Capítulo 8

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Valentina nunca gostara muito da faculdade, mas sabia que era necessário; fora o último desejo de seu pai, que ela se formasse em administração, ajudar na empresa da família e todo o resto. Mas era inevitável pensar que ela gostaria de fazer qualquer outro curso que não o seu, ainda mais com os professores chatos. E Lucho no seu pé só tornava tudo ainda pior.

Ela sabia que ele estava se esforçando, e o problema era ela não estar mais com vontade de namorar com ele. Então por que diabos não sentava com ele e dizia que não queria mais o relacionamento? Não podia ser assim tão difícil.

- A festa na sua casa ainda está de pé, corazón? – A voz de Lucho chegou em seus ouvidos. Eles estavam no meio da aula de Gerência de Marketing e Valentina sabia que deveria estar prestando mais atenção. – Val?

- Que? – E pegou-se rindo sozinha por ter falado exatamente igual a Juliana. – Oi. O que há, Lucho?

- Festa. Sua casa. Amanhã.

- Sim, claro. Está tudo certo.

Ela nem lembrava da festa, do motivo da festa e do que estava acontecendo, foi preciso uma longa pausa. Uma confraternização da faculdade, apenas alguns amigos de Lucho, mas ela já sabia que seria algo grande e luxuoso para o qual ela não estava com a menor paciência. Por que diabos havia concordado com isso para começo de conversa?

"Aposto que você está quase dormindo no meio da aula"

Era impossível não sorrir com a mensagem de Juliana.

"Bom dia bebecita"

"Bom dia bebecita. Está bem?"

"Com sono"

"Sabia"

Do outro lado da cidade, enquanto servia alguns clientes já conhecidos no café da manhã, Juliana não conseguia parar de sorrir. Já conhecia Valentina tão bem, sabia de toda a sua rotina, suas vontades e manias, e de como era uma perfeita dorminhoca. Uma linda e adorável dorminhoca preguiçosa.

"Vou passar para te ver hoje, tenho uma proposta"

"Proposta? Gosto. Sobre o que é?"

"Vai ter que esperar até de noite para sair"

"Hoje eu saio mais cedo"

Os olhos de Valentina brilharam de animação, Lucho encarou a namorada, desconfiado.

"Olha que coisa boa. Porque?"

"Estão querendo contratar uma nova garçonete para dividir o espaço comigo. Carmem disse que eu estou precisando de uma folga para curtir como gente da minha idade"

"Eu já disse que amo a Dona Carmem?"

Juliana mordeu o lábio para não sorrir tanto. Entregou outro pedido para uma mesa de adolescentes, eram dois casais que sempre iam tomar café-da-manhã, todos os dias, no mesmo lugar, na mesma mesa. Pelo menos nos últimos meses em que Juliana estivera ali, eles estiveram também. Tão loucamente apaixonados que mal tocavam na comida.

Ela já sabia que eles estavam lá escondido dos pais, um dos casais eram dois meninos, afinal. Tudo o que ela entendia era que eles estavam se amando em segredo, e o outro casal, um rapaz e uma menina pareciam ter o típico problema das classes sociais diferentes. Coisa que ela entendia muito bem.

"Que horas vai estar livre hoje? Vou te encontrar"

Cada mensagem de Valentina era uma injeção de ânimo.

Eso És Amor | JuliantinaOnde histórias criam vida. Descubra agora