Causa e efeito

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A escuridão e tristeza da perda cobrem os alí próximos, ninguém soube como lidar, só a dor era sentida, até que uma voz inocente e cheia de esperança surge.
Heitor: onde tá minha irmã?
Hiure abaixou a cabeça sem ter forças pra falar, Vaneska ainda chorava, Helmar olha para o filho com peso no olhar, o rapaz então começa a entender o que estava acontecendo, uma mão pousa em seu ombro.
Wellington: eu... eu sinto meu garoto. Lamenta entristecido.
Heitor o olha transtornado e confuso, ele então dá as costas e tenta sair, mas seu braço é segurado.
Hiure: Heitor eu...
O jovem lobo fechou o punho e soltou um soco na face do mestre sem se segurar, Hiure foi derrubado pelo golpe, todos se surpreendem com o ato do rapaz, mas este não para, segura Hiure pela gola da camisa e continua a socar o rosto do mestre.
Heitor: você estava na luta!!! Por que não salvou ela!!? Você jurou que ia proteger ela!! Onde estava o todo poderoso Pelo Negro quando a minha irmã precisou!? Diga, diga alguma coisa! Coronel uma merda que é!! Fala alguma coisa!! Grita batendo sem parar.
Hiure não reagiu, se protegeu ou se quer olhou para Heitor, o mesmo continuou batendo e chorando até que alguém segura seu pulso, ele se vira e se surpreende, Vaneska segurava o braço do filho.
Vaneska: filho, chega, não vê? Ele é quem mais está sofrendo, estava lá, jurou que ia proteger ela e não conseguiu salva-la, deixa ele filho. Pede ainda chorando.
Heitor solta Hiure e sai do recinto, Vaneska ajuda o lobo a se levantar.
Hiure: devia ter deixado, ele estava certo, eu fracassei e isso custou a vida dela.
Vaneska: ela estava disposta a qualquer sacrifício pelo bem maior e estava ciente dos riscos, minha filha era corajosa.
Hiure: a melhor que eu já vi.
O lobo abraça Vaneska ainda fragilizada, Wellington dava seus pêsames ao Grande que se continha ao máximo, Pelo Negro olha para o que sempre foi visto como uma muralha, agora abalado e imerso à dor, o lobo vai até ele e estende a mão, Helmar retribui e um abraço forte surge.
Helmar: ela lutou bem?
Hiure: como eu nunca tinha visto antes, teve um ótimo mentor, ficaria tão orgulhoso quanto eu estou agora.
Eles se soltam e cada um segue seu rumo, do lado de fora estavam os dois irmãos e Kaique, carregavam o corpo do velho Connor, os demais Astros lamentavam a perda do veterano, Hiure sai da enfermaria e vai até os companheiros ainda sem saber de nada, foi em busca de algum amparo da sabedoria do velho mestre, mas ele vê seu irmão e sua amiga chorando, Connor repousava nos braços do filho, o caçula olha para o irmão que tinha um peso enorme no olhar, ele novamente cai em choro, sua melhor amiga e seu mestre numa única noite, o Coronel abraça em silêncio a amiga que nada precisou dizer.
Kaique: como isso foi acontecer?
Nat: noite maldita.
Ryan: perdemos nosso mentor.
Hiure: não só ele. Fala sério.
Bryan: ela...
Kaique: o que houve?
Hiure: Maria foi envenenada e...
Nat: não, ela também não! Ancestrais!!! Grita em fúria e tristeza.
Kaique: irmão eu... eu sinto muito.
