabar, basta responder.
Vampiro: eu não vou entregar os meus...
Kaique: lealdade é um traço nosso e não de vocês, vocês são sobreviventes parasitas, matam um ao outro se necessário, há uma chance de você sobreviver, me diz o que eu quero saber.
Vampiro: eu não vou falar nad...
Um corte no olho, seguido de outro no peito.
Kaique: posso te cortar mil vezes sem te matar, ou posso te deixar ir, depende de você.
Vampiro: então vai ter que cortar ainda mais fundo.
Logo entrou Ryan, ele tinha uma sacola que o vampiro pôde sentir o que era.
Ryan: alho triturado dissolvido na água com sal, um bom tempero e um ácido para a sua espécie.
Vampiro: até que enfim alguém inteligente.
Ryan: quantos vocês são?
Vampiro: não é da sua conta.
O rapaz joga um pouco no rosto do vampiro, subiu um vapor.
Ryan: qual o plano do Vladimir!?
Vampiro: eu não sei!!
Outra vez, dessa vez nas costas.
Ryan: perdi muitos nessa guerra, não conte com a misericórdia de um lobo, diz alguma coisa que valha à pena!!
Vampiro: eu não sei...
Ele o deixa e sai, lá fora os irmãos debatiam.
Ryan: ele não fala.
Rodolpho: ele vai falar, tenho certeza.
Hiure: eu quebrei ele, Kaique cortou e Ryan jogou ácido, o que mais dá pra fazer?
Rodolpho: aquilo.
Um dos lobos de Rodolpho trazia uma garota vampira.
Hiure: o que tá planejando?
Rodolpho: ele tinha uma foto dela na carteira.
Samuel: vamos torturar garotas agora?
Rodolpho: não pedi a opinião de um mordido raso.
Hiure: pega leve.
Rodolpho: eles são o inimigo.
Kaique: mas não ferimos mulheres, sabe disso.
Rodolpho: nas linhas inimigas haverão mulheres, todas dispostas a cravar uma estaca de prata na cara de cada um de nós!!
Hiure: é diferente.
Rodolpho: não pra mim, não tenho pena de assassinos de mulheres e crianças.
Ryan: então é por elas?
Rodolpho: elas valiam um milhão dessa aqui!!
Hiure: e uma loba assim iria concordar com isso!?
A discussão não deu em nada, Rodolpho levou a vampira e os irmãos seguiram ele.
Vampira: Sara!? Não, o que vocês estão fazendo!?
Sara: Vinicius!?
Rodolpho: dando motivação, responde as perguntas, Vladimir ainda recruta?
Vinicius: não...
Rodolpho: quantos vocês são!?
Vinicius: não...
Rodolpho: qual os seus oficiais!?
Vinicius: não, não, não!!! Eu não posso dizer!!!
Rodolpho: então também não precisa viver!!
O lobo ataca o vampiro, o derruba no chão e suas enormes garras surgem até que um grito soa.
Sara: vinte mil!!!
Os três irmãos olham para a vampira.
Sara: ele parou de recrutar porque não precisa...
Vinicius: Sara, não faz isso!!
Sara: ele chamou três filhos depois da morte de Leonard.
Ao ouvir tais coisas todos se assustaram.
Ryan: esse tal Leonard era da elite dos vampiros, estava entre os mais poderosos.
Kaique: mas o velho matou ele.
Rodolpho: e agora vieram mais três no mesmo nível que ele e ainda tem os outros dois que não morreram.
Hiure: são cinco comandantes e mais o vampiro mestre.
Vanicius: Sara, por que?
Sara: por você, por nós...
Rodolpho: você jura que está falando a verdade?
Sara: eu juro por Dracula, agora soltem ele, eu fiz o que me pediram.
Rodolpho: trato é trato.
O Capitão sai de cima do vampiro e a garota corre para os braços do namorado.
Sara: você esta bem?
Vinicius: não deveria ter feito isso, por que não deixou ele acabar comigo?
Sara: o que eu faria sem você aqui?
Vinicius: eu valho tudo isso?
Sara: vale o mundo inteiro...
Um disparo soa e sangue começa a escorrer da boca dela, uma loba de Rodolpho efetuou o disparo, Vinicius abraçou o corpo já sem vida antes que tomasse.