Os três irmãos se abraçam em solidariedade, as perdas foram severas demais, um mestre e uma companheira de longa data, Rodolpho ficou indiferente, preferiu não se aproximar e lidar sozinho com tudo aquilo, Daniel teve pouco tempo entre eles, mas ele era um Astro também e a dor foi sentida por ele, Criso sentiu a perda do veterano, este o salvou há anos e lhe deu a liberdade também, César respeitava ambos os falecidos profundamente, Bryan se tornou um Astro e fez amizade com todos, este também admirava muito o veterano, Pérola e Maria haviam feito as pazes a pouco tempo e Connor era uma figura que representava uma resistência da causa de todos alí, Wellington, Lois e Sofia sentiam um peso profundo pela perda do mentor e veterano, Maria fez parte da vida de todos eles e Connor os treinou quando eram jovens assim como treinou Davi e Apolo, Victor o tinha como um rival em sua juventude, mesmo depois da derrota do veterano, nunca houve falta de respeito em momento algum de suas vidas, mas na mente de muitos só vinha uma única pessoa, Ítalo, seus avós e pai só pensavam nele, este estava sob os cuidados de um lobo da alcatéia do Bravo.
Hiure: os enterros serão pela manhã, os preparativos serão feitos por toda a noite, homenagens serão feitas, são heróis.
Helmar: Pelo Negro está certo, Connor e minha filha serão honrados como merecem.
Cada um seguiu por um caminho, Pérola foi atrás do namorado, mas este dispensou ajuda e pediu desculpas por isso, Hiure liberou o lobo e passou a noite com o filho, mas em momento algum dormiu os corpos de ambos foram preparados, rochas foram lapidadas e gravadas com mensagens de honraria, pela manhã todos se prepararam e foram dar as últimas homenagens aos falecidos, todas as alcatéias reunidas, assim como os aliados, a frente estavam os familiares e os mais próximos dos falecidos, Vaneska foi a frente para discursar.
Vaneska: há vinte anos eu me tornei mãe, não sabia o que fazer, mas meu instinto me guiou, vi meu bebê se tornar uma doce garotinha e vi a garotinha se tornar a brava Valquíria, neste momento me orgulho como líder, mas meu coração de mãe chora.
Salazar foi o próximo a discursar sobre a perda.
Salazar: eu era um lobo de rua quando ele me adotou e treinou, mesmo eu me desviando do bom caminho ele nunca desistiu de mim e me deu redenção, obrigado pai.
Hiure foi o último, falaria sobre os dois.
Hiure: ela foi meu primeiro amor, lutamos um pelo outro, evoluímos juntos, brigamos muitas vezes e até de um filho nós cuidamos juntos, foi a pessoa que eu mais confiei nesse mundo, vou sentir sua falta tampinha.
Suas palavras eram verdadeiras, ninguém duvidava disso, mas as mesmas revoltaram Heitor, que não se conformava com aquilo.
Hiure: Connor deu respostas à várias perguntas e até mesmo para questões que nem havíamos pensado, ele guiou a mim e aos meus dois irmãos, graças a ele somos o que somos hoje, mais do que nosso veterano ou mestre, era nosso grande exemplo em tudo, parte da família, Pelo Branco, Viajante e Andarilho eram lendas, hoje o último deles se junta aos demais num lugar que só homens como eles alcançam, além do céu, hoje choramos tristes, mas os Ancestrais os recebem de braços abertos, uma salva de palmas aos heróis lendários.
As palmas duraram quase uma hora sem parar, Hiure pega o filho no colo e os caixões descem, a terra é jogada lentamente.
Ítalo: papai, por que estão fazendo isso com a mamãe? Pergunta inocente.
Hiure: meu filho. Fala o abraçando forte.
Ítalo: se fizerem isso a mamãe não vai mais lutar e nem brincar comigo.
Hiure já nem pensava em se conter, apenas deixou sair.
Ítalo: papai não deixa!! Não enterra minha mamãe!!!
Todos os próximos sentiam o peso das palavras do pequenino, Bryan cobriu o rosto, Nat tinha as mãos trêmulas, mas estas foram seguradas por seu irmão e namorado, Vaneska abraçou o esposo chorando, este só chorou, era um misto de perda e orgulho pela grande mulher que sua filha se tornou.