Vinicius: O QUE VOCES FIZERAM!!?
Rodolpho: o mesmo que vocês, a diferença é que eu vou reunir os dois!!
As garras do Capitão rasgam o peito do vampiro que tomba sob a namorada, os demais irmãos estavam paralisados.
Rodolpho: disse que os reuniria, não que os deixaria viver.
Kaique: isso foi cruel!!
Rodolpho: não muda nada, temos a informação, sucesso.
Hiure: e a que custo? Nos tornarmos aquilo contra o que lutamos?
Rodolpho: eu fui clemente, eu tirei a dor dele, não terá que passar a vida lembrando do que perdeu, além disso, sem pontas soltas.
Ryan: tinha que ter outro jeito.
Rodolpho: é uma guerra, sangue já tem sido derramado, vai ser ainda mais, assim que Vladimir morrer, todos os transformados vão junto, eles iriam de um jeito ou de outro, ao menos foram úteis pra nós.
Hiure: isso foi baixo!!
Rodolpho: está questionando minha autoridade, Tenente? Pergunta se aproximando.
Assim os três foram rendidos pelo irmão mais velho.
Kaique: e agora?
Hiure: vamos voltar, essa informação é valiosa, já bastou.
Eles já estavam de volta no entanto sete vampiros alados o cercaram e lutaram, foi uma luta rápida e intensa, mas eles conseguem fugir, faltava mais cinco quilômetros para eles chegarem no território Sul, eles pararam em um lugar para descansar um pouco.
Samuel: malditos demônios.
Hiure: sim, mas nós vamos conseguir.
Petherson: é, vocês vão.
Ryan: quis dizer nós.
Samuel: não. Diz tirando a mão que cobria um ferimento no abdômen.
Petherson: você também né? Diz em meio a gemidos.
Samuel: perfuração no fígado e no intestino e você?
Petherson: perna dilacerada. Diz rindo.
Hiure: por que não me disseram nada!?
Samuel: e atrasar todos e comprometer a missão?
Ryan: vocês podem se curar disso.
Petherson: mas precisaríamos de tempo, algo que não temos.
Samuel: não podemos correr por mais cinco quilômetros, mas ainda podemos lutar contra eles.
Rodolpho: vão morrer desse jeito.
Petherson: vamos ganhar tempo pra vocês.
Hiure: não, vamos lutar com eles e depois nós... Diz desesperado antes de ficar inconsciente.
Rodolpho o golpeou pelas costas o desmaiando.
Samuel: valeu Rodolpho, cuida dele?
Rodolpho: sim e vocês?
Petherson: aqui nos despedimos, vão lá.
Eles partem, mas Rodolpho fica mais um pouco.
Rodolpho: senhores, foi um prazer.
Samuel: isso vale muito.
Petherson: ganhem essa maldita guerra!
Os quatro partem, Rodolpho carregava seu irmão mais novo.
Samuel: vai ser nossa última luta.
Petherson: vamos fazer bonito.
Os dois uivam pra chamar os vampiros, que chegaram em pouco tempo, os dois lobos atacam ferozes e gargalhando, mas logo são pegos.
Vampiro 1: fale cão maldito.
Samuel: pro caralho parasita.
Vampiro 1: sabe que posso te matar não sabe?
Samuel: tenho dois órgãos perfurados e uma hemorragia terminal, minha morte já vem. Diz rindo e tossindo sangue.
Vampiro 2: e se eu matar esse daqui? Diz olhando para Petherson enquanto o erguia pelo pescoço.
Petherson: aquele seu amigo ali com as garras de prata dilacerou minha perna e uma artéria importante, eu sou um beta mordido, vou morrer de hemorragia também. Diz rindo.
Vampiro 1: vocês nunca nos venceriam assim.
Samuel: sabíamos disso, a intenção não era vencer vocês seus imbecis. Diz zombando.
Vampiro 2: era criar uma distração! Vociferou entre os dentes.
Petherson: e vocês caíram direitinho, bando de babacas.
Vampiro 2: eu vou te matar! Grita em fúria.
Samuel: vai em frente, nosso único arrependimento é não poder cuspir nos cadáveres de vocês. Diz cuspindo sangue no vampiro.
Vampiro 1: cão imundo.
Samuel: ao menos cuspir eu pude. Diz rindo zombando.
Petherson: vivemos como queríamos. Diz olhando para Samuel.
Samuel: morreremos como merecemos, vai em paz meu amigo.
O vampiro então quebra o pescoço de Petherson que morre na hora.
Vampiro 1: sua vez.
Samuel: tô chegando. Diz olhando para o céu.
O vampiro atravessou o peito dele destruindo o coração.
Rodolpho e os outros chegaram no território, o mais velho põe Hiure no chão e olha para os demais.
Rodolpho: vão.
Ryan: o que você vai fazer?
Rodolpho: trazer nossos heróis para casa, cuidem dele.
Rodolpho correu com toda a força e na forma hispo e fez os vampiros em pedaços.
Rodolpho: vocês terão enterros de heróis.
Enquanto Rodolpho estava ausente Hiure acordou e tentava lembrar do ocorrido, pelo pouco que se lembrou, ele deduziu que seu irmão foi salvar os dois lobos, Rodolpho então volta carregando os dois nas costas.
Hiure: eles estão bem? Vamos levar os dois para a enfermaria.
Rodolpho: Hiure, eles estão mortos. Diz pondo os dois deitados no chão.
Petherson tinha seu pescoço visivelmente fraturado e Samuel tinha um buraco no peito.
Hiure: não! NÃO!!!! Grita em desespero.
Ryan: ao menos foi para um bem maior.
Hiure: bem maior? Eles foram treinados por mim, eram meus betas e agora estão mortos! A culpa é toda sua. Diz apontando para Rodolpho.
Rodolpho: como disse?
Hiure: por que não salvou eles? Por que não os impediu? Um dos melhores alphas é o caralho, não foi capaz de salvar dois betas. Diz chorando e socando o rosto do irmão.
Rodolpho: você treinou eles, estavam dispostos e prontos para qualquer coisa, sabiam dos riscos. Fala capturando o último soco direto irmão.
Hiure: eles eram meus...
Rodolpho: e você fez um bom trabalho, mas lidar com a perda de soldados faz parte de ser um oficial.
Kaique: não podem ser enterrados de qualquer jeito.
Ryan: graças a eles conseguimos chegar aqui, são heróis mortos em combate.
Hiure: sim, são heróis.
Na mesma noite foi feito o enterro, toda a divisão de Hiure, seus irmãos, seu pai e o Alpha estavam presentes, todos uivaram em choro pelos que se foram, seus nomes foram gravados no hall dos heróis.
Renato: sinto muito rapazes, mas saibam que essas mortes não foram em vão, agora temos uma nova notícia sobre nossos inimigos e devemos tudo a eles.
Palavras e discursos póstumos foram proferidas, mas nada amenizava a dor e a culpa, por semanas o fantasma da falha perseguiu o jovem Tenente, aquela não foi uma boa época para Hiure, ele começou a se embriagar toda a noite, bebia de tudo.
Hiure: ei Adão, me vê uma garrafa de whisky de lobo.
Adão: Hiure, meu garoto já chega disso.
Hiure: eu tô pagando não tô? Me dá logo a maldita garrafa. Exige já embriagado.
Ele pega a garrafa e vai bebendo até a casa dele, ao entrar, Hiure nota não estar sozinho, ele desvia de alguns golpes e empurra o agressor, se distanciando ele acende a luz e então consegue ver, Maria era a agressora, ela usava short curto branco e uma camiseta cinza maior do que ela, seu cabelo estava solto.
Hiure: que merda é essa? Diz com voz arrastada.
Maria: eu te dando um jeito. Diz tentando acertar golpes nele.
Hiure: sai daqui, me deixa sozinho. Diz pegando ela pelo punho.
Maria: me obriga! Diz chutando o rosto dele e a garrafa.
A garrafa de whisky vôou, quando ia cair, Maria a chutou contra o rosto de Hiure a fazendo em cacos.
Hiure: isso doeu. Diz retirando um grande caco de vidro do rosto.
Maria: é o único jeito de te fazer para de beber.
Hiure: o que é que você quer comigo!?
Maria: vim te ajudar.
Hiure: e eu pareço precisar de ajuda? Fala irritado.
Maria: quer mesmo que eu responda? Fala levantando uma sobrancelha.