Dor, outra palavra não poderia ser mais objetiva nessa situação, tudo ficou cinza e triste, o dia foi de luto, ninguém correu, lutou ou se quer rosnou, a noite veio sem ao menos ser percebida direito, nem mesmo a bela lua cheia levantou o espírito dos lobos, o pequeno nem quis comer, mesmo com as insistências e tentativas do pai, seu olhar triste cortava o coração, Hiure o pega no colo e beija sua testa e ambos vão para a cama.
Ítalo: quando eu vou ver a mamãe?
Hiure: meu filho ela se f...
O lobo se impede de continuar ao ver a dor insuportável que uma criança tão pequena estava sentindo.
Hiure: a sua mamãe está com a minha, elas estão num lugar lindo, mas é muito longe.
Ítalo: e podemos ir ver elas?
Hiure: podemos sim, uma mãe nunca deixa o filho, ela vai estar sempre com você, como a vovó sempre está com o papai.
Ítalo: quero ver a mamãe.
Hiure: vamos então, deita e dorme com o papai, vamos ver a mamãe.
Ítalo se aconchegou nos braços do pai e ouviu algumas histórias dos seus pais até que por fim caiu no sono, logo depois foi a vez do Coronel, em meio ao sono, não demorou muito para imagens surgirem, ele se viu numa mansão familiar, mas não reconhecia, ouvia vozes conhecidas vindo de um outro cômodo, ele caminha até lá até que alguém esbarra com ele na porta.
????: Hiure!! Olha por onde anda garoto, vem, você já tá atrasado! Fala o puxando pelo braço.
Hiure: quem? Quem é?
????: hilário, agora põe um avental e me ajuda com essa comida.
Hiure: comida? Tio Gabriel?
Gabriel: um Sherlock Homes, quem diria? Ironiza
Hiure: você tá aqui?
Gabriel: até onde eu sei é a casa do meu pai né? Se importa?
Fala lhe entregando um tabuleiro com um leitão pra assar.
Hiure: o vovô?
Gabriel: o que você tem? É, Álvaro Pelo Branco, Grande Alpha da alcatéia do leste, lembrou? Ele está na sala de estar.
Hiure põe a carne no enorme forno e vai para a sala de estar.
Álvaro: Pelo Negro!!! Grita feliz e indo até o jovem alpha.
A confusão era nítida no rosto do rapaz, mas isso some com o abraço do avô.
Hiure: o senhor está bem vô?
Álvaro: setenta e três não é trinta e três, mas continuo em forma, o que acha? Pergunta fazendo pose.
Hiure: o mesmo de sempre.
????: fala aí chefe.
Hiure: Peth? Samuel? Vocês aqui?
Samuel: como vai Pelo Negro? O nome te cai bem, viu?
A essa altura ele se rende aquilo, abraça os dois alunos e eles começam a conversar, alguém bate a porta e ele ouve a voz de quatro pessoas.
????: oi primo, tem malhado forte em.
Hiure: Igor!!! Fala aí primo.
Os dois se abraçam forte competindo a força e rindo.
Hiure: Laiane, como está? Fala beijando a mão dela.
Laiane: ao menos um dos primos é cavalheiro. Fala dando uma leve cotovelada no esposo.
Igor: sobrou pra mim. Fala acariciando o machucado.
Outros dois iam entrando, os cabelos loiros e os passos com som de madeira entregam a identidade na hora.
Hiure: tio Renato!! Você também veio!?
Renato: aniversário do coroa, não ia faltar nunca, nem ela.
Uma mulher baixa entra junto do Alpha, cabelos castanhos soltos e bem escovados, um colar de ouro com um pequeno dente de leite como pingente.
????: boa noite senhor Pelo Negro. Fala sorrindo.
O dia por fim amanhece, Ítalo acorda com o sol no rostinho dele, o pequeno acorda sorrindo e começa a mexer no rosto do pai, ele o balança e o chama insistentemente, mas nada fez efeito, duas horas se passam, já passava de oito da manhã e o pequeno já chorava no quarto, Kaique foi até a casa do irmão pra verificar o motivo da demora, ao bater na porta ele ouve um choro baixo do sobrinho, Kaique força e quebra a porta, ele corre pelas escadas e ao chegar no quarto ele vê Ítalo chorando e Hiure ainda dormindo.