Hiure: pode ir embora? Pergunta com voz cansada.
Maria: NÃO!!
Hiure: vai logo! Insiste gritando.
Maria: Hiure Eduardo eu não vou!! Impõe firme.
Hiure: você só usava meu nome assim quando estava muito irritada. Diz com um sorriso fraco.
Maria: não foi minha intenção gritar, só quero ajudar você. Fala com voz mais calma.
Hiure: eu não sei ser ajudado, eu só sei ajudar, é pra isso que eu nasci.
Maria: acredita mesmo nisso? Pergunta com olhar de curiosidade.
Hiure: Eduardo significa guardião de riquezas, um protetor é isso que eu sou e eu falhei. Diz de cabeça baixa.
Maria: todos falhamos um dia, eles fizeram a escolha deles, é isso que move o mundo, escolhas, é como na sua filosofia do xadrez, jogamos contra o destino ou o acaso, cada jogada nossa é uma escolha e as jogadas do oponente são as consequências de tais escolhas.
Hiure: você ainda lembra disso? Eu tô cansado de jogar sozinho. Fala exausto.
Maria: você não está sozinho. Fala acariciando o rosto dele.
Hiure: todos estão me julgando, já se esqueceram o que eu passei.
Maria: eu não estou e eu não esqueci.
Hiure: você é a única, ou melhor você é única. Diz olhando nos olhos dela.
Maria: lobo bobo.
Hiure: seu bobo, só você verá esse meu lado. Diz se aproximando dela.
Maria: não diz isso que eu fico envergonhada. Diz corada.
Hiure: fica comigo tampinha?
Maria: não posso.
Hiure: pode sim. Diz a beijando.
Ela tentou, mas não resistiu, ajudou o lobo com o machucado, fez algo bem pesado pra comerem, assistiram um filme de comédia e acabaram por aos poucos cair no sono.
Hiure: você é minha não é? Diz a abraçando.
Maria: eu não sou de ninguém.
Hiure: tem certeza? Pergunta a beijando.
Maria: eu sou sua.
Hiure: essa é a minha garota. Fala satisfeito com as palavras dela.
Maria: você também é meu?
Hiure: nem precisa precisa perguntar, sou seu tem muito tempo. Diz a beijando na testa.
Já era de manhã, Maria nota estar sozinha e na cama, ela desce as escadas correndo imaginando o pior, mas quando chega na cozinha vê Hiure de costas e sem camisa fazendo café.
Maria: já acordo com essa visão e esse cheirinho de café. Diz beijando o rosto dele.
Hiure: só o melhor pra você, e eu também estou tendo uma bela visão. Diz beijando e se referindo as poucas roupas que ela usava.
Maria: nunca te vi fazendo café.
Hiure: ainda bem que caprichei, fiz do seu jeito, pouco açúcar e com canela. Diz lhe dando uma xícara.
Maria: você se lembra!? Diz sorrindo e pegando a xícara.
Hiure: claro. Diz se sentando a mesa com ela.
Maria: Hiure...
Hiure: oi tampinha. Diz carinhoso.
Maria: eu tenho que dizer uma coisa, preciso dizer e eu sei que vou me arrepender se eu não disser.
Hiure: pode falar Maria.
Maria: eu te... Eu te amo Hiure, eu juro que me arrependo de ter feito essa burrada de casamento.
Hiure: eu também te amo minha linda, pode deixar que o assunto vai ser comigo. Diz romântico e ao mesmo tempo imponente.
Maria: o que vai ser de nós dois? Nos amamos, mas tem tantos obstáculos. Diz triste.
Hiure: saiba que eu vou quebrar todos eles, por você toda a luta vale a pena ser lutada.
Maria: o maldito casamento está cada vez mais perto.
O lobo a abraça protetor, sabia o que deveria fazer, ela confiava nele e ele deveria retribuir a confiança dela.Continua...
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Presas e Garras
Про оборотнейEm uma cidade do Rio de Janeiro chamada Lupina existem quatro alcatéia dominantes, a cidade foi dividida pelos antigos Alphas, na alcatéia do Sul vivem os quatro jovens principais, Rodolpho, Ryan, Kaique e Hiure eram mais do que amigos, verdadeiros...