Kaique: pai desnaturado você tem pequeno, vem com tio. Fala estendendo os braços.
Ítalo vai para o colo do tio, Kaique o segura num braço e mexe no irmão com o outro braço, mas este nem reage.
Kaique: o seu pai tá dormindo feito um urso gordo, quer tomar café com titio?
Ítalo: abacate. Pede com vergonha.
Kaique: vou roubar do seu pai mesmo, vamos lá.
O cão lobo leva o pequeno para sua casa, a presença dele levanta o astral de Nat, essa sorri ao ver o menino, ela o pega no colo enquanto Kaique faz uma vitamina para o sobrinho.
Nat: o que houve?
Kaique: Hiure tá num sono que não acorda, ou ele tá fingindo muito bem ou tomou um daqueles tranquilizantes até apagar.
Nat: ele não faria nada disso.
Kaique: então fudeu.
Nat dá um tapa no namorado por xingar perto da criança.
Kaique: vou falar pra Ryan dar um pulo por lá.
O cão lobo liga para o irmão, explica a situação e pede para este fazer uma visita ao caçula, Ryan concorda e cumpre o pedido, o chamou em gritos, balançou, rugiu e até arranhou profundamente o irmão e logo depois de ver que não houve resultado ele decidiu pedir ajuda para especialistas, até Elizabeth o Tenente Coronel levou o irmão.
Elizabeth: Ryan, o que houve!?
Ryan: tia, ele não acorda de maneira nenhuma!!
Elizabeth: põe ele na maca e chama um primo seu aqui.
Ryan sai do quarto e chama a primeira filha de Elizabeth que ele viu, as duas começam a analisar o lobo, verificaram seu pulso, suas pupilas, sua respiração e aparelhos foram ligados à ele para analisar as ondas cerebrais.
Elizabeth: eu não tô acreditando nisso.
Loba: mãe, o que houve com Pelo Negro?
Ryan entra e aguarda a resposta da tia.
Elizabeth: o pulso está normal, pupilas perfeitas, respiração sem problemas, mas as ondas cerebrais indicam um repouso anormal do corpo.
Ryan: como assim?
Elizabeth: ele entrou em coma.
Ryan: ele o que!?
No campo de treinamento estavam os alunos de Pelo Negro que nem imaginavam o motivo do atraso do mestre, Bryan tomou conta da turma, Heitor não compareceu ao local, Pérola estava entre os alunos e estranhou muito a ausência do namorado.
O casal ainda tomava conta do pequeno, eles distraiam o menino e ele fazia o mesmo pelo casal sem nem ao menos imaginar.
No quarto onde o lobo repousava, a confusão estava feita.
Elizabeth: Pelo Negro entrou em coma.
Ryan: lobos não ficam em coma tia.
Elizabeth: por ferimento não, mas um choque emocional pode por um lobo nesse estado, o cérebro entende que está ferido demais e repousa, mas o ferimento é emocional e aí está o problema.
Ryan: qual o problema?
Elizabeth: o racional e o emocional são bem diferentes, o cérebro não entende que a ferida é abstrata e não concreta, ele vai ficar em repouso por tempo indeterminado e imprevisível.
Ryan: quer dizer que ele pode acordar a qualquer momento? Tipo, daqui a um minuto?
Elizabeth: ou daqui a alguns meses, ou mais, eu nunca lidei com algo assim, é uma condição rara, extremamente rara, admito que eu não sei o que fazer, só podemos manter o conforto dele e torcer muito, desculpe Ryan.
O caçador ficou sem entender nada, ele ligou para o irmão mais novo e deu toda a informação, a reação de Kaique foi igual a do irmão, não soube o que fazer, eles três se reúnem na casa do Sabre.
Kaique: eu não esperava algo assim, eu nem sabia que esse tipo de coisa era possível.
Ryan: titia também foi pega de surpresa, mas ela e os primos estão fazendo de tudo.
Nat: até ele acordar nós podemos revezar o cuidado de Ítalo.
Kaique: tudo dando errado.
Nat: o que faremos?
Ryan: todos devem saber, cedo ou tarde eles saberão, podem espalhar, o que você vai fazer?
Kaique: em algumas horas Paulo vai me dar as coordenadas de onde eu devo encontrar com ele pra pegar os livros.
Ryan: ainda com essa idéia!!
Kaique: você sabe como os livros são importantes, precisamos daquelas páginas.
Ryan: vai sozinho?
Kaique: acho que vou com Bryan, vou chamar ele logo.
Nat: eu fico com o filhote, vão.
Os dois seguem seus caminhos, Ryan se sentou ao lado da cama do irmão e não fez nada além de olhar pra ele. Kaique foi ao campo de treinamento e deu a informação a todos, Pérola correu para a enfermaria, Bryan ficou pra ouvir Kaique.
Bryan: foi mal aí Sabre, eu não posso deixar eles sozinhos, tô fazendo o turno do tampinha também.
Kaique: porra.
Bryan: leva Heitor.
Kaique: Heitor?
Bryan: ele não veio hoje, vai fazer bem pra ele, se distrair um pouco.
Kaique: será que ele viria?
Bryan: não custa nada tentar.
Kaique aceita a idéia e se volta para a direção da casa do rapaz.
Kaique: o que acha que ele vai fazer quando souber de Hiure?
Bryan: sinceramente? Eu não tenho idéia.
Kaique então parte com aquela dúvida, mas decide não contar de imediato para Heitor, ele então bate a porta do jovem lobo, Vaneska atende.
Kaique: oi Vaneska, eu queria falar com Heitor.
Vaneska: entra, ele está no quarto dele, não falou ou comeu nada desde o enterro.
Kaique: licença.
O cão lobo adentra a casa e vai ao quarto de Heitor, este estava sentado na cama, encostado na parede e com uma expressão vazia.
Kaique: pirralho?
Só ao ouvir a voz da visita que o lobo nota a presença no quarto.
Kaique: sua mãe falou que você não está bem, vamos sair um pouco?
Heitor: não quero.
Kaique: você não é assim, você é entusiasmado e animado o tempo todo.
Heitor: e agora eu não estou assim!!! Feliz!? Grita irritado.
Kaique: por isso eu vim, eu quero te ajudar, todos queremos.
Heitor: o erro dele não tem reparo.
Kaique: ele não está nada bem com tudo isso.
Heitor: era o mínimo, mas não tem lágrimas que me convençam!!
Kaique: ele está em coma Heitor.
Heitor: o que!?
Kaique: ele amanheceu em coma, por um choque emocional, não sabemos quando ou se ele vai acordar.
Heitor: eu não... eu não sabia.
Kaique: todos estão na mesma Heitor, mas temos que lidar com a dor, não fugir dela, você não foge de nada, vamos sair, eu vou buscar os livros, vamos sair um pouco pirralho.
Heitor: é, você vai mesmo precisar de ajuda.
Os dois deixam a casa e o acampamento, pegam cada um uma SUV e vão para a cidade, Paulo liga para Kaique.
Kaique: pode falar.
Paulo: eu não vou poder ir, mas estou enviando Miguel pra fazer a entrega, será no mesmo local.
Kaique: beleza, desligando aqui.
Os dois chegam ao local marcado, era numa parte discreta do distrito, eles vêem Miguel de pé ao lado de um carro, dentro do carro haviam dois caçadores no banco de trás.
Kaique: todo mundo bem calminho pra não ter problemas pra ninguém.
Miguel: o problema já tá instalado!!!
Kaique: como assim?
Miguel: tá de brincadeira!? A missão era impedir a quebra da lei e vocês não cumpriram sua parte!!
Kaique: prometemos ajudar e fizemos isso!!!
Miguel: Paulo estava louco quando aceitou entregar os livros mesmo depois do fracasso de vocês, eu devia matar os dois aqui e agora!!! Grita apontando para os dois.
Em meio aos gritos do Tenente Coronel, um pé voa ao lado de sua cabeça, atinge o carro e o tira as rodas de um lado momentaneamente do chão, Miguel nem ao menos conseguiu reagir.
Heitor: cala a boca caçador!!! Não fale conosco como se fosse nosso chefe!!! Só entrega os livros e não tente nenhuma palhaçada!!!!
Miguel ficou sem reação enquanto aquilo.
Kaique: é melhor fazer o que ele disse, do contrário à próxima coisa a ser acertada não será o carro por um chute e sim seu pescoço pela minha espada. Fala brilhando os olhos e tocando a empunhadura da espada em sua cintura.
Miguel não vê outra alternativa, ele indica os lugares onde estariam os livros.
Kaique: quatro caixotes?
Miguel: eram cinco, vocês queimaram um deles, toda nossa enciclopédia sobrenatural.
Kaique: tem registros datados?
Miguel: todos dos últimos dois séculos.
Kaique: só quero os das últimas décadas apenas, foi um prazer senhor Miguel. Fala debochado.
Os caixotes foram postos nos veículos e levados, Miguel enfurecido ligou para Paulo.
Miguel: pode me explicar o por quê dessa idiotice!?
Paulo: o acordo foi esse, não poderia deixar de honrar.
Miguel: aqueles livros são tesouros históricos do exército dos caçadores!!!
Paulo: e agora pertencem a eles, não volto atrás da minha decisão.
Miguel: Ricardo teria vergonha de você!!!
Paulo: você não é ele, não fale por quem não está aqui, não que eu ligue para o que você diz!! Responde irritado e desligando o telefone.
Miguel irritado esmaga o celular e o joga na parede, nesse tempo os rapazes iam em direção ao acampamento.
O Coronel ainda estava em seu mundo de sonhos, a mulher que ele encontra o olha com carinho, ele se dobra um pouco e a abraça apertado, ela o balança de um lado para o outro e o beija no rosto.
Hiure: veio para o aniversário do coroa, mãe?
Silvana: claro, ver o pai de todos. Fala rindo.
Hiure: estranho.
Silvana: o que?
Hiure: desde cedo eu tô sentindo que alguma coisa tá errada.
Silvana: e tem sim.
Hiure: tem? O que é?
Silvana: essa roupa sua, tá parecendo que não tem mãe, vai trocar essas roupas Hiure Eduardo!! Briga severa.
Hiure: tá bom, eu vou, eu vou, não precisa disso tudo não. Fala levando alguns tapas.
Renato: a mais feroz que eu já vi, a Fera do Luar é famosa por ser feroz e temperamental. Fala rindo.
Todos se posicionam na mesa, Hiure ficou entre a mãe e o avô.
Álvaro: Pelo Negro né? Te cai bem.
Hiure: foi uma honra ter essa alcunha, não troco por nenhuma outra.
Silvana: é um puxa saco desse avô mesmo né?
Gabriel: deixa o menino, ele é humilde, sem falar que é um bom rapaz.
Renato: é bom ele ser, do contrário Silvana dá uma surra nele.
Igor: titia era brava demais, eu sempre aprontei e apanhei muito. Fala rindo.
Silvana: desse jeito Laiane vai pensar que sou um monstro.
Laiane: a senhora estava certa, esse lobo doido deve ter merecido umas chineladas nessa bunda.
Silvana: ela é das minhas.
Álvaro: a Vaninha de sempre.
Gabriel: única e sem igual.
Hiure: o amor da minha vida. Fala beijando o rosto da mãe, ela segura sua mão e ajeita o cabelo.
Silvana: não vai fazer essa barba mais não?
Hiure: eu tô gostando desse estilo.
Silvana: daqui a pouco tá igual a um lenhador. Diz rindo 
Todos riam e gargalhavam, mas o tempo passava.
Kaique chegou com as caixas e tratou de abrir cada uma e de mergulhar em leituras, leu sobre aconitos primeiro.

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